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8.14.2015

União Europeia: Mundo enfrenta pior crise de refugiados desde a 2ª Guerra

Comissão Europeia apresentou, em maio, uma proposta para aliviar os países que recebem maior número de imigrantes, mas foi recusada...

                             por Agência Brasil  - Sociedade e Guerras

                             I. Prickett/UNHCR          
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Hungria é "um dos países mais expostos" desde que a rota dos Balcãs é a preferida por muitos refugiados da Síria
Bruxelas – O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a 2ª Guerra Mundial e a Europa deve contribuir para resolvê-la de forma "decente e civilizada", afirmou hoje (14) o comissário europeu para as Migrações, Dimitris Avramopoulos. "O mundo encontra-se hoje diante da pior crise de refugiados, desde a 2ª Guerra Mundial", disse o comissário numa conferência de imprensa em Bruxelas.
A Europa "não tem conseguido gerir o grande fluxo de pessoas que procuram refúgio nas nossas fronteiras", acrescentou o comissário, frisando que a Europa foi construída sobre o princípio da "solidariedade com os que precisam". "São seres humanos, pessoas desesperadas. Precisam da nossa ajuda e do nosso apoio", afirmou.
"O que temos de fazer é organizar o nosso sistema para enfrentar este problema de forma decente e civilizada, à maneira europeia", disse, ao mencionar a situação "especialmente urgente" da Grécia, mas também de outros países, como Itália e Hungria.
A Comissão Europeia apresentou, em maio, uma proposta de distribuição dos refugiados pelos Estados membros da União Europeia, para aliviar os países que recebem maior número de imigrantes e refugiados, mas a proposta foi recusada pelos líderes europeus.
De acordo com o comissário, a Grécia recebeu, só em julho, 50 mil pedidos de asilo, quase dez vezes mais que os 6 mil registrados em julho de 2014. O comissário europeu esteve esta semana em Atenas e na ilha grega de Kos, no Mar Egeu, onde o grande fluxo de refugiados sírios e afegãos e a falta de locais para acolhê-lhos têm provocado tensões. Em breve, vai à Turquia, de onde partem diariamente centenas de migrantes com destino à costa grega.
Também vai visitar, nos próximos dias, Calais, no Norte de França, onde centenas de imigrantes que pretendem ir para o Reino Unido tentam entrar no Eurotúnel para atravessar o Canal da Mancha. Essas tentativas resultam, frequentemente, em morte.
O comissário reconheceu também que a Hungria é "um dos países mais expostos" desde que, há vários meses, a rota dos Balcãs é a preferida por muitos refugiados da Síria e do Afeganistão. Só em julho, afirmou, a Hungria recebeu 35 mil pedidos de asilo.
http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2015/08/mundo-enfrenta-pior-crise-de-refugiados-desde-a-2a-guerra-diz-uniao-europeia-569.html

Por que comprar no mercadinho da esquina?

por Felipe Campos Mello — Sociedade e Compras no Mercadinho
“Ele é perto da sua casa, o dinheiro fica no seu bairro e gera empregos. É o motor da economia e, quando analisado o conjunto, possui uma amplitude econômica  importantíssima.”
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
verduraVerdura à venda em mercado no Pará 


Comprar uma cerveja na esquina de casa ou almoçar por 15 reais em um restaurante do seu bairro tem um valor que vai além de apenas suprir suas necessidades. Esse é o conceito do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ao elaborar o "Movimento Compre do Pequeno Negócio", lançado nesta quarta-feira 5.
“Ele é perto da sua casa, o dinheiro fica no seu bairro e gera empregos. É o motor da economia e, quando analisado o conjunto, possui uma amplitude econômica  importantíssima.”, explica Luiz Barretto, Presidente da entidade. Para ele, a concepção de pequeno negócio ainda é muito vaga para sociedade brasileira.
“A ideia é juntar um ato de cidadania com um ato de mercado, que faça o consumidor entender porque é importante comprar de uma pequena empresa”, afirmou Barretto.
O quadro maior do setor dá uma dimensão mais ampla do conceito da campanha: mais de 17 milhões de brasileiros vivem com carteira assinada por uma pequena empresa, e o setor responde a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em São Paulo, já são mais de 2,7 milhões de micro e pequenas empresas.
Crise econômica
Paulo Solmucci, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (entidade que também apoia a medida), falou sobre o momento econômico do país: “evidentemente a crise existe. Em alguns segmentos e localidades, ela é muito intensa, mas quando você olha o Brasil como um todo, ela não tem a força que os jornais falam. A grande maioria do nosso setor, os pequenos estabelecimentos, estão crescendo até 15 %.”
mercado.jpgA opinião converge com a análise de Barretto, presidente do Sebrae. Para ele, o momento é de crise mas também de oportunidade. “Nós vivemos um ano de ajuste, de dificuldade, mas a pequena empresa continua gerando emprego. O saldo do primeiro semestre de 2015 é positivo, entre janeiro e 31 de junho foram geradas 116 mil vagas, muito mais do que as médias e grandes empresas. Estas, por sua vez, apresentaram um saldo negativo em torno de 450 mil vagas."
A presidenta da Associação Brasileira de Franchising, Maria Cristina Franco, seguiu na mesma linha: afirmou que o franchising, presente em 37% dos municípios brasileiros, fechará o ano de 2015 com um crescimento entre 7,5% a 9%.
http://www.cartacapital.com.br/economia/por-que-consumir-na-esquina-7342.html

Doping no atletismo: denúncia coloca testes e milhares de medalhistas sob suspeita

Se as denúncias forem comprovadas, pode ser a ruína do atletismo como conhecemos hoje...

Por Esporte Final - Sociedade e Doping nos Esportes
 
Corredoras disputam prova no Mundial de Osaka-2007 (Foto: Eckhard Pecher)Corredoras disputam prova no Mundial de Osaka-2007 (Foto: Eckhard Pecher)
Esqueça Lance Armstrong, Ben Johnson, Carl Lewis ou Marion Jones. Um novo caso envolvendo o uso de substâncias proibidas tem poder de ofuscar tudo que já se ouviu falar sobre doping. Por enquanto, é apenas uma supeita. Mas, se confirmado, tem potencial para se tornar o maior escândalo da história e colocar um grande sinal de interrogação sobre as grandes conquistas do atletismo.
A TV alemã ARD e o jornal britânico “Sunday Times” publicaram reportagem em que dizem ter tido acesso a dados guardados pela Iaaf, a federação internacional de atletismo. Eles mostrariam 12 mil amostras de sangue de 5 mil competidores com evidências de doping.
A Wada (Agência Mundial Antidoping) disse estar muito alarmada com o conteúdo da reportagem.
O caso estourou três semanas antes do início do Mundial de Atletismo de Pequim, que começa em 22 de agosto. E coloca sob suspeita um terço dos medalhistas olímpicos e mundiais de 2001 a 2012.
A Iaaf diz que as denúncias são “sensacionalistas e confusas”. Afirma que as amostras de sangue não tiveram resultado positivo para doping e que os dados não eram secretos -foram analisados mais de quatro anos atrás e coletados antes antes da implementação do passaporte biológico (sistema em que o sangue do atleta é monitorado por longos períodos; se houver alteração, ele pode ser punido mesmo que não teste positivo para uma substIancia proibida).
Segundo a reportagem, russos e quenianos seriam os que mais trapacearam. Especialistas analisaram os dados dos testes sangue e relataram que 800 atletas, de provas que vão dos 800 m à maratona (42,125 km) apresentaram números muito suspeitos. A Rússia teria 80% de seus atletas medalhistas entre os possíveis dopados. O Quênia teria conquistado 18 pódios com ajuda de dopagem.
Os testes teriam mostrado uso de transfusão de sangue e EPO (que aumenta as células vermelhas do sangue).
A Wada deve iniciar uma investigação do caso. Se as denúncias forem comprovadas, pode ser a ruína do atletismo como conhecemos hoje.
Mas mesmo que isso não aconteça, que sejam dados falsos, é uma boa chance para refletir sobre o controle de doping no esporte. Os testes estão sempre atrás da indústria de dopagem. Estamos encontrando hoje meios de detectar drogas usadas há anos. Quando se descobre como detectar uma substância, ela já não é mais a top entre os dopados ou sua utilização é tão bem planejada que é preciso contar só com a sorte para acertar o dia certo de um teste surpresa.
E, em posse de um resultado positivo, sempre pode haver um cartola interessado em não expor um atleta ou um esporte.
Coincidência ou não, a Iaaf anunciou no início da semana um novo potencial escândalo de uso de doping. A entidade fez re-análises de amostras guardadas dos Mundiais de 2005 e 2007. Encontrou 32 testes suspeitos, de 28 atletas que há foram suspenso preventivamente, mas não tiveram seus nomes revelados. Nenhum atleta estará no Mundial de Pequim, a maioria está aposentada.
http://esportefinal.cartacapital.com.br/atletismo-doping-mundial-olimpiada/

Jesús y sus humanidad en el nuevo libro de Frei Betto

Cristina Fontenele* - Adital - Sociedade e Jesus
En sus reflexiones, el autor destaca que la fe es un don políticamente encarnado, no habiendo neutralidad en las elecciones de Jesús, cuando asumía, por ejemplo, la óptica de los pobres en sus enseñanzas...

En su nuevo libro, "Un Dios muy humano: una nueva mirada sobre Jesús", Frei Betto expone la figura de Jesús, "plenamente humano y plenamente Dios", cuya divinidad no sería la negación de la humanidad, sino una convergencia. En la obra, el autor presenta el contexto histórico de un Jesús político, contradictorio, que siempre actuó en defensa de los pobres y que transformaba la sociedad con el amor y la simplicidad.
 
El inconsciente colectivo de Occidente gira en torno de la figura enigmática de Jesús. Según el libro, un líder de la contradicción y dominante en la historia occidental hace cerca de 20 siglos, pero que, tal vez, se zambulliría en la oscuridad si no hubiese un grupo de apóstoles organizado para divulgar su vida y enseñanzas.

Compilados por Mateo, Marcos, Lucas y Juan, los textos bíblicos del Evangelio presentan una síntesis de relatos y acciones de Jesús, contados y enviados de comunidad en comunidad cristianas. Los registros se distancian en más de 40 años de la muerte y resurrección de Cristo y cada Evangelio trae una visión particular de Jesús, siendo el de Juan, según Frei Betto, el que más "desentona” de los demás por el lenguaje alegórico, que enfatiza la doctrina y no los episodios de la vida de Cristo.

Pan nuestro

Frei Betto discurre sobre la figura de Cristo como siendo un hombre político y conflictivo, que irritó a las autoridades judías al rehusarse a idolatrar la política romana y al predicar otro reino, que no era el de César [emperador romano]. El autor defiende que todo cristiano sería, por lo tanto, discípulo de un prisionero político.

En sus reflexiones, el autor destaca que la fe es un don políticamente encarnado, no habiendo neutralidad en las elecciones de Jesús, cuando asumía, por ejemplo, la óptica de los pobres en sus enseñanzas. Así, la espiritualidad de Jesús tenía como nota central el compromiso con los pobres. "La pobreza es un mal, fruto de la injusticia. Sin embargo, el pobre es bienaventurado porque Dios asume su causa". Ningún orden político puede considerar el derecho a la propiedad por encima del derecho a la vida. De esa forma, Frei Betto exhorta a la Iglesia Católica a no confundirse con partidos políticos, sino velar para que todos tengan una vida "en abundancia".

El mandamiento mayor

El libro expone que Jesús habría dejado a cargo de la humanidad el enigma de lo que es amar, y que tal vez, lo más difícil en el mandamiento mayor, "amar al Padre y al prójimo como a ti mismo", sea justamente amarse a sí mismo. "Parece que tan sólo nos soportamos" y, por veces, "nos odiamos". Para el autor, la capacidad de amar sería también selectiva, "amamos a quien nos ama, a quien nos agrada", no siendo tarea fácil delimitar las sutilidades entre amor e interés.

mmgerdauFrei Betto, en uno de los lanzamientos de su más nuevo libro.
En lo que respecta a los enemigos, la prédica de amor de Jesús no significaría soportar callado las ofensas, sino ir más allá y ayudar a esos enemigos a transmutar la figura de opresor o explotador. La radical vocación del ser humano sería "transfigurarse", superarse.

Un Dios accesible

Para Betto, Jesús enseñó que "Dios no está allá arriba", en montañas a escalar, no siendo una propiedad privada de las religiones o de un lugar cultural, sino que puede ser encontrado en el corazón humano.

En la relación de las mujeres con Jesús, el autor destaca la presencia del diálogo y la postura de acogimiento, defendiendo la necesidad de la Iglesia de abrir todos sus ministerios a las mujeres, impedidas hoy de tener acceso al sacerdocio.

Ficha Técnica
Titulo: Un Dios muy humano: una nueva mirada sobre Jesús
Autor: Frei Betto
Editorial: Fontanar
Año: 2015
Páginas: 136
*Cristina Fontenele
Estudiante de Periodismo en Faculdades Cearenses (FAC), publicista y Experta en Gestión de Marketing por la Fundação Dom Cabral (FDC/MG).
Correo electrónico: cristina@adital.com.br e crisfonte@hotmail.com 
http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=ES&cod=86139

Como os bancos tornaram-se uma ameaça global


Por Joseph E. Stiglitz – de Bogotá-Colombia

O G-7 dominava as políticas econômicas globais; hoje, a China é a maior economia do mundo (segundo o critério de poder real de compra das moedas), com poupança cerca de 50% superior à dos EUA...


A III Conferência Internacional de Financiamento para o Desenvolvimento reuniu-se recentemente na capital da Etiópia, Adis Abeba. A conferência aconteceu num momento em que os países em desenvolvimento e mercados emergentes demonstraram capacidade para absorver produtivamente enormes volumes de recursos. As tarefas que esses países estão assumindo – investindo em infraestrutura (estradas, geração de energia, portos e muito mais), construindo cidades onde um dia viverão bilhões de pessoas e movendo-se em direção a uma economia verde – são verdadeiramente enormes.
Rep/Web
Ao mesmo tempo, falta no mundo dinheiro que possa ser utilizado produtivamente. Poucos anos atrás Ben Bernanke, então presidente do Federal Reserve (Banco Central) dos EUA, falou sobre o excesso de poupança global. Apesar disso, projetos de investimento com elevado retorno social estavam parados por falta de fundos. Isso continua sendo verdade hoje. O problema, à época e agora, é que os mercados financeiros do mundo — cuja função deveria ser intermediar eficientemente recursos de poupança e oportunidades de investimento — fazem, ao invés disso, má alocação dos recursos e geram riscos.
Há outra ironia. A maioria dos projetos de investimento de que o mundo emergente necessita é de longo prazo, assim como a maioria dos recursos disponíveis – trilhões em contas de aposentadoria, fundos de pensão e enormes fundos soberanos. Mas nossos mercados financeiros, cada vez mais incapazes de enxergar o longo prazo, atravancam o caminho entre as duas partes.
Muita coisa mudou nos últimos treze anos, desde que a I Conferência Internacional de Financiamento para o Desenvolvimento ocorreu em Monterrey (México), em 2002. Na época, o G-7 dominava as políticas econômicas globais; hoje, a China é a maior economia do mundo (segundo o critério de poder real de compra das moedas), com poupança cerca de 50% superior à dos EUA. Em 2002, as instituições financeiras ocidentais eram consideradas mágicas em gerenciamento de riscos e alocação de capital; hoje, vemos que são mágicas em manipulação de mercado e outras práticas enganosas.
Ficaram para trás os apelos para que os países desenvolvidos honrassem seu compromisso de destinar ao menos 0,7% do seu PIB para ajuda ao desenvolvimento. Algumas poucas nações europeias – Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Suécia e, surpreendentemente, o Reino Unido, em meio a sua austeridade autoinfligida – cumpriram as promessas em 2014. Mas os Estados Unidos (que doaram 0,19% do PIB em 2014) encontram-se muito, muitíssimo atrás.
Agora, os países em desenvolvimento e mercados emergentes dizem aos EUA e aos outros ricos: se não vão cumprir suas promessas, ao menos saiam do meio do caminho e deixem-nos criar uma arquitetura de economia global que trabalhe também para os pobres. Não surpreende que os países hegemônicos, liderados pelos EUA, estejam fazendo de tudo para frustrar tais esforços. Quando a China propôs o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, para ajudar a destinar parte de seu excesso de poupança para onde os recursos são extremamente necessário, os EUA tentaram torpedear o esforço. O governo do presidente Barack Obama sofreu, então, uma derrota doída e altamente embaraçosa.
Os EUA estão também bloqueando os caminhos do mundo em direção a uma lei internacional sobre dívidas e finanças. Para que os mercados de títulos funcionem bem, por exemplo, é necessário que se encontre uma forma organizada de resolver casos de insolvência dos países. Hoje, essa forma não existe. Ucrânia, Grécia e Argentina são exemplos do fracasso dos acordos internacionais existentes. A grande maioria dos países reclama a criação de um caminho para a reestruturação das chamadas “dívidas soberanas”. Washington continua a ser o maior obstáculo.
O investimento privado também é importante. Mas as novas disposições de investimento embutidas nos acordos comerciais que o governo Obama está negociando, com seus parceiros do Atlântico e Pacífico, sugerem que qualquer investimento direto no exterior terá agora, como contrapartida, uma acentuada limitação na capacidade dos governos de regular o meio ambiente, a saúde, as condições de trabalho e até mesmo a economia.
A posição dos EUA relativa à parte mais disputada da conferência de Adis Abeba foi particularmente decepcionante. Como os países em desenvolvimento e mercados emergentes abriram-se para as multinacionais, torna-se cada vez mais importante que eles possam tributar esses gigantes sobre lucros gerados pelos negócios ocorridos dentro de suas fronteiras. Apple, Google e General Electric têm revelado enorme capacidade de driblar tributos que excedam o que empregaram na criação de produtos inovadores.
Todos os países – tanto desenvolvidos como em desenvolvimento – vêm perdendo bilhões de dólares em receitas tributárias. No ano passado, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos divulgou informações sobre fraude e evasão fiscal em escala global, praticadas graças às regras tributárias frouxas de Luxemburgo, um paraíso fiscal. Talvez um país rico, como os EUA, possa arcar com o comportamento descrito no chamado Luxemburgo Leaks, mas os países pobres não podem.
Integrei uma comissão internacional, a Comissão Independente para a Reforma da Tributação de Corporações Internacionais, que examinou as possibilidades de reforma do sistema tributário atual. Num relatório apresentado à III Conferência Internacional de Financiamento para o Desenvolvimento, fomos unânimes em afirmar que o sistema atual está quebrado, e que pequenos ajustes não o consertarão. Propusemos uma alternativa – semelhante ao modo como as corporações são taxadas dentro dos EUA, com lucros alocados a cada estado com base na atividade econômica ocorrida dentro de suas fronteiras. Os EUA e outros países desenvolvidos têm pressionando para fazer apenas pequenos ajustes, a serem recomendados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clube dos países mais ricos. Em outras palavras, os países de onde vêm os fraudadores e evasores fiscais, poderosos politicamente, deveriam conceber um sistema capaz de reduzir a evasão fiscal. Nossa Comissão explica por que as reformas da OCDE, ajustes num sistema fundamentalmente falho, são, na melhor das hipóteses, simplesmente inadequadas.
Os países em desenvolvimento e mercados emergentes, liderados pela Índia, argumentaram que o fórum apropriado para discutir tais temas globais é um grupo já existente dentro das Nações Unidas, o Comitê de Especialistas em Cooperação Internacional e Assuntos Tributários, cujo status e orçamento precisavam ser elevados. Os EUA opuseram-se fortemente: quiseram manter as coisas como no passado, com a governança global feita pelos e para os países desenvolvidos.
Novas realidades geopolíticas demandam novas formas de governo global, com mais voz para países emergentes e em desenvolvimento. Os EUA prevaleceram em Adis Abeba, mas também mostraram que estão no lado errado da história.
Joseph E. Stiglitz , é Professor universitario da Universidade de Columbia.
http://correiodobrasil.com.br/como-os-bancos-tornaram-se-uma-ameaca-global/