O especialista em turismo Marcelo Tesserolli aponta razões externas e internas para todo o
potencial do turismo internacional brasileiro não ter sido aproveitado ainda.
Entre as principais causas, ele destaca a questão da distância do país em
relação aos principais emissores de turistas, os enormes problemas de
infraestrutura, baixa qualificação profissional nos serviços em geral, insegurança pública e conflitos políticos
que atrapalham a gestão das cidades
por Sergei Pyatakov no Sputnik –Sociedade e Brasil
Atrapalhado na Burocracia e Preços Turisticos
Em 2019,
o Brasil deixou de ter uma cidade entre as 100 mais visitadas no mundo, e o
setor do turismo sofreu com as tragédias ambientais ao longo do ano. Mas será
que o turismo no Brasil teve pontos altos neste ano?
Segundo relatório da empresa de pesquisa de
mercado Euromonitor International, Hong Kong deve confirmar, pelo sexto ano
seguido, a primeira colocação no ranking das cidades mais visitadas no planeta,
apesar dos intensos protestos que se espalharam pelo
território em 2019 e fizeram o número de visitantes cair 8,7% em relação a
2018.
Em 2019, quase 27 milhões de pessoas já visitaram a
região chinesa, seguida por destinos como Bangkok, Macau, Singapura,
Londres, Paris e Dubai. Globalmente, os monitores apontam um crescimento de
4,2% no número de viagens internacionais, que já totalizam mais de 1,5
bilhão.
No Brasil, a expectativa de aproveitar esse boom do
turismo internacional para alavancar o setor por aqui foi substituída pela
decepção de ver o país fora do ranking dos 100 principais destinos do mundo,
com a queda do Rio de Janeiro da 98ª posição para a 104ª em um ano, apesar do
aumento no número de visitantes de 2,2 para 2,3 milhões.
Rio de Janeiro cai em ranking
e deixa de ser uma das 100 cidades mais visitadas no mundo, ver video: https://t.co/oMqZ9E0cft
—
Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) December 5, 2019
De acordo com Marcelo Tesserolli, professor de Turismo
das Faculdades Hélio Alonso, embora 2019 tenha sido um ano difícil para o
turismo brasileiro, foi, ao mesmo tempo, um ano de muita esperança, devido a
mudanças realizadas que, segundo ele, podem trazer benefícios futuros para esse
setor.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista aponta razões externas e
internas para todo o potencial do turismo internacional brasileiro não ter sido
aproveitado ainda. Entre as principais causas, ele destaca a questão da
distância do país em relação aos principais emissores de turistas, os enormes
problemas de infraestrutura, baixa qualificação profissional nos serviços em
geral, insegurança pública e conflitos políticos
que atrapalham a gestão das cidades.
O acadêmico explica que a falta de segurança
costuma afetar de maneira mais significativa o turismo interno, enquanto os
altos preços gerais da viagem e a falta de qualificação dos profissionais que
atuam na área tendem a afastar mais os turistas estrangeiros.
"O
turista estrangeiro costuma reclamar bastante da baixa qualificação
profissional, sobretudo da dificuldade de comunicação, porque o povo não sabe
inglês", exemplifica.
Dados de uma pesquisa do @SistemaCNC mostram que o número de empregos no turismo teve
um crescimento 330% nos últimos 12 meses! Para ver dados, acessar @SistemaCNC em: Turismo forte é Brasil forte! #Turismo #Emprego #renda #GovernoFederal @jairbolsonarohttps://t.co/5CnuAjDGkj pic.twitter.com/xcrq0qQbDb
—
Marcelo Álvaro Antônio (@Marceloalvaroan) December 21, 2019
No que diz respeito aos altos
custos, Tesserolli lembra que, devido à desvalorização do real, esse
problema não tem sido tão grande recentemente, mas, normalmente, de acordo com
ele, os preços de hospedagem, alimentação, deslocamento e atrativos são muito
caros se comparados a outros destinos internacionais.
"Os preços dos combustíveis de avião, os
preços cobrados por serviços portuários, por exemplo, os preços das
hospedagens, por exemplo, também acabam encarecendo e afugentando o turista
para outros destinos mais baratos", explica. "Isso é uma reclamação
constante do turista estrangeiro. Quando ele vem ao Brasil, geralmente, ele não
fica só em um destino. Ele viaja pelo Brasil, ele conhece, pelo menos, umas
três cidades. Vamos supor: Rio de Janeiro, Salvador, Foz do Iguaçu", acrescenta, afirmando
que são comuns entre os visitantes os questionamentos sobre os preços das
passagens dentro do Brasil.
Queda do real não trouxe
elevação de preços no turismo brasileiro, ver em https://t.co/JSDXt5b0t3
—
Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) November 21, 2019
Para o
turismólogo ouvido pela Sputnik, a saída da capital fluminense (Rio) da lista das
cidades mais visitadas e a ascensão de destinos asiáticos no ranking podem ser
explicadas pelo aumento da importância do turismo chinês, uma vez que os
chineses estão viajando mais e visitando mais lugares da própria Ásia.
"Eu
acredito que seja mais crédito deles (dos chineses) do que descrédito do Rio de
Janeiro", sublinha. "Foi muito mais um crescimento desse mercado
asiático do que decréscimo do nosso mercado nesse sentido. A gente também tem
que entender que esses países asiáticos, sobretudo impulsionados pelo grande
crescimento da China, sem dúvidas, estão investindo muito mais na questão do
turismo e criando mais oportunidades."
Segundo analista, gigante asiático usa turismo para influenciar países
vizinhos, ver em:
— Sputnik Brasil
(@sputnik_brasil) December 11, 2019
Tesserolli
argumenta que as autoridades que cuidam do turismo em alguns países da Ásia têm
conseguido manter um bom nível de serviço e atrativos por um preço
relativamente menor, levando vantagem na questão do custo-benefício quando
esses destinos são comparados ao Brasil.
"Por
questões aí de políticas de governo, de taxações, entre outras coisas",
afirma o especialista.
https://br.sputniknews.com/opiniao/2019122314928169-por-que-os-turistas-nao-querem-vir-para-o-brasil/
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