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3.30.2016

Boaventura Santos: "Brasil ainda pode evitar o 'novo' golpe"


Boaventura de Sousa Santos para Adital  e site Outras Palavras - Sociedade e Tensão Social
  • Judiciário e mídia ferem democracia. Lava Jato não é comparável a Mãos Limpas. Na raiz da crise, ilusão grosseira do PT. Guerra não está perdida, mas é preciso mudar já

Reprodução Protestos contra manipulação das notícias ganham as ruas do Brasil. Foto: Adital

Quando, há quase trinta anos, iniciei os estudos sobre o sistema judicial em vários países, a administração da justiça era a dimensão institucional do Estado com menos visibilidade pública. A grande exceção eram os EUA devido ao papel fulcral do Tribunal Supremo nas definições das mais decisivas políticas públicas. Sendo o único órgão de soberania não eleito, tendo um caráter reativo (não podendo, em geral, mobilizar-se por iniciativa própria) e dependendo de outras instituições do Estado para fazer aplicar as suas decisões (serviços prisionais, administração pública), os tribunais tinham uma função relativamente modesta na vida orgânica da separação de poderes instaurada pelo liberalismo político moderno, e tanto assim que a função judicial era considerada apolítica.
Contribuía também para isso o fato de os tribunais só se ocuparem de conflitos individuais e não coletivos e estarem desenhados para não interferir com as elites e classes dirigentes, já que estas estavam protegidas por imunidades e outros privilégios. Pouco se sabia como funcionava o sistema judicial, as características dos cidadãos que a ele recorriam e para que objetivos o faziam.
Tudo mudou desde então até aos nossos dias. Contribuíram para isso, entre outros fatores, a crise da representação política que atingiu os órgãos de soberania eleitos, a maior consciência dos direitos por parte dos cidadãos e o fa to de as elites políticas, confrontadas com alguns impasses políticos em temas controversos, terem começado a ver o recurso seletivo aos tribunais como uma forma de descarregarem o peso político de certas decisões. Foi ainda importante o fato de o neoconstitucionalismo emergente da segunda guerra mundial ter dado um peso muito forte ao controle da constitucionalidade por parte dos tribunais constitucionais. Esta inovação teve duas leituras opostas. Segundo uma das leituras, tratava-se de submeter a legislação ordinária a um controle que impedisse a sua fácil instrumentalização por forças políticas interessadas em fazer tábua rasa dos preceitos constitucionais, como acontecera, de maneira extrema, nos regimes ditatoriais nazis e fascistas. Segundo a outra leitura, o controle da constitucionalidade era o instrumento de que se serviam as classes políticas dominantes para se defenderem de possíveis ameaças aos seus interesses decorrentes das vicissitudes da política democrática e da "tirania das maiorias”. Como quer que seja, por todas estas razões surgiu um novo tipo de ativismo judiciário que ficou conhecido por judicialização da política e que inevitavelmente conduziu à politização da justiça.
A grande visibilidade pública dos tribunais nas últimas décadas resultou, em boa medida, dos casos judiciais que envolveram membros das elites políticas e econômicas. O grande divisor de águas foi o conjunto de processos criminais que atingiu quase toda a classe política e boa parte da elite econômica da Itália conhecido por Operação Mãos Limpas. Iniciado em Milão em abril de 1992, consistiu em investigações e prisões de ministros, dirigentes partidários, membros do parlamento (em certo momento estavam a ser investigados cerca de um terço dos deputados), empresários, funcionários públicos, jornalistas, membros dos serviços secretos acusados de crimes de suborno, corrupção, abuso de poder, fraude, falência fraudulenta, contabilidade falsa, financiamento político ilícito.
Dois anos mais tarde tinham sido presas 633 pessoas em Nápoles, 623 em Milão e 444 em Roma. Por ter atingido toda a classe política com responsabilidades de governação no passado recente, o processo Mãos Limpas abalou os fundamentos do regime político italiano e esteve na origem da emergência, anos mais tarde, do "fenômeno” Berlusconi. Ao longo dos anos, por estas e por outras razões, os tribunais têm adquirido grande notoriedade pública em muitos países. O caso mais recente e talvez o mais dramático de todos os que conheço é a Operação Lava Jato no Brasil.
Iniciada em março de 2014, esta operação judicial e policial de combate à corrupção, em que estão envolvidos mais de uma centena de políticos, empresários e gestores, tem-se vindo a transformar pouco a pouco no centro da vida política brasileira. Ao entrar na sua 24ª fase, com a implicação do ex-presidente Lula da Silva e com o modo como foi executada, está provocando uma crise política de proporções semelhantes à que antecedeu o golpe de Estado que em 1964 instaurou a uma odiosa ditadura militar que duraria até 1985. O sistema judicial, que tem a seu cargo a defesa e garantia da ordem jurídica, está transformado num perigoso fator de desordem jurídica. Medidas judiciais flagrantemente ilegais e inconstitucionais, a seletividade grosseira do zelo persecutório, a promiscuidade aberrante com a mídia ao serviços das elites políticas conservadoras, o hiperativismo judicial aparentemente anárquico, traduzido, por exemplo, em 27 liminares visando o mesmo ato político, tudo isto conforma uma situação de caos judicial que acentua a insegurança jurídica, aprofunda a polarização social e política e põe a própria democracia brasileira à beira do caos.
Com a ordem jurídica transformada em desordem jurídica, com a democracia sequestrada pelo órgão de soberania que não é eleito, a vida política e social transforma-se num potencial campo de despojos à mercê de aventureiros e abutres políticos. Chegados aqui, várias perguntas se impõem. Como se chegou a este ponto? A quem aproveita esta situação? O que deve ser feito para salvar a democracia brasileira e as instituições que a sustentam, nomeadamente os tribunais? Como atacar esta hidra de muitas cabeças de modo a que de cada cabeça cortada não cresçam mais cabeças? Procuro identificar neste texto algumas pistas de resposta.
Como chegamos a este ponto?
Por que razão a Operação Lava Jato está ultrapassando todos os limites da polêmica que normalmente suscita qualquer caso mais saliente de ativismo judicial? Note-se que a semelhança com os processos Mãos Limpas na Itália tem sido frequentemente invocada para justificar a notoriedade e o desassossego públicos causado pelo ativismo judicial. Mas as semelhanças são mais aparentes do que reais.
Há, pelo contrário, duas diferenças decisivas entre as duas operações. Por um lado, os magistrados italianos mantiveram um escrupuloso respeito pelo processo penal e, quando muito, limitaram-se a aplicar normas que tinham sido estrategicamente esquecidas por um sistema judicial conformista e conivente com os privilégios das elites políticas dominantes na vida política italiana do pós-guerra. Por outro lado, procuraram investigar com igual zelo os crimes de dirigentes políticos de diferentes partidos políticos com responsabilidades governativas.
Assumiram uma posição politicamente neutra precisamente para defender o sistema judicial dos ataques que certamente lhe seriam desferidos pelos visados das suas investigações e acusações. Tudo isto está nos antípodas do triste espetáculo que um setor do sistema judicial brasileiro está a dar ao mundo. O impacto do ativismo dos magistrados italianos chegou a ser designado por República dos Juízes. No caso do ativismo do setor judicial lava-jatista, podemos falar, quando muito, de República judicial das bananas. Por que? Pelo impulso externo que com toda a evidência está por detrás desta específica instância de ativismo judicial brasileiro e que esteve em grande medida ausente no caso italiano. Esse impulso dita a escancarada seletividade do zelo investigativo e acusatório. Embora estejam envolvidos dirigentes de vários partidos, a Operação Lava Jato, com a conivência da mídia, tem-se esmerado na implicação de líderes do PT com o objetivo, hoje indisfarçável, de suscitar o assassinato político da Presidente Dilma Rousseff e do ex-Presidente Lula da Silva.
Pela importância do impulso externo e pela seletividade da ação judicial que ele tende a provocar, a Operação Lava Jato tem mais semelhanças com uma outra operação judicial ocorrida na Alemanha, na República de Weimar, depois do fracasso da revolução alemã de 1918. A partir desse ano e num contexto de violência política provinda, tanto da extrema esquerda como da extrema direita, os tribunais alemães revelaram uma dualidade chocante de critérios, punindo severamente a violência da extrema esquerda e tratando com grande benevolência a violência da extrema direita, a mesma que anos mais tarde iria a levar Hitler ao poder. No caso brasileiro, o impulso externo são as elites econômicas e as forças políticas ao seu serviço que não se conformaram com a perda das eleições em 2014 e que, num contexto global de crise da acumulação do capital, se sentiram fortemente ameaçadas por mais quatro anos sem controlar a parte dos recursos do país diretamente vinculada ao Estado em que sempre assentou o seu poder. Essa ameaça atingiu o paroxismo com a perspectiva de Lula da Silva, considerado o melhor Presidente do Brasil desde 1988 e que saiu do governo com uma taxa de aprovação de 80%, vir a postular-se como candidato presidencial em 2018.
A partir desse momento, a democracia brasileira deixou de ser funcional para este bloco político conservador e a desestabilização política começou. O sinal mais evidente da pulsão antidemocrática foi o movimento pelo impeachment da Presidente Dilma poucos meses depois da sua tomada de posse, algo, senão inédito, pelo menos muito invulgar na história democrática das três últimas décadas. Bloqueados na sua luta pelo poder por via da regra democrática das maiorias (a "tirania das maiorias”), procuraram pôr ao seu serviço o órgão de soberania menos dependente do jogo democrático e especificamente desenhado para proteger as minorias, isto é, os tribunais.
A Operação Lava Jato, em si mesma uma operação extremamente meritória, foi o instrumento utilizado. Contando com a cultura jurídica conservadora dominante no sistema judicial, nas Faculdades de Direito e no país em geral, e com uma arma mediática de alta potência e precisão, o bloco conservador tudo fez para desvirtuar a Operação Lava Jato, desviando-a dos seus objetivos judiciais, em si mesmos fundamentais para o aprofundamento democrático, e convertendo-a numa operação de extermínio político. O desvirtuamento consistiu em manter a fachada institucional da Operação Lava Jato, mas alterando profundamente a estrutura funcional que a animava por via da sobreposição da lógica política à lógica judicial. Enquanto a lógica judicial assenta na coerência entre meios e fins ditada pelas regras processuais e as garantias constitucionais, a lógica política, quando animada pela pulsão antidemocrática, subordina os fins aos meios, e é pelo grau dessa subordinação que define a sua eficácia.
Em todo este processo, três grandes fatores jogam a favor dos desígnios do bloco conservador. O primeiro resultou da dramática descaracterização do PT enquanto partido democrático de esquerda. Uma vez no poder, o PT decidiu governar à moda antiga (isto é, oligárquica) para fins novos e inovadores. Ignorante da lição da República de Weimar, acreditou que as "irregularidades” que cometesse seriam tratadas com a mesma benevolência com que eram tradicionalmente tratadas as irregularidades das elites e classes políticas conservadoras que tinham dominado o país desde a independência. Ignorante da lição marxista que dizia ter incorporado, não foi capaz de ver que o capital só confia nos seus para o governar e que nunca é grato a quem, não sendo seu, lhes faz favores. Aproveitando um contexto internacional de excecional valorização dos produtos primários, provocado pelo desenvolvimento da China, incentivou os ricos a enriquecerem como condição para dispor dos recursos necessários para levar a cabo as extraordinárias políticas de redistribuição social que fizeram do Brasil um país substancialmente menos injusto ao libertarem mais de 45 milhões de brasileiros do jugo endêmico da pobreza.
Findo o contexto internacional favorável, só uma política "à moda nova” poderia dar sustentação à redistribuição social, ou seja, uma política que, entre muitas outras vertentes, assentasse na reforma política para neutralizar a promiscuidade entre o poder político e o poder econômico, na reforma fiscal para poder tributar os ricos de modo a financiar a redistribuição social depois do fim do boom das commodities, e na reforma da mídia, não para censurar, mas para garantir a diversidade da opinião publicada. Era, no entanto, demasiado tarde para tanta coisa que só poderia ter sido feita em seu tempo e fora do contexto de crise.
O segundo fator, relacionado com este, é a crise econômica global e o férreo controle que tem sobre ela quem a causa, o capital financeiro, entregue à sua voragem autodestrutiva, destruindo riqueza sob o pretexto de criar riqueza, transformando o dinheiro, de meio de troca, em mercadoria por excelência do negócio da especulação. A hipertrofia dos mercados financeiros não permite crescimento econômico e, pelo contrário, exige políticas de austeridade por via dos quais os pobres são investidos do dever de ajudar os ricos a manterem a sua riqueza e, se possível, a serem mais ricos. Nestas condições, as precárias classes médias criadas no período anterior ficam à beira do abismo de pobreza abrupta. Intoxicadas pela mídia conservadora, facilmente convertem os governos responsáveis pelo que são hoje em responsáveis pelo que lhes pode acontecer amanhã. E isto é tanto mais provável quanto a sua viagem da senzala para os pátios exteriores da Casa Grande foi realizada com o bilhete do consumo e não com o bilhete da cidadania.
O terceiro fator a favor do bloco conservador é o fato de o imperialismo norte-americano estar de volta ao continente depois das suas aventuras pelo Médio Oriente. Há cinquenta anos, os interesses imperialistas não conheciam outro meio senão as ditaduras militares para fazer alinhar os países do continente pelos seus interesses. Hoje, dispõem de outros meios que consistem basicamente em financiar projetos de desenvolvimento local, organizações não governamentais em que a defesa da democracia é a fachada para atacar de forma agressiva e provocadora os governos progressistas ("fora o comunismo”, "fora o marxismo”, "fora Paulo Freire”, "não somos a Venezuela”, etc, etc.). Em tempos em que a ditadura pode ser dispensada se a democracia servir os interesses econômicos dominantes, e em que os militares, ainda traumatizados pelas experiências anteriores, parecem indisponíveis para novas aventuras autoritárias, estas formas de desestabilização são consideradas mais eficazes porque permitem substituir governos progressistas por governos conservadores mantendo a fachada democrática. Os financiamentos que hoje circulam abundantemente no Brasil provêm de uma multiplicidade de fundos (a nova natureza de um imperialismo mais difuso), desde as tradicionais organizações vinculadas à CIA até aos irmãos Koch, que nos EUA financiam a política mais conservadora e que têm interesses sobretudo no setor do petróleo, e às organizações evangélicas norteamericanas.
Como salvar a democracia brasileira?
A primeira e mais urgente tarefa é salvar o judiciário brasileiro do abismo em que está entrando. Para isso, o setor íntegro do sistema judicial, que certamente é majoritário, deve assumir a tarefa de repor a ordem, a serenidade e a contenção no interior do sistema. O princípio orientador é simples de formular: a independência dos tribunais no Estado de direito visa permitir aos tribunais cumprir a sua quota parte de responsabilidade na consolidação da ordem e convivência democráticas. Para isso, não podem pôr a sua independência, nem ao serviço de interesses corporativos, nem de interesses políticos setoriais, por mais poderosos que sejam.
O princípio é fácil de formular, mas muito difícil de aplicar. A responsabilidade maior na sua aplicação reside agora em duas instâncias. O STF (Supremo Tribunal Federal) deve assumir o seu papel de máximo garante da ordem jurídica e pôr termo à anarquia jurídica que se está a instaurar. Muitas decisões importantes recairão sobre o STF nos próximos tempos e elas devem ser acatadas por todos qualquer que seja o seu teor. O STF é neste momento a única instituição que pode travar a dinâmica de estado de exceção que está instalada. Por sua vez, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a quem compete o poder de disciplinar sobre os magistrados, deve instaurar de imediato processos disciplinares por reiterada prevaricação e abuso processual, não só ao juiz Sérgio Moro como a todos os outros que têm seguido o mesmo tipo de atuação. Sem medidas disciplinares exemplares, o judiciário brasileiro corre o risco de perder todo o peso institucional que granjeou nas últimas décadas, um peso que, como sabemos, não foi sequer usado para favorecer forças ou políticas de esquerda. Apenas foi conquistado mantendo a coerência e a isonomia entre meios e fins.
Se esta primeira tarefa for realizada com êxito, a separação de poderes será garantida e o processo político democrático seguirá o seu curso. O governo Dilma decidiu acolher Lula da Silva entre os seus ministros. Está no seu direito de o fazer e não compete a nenhuma instituição, e muito menos ao judiciário, impedi-lo. Não se trata de fuga à justiça por parte de um político que nunca fugiu à luta, dado que será julgado (se esse for o caso) por quem sempre o julgaria em última instância, o STF. Seria uma aberração jurídica aplicar neste caso a teoria do "juiz natural da causa”. Pode, isso sim, discordar-se do acerto da decisão política tomada. Lula da Silva e Dilma Rousseff sabem que fazem uma jogada arriscada. Tanto mais arriscada se a presença de Lula não significar uma mudança de rumo que tire às forças conservadoras o controle sobre o grau e o ritmo de desgaste que exercem sobre o governo.
No fundo, só eleições presidenciais antecipadas permitiriam repor a normalidade. Se a decisão de Lula-Dilma correr mal, a carreira de ambos terá chegado ao fim, e a um fim indigno e particularmente indigno para um político que tanta dignidade devolveu a tantos milhões de brasileiros. Além disso, o PT levará muitos anos até voltar a ganhar credibilidade entre a maioria da população brasileira, e para isso terá de passar por um processo de profunda transformação.
Se correr bem, o novo governo terá de mudar urgentemente de política para não frustrar a confianças dos milhões de brasileiros que estão a vir para a rua contra os golpistas. Se o governo brasileiro quer ser ajudado por tantos manifestantes, tem que os ajudar a terem razões para o ajudar. Ou seja, quer na oposição, quer no governo, o PT está condenado a reinventar-se. E sabemos que no governo esta tarefa será muito mais difícil.
A terceira tarefa é ainda mais complexa porque nos próximos tempos a democracia brasileira vai ter de ser defendida tanto nas instituições como nas ruas. Como nas ruas não se faz formulação política, as instituições terão a prioridade devida mesmo em tempos de pulsão autoritária e de exceção antidemocrática. As manobras de desestabilização vão continuar e serão tanto mais agressivas quanto mais visível for a fraqueza do governo e das forças que o apoiam. Haverá infiltrações de provocadores tanto nas organizações e movimentos populares como nos protestos pacíficos que realizarem. A vigilância terá de ser total já que este tipo de provocação está hoje a ser utilizado em muitos contextos para criminalizar o protesto social, fortalecer a repressão estatal e criar estados de exceção, mesmo se com fachada de normalidade democrática. De algum modo, como tem defendido Tarso Genro, o estado de exceção está já instalado, de modo que a bandeira "Não vai ter golpe” tem de ser entendida como denunciando o golpe político-judicial que já está em curso, um golpe de tipo novo que é necessário neutralizar.
Finalmente, a democracia brasileira pode beneficiar da experiência recente de alguns países vizinhos. O modo como as políticas progressistas foram realizadas no continente não permitiram deslocar para esquerda o centro político a partir do qual se definem as posições de esquerda e de direita. Por isso, quando os governos progressistas são derrotados, a direita chega ao poder possuída por uma virulência inaudita apostada em destruir em pouco tempo tudo o que foi construído a favor das classes populares no período anterior. A direita vem então com um ânimo revanchista destinado a cortar pela raiz a possibilidade de voltar a surgir um governo progressista no futuro. E consegue a cumplicidade do capital financeiro internacional para inculcar nas classes populares e nos excluídos a ideia de que a austeridade não é uma política com que se possam defrontar; é um destino a que têm de se acomodar. O governo de Macri na Argentina é um caso exemplar a este respeito.
A guerra não está perdida, mas não será ganha se apenas se acumularem batalhas perdidas, o que sucederá se se insistir nos erros do passado.

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=88554

3.24.2016

Wikileaks mostra ligação entre juiz Sérgio Moro e EUA

  • É exatamente o que faz os EUA no oriente médio. Destrói os países para que suas empreiteiras ganhem dinheiro na construção civil das cidades devastadas
 
Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho - Sociedade e Geopolítica Estadunidense no Brasil

Olha o que foi descoberto: uma mensagem diplomática norte-americana, vazada pelo Wikileaks, com citações sobre Sergio Moro, o Judiciário brasileiro e a Polícia Federal.

O bilhete fala de um seminário de cooperação, realizado em outubro de 2009, com a presença de membros seletos da PF, Judiciário, Ministério Público, e autoridades norte-americanas, no Rio de Janeiro.

Não é classificado. Não tem aparentemente nada de explosivo (a menos que algo tenha passado despercebido).

Entretanto, é mais importante saber disso do que ficar, como a Globo, divulgando áudios íntimos da família de Lula.
É importante saber disso sobretudo à luz do que temos visto: a destruição deliberada de toda a indústria de construção civil brasileira, sob o pretexto da luta contra a corrupção.

Tudo sob patrocínio da Globo e do juiz que Faz a Diferença.

Prender e fechar bancos, que não constroem uma ponte, ninguém quer.

É preciso fechar as empresas que constroem o Brasil, e encarcerar seus executivos.

É exatamente o que faz os EUA no oriente médio. Destrói os países para que suas empreiteiras ganhem dinheiro na construção civil das cidades devastadas.

O deputado federal Wadih Damous tem denunciado as conexões internacionais da Lava Jato, uma operação que acumula tantas ilegalidades que deveria ser inteiramente anulada.

Reparem, no bilhete, na submissão declarada das autoridades brasileiras aos EUA, dizendo que não somos preparados e queremos aprender com eles.

É de um viralatismo colonizado atroz.

A relação entre a nossa PF, MP, Judiciário, e os EUA, tem de ser melhor apurada.

O Brasil entregou seu galinheiro à raposa?

Disponibilizar o bilhete ao debate aberto das redes sociais, para que especialistas e nacionalistas leiam e tirem suas conclusões.

***

Se possível, ler e comentar nas redes sociais.

O link do bilhete no Wikileaks é este:

https://wikileaks.org/plusd/cables/09BRASILIA1282_a.html

Você também pode vê-lo no Slideshare abaixo:

Wikileaks sergiomoro from Miguel Rosario
24 de março de 2016

3.22.2016

Como os brasileiros lidam com o desemprego neste momento conturbado?

  • Muitos trabalhadores recorrem a bicos e alguns aproveitam FGTS para investir tempo num negócio próprio. Situação é particularmente difícil para jovens
Pelo site Deutsche Welle para revista Carta Capital - Sociedade, Jovens e Adultos Desempregados
Mariana Estarque / DW
Jonathan OliveiraJonathan Oliveira, de 18 anos, não conseguiu seguro-desemprego
Reportagem de Mariana Estarque para revista Carta Capital
Esperar aquela ligação que nunca vem. Deixar currículos pela cidade, ir a dezenas de entrevistas, voltar sem nada. A frustração é comum a milhares de brasileiros em busca de trabalho em meio à crise econômica. Segundo pesquisa do IBGE divulgada na terça-feira 15, a taxa de desemprego chegou a 9% no último trimestre de 2015.
"Já levei meu currículo a vários lugares, mas nunca me ligam. A crise está horrível, afetou geral", conta Jonathan Oliveira, de 18 anos. Antes de ser demitido, em janeiro, ele dividia o tempo entre a escola e o trabalho como jovem aprendiz, na função de auxiliar administrativo.
Ficou no emprego durante 11 meses, com um salário de 900 reais. Como não completou um ano no trabalho, Jonathan não tem direito ao seguro-desemprego – as regras de acesso ao benefício mudaram no ano passado.
"O seguro vai fazer muita falta", lamenta ele, que mora com a avó e os irmãos no bairro da Armênia, na zona Norte de São Paulo. "Ela trabalha como metalúrgica, mas o dinheiro não dá para a família toda", explica.
Para quem procura o primeiro emprego, em geral jovens como Jonathan, a situação é ainda mais difícil. De acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, a taxa de desemprego entre pessoas de 18 a 24 anos foi de 19,4% no último trimestre de 2015, mais que o dobro da percentagem de desocupados na população em geral.
"Ela não tem experiência, então, fica pior para achar uma oportunidade", diz José do Nascimento, de 40 anos, que acompanhou a filha ao Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT), da Prefeitura de São Paulo, no centro da cidade.
Com a crise, as vendas no comércio de José caíram 40% nos últimos meses, e a filha, Daiane, decidiu procurar o primeiro emprego. "Não passei no vestibular de Farmácia. Vou prestar de novo no ano que vem, mas, até lá, queria ser atendente de uma farmácia", conta a jovem de 18 anos.
O caso de Daiane é cada vez mais comum. De acordo com o IBGE, entre o último trimestre de 2014 e o mesmo período de 2015, dois milhões de brasileiros ingressaram na força de trabalho, o que significa que estão em idade ativa e dispostos a trabalhar.
Com a crise, segundo o instituto, pessoas que não costumavam buscar emprego, como muitos estudantes, decidiram entrar no mercado de trabalho para complementar a renda domiciliar, seja porque um dos parentes foi demitido, seja porque houve alguma perda nos ganhos da família.
Depois de oito meses procurando uma vaga e dezenas de entrevistas, Clovis Pirinelli, de 31 anos, decidiu investir seu tempo num negócio próprio. O engenheiro de computação, com MBA no currículo, ganhava cerca de oito mil reais num banco quando foi demitido, em abril de 2015.
"Fui em média a três entrevistas por mês. Ou a vaga era fechada no meio do processo, ou me ofereciam menos da metade do meu salário anterior. Acabei desistindo, porque sempre tive o sonho de ter um negócio meu", conta.
Na época, o engenheiro havia se mudado para a casa dos pais, por questões pessoais. Quando veio a demissão, decidiu ficar com eles, para economizar com o aluguel. E a ideia para o negócio veio do próprio ambiente familiar.
"Há tempos queria abrir uma franquia no ramo de alimentos, mas não tinha escolhido nenhuma ainda. A minha mãe tinha uma empresa de bem-casados, que estava desativada, e decidi entrar no negócio com ela. Estou investindo em divulgação e em um novo site", afirma.
Mesmo com uma renda inferior ao que ganhava como engenheiro, Clovis acredita que a escolha foi acertada. "Estamos com uma boa demanda. No futuro, acho que vou ganhar melhor e vou construir algo próprio."
A opção de Clovis é comum entre brasileiros desempregados, que, muitas vezes, aproveitam o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para investir num projeto pessoal. Segundo uma pesquisa do Sebrae, o empreendedorismo por necessidade saltou de 29%, em 2014, para 44%, em 2015, devido à crise econômica.
Outra opção para quem não encontra uma vaga fixa é se manter com bicos e trabalhos como freelancer, conhecidos como frilas. Enquanto não consegue emprego, a médica Barbara Mascarenhas, de 30 anos, faz plantões esporádicos.
"O dinheiro tem dado para me virar", conta ela, que veio do Pará e mora com a irmã, na Liberdade. Ainda assim, Barbara diz que as remunerações pelos bicos estão cada vez mais baixas. "Tenho recebido muito calote também", reclama.
O eletricista Ivan da Silva, de 33 anos, também tenta segurar as pontas com bicos. Ele trabalhava com manutenção predial, mas foi demitido há cinco meses.
"Não consegui nenhuma vaga ainda. A todo CAT que vou tem fila. No que tem perto da minha casa, as senhas de atendimento acabam às 9h. E o dinheiro do meu seguro-desemprego já quase terminou", lamenta.
Ivan mora em Pirituba com a esposa e o filho, de apenas dez meses de idade. "Minha irmã trabalha numa churrascaria e está me ajudando, mas fica apertado para ela e para nós", conta. "O dinheiro só dá para sobreviver."
http://www.cartacapital.com.br/economia/como-brasileiros-lidam-com-o-desemprego

Frei Betto: EUA e Cuba fumam o charuto da paz


Por Frei Betto*, para site Adital - Sociedade e Geopolítica Latino Americana

Hoje, amanhã e terça-feira, o presidente Barak Obama visita Cuba. Em fevereiro último, quando estive com Fidel, ele indagou reflexivo: "O que deseja Obama?” No ano anterior, o líder cubano me dissera que Obama mudara "de métodos, mas não de objetivos.” Agora arrisquei um palpite: retocar sua foto biográfica, já que deu continuidade ao belicismo usamericano no Oriente Médio e, internamente, é acusado de ter sido omisso em relação à América Latina.


Faz 88 anos que um presidente dos EUA pisou em solo cubano: Calvin Coolidge, em 1928. As relações entre os dois países sempre foram tensas. Em fins do século XVIII, John Adams, segundo presidente dos EUA, declarou que Cuba deveria ser incorporada a seu país... No século seguinte, o México perdeu metade de seu território para o vizinho do Norte: Texas, Arizona, Novo México e Califórnia.
Com o afundamento de um navio usamericano no porto de Havana, atribuído pela imprensa dos EUA a uma mina espanhola, o país se envolveu na luta dos cubanos para se libertarem da Espanha, em 1898. Expulsos os europeus, entraram os estadunidenses e transformaram a ilha em uma neocolônia selada pela Emenda Platt. Inseriu-se na Constituição de Cuba uma emenda pela qual os EUA ficavam autorizados a intervir em Cuba a qualquer momento. Em 1903, a marinha estadunidense "alugou”, por prazo indeterminado, a base naval de Guantánamo por US$ 4.085 anuais.
A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, não se fez contra os EUA. Fidel foi aclamado nas avenidas de Nova York. No entanto, ao nacionalizar empresas made in USA, o governo Kennedy tentou esmagar a Revolução com a invasão mercenária da Baía dos Porcos, em 1961, sem lograr êxito (antes de assinar o decreto da invasão, Kennedy cuidou de comprar todos os charutos cubanos disponíveis em Washington). O resultado foi empurrar Cuba para os braços da União Soviética.
Vieram, então, a ruptura de relações diplomáticas, o bloqueio à ilha e as leis que, ainda hoje, concedem cidadania usamericana a todo cubano que pisar em solo estadunidense.
Até que Francisco, o pontífice (= aquele que constrói pontes), em agosto de 2014 propôs a Obama e Raúl Castro reestabelecerem relações diplomáticas, o que se anunciou em 17 de dezembro daquele ano e se efetivou em 1º de julho de 2015.
Passeio por Havana
Obama ficará apenas dois dias na ilha. Os cubanos se sentem lisonjeados por Obama ter pedido para ser recebido em Havana antes que Raúl manifestasse a intenção de ir a Washington.
Além das conversações entre os dois presidentes, com certeza Obama e Michelle serão recebidos por Fidel e o aperto de mãos que haverão de trocar selará a amizade entre os dois países e sufocará o pescoço daqueles que, em Miami, montaram uma lucrativa indústria anticastrista.
É provável que Obama assista ao balé cubano, percorra as ruas coloniais de Havana Velha e prove a saborosa culinária do país em um paladar. E, como de praxe, seja recebido pelo cardeal Jaime Ortega, que garante que, em Cuba, já não há presos políticos.
Depois dessa visita, será difícil o Congresso dos EUA manter o bloqueio por longo tempo. Até porque business is business, e Cuba, com a ajuda do Brasil, constrói em Mariel o maior e mais moderno porto do Caribe.

* Frei Betto

Escritor e assessor de movimentos sociais
Twitter @freibetto

Quatro sombras afligem a realidade brasileira em 2016

Por Leonardo Boff, para Agência de Notícias Adital - Sociedade e História Brasileira de Libertação Popular
 
  • Em momentos de crise, assomam quatro sombras que estigmatizam nossa história cujos efeitos perduram até hoje;
  • Nunca fui filiado ao PT, mas apesar de seus erros, a causa que defende será sempre válida: fazer uma política integradora dos excluídos e humanizar nossas relações sociais para tornar a nossa sociedade menos malvada


A primeira sombra é nosso passado colonial. Todo processo colonialista é violento. Implica invadir terras, submeter os povos, obriga-los a falar a língua do invasor, assumir as formas políticas do outro e submeter-se totalmente a ele. A consequência no inconsciente coletivo do povo dominado: sempre baixar a cabeça e ser levado a pensar que somente o que é estrangeiro é bom.
A segunda sombra foi o genocídio indígena. Eram mais de 4 milhões. Os massacres de Mem de Sá em 31 de maio de 1580 que liquidou com os Tupiniquim da Capitania de Ilhéus e pior ainda, a guerra declarada oficialmente por D.João VI em 13 de maio de 1808 que dizimou os Botocudos (Krenak) no vale do Rio Doce manchará para sempre a memória nacional.
Consequência: temos dificuldade de conviver com o diferente, entendendo-o como desigual. O índio não é ainda considerado plenamente "gente”, por isso suas terras são tomadas, muitos são assassinados e para não morrerem, se suicidam. Há uma tradição de intolerância e negação do outro.
A terceira sombra, a mais nefasta de todas, foi a escravidão. Entre 4-5 milhões de pessoas foram trazidas da África como "peças” a serem negociadas no mercado para servirem nos engenhos ou nas cidades como escravos. Negamos-lhes humanidade e seus lamentos sob a chibata chegam ainda hoje ao céu. Criou-se a instituição da Casa Grande e da Senzala.
Gilberto Freyre deixou claro que não se trata apenas de uma formação social patriarcal, mas de uma estrutura mental que penetrou nos comportamentos das classes senhoriais e depois dominantes. Consequência: não precisamos respeitar o outro; ele está aí para nos servir. Se lhe pagamos salário é caridade e não direito.
Predominou o autoritarismo; o privilégio substitui o direito. Criou-se um Estado para servir aos interesses dos poderosos, e não ao bem de todos, e uma complicada burocracia que afasta o povo.
Raymundo Faoro (Os donos do poder) e o historiador e acadêmico José Honório Rodrigues (Conciliação e reforma no Brasil) nos têm narrado a violência com que o povo foi tratado para estabelecer o estado nacional, fruto da conciliação entre as classes opulentas sempre com a exclusão intencionada do povo. Assim surgiu uma nação profundamente dividida entre poucos ricos e grandes maiorias pobres, um dos países mais desiguais do mundo, o que significa um país violento e cheio de injustiças sociais.
Uma sociedade montada sobre a injustiça social nunca criará uma coesão interna que lhe permitirá um salto rumo a formas mais civilizadas de convivência. Aqui imperou sempre um capitalismo selvagem que nunca conseguiu ser civilizado. Mas depois de muitas dificuldades e derrotas, conseguiu-se um avanço: a irrupção de todo tipo de movimentos sociais que se articularam entre si.
Nasceu uma força social poderosa que desembocou numa força político-partidária. O Partido dos Trabalhadores e outros afins, nasceram deste esforço titânico, sempre vigiados, satanizados, perseguidos e alguns presos e mortos.
A coligação de partidos hegemonizados pelo PT conseguiu chegar ao poder central. Fez-se o que nunca foi pensado e feito antes: conferir centralidade ao pobre e ao marginalizado. Em função deles se organizaram, como cunhas no sistema dominante, políticas sociais que permitiram a milhões saírem da miséria e terem os benefícios mínimos da cidadania e da dignidade.
Mas uma quarta sombra obnubila uma realidade que parecia tão promissora: a corrupção. Corrupção sempre houve entre nós em todas as esferas. Negá-lo seria hipocrisia. Basta lembrar os discursos contundentes e memoráveis de Ruy Barbosa no Parlamento.
Setores importantes do PT deixaram-se morder pela mosca azul do poder e se corromperam. Isso jamais poderia ter acontecido, dado os propósitos iniciais do partido. Devem ser julgados e punidos.
A justiça focou-se quase só neles e mostrou-se muitas vezes parcial e com clara vontade persecutória. Os vazamentos ilegais, permitidos pelo juiz Sérgio Moro, forneceram munição à imprensa oposicionista e aos grupos que sempre dominaram a cena política e que agora querem voltar ao poder com um projeto velhista, neoliberal e insensível à injustiça social. Estes conseguiram mobilizar multidões, conclamando o impedimento da Presidenta Dilma, mesmo sem suficiente fundamento legal como afirmam notáveis juristas. Mas o PT respondeu à altura.
As quatro sombras recobrem a nossa realidade social e dificultam uma síntese integradora. Elas pesam enormemente e vêm à tona em tempos de crise como agora, manifestando-se como ódio, raiva, intolerância e violência simbólica e real contra opositores. Temos que integrar essa sombra, como diria C.G.Jung, para que a dimensão de luz possa predominar e liberar nosso caminho de obstáculos.
Nunca fui filiado ao PT. Mas apesar de seus erros, a causa que defende será sempre válida: fazer uma política integradora dos excluídos e humanizar nossas relações sociaispara tornar a nossa sociedade menos malvada.

Leonardo Boff escreveu: Que Brasil queremos, editora Vozes, RJ 2000.
  • Doutorou-se em teologia pela Universidade de Munique. Foi professor de teologia sistemática e ecumênica com os Franciscanos em Petrópolis e depois professor de ética, filosofia da religião e de ecologia filosófica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
    Conta-se entre um dos iniciadores da teologia da libertação. É assessor de movimentos populares. Conhecido como professor e conferencista no país e no estrangeiro nas áreas de teologia, filosofia, ética, espiritualidade e ecologia. Em 1985 foi condenado a um ano de silêncio obsequioso pelo ex-Santo Ofício, por suas teses no livro Igreja: carisma e poder (Record).
    A partir dos anos 80 começou a aprofundar a questão ecológica como prolongamento da teologia da libertação, pois não somente se deve ouvir o grito do oprimido, mas também o grito da Terra porque ambos devem ser libertados. Em razão deste compromisso participou da redação da Carta da Terra junto com M. Gorbachev, S. Rockfeller e outros. Escreveu vários livros e foi agraciado com vários prêmios.
    Twitter @LeonardoBoff
        Fonte: Blog do autor