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10.26.2021

Preços da Comida, Conta de Luz e Combustíveis como entender a alta desses preços ?

 Você sabe o que é carestia?

por redação do Brasil de Fato – Sociedade e Autoridades deixam o país sem rumo

Estamos vivenciando não somente a carestia, mas um aumento histórico do desemprego no país. São mais de 14 milhões de pessoas desempregadas - Getty Images-Brasil de Fato

Por que comida sobe tanto?

Quando a oferta de um produto cai e a procura aumenta, os preços sobem. É justamente o que acontece no Brasil: enquanto o agronegócio bate recordes de exportação, milhões de famílias comem cada vez menos.

1.Desmonte dos programa sociais

Bolsonaro e sua equipe extinguiram o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), que garantia participação social no desenvolvimento de políticas para o setor. Além disso, cortou recursos e enfraqueceu do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que prioriza cada vez menos os alimentos da agricultura familiar.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também enfrenta cortes, prejudicando agricultores e deixando escolas e creches reféns do agronegócio. Segundo a própria ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tere
za Cristina, quase metade dos recursos ao PAA não foram aplicados.
Outro exemplo é o Programa de Cisternas, que garantia armazenamento de água, e que sofreu a maior redução de orçamento da história.
O presidente vetou ainda a Lei Assis Carvalho, aprovada na Câmara e no Senado para fomentar a produção de limentos, com crédito de emergência, aquisição de comida para doação, equação do endividamento e assistência técnica.

2.Incentivo apenas para soja e para exportação

Este ano, a colheita da soja totalizou 113,4 milhões de toneladas, gerando, só em agosto, uma receita de exportação de quase 11 bilhões de dólares. Quase toda a produção vai para fora do país, principalmente para a China. A soja recebeu 47,3% do valor total do Plano Safra 2021/2021, que deveria incentivar a agricultura como um todo.
Além de ocupar áreas que poderiam servir ao plantio de alimentos, a cadeia da soja emprega menos que outros cultivos e é conhecida pelo uso desenfreado de agrotóxicos e transgênicos.
3.Especulação financeira e falta de estoques públicos
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi fundada em 1990 para garantir segurança alimentar em emergências, como uma pandemia. Se o preço dos alimentos subisse, o governo poderia vender os estoques a preços mais baixos.
Como desmontou a Conab e não possui um estoque regulador, Bolsonaro deixou de ter controle sobre oferta e demanda. Hoje, a definição dos preços é subordinado ao interesse do mercado financeiro global, e não às necessidades da população.
4.Desemprego e baixa renda
O Brasil precisaria empregar 5,6 milhões de pessoas para voltar aos patamares de antes da pandemia, que já eram desesperadores. A renda média por trabalhador empregado também caiu.
A cesta básica em agosto subiu na maioria dos estados, e a única alternativa proposta pelo governo é precarizar ainda mais o trabalho, com medidas que retiram direitos.

O energia elétrica é uma das mais do mundo

Para justificar os aumentos na conta de luz, o governo tem alegado que a crise hídrica fez despencar o nível dos reservatórios brasileiros. O governo diz que, se a população não aderir ao “consumo racional”, seremos castigados com racionamentos de energia elétrica e mais reajustes.
Esse foi o tom do pronunciamento feito em rede nacional do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, antes do aumento da tarifa da bandeira vermelha em 52%.
Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam que o volume de água que entrou nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras no último ano foi o quarto maior da década.
1.Privatizações vão piorar o cenário
Com a venda da Eletrobras, que foi aprovada pelo Congresso em junho, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
estima um custo adicional de R$ 400 bilhões aos consumidores nos próximos 30 anos.
Além disso, o Brasil viverá os efeitos da chamada “conta-covid”, financiamento emergencial feito pelo governo destinado ao setor elétrico durante a pandemia, cujas parcelas e juros serão cobrados na fatura a partir de 2022.
2.De novo, a política de preços
No Brasil, é barato produzir energia elétrica. O que encarece é comprar de usinas privadas.

Hoje, mais de 70% da energia consumida é produzida por cerca de 220 hidrelétricas que funcionam com custos baixíssimos. Essas usinas usam como matéria-prima a água, que é gratuita.
A Eletrobras, por exemplo, vende 1.000 kWh de energia por R$ 65 para as distribuidoras, enquanto companhias privadas cobram cerca de R$ 300, de acordo a Aneel.
Como consequência da política de preços das usinas privatizadas, o consumidor final, porém, paga mais de 10 vezes o valor cobrado pela Eletrobras (R$ 800,00 por 1.000kWh, em média).
3.Os ricos pagam menos
A conta de luz não é cara para todos. Indústrias, shopping centers e empresas
agrícolas pagam tarifas até 10 vezes mais baratas que o conjunto da população. Eles são classificados como “consumidores livres”, e também pagam menos impostos.
Quem paga essa diferença somos nós, chamados de “consumidores cativos”. Na prática, estamos obrigados a aceitar as tarifas que as empresas do setor elétrico e a Aneel decidem, sem participação popular.
4.Lucros abusivos
Os 15 maiores grupos proprietários de usinas, linhas de transmissão e distribuição de energia no Brasil tiveram lucro líquido de R$ 85
bilhões entre 2015 e 2019. No mesmo período, eles pagaram mais R$ 57 bilhões em juros a bancos, e isso tudo é cobrado nas tarifas de luz.
Descontados todos os custos e impostos, em cinco anos essas empresas embolsaram R$ 140 bilhões por meio das contas de luz. Isso equivale a R$ 1.600,00 por consumidor. É como se cada família brasileira tenha doado o equivalente a 5 meses da ajuda emergencial para o enriquecimento dos bancos e das empresas transnacionais que comandam o setor elétrico no país.
5.O governo joga no time das grandes empresas
Só este ano, a conta de luz subiu 30%. O governo autoriza reajustes abusivos, permitindo às empresas do setor aplicarem quatro tipos
de aumentos: via bandeiras tarifárias, reajuste anual, revisão periódica e revisão extraordinária.
O governo também autorizou as companhias a cobrarem uma nova taxa, chamada Bandeira da Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 142,00 para cada 1.000 kWh consumidos. Se essa taxa não existisse, a conta de luz seria 23% mais
barata.
Esse aumento custa R$ 3,5 bilhões a mais por mês para os consumidores. O governo também permite a prática de “preço por horário”, o que significa que, das 17h às 21h, sua tarifa poderá ser 85% mais cara.

“Ninguém tem dúvida de que os preços estão subindo. Basta fazer as contas para perceber que o salário dura cada vez menos. Bolsonaro tem culpa pelos reajustes na comida, na luz e nos combustíveis.  Afinal, por que os preços não param de subir?”

Combustível

O reajuste dos combustíveis é a principal causa da inflação, que está em torno de 7% desde janeiro.
Só este ano, o preço médio da gasolina já subiu 35,5% nos postos de combustíveis. Ou seja, quem pagava R$ 28 por dez litros de gasolina no início do ano, hoje paga R$ 37.
Tudo isso, em um país autossuficiente em petróleo. Entre abril de 2016 e setembro de 2021, a produção nacional cresceu 33%. Graças às décadas de investimento público na Petrobras e à descoberta do pré-sal, o custo de extração reduziu quase 40% e o custo de refino caiu 30%.
Para o consumidor, no mesmo período, a gasolina subiu 86,1%, o diesel subiu 69,6% e o botijão de gás disparou 84,3%.

“35,5% foi o aumento da gasolina ao longo de 2021. Quem pagava R$ 28 por dez litros de gasolina hoje paga R$ 37”

Segundo o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o Brasil tem “todas as condições de garantir o abastecimento nacional, com preços de combustíveis justos para a população”.

Então, onde mora o problema dos combustíveis?
1.Paridade de Importação
O motivo dos reajustes é o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI), política implementada pela Petrobras em outubro de 2016, logo após o impeachment de Dilma Rousseff.
Desde então, o preço dos derivados produzidos nas refinarias brasileiras aumenta toda vez que o valor do barril sobe no exterior. Para completar, quando o dólar aumenta, a diferença é repassada ao consumidor.
2.Refinarias
Hoje, nossas refinarias operam com uma capacidade abaixo de 75%. Desde o governo Michel Temer, o Brasil aumentou as exportações de petróleo bruto e colocou à venda oito das 13 refinarias da Petrobras, privatizando a BR Distribuidora, a Liquigás e praticamente todo o setor de logística, responsável pelo escoamento e distribuição de petróleo, gás e derivados.
3.Presidente
Durante o governo Bolsonaro, a inflação acumula 15,20% (IPCA/IBGE), e o preço do barril de petróleo subiu 73,2%. Ou seja, os combustíveis foram reajustados muito acima da inflação e até mesmo da variação do petróleo no mercado internacional.
“Nos dois governos do ex-presidente Lula, o preço do barril do petróleo sofreu uma variação de 223%, mas a gasolina aumentou apenas 18%, o diesel, 30% e o gás de cozinha teve o preço congelado entre 2003 e 2014, por meio de uma política de subsídios”, lembra o coordenador da FUP.
Ou seja, o Estado tem instrumentos para controlar o preço cobrado do consumidor.
Continuar com os reajustes abusivos é uma escolha de Bolsonaro e sua equipe.

Publicado no Brasil de Fato: 26 de Outubro de 2021

Fontehttps://www.brasildefato.com.br/2021/10/26/brasil-de-fato-lanca-tabloide-sobre-as-causas-e-impactos-do-aumento-do-custo-de-vida-no-brasil