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8.21.2016

Previdência brasileira: mexer com ela trará danos sociais dramáticos

  • É assustador que, em tão pouco tempo, o governo provisório e usurpador de Temer esteja implementando e propondo políticas regressivas sob todos os pontos de ­vista

Por Maurício Thuswohl para Revista do Brasil - Sociedade e Previdência Social no Brasil

Foto Vitor Vogel/RBA
Laura: nossa proteção previdenciária representa maior grau de formalização do emprego e, naturalmente, da cidadania 
Laura Tavares Soares faz parte de um grupo de economistas que enviou, em abril, uma carta ao Supremo Tribunal Federal pedindo empenho contra a tentativa de golpe no Brasil. Além de condenar a ruptura com a democracia traduzida no afastamento da presidenta, ela lamenta que o governo interino, qualificado como "usurpador" e "ilegítimo", esteja tentando impor "políticas regressivas" no que diz respeito às conquistas dos trabalhadores e da população de baixa renda.
Especialista em estudos sobre Previdência Social e desigualdade social, professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora investigadora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Laura afirma que uma eventual desvinculação dos benefícios da Previdência, sobretudo as aposentadorias, do salário mínimo, é "criminosa". E lembra que a aposentadoria inserida na política de valorização do mínimo sustenta a maioria das famílias em mais de 60% dos pequenos municípios.
Como pesquisadora e intelectual, Laura deu importante contribuição à elaboração da Constituição de 1988, quando atuou na equipe de formuladores dos artigos relativos à Seguridade Social. Ela condena a proposta de aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos, ou mais, e diz que "muitos brasileiros e brasileiras morrerão antes".
A economista ressalta que os trabalhadores de menor renda entram mais cedo no mercado e diz que ignorar a diferença de expectativa de vida entre as classes sociais significa agravar as desigualdades, inclusive no que diz respeito a condições de saúde e de educação. Nas ideias defendidas pelo governo interino, perdem, e muito, os mais pobres.
A economia voltou a rezar pela cartilha do neolibera­lismo como nos tempos de FHC?
Ah, com certeza. É assustador que, em tão pouco tempo, o governo provisório e usurpador de Temer esteja implementando e propondo políticas regressivas sob todos os pontos de ­vista. Sob o econômico, aprofundará mais ainda uma crise que assume contornos mundiais, uma crise à qual o Brasil não está imune. No entanto, a crise não vem sozinha. Ela é amplificada e agravada, em boa medida, por políticas que denominávamos de ajuste neoliberal. Sobretudo na adoção de medidas que paralisam os investimentos produtivos, deixam de criar empregos e, o que é pior, criam um desemprego que, no ritmo que vai, chegará aos patamares críticos que tivemos nos anos 90.
Se lembrarmos que chegamos a uma situação denominada de "pleno emprego" (em 2014), trata-se de um brutal retrocesso. Eu estudo a série histórica da Previdência desde os anos 70, e pela primeira vez a proporção de contribuintes, ou seja, de empregados formais, supera o patamar de 60%, quando historicamente chegava, no máximo, a 40%. Os dados mostram como o crescimento da ocupação em todos os períodos supera o aumento da população economicamente ativa. Essa diferença corresponde exatamente à diminuição do desemprego. Por sua vez, o número de pessoas filiadas e contribuindo para a Previdência superou em muito, em todos os períodos, o crescimento dos postos de trabalho. Essa maior proteção previdenciária representa um maior grau de formalização do emprego e, naturalmente, da cidadania.
O atual cenário representa ameaça a essas conquistas obtidas na última década?
O neoliberalismo é muito mais que um conjunto de medidas econômicas. É uma ideologia que continua forte e traz propostas que modificaram e estão modificando o modo como as políticas sociais são implementadas. Passa por uma visão de que o Estado deve apenas atender aos "mais pobres". Na área social, é claro. Porque na área econômica, o Estado sempre atendeu aos interesses do capital hegemônico – hoje o capital financeiro – e das classes dominantes remanescentes que detêm ainda o poder sobre a propriedade da terra, os grandes latifundiários. As classes dominantes não têm nenhum pudor em disputar e desfrutar do Estado. Bem como a classe média brasileira, que possui uma renda e um estilo de vida superior às demais classes médias latino-americanas. Ela desfruta da isenção do Imposto de Renda nos gastos, não apenas com educação privada e com saúde privada, e promove uma enorme renúncia tributária ao descontar integralmente os planos de saúde e os fundos de previdência privados. Para estes, não há nenhum problema que o Estado dê uma mãozinha na chamada reserva de mercado para o setor privado em duas áreas sensíveis e historicamente subfinanciadas, como a saúde e a educação.
Eu fiz Economia no doutorado exatamente para me contrapor aos economistas. Outro dia, preparando aula, descobri que a economista inglesa Joan Robinson disse que estudou Economia para não ser enganada por nenhum economista. Estou em boa companhia! Sempre defendi a política social como indutora de um novo padrão de desenvolvimento, ainda que capitalista, menos excludente mas, sobretudo, mais igualitário e garantidor de direitos de cidadania, palavras que andam meio esquecidas desde a Constituição de 1988.
Que impacto haveria sobre os trabalhadores a reforma da Previdência pretendida pelo ­governo interino?
Vou me referir a duas medidas que considero as que causariam impactos sociais inimagináveis. A primeira é a criminosa desvinculação do salário mínimo dos benefícios da Previdência Social, especialmente as aposentadorias. Aliás, a Previdência Social hoje em dia deveria ser chamada de Previdência Fazendária. Nem nos piores casos de neoliberalismo que estudei na América Latina, nunca vi a Previdência ir para o Ministério da Fazenda tão explicitamente. Hoje, a aposentadoria no valor de um salário mínimo, acompanhada de uma valorização sem precedentes, acima da inflação, sustenta a maioria das famílias residentes em mais de 60% dos pequenos municípios, e alguns médios. Se não acreditarem nos dados oficiais dos governos eleitos Lula e Dilma, consultem os dados do Dieese ou da Anfip (associação de auditores da Previdência). Até na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE se pode verificar o aumento da importância da Previdência, em muitos casos logo abaixo da renda do trabalho, quando ele existe. Na área rural, então, considero uma verdadeira revolução social que um casal que se aposenta pelo trabalho, ou seja, que tem o direito de receber uma aposentadoria digna, receba hoje R$ 1.736. Isso, para a área rural, é uma renda considerável, muitas vezes maior que o próprio trabalho rural. Detalhe: as mulheres passaram a receber igual aos homens desde a redemocratização, conquista que foi fruto de uma longa luta. Para mim, é a mais redistributiva política social universal que temos, única na América Latina.
É uma questão antiga…
Aqui vale fazer uma pausa e afirmar, com veemência, que a Previdência rural não é assistencial e sim vinculada ao trabalho! Essa é uma briga antiga dos trabalhadores rurais e nossa, quando enfrentávamos os parlamentares em 1998 e em 2003 nos debates sobre a reforma da Previdência. Sem nenhum demérito à palavra assistencial, pelo contrário. O BPC (Benefício de Prestação Continuada), este sim um benefício assistencial destinado aos idosos urbanos e a pessoas com deficiência de baixa renda, já que a Previdência urbana ainda não é universal, possui uma enorme relevância social. Destaco isso porque a Previdência rural foi e continua sendo alvo dos defensores da reforma da Previdência neoliberal, que quer retirar a população rural do sistema da seguridade. Com isso se perde, no mínimo, a vinculação dos atuais benefícios rurais com o salário mínimo, por exemplo, caindo a patamares ínfimos, como era no período da ditadura. Em outubro de 2014, somente o INSS pagava por mês mais de 32 milhões de benefícios, transferindo renda e movimentando a economia nos municípios. A maior parte dos benefícios (71,2%) foi paga à clientela urbana. Portanto, 28,8% foi pago aos trabalhadores rurais. São milhões de rurais recebendo um salário mínimo na sua velhice ou invalidez.
É verdade que a Previdência Social gasta mais com os ricos do que com os pobres? Existe algum retorno social com o montante que se gasta hoje com Previdência?
Fiz em 2012 uma apresentação exatamente com o objetivo de demonstrar o retorno social da despesa da Previdência Social com benefícios. E aqui entra a ideia da Constituição de 1988 de que a Previdência, tal como a saúde e a assistência social, pertence à seguridade social. A maioria das pessoas não sabe nem o que é isso. Sempre recomendo para meus alunos, como tarefa de cidadania, a leitura, pelo menos, do capítulo da Seguridade Social na Constituição.
Por outro lado, a grande maioria dos benefícios pagos hoje é de um salário mínimo. Eu não sei ao certo o dado agora, mas é cerca de 80%. O último dado que calculei e que tenho disponível aqui é que as despesas com benefícios, desde 2006, ultrapassam a metade do valor arrecadado pelo governo em impostos e contribuições sociais e econômicas, quando deduzidas as transferências constitucionais a estados, Distrito Federal e municípios, restituições e incentivos fiscais. Em 2013 essa proporção chegou a 54,3%. Isso significa que pouco mais da metade da parcela dos impostos e contribuições que fica no orçamento federal retornou para os segmentos sociais mais necessitados. Além do grande significado social, essas transferências têm um papel econômico importante, pois atingem um quantitativo importante de famílias, distribuídas regionalmente e com uma grande capilaridade.
Da mesma forma, os Benefícios de Prestação Continuada, da Loas (Lei Orgânica da Assistência Social), custam o equivalente a 0,6% do PIB, e cada R$ 1 pago gera R$ 1,19 no PIB. Cada R$ 1 pago de seguro-desemprego, cujos gastos alcançam também 0,6% do PIB, rende R$ 1,09 no PIB. O conjunto dos benefícios da Seguridade Social tem a capacidade de diminuir a desigualdade e a pobreza, com grande poder multiplicador na economia. Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado em 2013 reafirma que, além da Previdência, as despesas com o Bolsa Família representam apenas 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto), mas cada real gasto com o programa adiciona R$ 1,78 no PIB.
As despesas com políticas sociais então, retornam na forma de dinamização da economia…
Na economia, o impacto multiplicador tem outra vantagem. Ao elevar a produção e a circulação de bens e serviços, obviamente cresce a arrecadação. Portanto, parcela considerável dos recursos públicos aplicados retorna. Quem faz contas da Previdência de modo meramente atuarial olha apenas receitas e despesas, ignorando, além da cidadania e o direito à previdência, as demais contas de arrecadação envolvidas.
A diversificação de fontes de financiamento da seguridade social é um princípio pioneiro instituído na Constituição de 1988 que revolucionou o financiamento dessas três áreas: Previdência, Saúde e Assistência Social. Por esse princípio, todas essas áreas deveriam ser financiadas pelo orçamento da seguridade social. Infelizmente, a partir do desmonte dos anos 90, as fontes setoriais ficaram separadas, o que, a meu ver, repõe eternamente o debate do subfinanciamento da Saúde e da Assistência Social. A sacada genial introduzida na Constituição, e batalhada por muitos técnicos que já trabalhavam na Previdência na época do ministro Waldir Pires (1985-1986) e pelos movimentos sociais, é que as contribuições não deveriam apenas incidir sobre o trabalho. Com a crise do mundo do trabalho, nenhum país do mundo sustenta seu sistema de proteção social com folha de salários! Dessa forma, criamos duas­ contribuições, que incidissem sobre o capital, que são as atuais CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Essas contribuições sempre cresceram acima do PIB e da arrecadação federal. Como está na moda dizer hoje, são absolutamente sustentáveis. O resultado da seguridade social em 2013, ou seja, o seu superávit, foi de R$ 76,241 bilhões. Com todas as desvinculações e as isenções fiscais às empresas, que diminuíram a receita da Previdência, o superávit ainda foi de R$ 12,626 bilhões.
O aumento da idade mínima para a aposentadoria é um"mal necessário" para garantir a estabilidade do sistema de Previdência?
O problema é que as desigualdades no Brasil ainda são enormes, e elas têm influência direta sobre a expectativa de vida. Calcular uma média em um ­­país ­como o Brasil é uma medida de alto risco que, no caso da Previdência, trará consequências sociais dramáticas. Aprendi, desde o meu curso de sanitarista da Escola Nacional de Saúde Pública, que expectativa de vida depende das condições de vida e, junto com elas, das condições de saúde. Isso vai mais além da renda. Depende fundamentalmente do acesso aos serviços de saúde, à habitação digna, ao saneamento, às condições de trabalho, entre outras coisas. Se a idade mínima aumentar de forma linear, muitos brasileiros e brasileiras morrerão antes de receber sua aposentadoria.
Até as pedras sabem que os de mais baixa renda têm que entrar mais cedo no mercado de trabalho. E vão ter que esperar a idade mínima muito mais tempo do que aqueles que ingressam mais tarde, como os jovens que têm acesso ao estudo médio e universitário sem precisar trabalhar e que depois ainda podem fazer mestrado, doutorado, cursinho para concurso etc., custeado pelos pais ou pela família. Quase sempre o grupo de baixa renda que tem que trabalhar desde cedo ingressa em trabalhos de pior qualidade, mais precários, com evidentes prejuízos para a sua saúde. E aqui também reside uma diferença perversa: ainda hoje, as mulheres possuem piores condições de trabalho e remuneração. É uma diferença de gênero que persiste no nosso mercado de trabalho, especialmente no mercado privado.
Mas diferenças também existem no setor público. Quando o presidente interino e ilegítimo disse que todos os servidores públicos iriam se aposentar com 70 anos, eu, com apenas 62, quase tive um infarto. Trata-se de um total desconhecimento do que é o setor público neste país e sua também enorme heterogeneidade. Não é a mesma coisa trabalhar em estatais ou no Poder Judiciário, com salários muitíssimo acima da média dos servidores públicos, além de muitos privilégios, do que trabalhar no Executivo, onde, a princípio, somos meros assalariados nos três níveis de governo. Isso acontece especialmente nas áreas de saúde, onde pelo menos dois terços são mulheres que trabalham na enfermagem ou em áreas extremamente exaustivas, e educação, onde a maioria é de professoras primárias ou secundárias. E essas são as áreas majoritárias em mão de obra no setor público. Uma auxiliar de enfermagem que comece a trabalhar aos 20 anos aos 65 está um bagaço ou já não existe mais. Desculpem o realismo.
A mulher pobre é quem mais perde com essa proposta de aumento da idade mínima?
Essa mesma "isonomia" entre homens e mulheres proposta para a idade mínima na Previdência, como já disse, não existe no mercado de trabalho. De novo, a mulher vive mais tempo na média. Mas a mulher de baixa renda sofre, além da discriminação de gênero, a racial. A maioria dos postos precários de trabalho ainda é preenchida por mulheres. Por essas e outras é que afirmo que as mulheres trabalhadoras rurais conseguiram o que muitas que trabalham no meio urbano não conseguiram: uma Previdência universal pelo simples fato de ter trabalhado. Tampouco existe isonomia na vida cotidiana das mulheres, especialmente nas de baixa renda, que não podem pagar domésticas ou diaristas. Só conheço homem que participa do trabalho doméstico jovem, ilustrado, de classe média e progressista. E olhe lá! A inclusão do trabalho doméstico na ampliação da Previdência na chamada "inclusão previdenciária" nunca foi compreendida pelos homens tecnocratas e políticos com quem tínhamos que conversar no Ministério da Previdência e no Congresso.
E ainda falta um componente, que já se encontra muito mais avançado nos países que de fato dispõem de um Estado de bem-estar social, que é a questão do cuidado. E aí, o cuidado com os filhos e com os idosos sobra para as mulheres mesmo. Melhorou a política de creches? Sim. Mas falta muito. E com os idosos, quem não tem dinheiro para cuidadoras – também mulheres – e assim mesmo quem "cuida" das cuidadoras são as mulheres, mesmo de classe média.
E não me venham com o argumento demográfico, pelo menos não no Brasil, onde ainda temos um bônus de jovens que, se estivessem todos, ou a maioria, empregados, dariam perfeitamente conta de manter a solidariedade intergeracional, o regime de repartição, por um bom tempo. E, como já vimos, no caso brasileiro ainda temos muitos recursos que, se não fossem "desviados" para os superávits fiscais, daria conta de sustentar todos os idosos deste país, me arrisco a dizer, de modo universal. Onde todos, como no campo, tivessem pelo menos a garantia de um salário mínimo.
https://www.brasildefato.com.br/2016/08/19/previdencia-mexer-com-ela-trara-danos-sociais-dramaticos/

Campus Party Recife: aplicativos usam tecnologia a favor de boas causas sociais

Um aplicativo para ajudar mulheres a sair de relacionamentos abusivos, outro para alfabetizar crianças com deficiência ou dificuldade de aprendizagem, um que atua na geração de dados para localizar e prevenir epidemias. Com temas diferentes, esses projetos têm uma coisa em comum: usam a tecnologia para ajudar a resolver problemas coletivos, um dos principais focos da Campus Party Recife.
O evento de inovação e tecnologia realizado neste fim de semana na capital pernambucana abriu espaços para atividades que discutem como usar o conhecimento tecnológico para atuar em causas sociais de diversas áreas. Há também uma área de exibição de 20 startups – embriões de empresas com ideias inovadoras em busca de um modelo de negócio viável – na parte pública do evento, onde também ocorrem palestras gratuitas sobre empreendedorismo.
Entre os projetos selecionados, alguns buscam investidores para começar a funcionar e há os que já saíram do papel, como o aplicativo criado pela empresa Epitrack que usa informações enviadas por usuários para ajudar na identificação de possíveis focos epidêmicos de doenças como a dengue e a zika.
Área de startups da Campus Party Recife integra a programação pública do evento, que também tem palestras gratuitas Área de startups da Campus Party Recife integra a programação pública do evento, que também tem palestras gratuita
“Éramos um grupo de pesquisa dentro da Fundação Oswaldo Cruz e observamos que o nosso modelo de juntar tecnologia com saúde pública estava conseguindo chamar a atenção de outras pessoas que queriam nos contratar. Aí a gente pensou em formular a Epitrack para oferecer isso de uma maneira mais escalável para a sociedade”, contou o CEO [Chief Executive Officer, na sigla em inglês) e cofundador da Epitrack, Onício Leal.
Por meio do aplicativo, o cidadão fornece informações sobre os sintomas que está sentindo e informa detalhes para ajudar a localizar a origem do problema, como viagens ao exterior ou o contato com alguém que estava doente. O aplicativo registra a localização do usuário, analisa os dados enviados por milhares de pessoas – epidemiologistas fazem parte da equipe – e fornece a análise para entes públicos que contrataram o serviço, como a prefeitura do Recife e o Ministério da Saúde.
Segundo Leal, o instrumento pode ajudar os gestores a tomar decisões, inclusive de forma preventiva, já que reúne dados tradicionalmente colhidos em pesquisas que levam mais tempo para serem realizadas. “A velocidade que a tecnologia proporciona fazer isso em relação aos meios tradicionais é muito grande. Então você consegue ter a informação em tempo mais oportuno, proporcionando uma velocidade maior de resolução daquele problema social”. No aplicativo, os usuários têm à disposição orientações sobre saúde e endereços de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) próximas.
Acolhimento e informação
Outras iniciativas apresentadas no evento ainda dependem de financiamento para começar a funcionar, como o Mete a Colher, que nasceu em um grupo feminista para auxiliar mulheres a sair de relacionamentos abusivos. O projeto foi elaborado para estimular vítimas a denunciar violência doméstica e funciona como uma página no Facebook que une pessoas que precisam de ajuda àquelas que se dispõem a ajudar.
A intenção agora é criar um aplicativo de atuação nacional. “Vimos que a necessidade maior é justamente empoderar mulheres para sair do relacionamento. Antecipar toda essa cadeia de ajuda, mostrar os caminhos necessários. Uma mulher que está passando por isso não sabe o que fazer, quem procurar”, disse uma das idealizadoras do projeto, Thaísa Queiroz.
O aplicativo feminista pretende oferecer quatro serviços: atendimento psicológico, assistência jurídica, inserção no mercado de trabalho e acolhimento emergencial das mulheres para que possam sair de casa. A tecnologia, nesse caso, vai automatizar um serviço que atualmente é feito pelas pessoas da equipe.
“Hoje as mulheres chegam com pedidos de ajuda pela fanpage e a gente faz a conexão com o nosso banco de dados. É um trabalho manual mesmo, mais limitado. Com o aplicativo a intenção é que a rede funcione por si só, e funcione de forma mais rápida e eficaz”, disse Thaísa. O desafio é conseguir os recursos para tirar a ideia do papel. Para isso o grupo resolveu usar o financiamento coletivo pela internet.
Já o projeto Sons e Gestos aposta na conquista de investidores para financiar a criação de um aplicativo voltado à alfabetização de pessoas com deficiência ou com dificuldade de aprendizagem. O app está pronto e passa por fase de validação da tecnologia com pacientes e por meio de um projeto de piloto em uma escola do Recife. O método usado foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar que já aplica as técnicas há mais de dez anos de forma presencial.
“Como a estratégia já é aplicada em jogos físicos, a ideia é transpor as barreiras das escolas e consultórios e que os alunos fiquem mais focados para aprender. Por exemplo: a gente testou com um paciente com autismo que estava muito disperso na hora porque tinha muita gente na sala. Quando a gente mostrou o aplicativo a ele parece que o mundo parou e ele ficou concentrado no aplicativo e de primeira já acertou tudo, ficou repetindo várias vezes”, conta a CEO da T-access, empresa que desenvolve a ideia, Virgínia Chalegre.
http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2016/08/21/campus-party-recife-aplicativos-usam-tecnologia-a-favor-de-causas-sociais/

Nos Jogos Olímpicos, o mundo conheceu nosso ímpeto por vaiar

  • Nos Jogos Olímpicos, o mundo conheceu nosso ímpeto por vaiar. Quem sabe Freud explica

por Alberto Villas para revista Carta Capital - Sociedade e Efeito Rebanho (fonte no final)

Foto Martin Bernetti / AFP
TorcidaTorcedores brasileiros no futebol: a vaia é nossa companheira

Vaiar não é de hoje. Diz a lenda que a vaia surgiu na Grécia Antiga, durante as execuções, que eram recepcionadas às vezes com aplausos, às vezes com vaias, dependendo do gosto do espectador.
O Dicionário Houaiss, em seu verbete Vaia, diz que é uma demonstração de desagrado, uma desaprovação, um desprezo geralmente expresso coletivamente por meio de ruídos como gritos e assovios.
A enciclopédia livre Wikipédia é mais engraçada: “A vaia ou apupo é um ato público para demonstrar desaprovação ou defeito por alguém ou alguma coisa, geralmente um artista, em geral com a interjeição Buu! pronunciada de maneira prolongada, ou fazendo outros ruídos como vozes de animais. Em casos de extremo defeito, a vaia pode ser acompanhada de objetos arremessados no palco, como ovos e tomates”.
Mas nós não estamos aqui para falar das vaias que tomaram conta dos Jogos Olímpicos do Rio?
Em 2014, na abertura da Copa do Mundo de Futebol, a presidenta eleita recebeu muitas vaias, misturadas com xingamentos que não vamos repetir aqui.
Finalmente chegamos às Olimpíadas do Rio 2016.
Assim que o presidente interino Michel Temer, com uma cara de medo e espanto, acuado na tribuna de honra, deu por aberto os Jogos, veio a primeira vaia, uma vaia olímpica. Para a TV Globo foram “vaias acompanhadas de aplausos”. Mas o que a televisão italiana mostrou, minutos depois nas redes sociais, foram apenas vaias e nada mais.
Assim que começou o desfile das delegações, por ordem alfabética, ainda estávamos na letra A, quando vieram as vaias pra os argentinos, gratuitamente. No quesito argentino, brasileiro costuma vaiar até Borges, Gardel, Evita e Che Guevara.
E no dia seguinte, no momento em que a bola rolou em campo, que o cavalos começaram a saltar, que os dardos e martelos começaram a ser lançados, assim que as braçadas começaram a ser dadas nas piscinas olímpicas, as vaias tomaram conta do ambiente.
Os brasileiros decidiram vaiar tudo que não era verde e amarelo, com algumas exceções, claro. O fenômeno Usain Bolt, o jamaicano mais veloz do mundo, por exemplo, foi aplaudido de pé. Se bem que na bandeira do seu país, predominam o verde e o amarelo.
Mas a polêmica maior dos Jogos Olímpicos foi na competição de vara. O francês Renaud Lavillenie, que perdeu para o brasileiro Thiago Braz, que ficou com a medalha de ouro, foi vaiado por uma arena inteira. Não somente quando caiu derrotado mas também no pódio, quando recebeu sua medalha de prata.
Lavillenie caiu na bobagem de reclamar das vaias, dizendo que elas tiraram sua concentração, que aquilo era atitude de imbecis, foi crucificado vivo de uma só vez no Facebook, no Twitter e no WhastApp.
Na televisão, assim como os protestos contra o presidente interino – o famoso Fora Temer –, as vaias grosseiras também estão sendo colocadas pra escanteio. A maior emissora do país leva a sério aquela história de que hoje a festa é sua/Hoje a festa é nossa/É de quem quiser/Quem vier e não pode ser atrapalhada. Os locutores apenas dão um gás e elogiam a força, a beleza e o charme da torcida incentivando os atletas made in brasil.
Mas nem só de vaias vivem os torcedores brasileiros. Elas são apenas para os adversários. Eles andam aplaudindo até mesmo juiz, aqueles cujas mães são as mais vaiadas durante o ano inteiro.
Na luta entre Kamran Shakkhsuvarly, do Azerbaijão, e Zhanibek Alimkhanuly, do Cazaquistão, o único brasileiro no ringue era o juiz brasileiro Jones Kennedy. Não deu outra, os aplausos eram apenas para ele, enquanto a galera gritava Juiz! Juiz! Juiz!
Na quinta-feira passada, o jornal francês Le Parisien estampou na capa a fotografia de um torcedor brasileiro na arquibancada mostrando os dedos num gesto de fúria e questionou o comportamento dessa gente raivosa com a manchete: O espirito olímpico esta aí?
Resumo da ópera. As vaias nos Jogos Olímpicos correram o mundo e lá na longínqua Morávia, os poucos torcedores ficaram sem entender direito porque vaiam tanto numa competição que é apenas esportiva. Talvez o mais ilustre filho da terra, Sigmund Freud, explique.

Mas faltando poucos dias para o encerramento dos Jogos, o presidente interino pensou bem – se é que ele pensa bem – e decidiu não comparecer à tão falada cerimônia de encerramento O motivo é um só: Medo de vaias. Se bem que essas são merecidas.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/as-vaias-na-nossa-historia

Um pacto feminino contra a violência

  • O projeto Vamos Juntas?, criado por Bárbara Souza Santos, incentiva mulheres a se unirem para escapar de atos de violência
do site Brasiliana, por Rodrigo Casarin para revista Carta Capital - Sociedade e Defesa Contra Violência à Mulher (fonte no final)

Foto René Cabrales
Vamos Juntas?
Thaís Pedrozzi, Priscila Neiwert, Babi Souza, Patrícia Nunes e Dominique Bittencourt atravessam juntas a Praça D. Feliciano
Um dia notou que outras mulheres faziam o mesmo trajeto e transpareciam o mesmo medo. Não era o temor da violência urbana por si só, mas o que resulta de uma sociedade incapaz de entender que o corpo da mulher pertence somente a ela. A observação não lhe saiu do pensamento e prestes a chegar em casa veio o lampejo, por que aquelas mulheres não se uniam para atravessar a praça juntas?
Bárbara, a Babi, andava desapontada com o rumo de sua carreira jornalística. Tinha cansado de trabalhar em veículos tradicionais e a vida em agência de comunicação não lhe rendia o tempo livre almejado. Além disso, começou a ficar incomodada por ter de produzir textos para uma grande marca de produtos de beleza em cujo conteúdo não acreditava. “A mensagem era de que para poder se sentir lindas as mulheres tinham de comprar aqueles produtos.”
Entrou em crise. Pensou em como a Babi de 13 anos enxergaria a jovem hoje com 25 e concluiu que a adolescente ficaria indignada. Ao se perguntar onde gostaria de trabalhar não achou resposta. Começou então a pesquisar sobre atividades relacionadas a empreendedorismo social.
A desilusão e a pesquisa juntaram-se ao sentimento de medo de outrora e à ideia que tivera. Nascia ali o Vamos Juntas?, projeto que incentiva mulheres a oferecer companhia e apoio a colegas em situações semelhantes àquela que Babi vivera.
GuiaA iniciativa deu tão certo que virou guia (Foto: René Cabrales)
Em 2015, quando colocou a ideia na internet, rapidamente percebeu o quanto a iniciativa poderia ser útil. Em um dia mais de 5 mil pessoas acompanhavam a página no Facebook, número que dobrou no segundo dia e hoje atinge  370 mil. São mulheres do Brasil inteiro que ali dividem temores e compartilham dicas sobre como escapar de atos de violência.
“Minha reação foi de incredulidade”, comenta Babi sobre a adesão instantânea de milhares de pessoas à iniciativa. “Minha vida mudou. A imprensa me procurava e eu dava mais entrevistas do que trabalhava. Fiquei uns três meses sem acreditar no que estava acontecendo.” Foi então que pediu demissão para focar de vez no projeto, algo que considerava muito significativo.
Passou a dar palestras sobre empoderamento e sororidade e, em março deste ano, transformou o projeto no livro Vamos Juntas? O Guia da Sororidade para Todas e hoje desenvolve um aplicativo no qual mulheres podem combinar formas de se ajudar. Babi conta que recebe mais de cem mensagens diárias, boa parte relatos de abusos ou situações de risco. Ela também criou a Bertha Comunicação, agência focada em empresas capitaneadas por mulheres empreendedoras. “As clientes me procuram porque confiam em mim.” 
Voltando ao Vamos Juntas?, uma pesquisa recente feita por uma estudante do MBA de Mídias Digitais da Faculdade Estácio, no Recife, ouviu 8.141 seguidoras da página e constatou que 76,1% das entrevistadas afirmaram sentir-se mais seguras ao transitar pelas ruas graças à iniciativa de Babi. Ela vê o movimento como uma manifestação do feminismo aplicada ao dia a dia.
“Por causa do Vamos Juntas? muitas mulheres hoje sabem que não são culpadas pelo assédio. Recebo diversas mensagens de gente dizendo que antes não tinha contato com o debate sobre esse tipo de assunto. Então, ele trouxe uma vertente do feminismo muito simples, fácil de entender, tanto que há seguidoras que não sabem que se trata de um movimento feminista.”
PraçaPraça D. Feliciano, em Porto Alegre (Foto: René Cabrales)

Claro que em um mundo ideal as mulheres não sofreriam assédio e movimentos como o Vamos Juntas? não precisariam existir. Mas, enquanto a sociedade não atinge tal patamar, a iniciativa se justifica, avalia a jornalista, principalmente porque divulga informações que ajudam as mulheres a se empoderar e a reagir a possíveis investidas, além de mostrar o quão execráveis os homens podem ser em muitas situações.
“Já recebi mensagens de jovens dizendo ignorar até então ser tão complicado ser mulher e só perceber isso depois de conhecer o Vamos Juntas? São relatos do tipo ‘juro que não sabia que era tão horrível chamar uma mulher de gostosa na rua’ ou que o tema deveria até se tornar disciplina escolar, porque ele queria saber desse ‘outro lado’ antes de se tornar machista. Por isso acho que as histórias acabam por ter esse papel de educação e conscientização.”
*Reportagem publicada originalmente na edição 914 de CartaCapital, com o título "Um pacto feminino".
http://www.cartacapital.com.br/revista/914/vamos-juntas-um-pacto-feminino

A Forma de Funcionamento da Democracia Brasileira e os Interesses Econômicos

  • A Copa do Mundo, assim como as Olimpíadas, que seriam pódios para a premiação definitiva de um conciliador novo Brasil altivo e ativo, também acabaram se tornando símbolos das contradições estruturais de nossa sociedade
por Grupo de Reflexão sobre Relações InternacionaisFernando Santomauro* para revista Carta Capital Sociedade e Avanços e Recuos da Democracia Brasileira (fonte no final)

Foto Javier Soriano / AFP
Torcida brasileiraTorcida brasileira nos Jogos do Rio-2016: os grandes eventos ensejam uma discussão sobre a democracia


Um desses casos é a chamada política externa altiva e ativa, ícone de disputa entre os dois times da atual peleja, mas sobretudo um espelho da complexidade da sociedade e da política brasileira, que acabaram por desembocar no impasse em que nos encontramos por diversos motivos.
Os governos do ex-presidente e da presidenta afastada seguiram esses pressupostos de conciliação política no Brasil, e também como resultado disso, avançaram de maneira inédita e rápida na inclusão de milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, contudo, tiveram que compactuar com velhas lideranças políticas e oligarquias do Brasil profundo, e seus interesses escusos.
Os próprios avanços nos controles da corrupção, como o fortalecimento da Polícia Federal, a autonomia de fato do Ministério Público, a nomeação de juízes do Supremo não só independentes (mas que julgaram seletivamente os governos que os nomearam) se deram ao mesmo tempo em que esses governos reproduziram e continuaram muitos dos arranjos com o grande capital brasileiro, dependente do Estado desde seu nascimento, e financiador de benesses pessoais para os representantes que perpetuassem esse modelo do parasitismo Estado-Capital.
A forma como se deu a chamada política externa altiva e ativa desses anos, de certa forma, também reproduziu esse conchavo, avançando de maneira inédita nas alianças e na profundidade dos compromissos e de seus temas por um lado, mas também perpetuando e, em alguns casos, aprofundando os lucros e a maneira predatória do grande capital brasileiro no exterior, principalmente no Sul, mais necessitado e sem capacidade de resistência social e política.
O novo Brasil que se mostrava ao mundo, além de seus programas humanitários e de cooperação técnica e política, também era baseado nos novos negócios das empresas de aviação, construtoras, farmacêuticas e de armamentos brasileiras. Essa agenda oculta beneficiou muito mais o mesmo capital nacional dependente de nosso Estado, que também avançou no Sul do mundo.
A própria maneira de se fazer política externa, ao mesmo tempo em que criava embaixadas na África e incluía nos quadros do Itamaraty jovens diplomatas com um novo perfil, também mantinha certo apego à tradicional maneira do Itamaraty, designando como chanceleres, em todos os governos Lula-Dilma, quadros de carreira do próprio órgão.
Além disso, esses governos não reproduziram o que fizeram em outros ministérios, (como o da Cultura e o das Cidades): não criaram, durante todos esses anos, um conselho para discutir, formular e realizar a política externa brasileira como política pública, não incluindo órgãos representativos da sociedade civil, da academia, dos movimentos sociais, de outros ministérios, municípios e governos estaduais, mantendo as relações internacionais do País restrita aos diplomatas, que de maneira geral ainda reproduzem com disciplina militar sua visão de mundo e seus benefícios de carreira.
A política externa altiva também perdeu sua oportunidade de aprofundar de maneira significativa a integração regional, burocraticamente e financeiramente, de fato. Muitos dos importantes avanços políticos como o Mercosul Social e a Unasul, não foram acompanhados de aumento de pessoal, de orçamento e de avanços que garantissem a continuidade dos projetos. Na América do Sul, o Brasil deveria ter sido o condutor e financiador desse processo.  
Em 2013, o esgotamento do modelo que garantiu o crescimento com diminuição da desigualdade nunca antes existente na história do país, começou a se expressar pela rejeição à Copa do Mundo. O “não-vai-ter-copa” era também a negação à Carta ao Povo Brasileiro: pedia o fim dos garantidos maiores privilégios aos “Donos do Poder”, em detrimento das outras fatias da sociedade.
Principalmente as classes médias tradicional e ascendente saíram às ruas para mostrar que as ainda péssimas condições de vidas em nossas grandes cidades, a insegurança, a corrupção e a sub-representação em um sistema político corrompido e arcaico não eram mais conciliáveis com grandes ganhos dos poucos de sempre.
A Copa do Mundo, assim como as Olimpíadas, que seriam pódios para a premiação definitiva de um conciliador novo Brasil altivo e ativo, também acabaram se tornando símbolos das contradições estruturais de nossa sociedade, expressos nas tentativas de Soft Power à brasileira: avançando em alguns sentidos, mas desde que se privilegie o dependente capitalismo nativo.
Mais além do que os resultados esportivos, os grandes eventos no Brasil, símbolos da projeção internacional recente do novo país, suscitam a necessidade de uma análise profunda e crítica sobre a forma de funcionamento da democracia brasileira e os interesses econômicos ao lado e por trás de nossas políticas públicas, inclusive em nossa política externa. Só assim poderemos começar a superar os nossos verdadeiros adversários.

*Fernando Santomauro é membro do GR-RI, doutor em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (PUC-SP, Unesp e Unicamp), Coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura de Guarulhos e Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Relações Internacionais (Fonari).
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