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1.30.2017

No Brasil, a lei sobre religiões é boa, mas pessoas distorcem seu valor

  • O Estado brasileiro é laico, mas a lei não

  • Católicas pelo Direito de Decidir fazem campanha contra violações dos princípios democráticos embasadas por argumentos religiosos

por Maíra Kubík Mano para Carta Capital - Sociedade e Saúde Pública para as Mulheres
Fernando Frazão/Agência Brasil
Protesto a favor da legalização do aborto
A ONG lançou campanha contra o avanço dos fundamentalistas
As duras palavras, que retratam o cerceamento do direito da mulher ao próprio corpo, saem com força da voz de Brisa De La Cordillera (Brisaflow).
“Um corpo um ventre uma função
Não te dão opção e não te dão opção
O estado é laico mas a lei não não não não
(...)
Pelo direito de escolher
Pelo direito de ser ou não ser
Pelo direito de ter ou não ter
Não venha interferir, só eu devo decidir.”
A letra fala não apenas sobre aborto, mas também sobre cesáreas (partos) violentas (“um mosaico”) e sobre a importância de as mulheres lutarem juntas (“Por isso é uma pela outra / Tanto a que não quer ser mãe”).
Esta é a primeira música de cinco que integrarão a campanha “Católicas na luta pelo Estado laico e contra os fundamentalismos”, lançada hoje nas redes sociais pela organização internacional Católicas pelo Direito de Decidir.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-estado-brasileiro-e-laico-mas-a-lei-nao

Fazer perguntas do coração às crianças na sala de aula ajuda a pensar

  • Educação social e emocional: as perguntas que não fazemos às nossas crianças

por José Ovidio Copstein Waldemar e Gabriela Guimarães para site Sul 21 - Sociedade e Educação Infantil Juvenil

 


“Um bom currículo escolar é uma condição necessária mas não suficiente para a formação de uma criança” . (Foto: Marcello Casal Jr / ABr )
 Imagine a seguinte cena: uma professora entra na sala de aula do quinto ano do ensino fundamental em uma escola pública e pergunta aos seus alunos: o que faz vocês se sentirem bem? E se sentirem mal? Alguém já ensinou vocês a como procurar se sentir bem? As perguntas pegam todas as crianças de surpresa. Elas nem sonhavam que esse tema pudesse ser “matéria de aula”. Questionadas, elas pensam no assunto e começam a falar. O que as faz se sentirem mal? Quando gritam com elas, quando os pais não dão atenção, quando os pais se ausentam, quando alguém goza da cara delas ou as agride de alguma forma…E o que as faz se sentirem bem? Quando são escutadas, recebem algum elogio, atenção, quando não brigam em casa…O que esse tipo de experimento pode ensinar aos educadores e em que medida ele pode ajudar na formação das crianças?
Há cerca de dez anos, uma equipe de profissionais do Instituto da Família de Porto Alegre (Infapa), uma escola de psicoterapia e clínica social, vem desenvolvendo um projeto de educação social e emocional junto a crianças de escolas da rede pública, na capital gaúcha. Esse projeto, baseado em trabalho voluntário até aqui, mobilizou 25 jovens psicólogos que dedicaram quatro horas semanais ao programa Sente, nome atual do projeto. Mais de 600 crianças já passaram por esse programa, com resultados muito positivos e animadores.
Uma pesquisa acadêmica publicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostrou que 64 alunos da quinta série, que participaram de até 12 sessões do programa, tiveram uma melhora significativa em várias dimensões de saúde mental e qualidade de vida, quando comparadas com um grupo de controle de 68 outros alunos que não passaram pelo mesmo programa. Essa pesquisa foi publicada em março de 2016 na prestigiada revista Psychology and Neuroscience (http://psycnet.apa.org/journals/pne/9/1/79/).
Um projeto similar realizado em 2010 nos Estados Unidos com mais de 270 mil estudantes, de mais de 270 escolas, também mostrou resultados positivos. Os alunos, além de desenvolver uma melhor relação consigo próprios e com a escola, apresentaram melhores habilidades emocionais e sociais e um aumento de 11 pontos percentuais no desempenho escolar. Além disso, diminuiu tensões relacionadas ao estresse e à depressão, reduzindo também problemas escolares como indisciplina, agressividade e práticas de bullying.
A metodologia que anima esse programa foi inspirada no trabalho do psicólogo Daniel Goleman que, em 1996, publicou o livro “Inteligência Emocional”. Goleman e um grupo de educadores fundaram nos Estados Unidos uma organização chamada CASEL com o objetivo de promover o que chamaram de Social Emotional Learning, ou Educação Social e Emocional, em português. Em que consiste esse método, basicamente? A ideia central é que um bom currículo escolar é uma condição necessária mas não suficiente para a formação de uma criança. Ela precisa também se conhecer, refletir sobre as suas próprias emoções, como lidar com elas e como se relacionar com as emoções e sentimentos de outras pessoas. Em outras palavras, busca colocar em prática a máxima “trata os outros como gostarias de ser tratado”.
Seis professores do programa Sente, cada um com mais de quatro anos de experiência, estão já treinando   professores na aplicação do programa.
Nas aulas, ao longo de dez a vinte encontros semanais, são utilizadas vivências, conversas e jogos com o objetivo de ensinar os alunos a reconhecer e administrar as próprias emoções, aprender a se acalmar e a ter paciência ao lidar com situações adversas.
O projeto faz parte hoje de uma intervenção maior coordenada pela UBS Santa Cecília do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina e apoiado pelo Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS, chamado “Programa Viver Melhor na Escola”. Esse, dentro da Estratégia de Medicina de Família e Comunidade, oferece às escolas da área da UBS Santa Cecília várias atividades e consultorias, conforme as necessidades das escolas e os recursos disponíveis da UFRGS e da comunidade, criando uma rede de apoio e alternativas para o encaminhamento dos problemas trazidos tanto pela escola e pela comunidade.
A maioria dos mais de 600 alunos que já passaram pelo programa em Porto Alegre vieram de bairros da periferia da cidade. Cerca de 15% deles vivia em albergues, oriundos de famílias desestruturadas que não tinham condições sociais e emocionais para mantê-los em casa. Dos que moravam em casa, era frequente a mãe ser a chefe de família enquanto muitos pais estavam presos ou apresentavam ficha criminal. As escolas sugeriram que os alunos do quinto ano fossem o alvo prioritário da intervenção, pois este é o último ano em que os alunos têm um único professor e os professores do sexto ano queixam-se das muitas dificuldades de adaptação dos alunos ao sexto ano com os vários novos professores. A escola tinha a expectativa que a intervenção acalmaria os estudantes, o que, de fato, acabou acontecendo.
Aprender a reconhecer e a falar sobre os próprios sentimentos é, geralmente, o ponto de partida do programa. Os alunos são convidados a conversar sobre isso. Uma das turmas decidiu conversar sobre os conflitos familiares que viviam. Cada um escreveu um bilhete com algo que os incomodava na família. Para evitar constrangimentos e manter o anonimato, cada um lia o relato de outro colega. Depois, seguia-se uma conversa em uma grande roda sobre o que fazer para lidar com as situações levantadas. Os casos mais debatidos envolviam brigas entre irmãos e entre os pais. Outro temas frequentes foram os sentimentos de exclusão e inferioridade e a questão dos apelidos.
Em outra classe, a presença de uma psicóloga e professora de Yoga possibilitou introduzir vivências de integração corpo-mente, fazendo com que as crianças aprendessem a localizar no próprio corpo a manifestação das emoções. Outra prática utilizada envolve exercícios de respiração como técnica para acalmar e estabilizar as emoções. Em um relato posterior, um jovem contou que teve um desentendimento sério com um colega durante um jogo de futebol e que, ambos, se lembraram de fazer o exercício da respiração, o que evitou que partissem para a agressão física ou trocassem insultos mais graves.
Na mesma linha, os alunos participaram de práticas de diálogo colaborativo, de dinâmica de grupo e de comunicação não violenta, incentivando-os a escutar o outro com atenção plena, falar um de cada vez, sem ofender, e falar não só de idéias, mas também dos próprios sentimentos. Em alguns casos, o tema dessas conversas pode ser algo bem traumático como a morte de um ex-colega envolvido em uma briga de gangues do tráfico, uma realidade que, infelizmente, virou rotina em Porto Alegre, assim como em tantas outras cidades brasileiras.
Em um desses casos, a turma da escola na qual o aluno em questão estudava foi convidada a conversar sobre o caso, relatar os últimos contatos com ele e o que tinham sentido com a morte dele. Um aluno disse à professora que tinha se sentido aliviado com a morte do colega, pois ele o agredia verbal e fisicamente. “Achei que fez por merecer”, afirmou. Uma colega, por outro lado, contou que ela se sentiu ajudada por ele várias vezes, mas admitiu que ele também podia ser muito grosso. Um terceiro aluno disse que era vizinho do colega morto e relatou a grande tristeza da família com a perda do filho. Após esses e outros relatos, o aluno que havia dito inicialmente que tinha se sentido aliviado com a morte pediu para falar e disse que estava arrependido. Ele trocou o “achei que fez por merecer” por “ele só precisava aprender uma lição”.
No momento em que a violência física, verbal, emocional e simbólica invade nossos centros urbanos, esse tipo de prática mostra-se fundamental não só como uma condição de possibilidade de uma real aprendizagem na escola, mas também como um elemento necessário para romper com o macabro pacto de silêncio e angústia que cerca muitas vezes nossas crianças e adolescentes. Não falar sobre o que elas sentem diante dessa realidade implica alimentar essa cultura de violência e aumentar as possibilidades de sofrimento. Neste contexto, ao contrário do que alguns podem pensar, a educação social e emocional não é um acessório, mas uma prática fundamental para o presente e o futuro desses jovens.
(*) José Ovidio Copstein Waldemar é psiquiatra de crianças e adolescentes e coordena junto com a psicóloga Gabriela Guimarães o Projeto de Inteligência Emocional nas escolas do Infapa. Mais informações sobre o Projeto nas Escolas em www.infapa.com.br/projeto-sente e sobre o curso para professores e psicólogos emwww.facebook.com/search/top/?q=programa%20sente .
http://www.sul21.com.br/jornal/educacao-social-e-emocional-as-perguntas-que-nao-fazemos-as-nossas-criancas-por-jose-ovidio-copstein-waldemar-e-gabriela-guimaraes/

Ministro ri do brasileiros e diz que quer agilizar para entregar pré-sal à Exxon


  
Reportagem da reporter Anne Warth, da agência 'Broadcast' (29.jan.2017) mostra que o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, não esconde a pressa do governo em vender os campos do pré-sal, que serão apresentado em fevereiro pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustívesis (ANP). 

"Para atrair outras empresas, como a ExxonMobil e outras grandes, e eles estão de olho no pré-sal, a ideia seria colocar novas áreas e, em vez de esperar 2018, fazermos em 2017", diz o ministro. Em março, o governo pretende aprovar o leilão em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). "Assim, podemos marcar a licitação para novembro."

A expectativa do governo é que o leilão já seja realizado sem a exigência de conteúdo local, o que deixa a indústria naval e do petróleo em dificuldade ainda maior. Coelho Filho defende que a antecipação do leilão é a melhor forma de atrair grandes investidores.

Em maio, a União fará um leilão de áreas exploratórias em terra (onshore); em junho, serão leiloadas áreas no entorno de quatro blocos já em operação no pré-sal (Carcará, Sapinhoá, Tartaruga Verde e Gato do Mato, todas na Bacia de Santos) e, em setembro, haverá a 14.ª rodada de blocos marítimos, mas no pós-sal (mais próximos da superfície, embora alguns também em águas profundas).

Até hoje, o governo só realizou um leilão no pré-sal. Licitado em 2013, o campo de Libra foi arrematado, sem concorrência, por um consórcio formado pela Petrobrás, Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC.
 

 Fonte: site Brasil 247
http://www.vermelho.org.br/noticia/292684-1

Relatório do Parlamento Europeu mostra benefícios dos orgânicos ou bios


  • Documento analisa 381 referências sobre temas que envolvem alimentação, produção de plantas e de animais, impactos na saúde, entre outros
    Parlamento Europeu Promove Campanha Contra os Agrotóxico       
O relatório do Parlamento Europeu poderá ser lido e estudado e ser utilizado como mais uma ferramenta de luta nas diversas batalhas que nos esperam em 2017 no Brasil, a começar pela derrubada do projeto de lei (PL) do Veneno no congresso, e pela aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos. 

Foto Parlamento Europeu
 
"Consumo de orgânicos reduz exposição a agrotóxicos e riscos de intoxicação"

Em dezembro de 2016, o Parlamento Europeu, através do Painel de Avaliação de Opções em Ciência e Tecnologia, divulgou um relatório sobre os impactos para a saúde pública do consumo de alimentos orgânicos e também da agricultura orgânica. O relatório chama-se “Human health implications of organic food and organic agriculture” e pode ser acessado aqui: http://tporganics.eu/wp-content/uploads/2017/01/EPRS_STU2016581922_EN.pdf
O documento analisa 381 referências sobre temas que envolvem alimentação, produção de plantas e de animais, impactos dos agrotóxicos na saúde e meio ambiente, resistência a antibióticos, padrões de alimentação, além de apontar caminhos e políticas públicas e suas possíveis consequências na Europa.
De acordo com o relatório, o consumo de alimentos orgânicos reduz a exposição a agrotóxicos, e portanto, os riscos de intoxicações agudas e crônicas. O relatório enfatiza que, apesar das análises de risco que são feitas antes da aprovação de agrotóxicos, existem grandes lacunas nos estudos. Gera grande preocupação, por exemplo, que sejam desconsiderados estudos epidemiológicos que mostram os efeitos negativos da exposição a baixas doses de agrotóxicos no desenvolvimento cognitivo de crianças.
Em relação aos fertilizantes, os estudos mostraram as consequências negativas do uso massivo e prolongado do mineral fósforo na agricultura convencional. O principal efeito é a elevação da concentração de cádmio no solo, e portanto nos alimentos produzidos neste local. A alimentação, inclusive, é uma das principais vias de exposição ao cádmio, que provoca câncer e diversas outras doenças.
Sobre a criação de animais, foi detectada uma maior concentração de ácidos graxos ômega 3 no leite, ovos e carne de animais criados no sistema orgânico. Isso decorre da alimentação à base de forragem, e não de rações concentradas. O capim possui alto índice de ômega 3 e, no caso do leite orgânico, foi detectada a presença 50% maior deste ácido graxo.
Outro ponto analisado foi a resistência a antibióticos. De acordo com o Organização Mundial de Saúde (OMS), a utilização excessiva deste medicamento na criação animal é um dos fatores que influenciam na existência de superbactérias resistentes a antibióticos. Na criação orgânica, o uso de antibióticos é reduzido, pois há menos doenças em sistemas não-confinados, e há grande restrição ao uso preventivo, comum na criação de animais convencional.
Ao final do relatório são apresentadas 5 opções de políticas públicas a serem consideradas daqui em diante. A primeira delas seria não tomar nenhuma atitude, e assim perder a oportunidade de obter ganhos para a saúde da população. 
A segunda opção está relacionada às políticas de segurança alimentar, como por exemplo o controle da concentração de cádmio nas sementes. Além disso, na Europa está em vigor desde 2009 uma política de “uso sustentável” de agrotóxicos, que inclusive proíbe a pulverização aérea no continente. Finalmente, a União Europeia já se colocou favorável ao banimento do uso profilático de antibióticos na criação animal.
A terceira opção se refere a aumentar o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação voltadas para agricultura orgânica. Este caminho poderia aprimorar os sistemas de cultivo, aumentando a produtividade e gerando mais comida de boa qualidade com práticas agrícolas sustentáveis.
A quarta opção aponta para a melhora do ambiente de negócios da agricultura orgânica através de incentivos fiscais. Considerando que as doenças causadas pela agricultura convencional representam uma carga para os sistemas de saúde, e que este custo não está incluído no preço dos fertilizantes e agrotóxicos, seria justo uma taxação maior para estes produtos. Estas taxas poderiam ser utilizadas para o desenvolvimento da agricultura orgânica.
A quinta e última opção se refere ao incentivo de práticas de consumo sustentáveis. Atualmente, o consumo de carne na Europa é elevado, enquanto cereais integrais, frutas e legumes ficam abaixo dos índices recomendados. O relatório afirma que o padrão de consumo de quem se alimenta de orgânicos é mais saudável em comparação com a média da sociedade. Assim, regras licitatórias que favoreçam a compra de orgânicos em escolas, hospitais e restaurantes públicos podem melhorar o padrão alimentar da população.
Importância do Documento
Mesmo que o relatório não traga grandes novidades, o reconhecimento do parlamento Europeu de que a agropecuária convencional representa um problema de saúde pública, e que além disso, a agricultura orgânica é uma solução para este problema, já é um fato a ser comemorado.
Ainda que por certa herança colonial, decisões políticas tomadas na Europa e nos EUA têm grande apelo no Brasil. O banimento da pulverização aérea na Europa, o fato de que 22 do 50 agrotóxicos mais consumidos aqui são proibidos lá, e agora este relatório, são argumentos de peso em nossa luta contra os agrotóxicos e as consequências nefastas do agronegócio.
Orgânicos na Europa
Obviamente, o contexto Europeu em relação aos orgânicos – chamados lá de biológicos ou somente bio – é completamente diferente do nosso. O movimento da agricultura biodinâmica (Demeter) já existe desde os anos 1920 na Alemanha. Hoje, encontra-se uma grande oferta de orgânicos em qualquer supermercado (mesmo os mais baratos), e há mesmo redes de supermercados que só vendem orgânicos. 
Além das frutas, legumes e verduras, são oferecidas carnes, lácteos, salsichas, cosméticos e até roupas orgânicas. É possível encontrar máquinas agrícolas adaptadas e outros tipos de facilidades para aumento de produtividade com mão de obra escassa. Há críticas de que a agricultura orgânica na Europa já foi completamente dominada pelas grandes cadeias de alimentos, e concentra renda da mesma forma que o cultivo convencional.
Nos países mais ricos da Europa (EU-28), 5,7% das terras é cultivada de forma orgânica, num mercado que rende 24 bilhões de Euros (quase R$100 bilhões). 
O panorama é bem diferente daqui. A estimativa de ocupação das terras orgânicas certificadas é de menos de 1%, e a movimentação financeira estimada é de R$2,5 bilhões. Além disso, por aqui colocamos como fundamental o projeto da Agroecologia, que inclui outras dimensões além do cultivo sem agrotóxicos, fertilizantes e transgênicos (aliás, na Europa o uso de transgênicos é restrito a poucos países). 
Por aqui, não há possibilidade de discutir a agricultura orgânica sem tocar na questão agrária, que é a raiz de diversos outros problemas como a pobreza e a insegurança alimentar no campo, além do próprio êxodo rural e inchaço das cidades. Por isso, lutar pela agroecologia significa lutar pelas condições subjetivas e objetivas para se produzir sem veneno: equidade de gênero, educação e saúde do campo, pesquisa, crédito, logística, agroindústria sob controle camponês e tudo mais que for preciso para se viver e produzir de forma saudável no campo.
O relatório do Parlamento Europeu deve ser lido e estudado, e ser utilizado como mais uma ferramenta de luta nas diversas batalhas que nos esperam em 2017, a começar pela derrubada do PL do Veneno, e pela aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos.
https://www.brasildefato.com.br/2017/01/26/relatorio-do-parlamento-europeu-comprova-melhora-na-saude-publica-com-organicos/