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1.22.2016

  • Mino e Belluzzo: Como as multinacionais engordam graças aos juros brasileiros

    • Pouco importa quanto o FMI propala a nosso respeito. O próprio Banco Central mostra-se agora mais atento às pressões do Planalto do que às do Fundo


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A vez da coragem
Há de se esperar que a presidenta encontre a força necessária para agir
Por Mino Carta e Luiz Gonzaga Belluzzo, na revista CartaCapital, via site Conversa Afiada, sugerido pelo Elder Pacheco - Sociedade e Estratégias na Política
 
Desde a vitória eleitoral da atual presidenta em 2014, a revista CartaCapital, aponta a única saída possível para a crise econômica que humilha o Brasil: crescer e crescer.
O grande exemplo é o New Deal rooseveltiano, inspirado por lord Keynes, mas vale reconhecer que o presidente dos EUA no passado contava com instituições sólidas e com uma base popular politizada. Mais ou menos o contrário da situação atual no Brasil.
Temos Executivo, Legislativo, Judiciário? Cabem ponderáveis, desoladoras dúvidas.
Um juiz da província, um punhado de delegados de polícia e de promotores brasileiros(as) assumem tranquilamente o poder diante da indiferença governista e do comando da PF, enquanto um presidente da Câmara inequivocamente corrupto (Eduardo Cunha) até hoje comanda a manobra golpista do impeachment da legítima presidenta.
Está claro, porém, que ela somente, na qualidade de primeira mandatária no país, tem autoridade para reverter a rota, já a trafegar em pleno desastre.
O tempo que lhe sobra para agir é escasso, é bom sublinhar. O começo da ação tem de se dar antes do início do ano brasileiro, ou seja, depois do Carnaval de 2016, conforme nossa grotesca tradição. Caberia a ela partir de imediato para o mesmo gênero de investimento público que em 1933 colocou Roosevelt no caminho certo para estancar os efeitos do craque (crise monetária) de 1929.
Ao se mover com esse norte, a presidenta teria de enfrentar as iras do chamado mercado, o onipresente Moloch (grande empresário inglês da imprensa), espantalho do tempo e do mundo, onde, debaixo da sua hegemonia, pouco mais de 270 famílias detêm o equivalente a 50% da riqueza do resto da humanidade.
Para decisões de tal porte, de tamanha ousadia, exigem-se coragem, bravura, desassombro além dos limites. A questão é saber se o governo tem estatura para chegar a tanto.
Por ora, é doloroso constatar que o executivo se deixa acuar, em primeiro lugar pela mídia e por quem esta apoia e protege. Está provado que toda tentativa de mediar, compor, conciliar, fracassou.
Há tempo o governo exibe uma assustadora incapacidade de reação, a beirar a resignação. A quem mais, senão a presidenta, compete salvar o país? Creio não exagerar no emprego do verbo.
Pouco importa quanto o FMI propala a nosso respeito. O próprio Banco Central mostra-se agora mais atento às pressões do planalto do que às do fundo (leia, logo abaixo, as observações do professor economista Luiz Gonzaga Belluzzo).
O Brasil dispõe de recursos, a despeito do abandono a que foi relegada a indústria, maiores de quanto supõe a feroz filosofia oposicionista. Por exemplo, a chance de produzir petróleo a 8 dólares por barril, como se lê na reportagem de capa da última edição da revista carta capital.
A tarefa que o destino atribui à presidenta é grandiosa e empolgante e lhe garantiria um lugar decisivo na nossa história. Os cidadãos de boa vontade, abertos a um diálogo centrado nos interesses nacionais, hão de esperar que ela encontre a força interior para agir.
Em luta contra o Monstro
Nos últimos meses, alguns membros do Copom assopraram um aumento de 5 pontos na já alentada taxa Selic.
Às vésperas da reunião do dito Conselho, escudado nas previsões do FMI sobre o PIB brasileiro, o presidente do banco Central Tombini deu sinais de moderação. Na quarta-feira 20, o Copom manteve a Selic em 14,25%.
A franquia local dos Mestres do Universo manifestou seu aborrecimento. Os Senhores da Finança responderam às trapalhadas de comunicação do dr. Tombini & cia. com antecipações que preconizam elevações brutais da taxa de juros para 2016. A curva de juro longa empinou de forma nunca dantes observada.
Os próximos capítulos da novela “Manda Quem Pode, Obedece que tem Prejuízo” serão certamente dramáticos. Os mandões não arrefecem seu apetites travestidos de sabedoria científica.
As taxas de juros de agiota desempenham a honrosa função de tesouraria das empresas transnacionais sediadas no País, travestindo o investimento em renda fixa com a fantasia do investimento direto.
Trata-se, na verdade, de arbitragem com taxas de juros: as subsidiárias agraciadas com os juros do dr. Tombini contraem dívidas junto às matrizes, aborrecidas com os juros da senhora Janet Yellen ou do senhor Draghi.
Essa arbitragem altamente rentável e relativamente segura conta com a participação dos nativos “desanimados”.
Juntos, engordam o extraordinário volume de “operações compromissadas” – o giro de curtíssimo prazo dos recursos líquidos de empresas e famílias abastadas.
Aprisionada no rentismo herdado da indexação inflacionária, a grana nervosa “aplaca suas inquietações”, diria lord Keynes, no aluguel diário dos títulos públicos remunerados à taxa Selic.
A eutanásia do empreendedor é perpetrada pelos esculápios do rentismo. A indústria e a industriosidade vergam ao peso dos juros elevados, outrora em contubérnio com câmbio sobrevalorizado.
A inflação dos preços administrados e a desvalorização cambial sustentam a indexação. O espectro do passado assombra o futuro.
A irreversibilidade do tempo histórico aflige os que acreditam num futuro sem passado.
A economia global governada pela finança é um monstrum vel prodigium, fruto do cruzamento da mula sem cabeça com o bicho-preguiça.
http://contrapontopig.blogspot.com.br/2016/01/contraponto-18642-mino-e-belluzzo-como.html

Como reduzir a injustiça econômica no Brasil?

  • Em Davos, Barbosa diz que 'desafio é manter as políticas de redução da desigualdade'

  • Em um painel no encontro da Suíça, ministro da Fazenda reconhece que país passa por "transição" após queda dos preços das commodities, mas que está se adaptando à nova realidade
Por redação Rede Brasil Atual - Sociedade e Exploração do Ser Humano
Foto divulgação/Ministério da Fazenda
Nelson BarbosaSegundo o ministro, o país está em “uma fase de transição” após o boom das commodities
São Paulo – O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa,  reconheceu hoje (21), em um painel do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), que o fim da alta cotação mundial das commodities prejudicou a manutenção dos níveis de crescimento da economia do país e que o Brasil vive hoje outra realidade devido a esse fator. Segundo ele, o país está em “uma fase de transição”, se adaptando ao novo momento da economia internacional.
Barbosa participou de painel sobre caminhos para retomar o crescimento da economia internacional. Apesar de reconhecer as dificuldades, ele ressaltou que o Brasil utilizou o momento positivo do boom, que beneficiou principalmente os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para investir na área social, o que continua sendo uma das metas do governo Dilma Rousseff.
“Reduzir a desigualdade é tão importante quanto aumentar o PIB per capita em economias emergentes e isso requer ação governamental. Mesmo em um cenário econômico mais adverso, o governo tem que atuar para reduzir a desigualdade, e o desafio é manter as políticas de redução da desigualdade”, afirmou Barbosa.
Para o ministro, é possível unir a expansão da produtividade com políticas sociais. “A chave para conseguir isso é ter as instituições certas para distribuir os ganhos de produtividade de uma forma que gere mais oportunidades de emprego e melhor qualificação da força de trabalho.”
Ele também admitiu que “o Brasil tem uma baixa taxa de investimento”, na comparação com outras economias emergentes. “Nossa principal tarefa é aumentar nosso investimento, o que requer não apenas mais estabilidade macroeconômica, mas, especialmente, um papel mais ativo do governo para coordenar os projetos de investimento e incrementar a integração regional”, disse, em referência à América do Sul.
Ontem, o coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Luis Fernando Ayerbe, disse à RBA que, com as dificuldade da economia brasileira, “cria-se uma ideia de que o Brasil está numa situação que coloca em risco até a região (sul-americana)”. Nessa conjuntura, Barbosa tem a missão de mostrar sua versão aos investidores de que há oportunidades de investimento no Brasil.
Lula participou do evento de Davos já em seu primeiro mês de governo, em janeiro de 2003, e voltou em 2005 e 2007. A presidenta Dilma Rousseff, em seus dois mandatos, representou o Brasil apenas em 2014.  Por isso, ela tem sido criticada pela mídia brasileira por "esnobar" o encontro. Mas, para Ayerbe, “não tem de dar tanta importância" para o encontro de Davos. "Ele é bom para fazer contatos, reuniões informais, mas não é definitivo para nada."
Com informações da Agência Brasil
Fonte - http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2016/01/em-davos-barbosa-diz-que-desafio-e-manter-as-politicas-de-reducao-da-desigualdade-6697.html

Fórum Social Mundial (FSM) tenta renascer e se auto-reconhecer

  • Fórum Social Temático faz balanço de 15 anos de debates e atividades

    • Os presentes manifestaram preocupação perante o avanço do conservadorismo no mundo

Painel do FSM com o tema "Globalização, desigualdade e crise civilizatória" aponta avanços alcançados pelo evento e mudanças necessárias para mais conquistas
 
Por redação agência de notícias Rede Brasil Atual - Sociedade e Luta por Justiça Social 
 
Foto cut-rs/reprodução
fsmbalanço.jpgClaudir: "Não podemos desconsiderar que não estamos em um melhor momento da democracia"
São Paulo – Durante a mesa “Globalização, desigualdade e crise civilizatória”, organizada ontem (20/jan/2016) no Fórum Social Temático de Porto Alegre, os presentes realizaram um balanço dos resultados obtidos nestes 15 anos de Fórum Social Mundial (FSM). O presidente da CUT gaúcha, Claudir Nespolo, apontou conquistas do evento, como o fim da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e a expansão de governos progressistas em diversos locais do mundo, como a América Latina.
Em busca de novos resultados, além da exposição de um panorama de conquistas, os presentes debateram a revisão de alguns pontos do FSM. “O Fórum deixou um legado inegável, mas não podemos desconsiderar que não estamos em um melhor momento da democracia”, disse o sindicalista. Também participou do debate o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que reafirmou a “necessidade de fazer a autocrítica”.
“Estamos aqui debatendo para quê? Precisamos ter posições claras e assumir a responsabilidade social que devemos ter perante aqueles que sofrem, são oprimidos, excluídos e, portanto, não têm oportunidade de estar aqui conosco”, criticou o sociólogo da Universidade de Coimbra, que propôs posicionamentos mais claros do FSM perante questões de consenso.
Citando a defesa da homologação de terras indígenas no país como exemplo de pauta comum, Boaventura pediu por união entre os movimentos progressistas. “Capitalismo, sexismo, colonialismo e racismo atuam em conjunto (…) A agenda sempre foi contra o neoliberalismo e não contra o capitalismo, mas durante esses anos vimos que o neoliberalismo se tornou a única forma de capitalismo que existe”, concluiu.
A mesa ainda contou com a participação de Socorro Gomes, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz/Brasil); Caroline Borges, do Reaja Brasil; Maren Mantovani, do Stop The Wall/Palestina; Nair Goulart, da Força Sindical; Cristina Reynold, da AIH/Argentina; e o jornalista austríaco Leo Gabriel.
Todos os presentes manifestaram preocupação perante o avanço do conservadorismo no mundo. “Temos que dar uma resposta às alternativas lançadas pelo Fórum de Davos”, disse Cristina Reynold, em referência ao Fórum Econômico Mundial, que é realizado concomitantemente na Suíça e reúne líderes de governos com executivos de multinacionais, investidores e representantes do mercado financeiro.
Boaventura reafirmou a importância da “resposta” citada por Reynold. “Os neoliberais que discutem lá no Fórum Econômico de Davos nem consideram a possibilidade de discutir com nossos setores (…) A Europa, que vivia as políticas do FMI (Fundo Monetário Internacional) aplicadas nos países de terceiro mundo, agora vive a violência, o pesadelo de ver a pilhagem do seu salário, sua vida”, afirmou.
Fonte - http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/01/mesa-do-forum-social-tematico-realiza-balanco-dos-15-anos-de-evento-8585.html