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12.21.2015

Em 2016, as lutas sociais brasileiras serão mais duras

  • Para os movimentos sociais no Brasil: ainda há muita luta a ser enfrentada

ato_paulista_pro_dilmapor Tadeu Porto, colunista do blog Cafezinho - Sociedade e Conquistas Sociais

2016 vai ser um ano quente, “pelando” como a gente costuma dizer aqui na minha querida Minas Gerais. E, aproveitando o mineirês, posso dizer que não há maneira melhor de enfrentar um ano dessa temperatura, com a sensação térmica do Vale do Jequitinhonha, do que comendo pelas beiradas. Aos poucos, com cautela, mas sem perder o foco de chegar ao centro, no momento oportuno quando a quantidade de calor já não machuca.
Até mesmo porque, convenhamos, começar o dia com a língua queimada é péssimo (a probabilidade de arrumar treta aumenta uns 30%, mesmo sendo bem deboas). Se é necessário estratégia para encarar um caldo, ou um café, imagina para enfrentar uma série de ataques que convergem para um golpe institucional.
Essas semanas terminaram de forma vitoriosa para a esquerda, não há como negar. Digo mais, pareceu um jogo do Galo (time Atlético Mineiro) de tanta emoção que teve. Primeiro vem o presidente da câmara federal (Cunha) e manobra, consegue impor uma derrota para o governo. Mídia e oposição comemoram como uma vitória dentro de casa:  2x0 o placar. Depois, o partido de oposição PSDB deixa cair a máscara “social-democrata” mostrando o rosto “fasci-golpista” e ganhando como aliado o vice-presidente (Temer) que tem, inclusive, um plano definido (bem conservador) e quer unificar o país. Tava ali, bem costurada, uma frente golpista consistente que preocuparia qualquer pessoa que zela pela nossa democracia.
Aí vem domingo, o dia do futebol que sempre reserva grandes emoções. E como o brasileirão já tinha acabado, as surpresas do granado foram achar outro campo para se manifestar: desde o fiasco das passeatas golpistas (chamadas de “esquenta”, programa da globo) até o massacre que o Faustão levou ao vivo por tentar emplacar um discurso superficial e barato. Aliás, um detalhe importante: não se pode esperar muito sucesso de alguma mobilização que tenha como uma das lideranças Alexandre Frota. No meio da fase mais feminista que esse país vive ele confessou um estupro ao vivo no programa de tv do Danilo Gentili e Roger do conjunto de música Ultraje, “rachando” de rir. Um grupo desses não tem como ser levado a sério.
Mas enfim, depois do domingão da monta russa, a ladeira apareceu para os golpistas como uma queda livre do parque temático Rio Water Planet. Começou com a devassa total para cima do núcleo do golpe, Eduardo Cunha, e terminou com o superior tribunal federal - STF colocando ordem na casa sobre o rito do impeachment (e claro que Fachin do stf colocou uma pitada de emoção, decepcionante para nós que o apoiamos, declarando um voto que corroborava com a prática suja do presidente da câmara). Ademais, Dilma começou a sinalizar a esquerda recebendo movimentos sociais e sindicatos com ideias e propostas para o Brasil mais popular.
E assim terminou essas últimas semanas emocionantes, com a sensação de que navegaremos por águas mais calmas daqui em diante, pelo menos é o que se espera.
E é aí mora o perigo, pois certamente os ataques conservadores não pararão por aqui. Não só porque na justiça federal, Toffoli e Gilmar estão no TSE com um golpe paralelo, ou mesmo porque Cunha não vai cair tão fácil sem tentar arrastar quase (sic) o país inteiro com ele.
Há de se considerar, também, que estamos a ponto de uma ruptura do sistema republicano que utilizamos há duas décadas, e se esgotou como uma garrafa de cachaça no inverno mineiro.
A má notícia é que dentro desse rompimento a esquerda está jogando muito na defensiva, pelo fato de ser atacada o tempo inteiro. E isso gera poucos espaços para agendas propositivas ou na busca de reorganizar o país.
Por exemplo: qual a proposta que temos agora para substituir um modelo de coalização que está sabidamente falido? Se o sistema atual cair (imaginem o Cunha caindo e arrastando uns 200 deputados com ele), quem vai assumir as rédeas? Picciani? Renan? Ciro? Marina? Katiguiri? São as propostas da direita e elite juntas.
Temos que pensar um 2016, no mínimo, como um embrião revolucionário, não há outra saída. E isso passa, principalmente, pela reconstrução dos nossos poderes e suas interações “harmônicas”. Ou seja, não podemos estender as velas para esses ventos da mudança, sem um norte seguro sobre o que podemos chamar de “nova república”.
O senador José Serra, um oportunista completo, já está fazendo lobby -- aprendeu com a Chevron dos EUA -- para o parlamentarismo. Temer, o vice-presidente semi oportunista, está levando para seus chefes, como um mordomo, a tese de um semi-parlamentarismo. Ou seja, a direita golpista já acordou para a mudança de rumos e tem se preparado pra tal (um golpe efetivo tem várias facetas, por mais camuflado na legalidade que possa parecer).
A esquerda brasileira também não é nem um pouco amadora -- pelo contrário, resistir a essas forças golpistas não é fácil -- e vem construindo certa alternativa política que tem tudo para ser boa e ser abraçada ano que vem, como, por exemplo, o caso do plebiscito constituinte que teve mais de 7 milhões de assinatura ano passado e é um ótimo pontapé inicial para uma guinada popular progressista.
O que dificulta é manter o foco, afinal, com tantos ataques no congresso da oposição -- só esse ano teve terceirização, maioridade penal, estatutos da família e do desarmamento, financiamento empresarial, aborto e abertura do pré-sal -- é complicado ter tempo para propor uma estrutura que leve ao Brasil que queremos: com liberdade social e a queda efetiva da desigualdade.
E dentro dessa conjuntura que não nos permite erros grotescos só mesmo a luta qualificada e inteligente, nas ruas e movimentos sociais em geral, nos trará a prerrogativa de construir um país cujo social esteja na frente de qualquer interesse.
Por isso, companheiros e companheiras, esperem qualquer coisa desse 2016 maluco que está por vir. Mas saibam que qualquer cenário apontado, vai requerer de nós uma árdua disputa. E assim temos que estar aí, prontos para enfrentar esse trem, sem saber seu rumo!
Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)
http://www.ocafezinho.com/2015/12/18/para-a-esquerda-com-carinho-ainda-ha-muita-luta/

Administração federal brasileira tenta se aproximar da população

  • Guinada à esquerda pode marcar o 2º mandato da presidenta no Brasil
  • A Presidenta teria chegado à conclusão de que, depois de um 2015 perdido, não há mais espaço para confrontar a base social que a elegeu e, na semana passada, saiu às ruas para defender a democracia e o seu mandato 

Do jornal virtual Brasil 247 - Sociedade e Governo Popular (fonte no final)
Diante deste quadro é que a presidente decidiu trocar Joaquim Levy por Nelson Barbosa no ministério da fazenda. "Precisamos de uma nova equação econômica para o Brasil", afirmou a presidenta, na terça-feira, em reunião com sindicalistas e representantes de entidades empresariais.

"Levamos uns trancos. Mas o que faremos após superar a crise?", perguntou ela na quinta-feira, ao se encontrar com integrantes da Frente Brasil Popular, que no dia anterior organizara atos em defesa do seu mandato.

Entrevistado pelo Estadão, o novo ministro da fazenda dá sinais de mudança na política econômica: "Para que tenhamos uma recuperação sustentável do crescimento é preciso ter estabilidade fiscal e controle da dívida pública, que passa pela elevação do resultado primário. Sem estabilidade, o crescimento pode até se recuperar por um ano, mas não se sustenta. Por mais paradoxal que seja, recuperar a estabilidade fiscal adotando as medidas necessárias é a melhor maneira de promover a recuperação do crescimento e do emprego. Obviamente tem que adotar essas medidas na dosagem adequada para a economia".

Barbosa diz ainda que irá "aperfeiçoar a política econômica". "Promover uma estabilização mais rápida e uma retomada mais rápida do crescimento. Com aprovação das medidas que estão no congresso e com a adoção de medidas institucionais e regulatórias que melhorem o funcionamento da economia", ressaltou.

Re-conexão com o povo

Do ex-presidente, a presidenta tem ouvido que é preciso se reconectar com o povo. "Você precisa liberar o crédito, fazer a roda da economia girar e dar notícia boa", aconselhou o ex-presidente, na última conversa, segundo relatos de seus interlocutores. "A agenda do País não pode ser só ajuste fiscal e Lava Jato", emendou ele.

Nas conversas com sindicalistas e empresários, na última semana, a presidenta disse que é preciso "manter o marco legal da democracia contra a política do vale tudo". Ela pediu apoio para a criação da contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF). Aos empresários e dirigentes sindicais, a presidente disse que se trata de um imposto com menos impacto na inflação e prometeu a divisão dos recursos arrecadados com estados e municípios.
http://contrapontopig.blogspot.com.br/2015/12/contraponto-18471-guinada-esquerda-pode.html