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10.31.2013

Um Viciado em Facebook

"Um viciado em facebook me confessou - não confessou, mas de fato gabou-se - que havia feito 500 amigos em um dia. Minha resposta foi: eu tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. Eu não consegui isso!
Então, provavelmente, quando ele diz "amigo", e eu digo "amigo", não queremos dizer a mesma coisa, são coisas diferentes. Quando eu era jovem, eu não tinha o conceito de redes, eu tinha o conceito de laços humanos, comunidades... esse tipo de coisa, mas não de redes.

Qual a diferença entre comunidades e rede?
A comunidade precede você. Você nasce em uma comunidade. De outro lado temos a rede, o que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar.
o-ZYGMUNT-BAUMAN-facebook.jpg                                                                               Zygmunt Bauman
Eu penso que a atratividade desse novo tipo de amizade, o tipo de amizade de facebook, como eu a chamo, está exatamente aí: que é tão fácil de desconectar. É fácil conectar e fazer amigos, mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar.
Imagine que o que você tem não são amigos online, conexões online, compartilhamento online, mas conexões off-line, conexões reais, frente a frente, corpo a corpo, olho no olho. Assim, romper relações é sempre um evento muito traumático, você tem que encontrar desculpas, tem que se explicar, tem que mentir com frequência, e, mesmo assim, você não se sente seguro, porque seu parceiro diz que você não têm direitos, que você é sujo etc., é difícil.
Na internet é tão fácil, você só pressiona "delete" e pronto, em vez de 500 amigos, você terá 499, mas isso será apenas temporário, porque amanhã você terá outros 500, e isso mina os laços humanos."
Sociólogo polonês Zygmunt Bauman preocupado em compreender a sociedade pós-moderna, Zygmunt Bauman, 87 anos, autor de livros em que explica as relações sociais na atualidade, comenta em 3 minutos, em uma de suas conferências, porquê nossas relações de amizade no facebook são tão atrativas, fáceis e superficiais.
Fonte: lounge.obviusmag.or  

10.27.2013

Terras indígenas guaranis na mira da elite brasileira

Em carta, pesquisadores e antropólogos consideram que povo guarani está no epicentro das violações devido à localização de suas aldeias no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
guarani kayowa ms marcelo casal jr abr 1.JPGMarcelo Casal Jr./ABr
Guarani enfrentam interesse de ruralistas, madeireiros, autoridades federais, estaduais e municipais  nas regiões produtoras do país.
São Paulo – Antropólogos e pesquisadores ligados à Universidade de São Paulo (USP), à Universidade de Campinas (Unicamp) e a outras instituições de ensino superior do país publicaram hoje (24) uma carta aberta em defesa do povo guarani em que alertam: os ataques aos direitos indígenas são uma ameaça para toda a sociedade. Os estudiosos consideram que as garantias dos povos tradicionais, estabelecidas pela Constituição de 1988, estão em risco devido ao avanço dos interesses econômicos, sobretudo no campo. E afirmam que os guarani, até pela sua localização geográfica, são uma das etnias mais ameaçadas pela ofensiva.
“Com suas aldeias distribuídas em um vasto território, que abrange as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, e também algumas localidades na região Norte do Brasil, os guarani constituem hoje o maior povo indígena no país, com cerca de 65 mil pessoas. Entretanto, por ocuparem regiões com antigo histórico de colonização, e de grande interesse para exploração econômica, têm hoje apenas uma fração insignificante e fragmentada de seu território reconhecida pelo poder público”, diz o texto. “A falta de terras é causa fundamental do quadro de marginalização a que foram submetidos em todas essas regiões, onde sofrem com a violência, o preconceito e a falta de efetivação de direitos fundamentais de cidadania.”
A afirmação dos antropólogos faz referência à “má distribuição” das terras indígenas demarcadas no espaço territorial brasileiro. Os ruralistas, maiores inimigos dos índios em sua luta por demarcações, costumam argumentar que os povos tradicionais possuem 13% de todo o território nacional. Enquanto isso, ponderam, a área plantada se resume a 7% da superfície. Pesquisadores lembram, porém, que 98% das terras regularizadas pela União se encontram no Norte e no Mato Grosso – regiões que abrigam cerca de metade da população indígena brasileira. A outra metade está no Nordeste, Sudeste, Sul e na porção sul do Centro-Oeste. E está espremida em apenas 2% das aldeias demarcadas.
“Hoje, como ao longo dos últimos cinco séculos, grupos oligárquicos se esforçam em negar aos Guarani os seus direitos territoriais, com intuito de perpetuar as injustiças acumuladas ao longo de todo o processo de colonização do Brasil, evitando a construção de uma sociedade justa e solidária, que respeite seus povos indígenas”, argumentam os antropólogos. “Enquanto os ruralistas desenvolvem uma campanha para convencer a população brasileira de que são ameaçados pelas demarcações de terras, o país segue com um dos mais altos índices de concentração fundiária do mundo, cenário que se reverte no acúmulo de poder nas mãos de oligarquias agrárias e nas grandes desigualdades que assolam a sociedade nacional.”
Os antropólogos consideram que os ataques aos direitos indígenas são uma ameaça para toda a sociedade, pois respondem aos interesses de um grupo minoritário – os latifundiários – que busca apropriar-se privadamente das riquezas nacionais para seu próprio enriquecimento. “O drama humanitário pelo qual atravessam as comunidades nas quais realizamos nossas pesquisas não é tolerável em um Estado Democrático de Direito, e não cessará enquanto o poder público se recusar a enfrentá-lo com a seriedade e respeito que requer, preterindo a sua solução em proveito de interesses eleitorais.”
Confira a íntegra da carta:
Carta pública em defesa aos direitos do Povo Guarani
Nós, estudiosos do povo guarani e outros pesquisadores, especialistas e professores, reunidos em São Paulo/SP entre os dias 16 e 18 de outubro, durante o Simpósio CEstA nas Redes Guarani, realizado pelo Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, vimos a público nos manifestar a respeito do grave contexto de ataque aos direitos indígenas que está hoje em curso, e em cujo epicentro encontra-se o impasse relacionado ao não reconhecimento dos direitos territoriais do povo Guarani.
Com suas aldeias distribuídas em um vasto território, que abrange as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, e também algumas localidades na região norte do Brasil, os Guarani constituem hoje o maior povo indígena no país, com cerca de sessenta e cinco mil pessoas. Entretanto, por ocuparem regiões com antigo histórico de colonização, e de grande interesse para exploração econômica, têm hoje apenas uma fração insignificante e fragmentada de seu território reconhecida pelo poder público. A falta de terras é causa fundamental do quadro de marginalização a que foram submetidos em todas essas regiões, onde sofrem com a violência, o preconceito e a falta de efetivação de direitos fundamentais de cidadania.
A história mostra como a mão-de-obra de milhares de Guarani foi utilizada para a construção do país, deixando contribuições que hoje consideramos como elementos fundantes da cultura brasileira. Hoje, como ao longo dos últimos cinco séculos, grupos oligárquicos se esforçam em negar aos Guarani os seus direitos territoriais, com intuito de perpetuar as injustiças acumuladas ao longo de todo o processo de colonização do Brasil, evitando a construção de uma sociedade justa e solidária, que respeite seus Povos Indígenas.
Enquanto os ruralistas desenvolvem uma campanha para convencer a população brasileira de que são ameaçados pelas demarcações de Terras Indígenas, o país segue com um dos mais altos índices de concentração fundiária do mundo, cenário que se reverte no acúmulo de poder nas mãos de oligarquias agrárias e nas grandes desigualdades que assolam a sociedade nacional.
Como pesquisadores que atuamos junto a algumas das mais respeitadas universidades brasileiras, temos a percepção clara de que os ataques aos direitos indígenas ora em curso são uma ameaça para toda a sociedade, pois respondem aos interesses de um grupo minoritário que busca apropriar-se privadamente das riquezas nacionais para seu próprio enriquecimento, e tornam nosso país palco dos mais graves desrespeitos aos direitos à vida, à dignidade, à diferença, envergonhando-nos a todos.
O drama humanitário pelo qual atravessam as comunidades nas quais realizamos nossas pesquisas não é tolerável em um Estado Democrático de Direito, e não cessará enquanto o poder público se recusar a enfrentá-lo com a seriedade e respeito que requer, preterindo a sua solução em proveito de interesses eleitorais. Nesse sentido, chamamos a todos os brasileiros para que nos empenhemos junto ao povo guarani e aos demais povos indígenas na defesa de seus direitos, para a construção de uma sociedade igualitária, multicultural e pluriétnica.
Dominique Tilkin Gallois – Professora-doutora em Antropologia Social na USP
Valéria Macedo – Professora-doutora em Antropologia Social na UNIFESP
Beatriz Perrone Moisés – Professora-doutora em Antropologia Social na USP
Marta Rosa Amoroso – Professora-doutora em Antropologia Social na USP
Sylvia Caiuby Novaes – Professora-doutora em Antropologia Social na USP
Renato Sztutman – Professor-doutor em Antropologia Social na USP
Fábio Mura – Professor-doutor em Antropologia Social na UFPB
Levi Marques Pereira – Professor-doutor em Antropologia Social na UFGD
Elizabeth Pissolato – Professora-doutora em Antropologia Social na UFJF.
Donatella Schmidt – Professora em Antropologia Social na Università degli Studi di Padova.
Marina Vanzolini – Professora-doutora em Antropologia Social na USP
Vanessa Lea – Professora-doutora em Antropologia Social na UNICAMP
Maria Inês Ladeira – Centro de Trabalho Indigenista, Mestre em Antropologia (PUCSP) e Doutora em Geografia Social (USP)
Daniel Calazans Pierri – Centro de Trabalho Indigenista, Mestre em Antropologia Social (USP)
Fabio Nogueira da Silva – Mestre e Doutorando em Antropologia Social pela USP
Spensy Pimentel – Doutor em Antropologia Social – USP
Diogo Oliveira – FUNAI – Doutorando em Antropologia Social – UFSC
Rafael Fernandes Mendes Júnior – Mestre e Doutorando em Antropologia Social pela USP
Lígia R. Almeida – Mestranda em Antropologia Social - USP
Amanda Danaga – Doutoranda em Antropologia Social -UFSCar)
Camila Mainardi – Doutoranda em Antropologia Social - USP
Adriana Testa – Doutoranda em Antropologia Social - USP
Alice Haibara – Mestranda em Antropologia Social - USP
Ana María Ramo y Affonso – Mestranda em Antropologia Social -UFF
Tatiane Klein – Mestranda em Antropologia Social - USP
Marcos dos Santos Tupã – liderança guarani e Coordenador Tenondé da Comissão Yvyrupa
Giselda Pires de Lima Jera - professora e liderança guarani
Algemiro da Silva Karai Mirim – professor e liderança guarani
Ariel Ortega – liderança e cineasta guarani
Carlos Papa Mirï Poty – liderança e cineasta guarani
Prof. Dr. Stelio Marras – Professor Doutor em Antropologia Social no IEB-USP
Aline Aranha – FFLCH-USP/ CEstA-USP
Jefferson dos Santos Ferreira – FFLCH-USP/ CEstA-USP
João Pedro Turri – ECA-USP/ CEstA-USP
André L. Lopes Neves – PPGAS/USP - CEstA-USP
Jan Eckart – PPGAS/ UFSCar
Guilherme Meneses – PPGAS-USP
Diógenes E. Cariaga – FUNAI
Lucas Keese dos Santos
Centro de Trabalho Indigenista, Mestrando em Antropologia Social-USP

Por Redação RBA publicado 24/10/2013 12:10, última modificação 24/10/2013 17:18
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/10/antropologos-alertam-para-ataques-aos-direitos-indigenas-toda-sociedade-esta-em-risco-1500.html

10.22.2013

Alimentação saudável é destaque do Dia Mundial da Alimentação 2013

No dia 16 de outubro de cada ano é comemorado mundialmente o Dia da Alimentação. A data, além de chamar atenção para temas relacionados à nutrição e alimentação, também toca em assuntos como enfrentamento da fome, desperdício de alimentos, segurança alimentar, alimentos saudáveis (livres de agrotóxicos), fortalecimento da agricultura familiar e melhorias para pequenos produtores.
O slogan escolhido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para este ano foi "Pessoas saudáveis dependem de sistema alimentares saudáveis” e o tema "Sistema alimentares saudáveis para segurança alimentar e nutrição”.
Ao falar em sistema alimentares a Organização está se referindo ao entorno, às pessoas, às instituições e processos mediante os quais se produz, elabora e leva até o consumidor os produtos agrícolas. Todos esses aspectos influenciam na disponibilidade e acessibilidade final de alimentos variados e nutritivos. Assim, a FAO pede sistemas alimentares saldáveis que possam garantir a saúde da população.
A Organização vem promovendo diversos eventos durante esta semana. Nesta quarta-feira, 16, a comemoração aconteceu em Roma (Itália), na sede da FAO, com um almoço preparado com produtos que iam para o lixo. O objetivo foi chamar a atenção para mudanças de comportamento que possam diminuir o desperdício de comida. Atualmente, um terço de todos os alimentos produzidos é desperdiçado todos os anos ao longo da cadeia alimentar. Nos países em desenvolvimento, de 5% a 15% das perdas de alimentos acontecem no nível de consumidor e nos países desenvolvidos esta percentagem pode chegar a 30% e até 40%.
Raúl Benítez, representante regional da FAO, aproveitou a data para tocar na problemática da fome e assegurar que sua erradicação na América Latina e Caribe demandará esforços de todos os países da região, mas está "cada vez mais ao alcance das mãos”. Isso porque a região foi a que mais avançou na redução da fome nos últimos 20 anos. De 2008 a 2010, o número de pessoas subalimentadas caiu em 3 milhões. Contudo, as cifras ainda são altas. Os números mais recentes apontam que 842 milhões de pessoas estão cronicamente famintas, 47 milhões apenas na América Latina e Caribe. A fim de continuar a evoluir nesse processo Benítez chamou os governos a seguir ampliando os programas, políticas e estratégias de educação alimentar.
Na outra ponta está a obesidade e o sobrepeso, problemas cada vez mais comuns em pessoas de todas as idades e classes sociais. Atualmente, 23% dos adultos e mais de 7% das crianças em idade escolar na América Latina e Caribe estão acima do peso. Na tentativa de formar adultos saldáveis a FAO promoveu uma campanha especial para as crianças com a exibição de um vídeo em escolas (veja o video no site em azul) http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=iuEgunhNJ5Q . No desenho animado as crianças acompanham as aventuras de Rosita e aprendem como alimento chega a sua mesa, porque devemos optar por uma alimentação saudável, como evitar o desperdício e porque algumas pessoas inda passam fome.

Fonte: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=78241

10.13.2013

Alternativas para Superar o Consumismo Infantil

feiraJosé Cruz/ABr
'Infância Livre de Consumismo': feiras de trocas de brinquedos são a melhor alternativa para o Dia das Crianças
São Paulo – A cofundadora do movimento Infância Livre de Consumismo, Ana Cláudia Bessa, aproveita o Dia das Crianças para alertar que as pesquisas de mercado são estratégias para aumentar os níveis de consumo. Pesquisa do Ibope divulgada esta semana mostrou que os gastos dos brasileiros com brinquedos aumentarão 14% com relação a 2011. Segundo o estudo, os gastos chegarão a R$ 6,02 bilhões até o final do ano.
“Através da publicidade, as empresas se aproveitam do pouco tempo de convívio familiar para tentar compensar a culpa que os pais sentem e a carência dos filhos com presentes”, afirma Ana Cláudia Bessa. O movimento reforça a importância de incentivar pais e filhos a não pautarem a felicidade pelo consumo, principalmente em datas como esta. Uma alternativa à compra seria a promoção de feiras de troca de brinquedos.
Além de não incentivarem o consumismo, as feiras de troca também incentivam a sociabilidade em espaços públicos. Bessa explica, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que as crianças conhecerão outros colegas e também serão incentivadas a se desapegarem dos produtos que já têm. “A criança vai passar o brinquedo que não usa mais para frente e vai receber um outro brinquedo de outra criança que teve o mesmo sentimento que ela. Elas irão reutilizar, e não comprar.”
Bessa acredita que as crianças se espelhem no comportamento de pais e adultos com quem convivem. “Nós vemos hoje os adultos pautando sua vida pelo que possuem. Quando não possuem algo, se sentem mais fracassados e inferiores. Nós estamos passando isso para as crianças.”
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) é o órgão responsável por fiscalizar a publicidade infantil, uma das principais estratégias para aumentar o consumismo entre crianças. “O mercado da publicidade é regulado pelo Conar, só que ele é um órgão formado por publicitários. O governo precisa se responsabilizar por isso”, reforça a cofundadora do movimento.

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/10/para-ativista-criancas-sao-influenciadas-negativamente-por-pesquisas-de-consumo-7377.html

10.01.2013

Qual é o preço da liberdade?

Casal de canadenses abandona tecnologias lançadas após 1986 (gadgets), para fortalecer laços familiares.
por Thomaz Wood Jr. publicado 01/10/2013 03:04
Reprodução / The Atlantic
McMillan
A família McMillan assiste televisão em um modelo típico da década de 80
Blair e Morgan McMillan formam um casal canadense típico, exceto pelo fato de terem eliminado de suas vidas todas as tecnologias introduzidas após 1986. Por que 1986? Porque foi o ano em que ambos nasceram. A dupla decidiu experimentar uma vida livre de internet, iPhone, Xbox, iPad, GPS, Facebook, Instagram, Twitter e qualquer outra “maravilha” moderna.
Tudo começou quando o casal percebeu que as tais maravilhas roubavam a infância de seus filhos, dois pimpolhos de 5 e 2 anos de idade. O mais velho já se recusava a abandonar seu iPad para brincar fora de casa. Foi nesse momento que o casal, conforme descrito por um jornal de Toronto, decidiu aposentar seus telefones celulares, cortar a tevê a cabo e apagar as contas no Facebook.
Recentemente, o casal se recusou a ver a foto digital de uma sobrinha recém-nascida. Foi conhecê-la pessoalmente. Suas fotos são tiradas em máquinas analógicas e reveladas. Nada de Instagram! Em lugar do Google ou da Wikipedia, Blair e Morgan agora usam uma enciclopédia impressa! Os videogames deram lugar a livros e jogos. Seus visitantes passaram a ser instruídos a deixar seus aparelhos em uma caixa de madeira, sobre um armário, na sala da casa.
A adaptação não foi simples. Blair confessou ter sentido uma “dor fantasma” após se livrar de seu telefone celular. Às vezes tem a sensação de vibração em seu bolso, como se o aparelho ainda estivesse ali. Morgan, no início da nova vida, não se conformava de precisar apagar seu perfil no Facebook, mas declarou ter lido 15 livros desde então.

Para viabilizar a sobrevivência durante o ano que o experimento está previsto para durar, o casal faz algumas concessões. A esposa continua a usar computadores, mas somente no trabalho. O carro do casal é de 2010, mas as viagens são feitas com apoio de mapas impressos. Nada de GPS! Os resultados são, segundo o casal, notáveis: enquanto as crianças das outras famílias mergulham nos tablets dos pais, seus filhos inventam formas criativas para se entreter e apreciam as paisagens e os lugares visitados.

http://www.cartacapital.com.br/revista/768/como-se-fosse-1986-2691.html/view