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11.03.2015

Parto normal comprovadamente auxilia vida saudável ao bebê e reduz cesarianas

  • Projeto ‘Parto Adequado’ reduz cesarianas no Brasil


Para Redação, American Citizen Services (ACS) - Brasília:
O projeto-piloto “Parto Adequado”, conseguiu aumentar em 42 hospitais a taxa de partos normais de 19,8%, em 2014, para 27,2% em setembro deste ano. Também reduziu o número de admissões em UTI neonatal de 155 para 46 em cada 1.000 nascidos vivos. Essas conquistas foram obtidas em muito pouco tempo, pois foi em março deste ano que os hospitais participantes se inscreveram para o projeto. Os primeiros resultados obtidos foram divulgados no mês passado.
O “Parto Adequado” é desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement. Tem por objetivo mudar o modelo de atenção ao parto, promovendo o parto normal, qualificando os serviços de assistência no pré-parto, parto e pós-parto e favorecendo a redução de cesáreas desnecessárias e de possíveis eventos adversos decorrentes de um parto não adequado. Com isso, busca-se reduzir riscos desnecessários e melhorar a segurança do paciente e a experiência do cuidado para mães e bebês.
– Ao longo do tempo, tivemos uma organização do trabalho do médico na qual era mais fácil agendar todas as pacientes para o mesmo horário para se fazer a cirurgia (do parto). E os hospitais foram se adaptando a essa realidade. Todo o sistema de saúde foi se moldando para favorecer o procedimento cesariano – afirmou a diretora de desenvolvimento setorial da ANS, Martha Oliveira.

O “Parto Adequado” é desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
O “Parto Adequado” é desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Segundo a diretora da ANS, o Brasil tem a maior taxa de cesarianas do mundo, estimada em 72,8% no mês passado. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza 15%. Mas não é esse o nosso objetivo. Nosso objetivo é reduzir a taxa de cesarianas”, defendeu. A iniciativa, que tem o apoio do Ministério da Saúde, conquistou a adesão de 38 hospitais particulares e quatro com atendimento pelo Sistema Único de Saúde quando foi lançado, mais do que era projetado. Inicialmente, 20 vagas foram oferecidas. Para atender todos os interessados, foram criados dois grupos, somando 42 instituições inscritas. Dessas, oito estão entre as 30 maiores em volume de partos do País e 12, entre as cem maiores;
A coordenadora da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein, Rita Sanches, ressaltou que o parto normal precisa ser estimulado para evitar as complicações da cesariana, para as gestantes e principalmente para o bebê. “O primeiro benefício é chegar ao termo da gestação e entrar no trabalho de parto, porque o estresse do trabalho de parto também amadurece o bebê. Ao passar pela vagina da mãe, os líquidos pulmonares são espremidos e o bebê nasce respirando muito melhor. Ele também tem que ter contato com as bactérias da mãe para ter uma flora intestinal adequada, quando for adulto. Sabemos que quem nasce de parto normal tem uma saúde muito melhor quando adulto. E a mãe tem muito menos morbidade do que fazendo cesárea.”
Outro problema associado à cesárea, segundo o diretor superintendente do Albert Einstein, o médico Miguel Cendoroglo Neto, é que estimula os nascimentos antes da completa formação do bebê, ou seja, antes da 39ª semana de gestação, obedecendo a conveniência do médico ou da mãe. “Atualmente, o obstetra não espera a mãe entrar em trabalho de parto. O parto é agendado”, destacou. Um dos riscos é que há uma possibilidade 120% maior do bebê nascido por cesariana ir para uma unidade de terapia intensiva (UTI). “Um contingente desses bebês vai parar na UTI neonatal, ou porque não estão bem desenvolvidos ou porque ainda têm problemas no pulmão. Parte deles vai morrer”, alerta Cendoroglo Neto.
O projeto
Para participar do projeto, que terá em princípio um ano e meio de aplicação, os 42 hospitais tiveram de adequar seus recursos humanos e estruturais, capacitar os profissionais e promover a revisão das práticas relacionadas ao atendimento das gestantes e dos bebês. Depois desse período de experiência, o projeto poderá ser disseminado para outros hospitais do País.
Cada hospital vai decidir o melhor modelo, ou quais modelos a serem adotados. As possibilidades são o parto feito pelo plantonista do hospital; o parto feito por médico pré-natalista do corpo clínico, com suporte da equipe de plantão; ou o parto assistido por três ou mais médicos e enfermeiras.
O projeto conta com o apoio de mais de 30 operadoras de planos de saúde. Segundo a diretora da ANS, a ideia é que as operadoras passem a mudar também a forma de financiamento, remunerando melhor toda a cadeia, principalmente quando o parto ocorre sem problemas. Hoje, segundo Martha, o financiamento é maior quando envolve a internação do bebê em UTI. A ideia é que a partir de agora esse financiamento seja maior quando ocorrer de forma natural, sem riscos.
http://correiodobrasil.com.br/projeto-parto-adequado-reduz-cesarianas/