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6.23.2016

O golpismo no Brasil contra-ataca

Por Emir Sader para site 247 - Sociedade e Golpe no Brasil

Mesmo com as nuvens carregadas das acusações contra membros do governo e do próprio presidente interino, além da situação limite em que se encontra Eduardo Cunha, as forças golpistas retomaram iniciativa em todos os planos, contra atacam e buscam consolidar o projeto na votação de agosto no Senado.
Contam com a falta de iniciativa política unificada das forcas democráticas, de que a suspensão da segunda reunião, terça-feira passada, entre Dilma, Requião, movimentos sociais e parlamentares, foi um sintoma claro. Contam com uma certa baixa do ritmo de manifestações contra o golpe, compreensível, porque é impossível manter aquele ritmo por muito tempo, ainda mais sem uma perspectiva de solução política positiva no horizonte.
O governo abriu o cofre para governadores, senadores, Judiciário, entre outros. Ao mesmo tempo que a direção do projeto golpista promete aos senadores e congressistas em geral a renúncia de Temer em janeiro, para entregar na mão deles a decisão sobre quem será o presidente da República em toda a segunda metade do mandato. E Temer começa a dar entrevistas que, por mais desastradas que sejam, lhe projegem como personagem político. Ao mesmo tempo que o governo golpista tempera um pouco suas iniciativas mais radicais, deixando-as para depois da votação no Senado, e decreta medidas que possam lhe granjear apoios ou diminuir resistências no Senado.
Significativamente, depois da reunião de Moro com o ministro interino da Justiça, na última terça-feira, se retoma a operação repressiva contra o PT, no Paraná e, diretamente, na sede do partido em São Paulo.
Tudo para preparar o clima que virá depois de agosto, se o governo consegue os 2/3 no Senado. Um pacote cruel de expropriação dos direitos dos trabalhadores, de cortes nos recursos das políticas sociais, de privatização de empresas públicas e reinserção subordinada do Brasil no cenário internacional. Tudo projetando o país que o governo golpista pretende ter em 2018, incluindo a desqualificação e exclusão da esquerda como alternativa.
Enquanto a esquerda se recolhe a discussões internas sobre as alternativas, a direita retoma a ofensiva. O cenário atual já demonstra que, ficar simplesmente na resistência das mobilizações populares, favorece a ação dos golpistas, que são os únicos que aparecem com alternativas políticas. A resistência protesta, mobiliza, mas não desenha via de derrubada a curto prazo do governo que destrói o país. Que seria bloquear os 2/3 no Senado, para o qual seria indispensável ter proposta que agregue apoios mais além dos 22 senadores que votaram contra o impeachment. Plebiscito, como propõe Dilma, ou outra qualquer, que tenha o poder de impedir os 2/3 dos golpistas, com o qual eles terão possibilidade de seguir com seu projeto de destruição do pais até 2018.
A incapacidade de iniciativa política da luta contra o golpe, que combine mobilizações populares com proposta política viável no curto prazo, é o que permite que a direita contra-ataque em todos os campos.
Emir Sader

http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/239897/O-golpismo-contra-ataca.htm

Ensino Médio Avança no Brasil, mas Jovens QueremTrabalhar Após 18 Anos

  • Dados derrubam tese de que com avanço da escolaridade jovem entra mais tarde no mercado de trabalho. “Isso é verdade só até 18 anos. A partir dessa idade, os jovens querem trabalhar”, diz Helena Abramo
  • Pesquisadora diz que ensino médio avança no país, apesar de lacunas 

    por Helder Lima, da RBA - Sociedade e Educação (fonte no final)

reprodução da RBA
helena abramo 2.jpgHelena: dados são contribuição para pensar como se dá a educação e o trabalho entre os jovens
São Paulo – Pesquisa mostrada hoje (22) pela conselheira da Fundação Perseu Abramo (FPA) Helena Abramo mostra que a escolaridade de ensino médio entre os jovens (15 a 29 anos) está avançando no Brasil, apesar de ainda ter lacunas. “Tem crescido o número de jovens com ensino médio completo já nesta geração”, disse Helena, ao participar de seminário promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo.
Segundo Helena, que atuou na pesquisa “Agenda Juventude” quando participava da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), do governo federal, os dados mostram que na cidade de São Paulo 70% dos jovens entre 18 e 24 anos têm o ensino médio. “É claro que essa taxa tinha de ser de 100%, mas ela está avançando a cada ano”, afirmou. “A rapidez com que temos evoluído é significativa.”
A pesquisa da SNJ avaliou a evolução entre 2006 e 2013, estudando a situação dos jovens em três períodos da juventude: 15 a 17, 18 a 24 e 25 a 29 anos. Nesse período, em relação à qualidade do trabalho na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, a taxa de jovens desempregados recuou de 18,8% para 11,9%. A informalidade também recuou, de 37,2% para 24,4%.
A pesquisadora também afirmou que os dados derrubam a tese de que com o avanço da escolaridade média o jovem entra mais tarde no mercado de trabalho. “Isso é verdade só até os 18 anos. A partir dessa idade, os jovens querem trabalhar e nisso não há mudança”, destacou. Segundo ela, esse desejo de entrar no mercado de trabalho independe da classe social, pois todos os jovens desejam participar do mercado de trabalho.
Para Helena, os dados também são importantes para se avaliar como se dá o período de transição da escola para o trabalho, que marca a fase de juventude. Os dados mostram, por exemplo, que entre os 15 e 17 anos, a taxa dos que só estudam é de 67,8%, enquanto no segmento de 25 a 29 anos é de 3,2%. Já entre os que só trabalham, a taxa é de 5,5% no segmento de 15 a 17 anos e de 67,2% na faixa de 25 a 29 anos.
“Esses dados são uma contribuição para pensar como se dá a educação e o trabalho entre os jovens”, afirma, destacando que o período de 15 a 29 anos é marcado por uma longa transição. “Esse período se desenvolve em vários percursos de inclusão social e desenvolvimento de autonomia”, diz, destacando que o início no mercado de trabalho coincide muitas vezes pela saída da casa dos pais, em busca de uma vida independente. Segundo Helena, é também quando o jovem sai do âmbito de seu bairro para interagir com a cidade – e construir sua identidade. “A vida passa por uma equação entre todos esses elementos”, afirma.
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/06/pesquisadora-diz-que-ensino-medio-avanca-no-pais-apensar-de-lacunas-8958.html

Órgão que defende consumidor quer eliminar agrotóxico com "agente laranja" usado na guerra doVietnam

  • Órgão de defesa do consumidor cobra que Anvisa (Agencia Federal) proíba o uso da substância suspeita de causar câncer e complicações endocrinológicas
por Redação RBA - Sociedade e Luta Contra Ganância Capitalista
Arquivo/ABr
2,4-DSegundo agrotóxico mais utilizado no Brasil é apontado pela OMS como cancerígeno e causa danos ao ambiente
São Paulo – Após consulta pública encerrada na última semana, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém parecer favorável à liberação do agrotóxico 2,4-D (2,4-diclorofenoxiacético), apesar dos riscos apresentados à saúde. Tendo participado do processo, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) segue defendendo o banimento da substância no país e reclama da decisão.
"Para nós, foi muito preocupante essa posição da Anvisa. A gente tem inclusive posição da Organização Mundial da Saúde (OMS) dizendo que esse tipo de agrotóxico afeta o sistema reprodutivo, o cérebro e é apontados como potencialmente cancerígeno. A gente já tem evidências científicas suficientes para proibir o uso dessa substância, no Brasil, mas infelizmente a Anvisa adotou postura bem conservadora e a favor dos interesses do agronegócio", afirma Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
O 2,4-D é um dos ingredientes ativos do "agente laranja", composto que ficou conhecido durante a Guerra do Vietnã (1955-1975), quando foi usado como arma química pelos Estados Unidos e provocou graves problemas de saúde na população local, e também nos próprios soldados, com aumento da incidência de câncer, problemas neurológicos e no sistema endócrino.
Atualmente, esse composto é o segundo agrotóxico mais vendido no Brasil, sendo aplicado em plantações de arroz, aveia, café, cana-de-açúcar, centeio, cevada, milho, pastagem, soja e trigo. Segundo a Anvisa, faltam evidências conclusivas sobre os riscos à saúde.
"O agrotóxico tem efeito cumulativo a longo prazo. Por isso também é um desafio para conseguir provar essa relação direta com problemas de saúde. O fato de ter uma possível evidência, para nós, já é o suficiente, baseado no princípio da precaução", comenta a nutricionista, que espera que a decisão da Anvisa seja revista nas instâncias superiores, mas para isso, segundo ela, é necessário mais informação e mobilização de toda a sociedade.
http://www.redebrasilatual.com.br/saude/2016/06/idec-quer-banir-agrotoxico-com-componentes-do-agente-laranja-417.html