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7.28.2017

Brasil: pesquisadores apontam monopólio da mídia com um dos fatores para a crise


No Brasil, por exemplo, um pouco menos da metade da população ainda não tem acesso, no mundo ainda são 4 bilhões de pessoas que são possuem internet, relata o pesquisador Samuel Lima da UFSC

por Lucas Cordeiro


De acordo com o projeto de pesquisa “Donos da Mídia”, o grupo Abril possui 74 veículos de comunicação, e a Globo tem 69. Focando na área de radiodifusão, três conglomerados nacionais e cinco grupos regionais midiáticos atingem quase 100% do território brasileiro.
Atualmente, a mídia brasileira é controlada por sete famílias e essas empresas controlam cerca de 90% da receita publicitária pública e privada. Além disso, a pesquisa também revelou que políticos estavam ligados, direta ou indiretamente, em negócios com 324 empresas de comunicação.
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Para o professor do curso de Jornalismo da UFSC, Samuel Lima, a concentração de mídia não caminha na direção da qualidade nem dos valores democráticos da sociedade contemporânea. “Temos o exemplo da RBS, você analisa a qualidade geral é de chorar. Temos exceções é evidente, mas qual é a visão que está norteando quem está a frente da empresa?”, questiona. Ele explica que o modelo diz muito, pois na medida que não se tem concorrência, acaba se impondo ao público uma determinada visão e ponto de vista.
Para o professor do Departamento de Sociologia Política da UFSC, Jacques Mick, o monopólio é sempre um problema. “Um exemplo regional é o jornal “A Notícia” há 10 anos ele foi transformado deixou de ser familiar para fazer parte de um conglomerado mídia. Isso resultou em corte de 70% do quadro de funcionários e ficou um jornal que atende apenas uma pequena parcela da comunidade, diferente de antigamente”, conta.
O professor do curso de Jornalismo da UFSC, Rogério Christofoletti, diz que concentração de mídia influencia indiretamente no atual momento do jornalismo. Ele explica que o público se frustra com a redução de informação e pluralidade, e que isso influencia diretamente na credibilidade do jornalista. Ele aponta a internet como uma boa alternativa para democratização de mídia, mas ela não é a única. “Ela é um caminho, mas é necessário não abandonar outras frentes tradicionais”, explica.
Samuel Lima, pesquisador na UFSC problematiza a internet dizendo que ela precisa ser universalizada. No Brasil, por exemplo, um pouco menos da metade da população ainda não tem acesso, no mundo ainda são 4 bilhões de pessoas ainda são possuem internet. “Há limites para esse crescimento. Determinados países talvez não chegam a universalizar, são milhões de pessoas sem energia”, diz.