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9.16.2015

Pequenas propriedades na Amazônia podem se tornar sustentáveis



  • Como tornar sustentável a produção em pequenas propriedades na Amazônia

  • Assentamentos de reforma agrária são vistos como novos vilões da devastação, uma fama injusta porque é a falta de alternativas econômicas e assistência técnica que empurra pequenos agricultores para a pecuária e a venda ilegal de terras

por Sérgio Adeodato colaboração para a Folha em Altamira e Santarém (PA) - Sociedade e Natureza na Amazônia (fonte no final do texto)
Argemiro João César, 59, o Paraná, caminha devagar entre os 3.000 pés de pimenta-do-reino de seu sítio de 82 hectares (ha) no assentamento de reforma agrária Moju, o maior do oeste do Pará, a 101 km de Santarém. As trepadeiras originárias da Índia se apoiam em troncos de jarana fincados na terra em intervalos de dois metros, mas não são elas que preenchem de verde o campo de visão, e sim as árvores.
Paraná vai andando e apontando as espécies nativas eleitas para proteger o solo da força do sol e da chuva da Amazônia: aqui um açaizeiro, do qual se aproveita a fruta e também o palmito; ali uma seringueira, da qual se extrai o látex; mais adiante um cumaru, árvore de madeira nobre –cuja semente fornece essência para cosméticos– cada vez mais usada para substituir o ameaçado ipê em assoalhos e deques.
Tamanha diversidade inclui um pomar de cupuaçu e pés de andiroba, que podem atingir 30 metros de altura. As árvores complementam o sustento da família de quatro pessoas, mas a principal fonte de renda obtida com o sistema agroflorestal de plantio é mesmo a pimenta-do-reino.
Paraná, a mulher e os dois filhos colhem três toneladas por ano e vendem cada uma a R$ 25 mil para comerciantes que revendem para exportação. Com a plantação e as árvores, a família César –uma das 36 que vivem na comunidade Rainha da Floresta– conseguiu construir uma nova casa de madeira, bem maior que a antiga.
Em 1970, o lavrador saiu com outras 50 famílias de Cascavel (PR), em aviões da Força Aérea Brasileira, para o mundo desconhecido da floresta. O governo militar largava os agricultores pobres na Amazônia para ocupar o território esparsamente povoado. Após trabalhar para grileiros, o colono tentou a vida nos garimpos, sem grande sucesso. Até que, antes da constituição do assentamento, conseguiu um pedaço de terra por ali com ajuda de um amigo madeireiro, cujo ofício exigia saber das áreas que começavam a ser ocupadas e derrubadas.
Na base do machado e do fogo, Paraná colocou abaixo 8 dos 17 ha a que tinha direito de desmatar para plantar (cada hectare corresponde a 10 mil m²). Em dado momento, porém, desistiu de brigar com a mata: “Se tirar tudo para colocar pasto, não haverá sombra, não teremos de onde tirar estaca para cerca e frutas para fazer suco. A quentura será grande, ficará ruim de viver e produzir, e mais tarde a tristeza será maior.”
antarém (PA)Lalo de Almeida/Folhapress

Vida de sem-freezer

O sítio participa do projeto Assentamentos Sustentáveis, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que tem por objetivo aplicar soluções para fortalecer a produção familiar e levá-la ao mercado. A iniciativa conta com R$ 25 milhões do Fundo Amazônia para investir por cinco anos na regularização fundiária e na realização do Cadastro Ambiental Rural de 1.300 propriedades.
O apoio técnico agrícola, um dos sete eixos do projeto, dá orientação sobre uso de calcário para corrigir o solo e métodos adequados de plantio. As 2.700 famílias têm apoio para compra de ferramentas de campo e outros insumos básicos para aumentar a renda sem destruir a floresta.
Os técnicos realizam oficinas e orientam a escolha das culturas mais apropriadas para cada lote. Articulam produtores e instituições públicas para comercializar os alimentos via Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA).

Diferenças entre os assentamentos comuns e os sustentáveis

Os empecilhos para fazer a coisa certa, no entanto, são vários. Há entraves burocráticos na emissão dos documentos necessários para acesso aos programas do governo e ao manejo de espécies não madeireiras, como frutos e resinas. “Isso poderia aumentar a renda e reduzir a tentação da coisa ilegal”, explica Paraná.
Sem energia elétrica, açaí, cupuaçu e outros produtos perecíveis estragam por falta de um freezer. Em local isolado, o transporte da produção sai caro. O posto de saúde mais próximo fica a 60 km de distância. “A saída é o remédio caseiro, como o óleo de copaíba, bom contra ferimentos e várias doenças”, resigna-se o colono.
Na cozinha, as panelas de Isabel Machado, 41, mulher de Paraná, brilham como troféus. “Vi muito desmatamento quando cheguei ao Pará para trabalhar duro na roça dos outros”, conta ela à beira fogão a lenha.
O arroz e o feijão vieram da cidade, não da lavoura. A exceção está na farinha de mandioca, garantia de segurança alimentar nos tempos de vacas magras. O alimento é produzido no galpão ao fundo da casa, onde mulheres hábeis no facão se dedicam a descascar as raízes.

Comando precário

A realidade do lugar é diferente da vivida pela maioria das 450 mil famílias nos 3.450 assentamentos da Amazônia, responsáveis por 29,8% do desmatamento em 2014, uma fatia que está crescendo. Segundo o Inpe, foram 1.494 km², território igual ao do município de São Paulo.
O aumento pode ser uma decorrência da menor devastação nas grandes propriedades, devido ao aperto na fiscalização. Desde 2010, a redução da derrubada de árvores em assentamentos foi ligeiramente menor (23,7%) do que na Amazônia como um todo (26,1%).
“A tática do comando-e-controle [fiscalização e repressão] é ineficiente para pequenos produtores”, afirma Osvaldo Stella, diretor de mudanças climáticas no Ipam. Não faz muito sentido colocar a Força Nacional atrás dos camponeses. O mais urgente, diz, é tornar viável o uso da terra com a criação de alternativas produtivas, apostando no convívio com a conservação. “É preciso um novo modelo de agricultura familiar na Amazônia para não haver uma catástrofe social e ambiental.”
O ciclo destrutivo começa quando o colono chega para ocupar um pedaço de terra na esperança de que a área seja transformada pelo governo em assentamento. Para comprovar a ocupação, o posseiro desmata parte do lote e vende a madeira. O problema é que, não raro, a ocupação é feita por grileiros com o único intuito de retirar a floresta e vender a área, para depois desmatar outra, e assim por diante –especulação imobiliária em escala amazônica.
Em muitos casos o desmatamento ocorre porque pequenos lavradores querem tocar a vida na roça, plantando ou criando gado, mas não têm tecnologia para se sustentar sem exaurir a terra e a floresta ao redor. Com o solo degradado, os lotes são abandonados ou se tornam alvo fácil para quem chega com dinheiro a fim de comprá-los na bacia das almas.
Aumenta a concentração de terras na mão de poucos, exatamente o que a reforma agrária se propõe a combater. Famílias são expulsas para as cidades ou migram para outras regiões com planos de ocupar outro assentamento e reiniciar o ciclo do desmate. As que permanecem em local difícil de produzir acabam destruindo a mata além do limite legal de 20% e se envolvendo com atividades clandestinas.
“Já peguei na espingarda para enfrentar madeireiros. Arrisquei a vida, mas o roubo de madeira existe até hoje”, conta Paraná.
Muitas vezes a retirada tem a permissão dos assentados, em troca de participação no negócio. Uma árvore é vendida por apenas R$ 50 –ou até menos, se o comprador oferecer dinheiro vivo na hora. Quando processada na serraria, a madeira da mesma tora pode valer milhares de reais, dependendo da espécie.
Produção artesanal de farinha de mandioca na casa do agricultor Argemiro João César no assentamento Moju, em Santarém (PA)Lalo de Almeida/Folhapress
http://arte.folha.uol.com.br/tudo-sobre/desmatamento-zero/largados-na-selva

Filme brasileiro "Que horas ela volta" concorrerá ao Oscar 2016

Brasil oficializa o filme 'Que Horas Ela Volta?' para disputar vaga ao Oscar 2016

por Agência Brasil - Sociedade e Cinema

Portaria do Ministério da Cultura, publicada em 15/set/2015 no Diário Oficial da União, oficializa a escolha do filme Que Horas Ela Volta? para disputar uma vaga ao Oscar 2016. O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura em 10/set/2015.
Dirigida por Anna Muylaert, a película pode representar o Brasil na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira na 88ª premiação anual promovida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
As inscrições para a seleção de longa-metragem apto a concorrer ao prêmio foram encerradas no dia 31 de agosto de 2015. O filme competiu com A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante, Alguém Qualquer, de Tristan Aronovich, Campo de Jogo, de Eryc Rocha, Casa Grande, de Felipe Barbosa, Entrando numa Roubada, de André Miraes, Estrada 47, de Vicente Ferraz, e Estranhos, de Paulo Alcântara.
Regine Casé em 'Que Horas Ela Volta?'
Regine Casé em 'Que Horas Ela Volta?'
A película passará agora pela avaliação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que vai selecionar nove produções estrangeiras. Desse grupo, saem os cinco finalistas. O vencedor será anunciado no dia da festa do Oscar em Hollywood, nos Estados Unidos em 2016.
Que Horas Ela Volta? trata da desconcertante relação em uma casa de classe média alta, na cidade de São Paulo, depois que a filha da empregada chega para prestar vestibular. A doméstica, interpretada por Regina Casé, é uma migrante nordestina que há anos não via a filha.
Aclamado pelo público, o filme, feito com recursos da Agência Nacional de Cinema, ganhou o principal prêmio na mostra Panorama, do 65º Festival de Berlim, em fevereiro deste ano.
A atriz principal, Regina Casé, também recebeu em Sundance, nos Estados Unidos, o Prêmio Especial do Júri pela atuação como a personagem Val. Ela dividiu a homenagem com a atriz Camila Márdila, que fez a filha da protagonista, também nordestina.
http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2015/09/15/brasil-oficializa-o-filme-que-horas-ela-volta-para-disputar-vaga-ao-oscar-2016/

Criança baixa é saudável

O hormônio do crescimento não traz efeitos indesejáveis, mas o custo é muito alto.
por Drauzio Varella - Sociedade e Saúde na Infância (fonte no final)
 

crianças-baixasA simples observação pode ser estratégia razoável para a maioria das crianças baixas. Muitas delas vão adquirir estaturas próximas às da maioria, na vida adulta. 
maioria das crianças de estatura baixa é saudável. Embora a avaliação clínica delas tenha por objetivo afastar alguma condição associada – deficiência de hormônio do crescimento, hipotireoidismo, síndromes genéticas ou doenças crônicas –, a maioria delas recebe o diagnóstico de baixa estatura idiopática.
São considerados idiopáticos os casos explicados por variações fisiológicas, tais como a baixa estatura familiar e o retardo constitucional do crescimento na puberdade.
Pais que apresentaram atraso na instalação da puberdade e na idade para atingir o tamanho adulto podem ter filhos com padrão semelhante de crescimento. Perto de 15% das crianças com histórico de restrição do crescimento na fase intrauterina continuam a apresentar baixa estatura na vida adulta. 
A dosagem sanguínea da produção de hormônio do crescimento não permite distinguir com clareza os casos idiopáticos, daqueles com deficiência hormonal. Níveis relativamente baixos desse hormônio durante a infância podem atingir valores normais na chegada da puberdade.
Quando a estatura cai na faixa inferior a 1% das tabelas de altura para a idade, a velocidade de crescimento está abaixo de 10% da idade óssea, a altura prevista difere de forma significante daquelas dos pais ou existe desproporção entre tronco e membros. havendo necessidade de avaliação laboratorial e exames de imagem.
A simples observação pode ser estratégia razoável para a maioria das crianças baixas. Muitas delas vão adquirir estaturas próximas às da maioria, na vida adulta.
A indicação de hormônio do crescimento não obedece regras rígidas. Estudos clínicos mostram que nos casos idiopáticos a administração costuma aumentar a estatura em cerca de 1,0 centímetro por ano de tratamento.
A administração tem o inconveniente da via subcutânea. Aplicações diárias são mais eficazes do que injeções menos frequentes. Duplicar as doses durante a puberdade, até o fechamento completo das cartilagens de crescimento, melhora os resultados.
A incidência de efeitos indesejáveis (hipertensão intracraniana, intolerância à glicose, deslocamento da cabeça do fêmur) é baixa.
A principal restrição ao uso do hormônio é financeira. De acordo com os preços internacionais, o custo anual do tratamento varia de 10 mil a 60 mil dólares.
Meninos que chegam à puberdade com baixa estatura podem receber testosterona injetável ou doses baixas de andrógenos por via oral, para acelerar a velocidade de crescimento. Estudos mostram que essa estratégia é capaz de aumentar a velocidade de crescimento em 3,0 a 5,1 centímetros por ano, durante 1 a 3 anos.
No entanto, a estatura final do adulto fica igual ou ligeiramente superior à prevista antes do tratamento. Os riscos são baixos e o custo bem menor.
Embora o aumento da estatura seja importante em casos idiopáticos mais extremos, os benefícios do tratamento são pequenos e questionáveis para a maioria das crianças baixas. Os custos, a duração ideal e o objetivo final do tratamento são áreas bastante controversas. 
http://www.cartacapital.com.br/revista/866/criancas-baixas-9504.html
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OIT: micro e pequenas empresas são as que mais geram emprego

Documento aponta que micro e pequenas empresas são caracterizadas por alta rotatividade; diretor do órgão afirma que governos devem oferecer condições para o crescimento do setor
 
por Redação do site Rede Brasil Atual - Sociedade e Empregos
 
Marcos Santos/USP Imagens
carttrabinter20-850x566.jpgTrabalhadores independentes e as micro pequenas empresas representam 75% dos empregos na América Latina e Caribe
 
São Paulo – Micro e pequenas empresas (MPEs) são a maior fonte de emprego e apresentam alta rotatividade, segundo revelou o relatório “Pequenas Empresas, Grandes Brechas”, apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o estudo, referente à América Latina e Caribe, as MPEs também possuem baixa produção e são os principais nichos de informalidade.
Para o diretor da OIT, José Manuel Salazar, essas empresas criam brechas para o trabalho, e ao mesmo tempo, enfraquecem o crescimento da produtividade. “A predominância de MPEs na estrutura produtiva cria grandes brechas de trabalho decente e de condições de trabalho, enquanto freia o crescimento da produtividade e das economias em geral.”
De acordo com o relatório, os trabalhadores independentes e as micro e pequenas empresas representam 75% dos empregos na América Latina e Caribe. Para o diretor da OIT, é necessário que os governos ofereçam condições para o crescimento dessas empresas, como simplificação da regulamentação de trabalho, acesso ao financiamento, medidas de apoio à formalização da empresa e estratégias para aumentar a produtividade.
O documento também mostra que no Brasil a taxa de criação e fechamento de empresas é de 8%, tendo grupos de empresas jovens com rápido crescimento de emprego.
Informações da OIT
http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/09/oit-aponta-que-micro-e-pequenas-empresas-sao-a-maior-fonte-de-empregos-235.html