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10.24.2016

Os BRICS e a Relação com os Países Não Alinhados



  • O grupo BRICS, organização jovem, mas internacionalmente vital
  • O importante recente encontro dos BRICS na Índia

Por Adam Garrie do The Duran, para blog do Alok, traduzido pelo Coletivo Vila Vudu - Sociedade e Geopolítica dos Brics (fonte no final)

A reunião de cúpula dos BRICS em Goa reuniu os líderes de três dos sistemas de alianças da era da Guerra Fria: o Bloco Soviético, o Bloco Chinês e o Movimento dos Não Alinhados. EUA e o bloco ocidental ficaram de fora, isolados e desarticulados.

A reunião de cúpula dos BRICS em Goa é evento que a grande mídia-empresa ocidental com certeza ignorará. Mesmo assim, marca um dos pontos altos do realinhamento em curso, do poder e da influência geopolítica.

O fato de Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul falarem como uma só voz sobre a Síria não é feito corriqueiro, sem importância.

Ainda que o Brasil tenha-se distanciado das questões importantes, naufragado num golpe de estado contra a presidenta Rousseff, uma declaração conjunto sobre a Síria, emitida por potências dessa importância não pode ser subestimada, por mais que políticos fracassados em alguns países se esforcem por diluí-la o mais que possam.

Mas a importância da reunião ultrapassa a declaração conjunta sobre a Síria.

Para compreender isso, é preciso compreender que, durante a Guerra Fria, as coisas nunca foram simples questão de 'Leste x Oeste', 'Oriente x Ocidente', 'URSS x EUA'. Na Guerra Fria não havia apenas dois lados: havia quatro. E hoje essas divisões são mais importantes do que em nenhum outro momento desde 1991. Explico.

Os quatro blocos eram os seguintes:
 
– Bloco dos Aliados dos Soviéticos; 
– Bloco dos Aliados dos Norte-ameridanos; 
– Bloco dos Aliados dos Chineses; e o 
– Movimento dos Não Alinhados.

Depois da morte de Stálin em 1953, China e URSS derivaram em direções diferentes e separaram-se cada vez mais. A cisão formal e a subsequente criação de grupos à parte foi formalizada em 1961, quando os chineses denunciaram como revisionismo e traição, as políticas anti-Stálin de Khrushchev.

Isso não levou só à criação de um novo bloco comunista centrado na China, mas, de fato, levou também à formação do Movimento dos Não Alinhados.

Os catalisadores do Movimento dos Não Alinhados têm raízes nas diferenças que se aprofundavam entre a União Soviética de Stálin e a Iugoslávia de Tito, cujas relações começaram a deteriorar já no início dos anos 1940s.

Em 1961, Tito, com Nasser do Egito, Nehru da Índia, Sukarno da Indonésia e Nkrumah de Gana, criaram o Movimento dos Não Alinhados, uma liga de estados que conscientemente decidiram construir relações globais, sem estarem ligados a nenhum dos dois blocos comunistas então emergentes, nem à OTAN.

À altura dos anos 1980s, o Movimento dos Não Alinhados já seduzira a maior parte do mundo árabe, a maior parte dos estados africanos e grande parte do sudeste asiático.

Claro que houve algumas anomalias.

Cuba alistou-se como membro fundador do grupo, apesar da relação íntima com os soviéticos.

O Paquistão, em geral aliado da OTAN, uniu-se ao grupo em 1979, como fez também o Irã, depois da Revolução Islâmica.

A Albânia, que abandonou o Pacto de Varsóvia liderado pelos soviéticos transferindo-se para o bloco chinês em 1968, permaneceu isolada do movimento, mesmo depois que rompeu relações com a China, depois da entente de Nixon com Mao.

Outra notável exceção foi a África do Sul, cujo regime do apartheid pôs o país em conflito com os emergentes estados asiáticos independentes e com grande parte do restante da África. A África do Sul afinal se uniu ao Movimento dos Não Alinhados em 1994, na presidência de Mandela.

Hoje, os BRICS representam membros chaves de cada um daqueles blocos. 

Rússia e China estão novamente próximas como aliadas, na geopolítica e no comércio.

Índia sempre foi parceira chave da União Soviética e, mediante os BRICS, Índia e China podem vir a se tornar parceiras mais próximas, em oposição a rivais regionais.

Brasil é observador no Movimento dos Não Alinhados, e é potência econômica cada vez mais importante numa América Latina que está acordando – e, isso, apesar do recente tumulto político e econômico que, circunstancialmente, infelicita aquele país.

A África do Sul moderna pós-apartheid é um farol de esperança para o continente africano, atacado sempre pela praga do subdesenvolvimento. É especialmente verdade agora, depois que a Líbia, que foi a economia mais forte da África, foi destruída por Hillary Clinton & OTAN.

Tudo isso resulta num grupo BRICS com capacidade para congregar a maioria dos povos do mundo. Hoje, os que se veem mais e mais isolados a cada dia são EUA e seus aliados na OTAN.

Claro, muito depende da vontade política dos países BRICS e de seus aliados naturais de falar a uma só voz, unificada, sobretudo em temas de segurança global.

Como já era na Guerra Fria do século 20, o mundo árabe será o fulcro em torno do qual oscilará o pêndulo do sucesso ou fracasso dos BRICS.

Se a maioria do mundo árabe não wahhabista aproximar-se mais dos BRICS que do bloco da OTAN – que se tem dedicado a dizimar um estado árabe secular depois do outro – é possível que aí se configure o triunfo definitivo, o maior triunfo, para o grupo BRICS, organização jovem, mas internacionalmente vital.

Também configurará um vasto, importantíssimo triunfo geopolítico de Vladimir Putin da Rússia.*****

http://blogdoalok.blogspot.com.br/2016/10/o-importante-recente-encontro-dos-brics.html

Estados Nações Hoje são Fracos Perante Conglomerados Financeiros (bancos)

  • Como pode tanta desumanidade prosperar sobre a face da Terra e ainda dizer: There is no Alternative”(TINA)? A vida é sagrada...
  • Onde está o poder hoje no mundo?

por Leonardo Boff, para jornal do Brasil - Sociedade e Capitalismo Doentio (fonte no final)
Este fato vem sendo estudado e acompanhado por um dos nossos melhores economistas, professor da pós-graduação de PUC-SP com larga experiência internacional: Ladislau Dowbor. Dois estudos de sua autoria resumem vasta literatura sobre o tema:”A rede do poder corporativo mundial”de 4/01/2012 (http:/www.dowbor.org/wp) e o mais recente de setembro de 2016: http://dowbor.org/2016/09/ladislau-dowbor-o-caótico-poder-dos-gigantes-financeiros-novembro-2015-16p.html//: “Governança corporativa: o caótico poder dos gigantes financeiros.”
É difícil resumir a mole de informações que se apresentam assustadoras. Dowbor sintetiza:
“O poder mundial realmente existente está em grande parte na mão de gigantes que ninguém elegeu, e sobre os quais há cada vez menos controle. São trilhões de dólares em mãos de grupos privados que têm como campo de ação o planeta, enquanto as capacidades de regulação mundial mal engatinham. Pesquisas recentes mostram que 147 grupos controlam 40% do sistema corporativo mundial, sendo 75% deles bancos. Cada um dos 29 gigantes financeiros gera em média 1,8 trilhão de dólares, mais do que o PIB do Brasil, oitava potência econômica mundial. O poder hoje se deslocou radicalmente”(cf. Governança corporative op.cit)
Além da literatura específica, Dowbor se remete aos dados de duas grandes instituições que se debruçam sistematicamente sobre os mecanismos dos gigantes corporativos: o Instituto Federal Suiço de Pesquisa Tecnológica (que rivaliza com o famoso MIT dos USA) e o banco Credit Suisse, exatamente aquele que administra as grandes fortunas mundiais e que, portanto, sabe das coisas.
Os dados aí arrolados por estas fontes são espantosos: 1% mais rico controla mais da metade da riqueza mundial. 62 famílias têm um patrimônio igual à metade mais pobre da população da Terra. 16 grupos controlam quase a totalidade do comércio de commodities (grãos, minerais, energia, solos, água). Pelo fato de os alimentos todos obedecerem às leis do mercado, seus preços sobem e descem à mercê da especulação, tolhendo a vastas populações pobres o direito de terem acesso à alimentação suficiente e saudável.
Os 29 gigantes planetários, 75% são bancos a começar pelo Bank of America e terminando com o Deutsche Bank, são tidos como  “sistemicamente importantes”, pois sua eventual falência (não esqueçamos o maior deles, o norte-americano Lehamn Brothers que faliu) levaria todo o sistema ao abismo ou próximo a ele, com consequências funestas para a inteira humanidade. O mais grave é que não existe nenhuma regulação para o seu funcionamento, nem pode haver, porquando as regulações são sempre nacionais e eles atual planetariamente. Não existe ainda uma governança mundial que cuide não só das finanças mas do destino social e ecológico da vida e do próprio sistema-Terra.
Nossos conceitos se evaporam quando, nos recorda Dowbor, se lê na capa do Economist que o faturamento da empresa Black Rock é de 14 trilhões de dólares sendo que o PIB dos USA é de 15 trilhões e do pobre Brasil mal alcança 1,6 trilhões de dólares. Estes gigantes planetários manejam cerca de 50 trilhões de dólares, o equivalente à totalidade da dívida pública do planeta.
O importante é conhecer o seu propósito e sua lógica: visam simplesmente o lucro ilimitado Uma empresa de alimentos compra uma mineradora sem qualquer expertise no ramo,  apenas porque dá lucro. Não há nenhum sentido humanitário como, por exemplo, tirar uma pequeníssima parcela dos lucros para um fundo contra a fome ou a diminuição da mortalidade infantil. Para eles, isso é tarefa do Estado e não para os acionistas que só querem lucros e mais lucros.
Por estas razões entendemos  iracúndia sagrada do Papa Francisco contra um sistema que apenas quer a acumulação à custa da pobreza das grandes maiorias e da degradação da natureza.Uma economia, diz ele “que tem como centro o deus dinheiro e não a pessoa: eis o terrorismo fundamental contra toda a humanidade” (no avião regressando da Polônia em setembro). Chama-o em sua encíclica ecológica  de um sistema anti-vida e com tendência suicida (n.55).
Esse sistema é homicida, biocida, ecocida e geocida. Como pode tanta desumanidade prosperar sobre a face da Terra e ainda dizer: There is no Alternative”(TINA)? A vida é sagrada. E quando sistematicamente agredida, chega o dia em que ela se vingará, destruindo aquele que a quer destruir. Esse sistema está buscando o seu próprio fim  trágico. Oxalá a espécie humana sobreviva.
Leonardo Boff escreveu Cuidar da Terra – proteger a vida: como escapar do fim do mundo, Record 2010.
http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2016/10/23/onde-esta-o-poder-hoje-no-mundo/

Snapchat e Skype não respeitam privacidade, afirma ONG Anistia Internacional

  • Quem pensa que os serviços de mensagem instantânea são privados se enganam e muito: as nossas comunicações são constantemente atacadas pela cyber-criminalidade e pela espionagem do Estado
  • Pesquisa feita pela ONG classificou diversas plataformas

por Agência ANSA, para jornal do Brasil - Sociedade e Privacidade nas Redes Sociais (fonte no final)
O Snapchat e o Skype não tem as proteções mínimas para assegurar a privacidade de seus usuários, informou uma matéria publicada pela ONG Anistia Internacional. A falha dos serviços de mensagens instantâneas colocam em risco os direitos humanos de quem as usa, acusa a entidade.
Já, o Messenger, do Facebook, e os serviços de mensagem da Apple, como Facetime e iMessage, foram os melhores classificados no quesito. A lista de classificação das condições de "privacy" das redes tem o intuito de analisar as empresas que usam a criptografia para proteger as mensagens e a liberdade de expressão dos usuários.
A pesquisa revelou que só três de 11 empresas de mensagens usam a criptografia 'end-to-end', ou melhor, de ponta a ponta. Isto é, essa ferramenta garante que a mensagem será protegida até mesmo de seu desenvolvedor. Uma vez que a pessoa digita a mensagem, ela irá ser codificada até chegar ao remetente, e então, somente a ele, será entregue em texto. "Este é o requisito mínimo que as empresas deveriam adotar", critica a ONG.
"Quem pensa que os serviços de mensagem instantânea são privados se enganam e muito: as nossas comunicações são constantemente atacadas pela cyber-criminalidade e pela espionagem do Estado.   
Os jovens são os que mais estão em risco, pois são mais propensos a compartilhar fotos e informações muito pessoais", disse Sherif Elsayed-Ali, diretor do programa "Tecnologia e direitos humanos da Anistia Internacional".   
A classificação avaliou as empresas numa escala de pontuação de 1 a 100. Messenger e Whatsapp conseguiram alcançar a pontuação mais alta, 73. Os dois aplicativos são do grupo Facebook.   
Blackberry e Snapchat ficaram com menos de 30 pontos, já a Microsoft ficou com 40 pontos por conta de seu fraco sistema de criptografia.
http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2016/10/22/snapchat-e-skype-nao-respeitam-privacidade-afirma-anistia/