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6.30.2020

Brasil: nas comunidades pobres, 41% das famílias não conseguiram auxílio emergencial


Nas favelas brasileiras, 80% das famílias estão sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia do novo coronavírus

Levantamento do Instituto Data Favela mostra ainda que desemprego entre moradores da favela é o dobro do asfalto

por redação do Brasil de Fato – Sociedade e Óbitos por Coronavirus nas Comunidades Pobres do Brasil

Alimentos e produtos de limpeza e higiene são itens mais adquiridos por moradores de comunidades - David Gannon/AFP 

Nas favelas de todo o Brasil, 41% das famílias que solicitaram o auxílio emergencial de R$ 600 ao governo federal em função da pandemia da covid-19 não conseguiram receber nenhuma das parcelas do benefício, segundo um levantamento do Instituto Data Favela. A pesquisa realizou 3.321 entrevistas, em 239 favelas, de todos os estados brasileiros entre os dias 19 e 22 de junho. 
De acordo com o Data Favela, que é uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa), quase sete (68%) em cada 10 famílias entraram com pedido do auxílio. Em 96% dos casos de pessoas que receberam, o benefício foi utilizado para a compra de alimentos. Produtos de higiene e limpeza também lideram a destinação dos recursos.
Entre as famílias de comunidades do país que receberam doações ou estão recebendo o auxílio emergencial, aprovado no final de março por deputados e senadores, oito entre 10 afirmaram que não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas mais básicas caso não tivessem recebido alguma doação.
Os entrevistados e entrevistadas pelo Data Favela também apontaram quem são as entidades que mais fizeram doações. Em primeiro lugar (69%) estão ONGs e empresas, seguidos de vizinhos, amigos e parentes, depois governos e, por fim, igrejas. Na ordem de doação estão alimentos, cesta básica, produtos de higiene, produtos de limpeza e dinheiro.
Nas favelas brasileiras, 80% das famílias estão sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia do novo coronavírus. Para 45% a renda diminuiu muito (menos da metade), enquanto 35% afirmam ter perdido toda a renda mensal que tinham antes da covid. Os que tiveram queda da renda pela metade são 11%, outros 5% tiveram queda menor que a metade e 4% não tiveram queda nos ganhos.
Desemprego nas Comunidades
Também chama a atenção nos dados divulgados pelo Instituto Data Favela a disparidade entre a taxa de desemprego de moradores de favela que são economicamente ativos e o mesmo índice entre os que vivem no asfalto. O emprego formal para os que vivem em favelas é metade dos moradores do asfalto e o desemprego é o dobro.
Empregados com carteira assinada na população brasileira somam 31%, mas nas favelas esse número cai para 17%. Entre os desempregados das comunidades brasileiras que procuraram trabalho nos últimos 30 dias a taxa chega a 20%, enquanto no asfalto ela é menos da metade (9%). 
A disparidade nas atividades escolares também é alta: 10% da população brasileira, estimou o Data Favela, encontra-se matriculada em alguma instituição de ensino. Nas favelas o índice é de apenas 3%.

Publicação no Brasil de Fato: 29 de Junho de 2020

Edição: Eduardo Miranda e Leandro Melito

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/06/29/nas-favelas-41-das-familias-nao-conseguiram-auxilio-emergencial-diz-pesquisa