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9.29.2016

Maioria dos brasileiros quer menos carros particulares nas ruas

  • Questionados sobre qual meio de transporte seria escolhido para circular na cidade, se houvesse infraestrutura adequada, o ônibus seria a escolha de 42% dos entrevistados
por Camila Boehm, da Agência Brasil - Sociedade, Cidadania e Mobilidade Urbana
OSWALDO CORNETI/FOTOS PÚBLICAS
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Pessoas concordam com a redução do espaço para os carros quando enxergam benefícios para os outros meios de transporte
São Paulo – A maioria dos brasileiros (74%) é a favor de ações que reduzam o espaço do veículo particular nas ruas se o motivo for dedicar esse espaço para ciclovias, corredores de ônibus e calçadas, apontou pesquisa sobre mobilidade urbana encomendada pelo Greenpeace ao Instituto Datafolha. A pesquisa foi realizada com 2.098 entrevistados de 16 anos ou mais, em 132 municípios de todas as regiões do país.
Inicialmente, a pesquisa consultou a população sobre três medidas, em perguntas separadas, que desestimulariam o uso do carro. Aquela que teve maior aceitação foi a de redução do número de vagas para carros nas ruas, que teve o apoio de 47% da população. Uma fatia de 41% foi contrária à medida, 9% são indiferentes e 3% não responderam.
A segunda questão foi sobre a redução do número de faixas para carro nas vias, que apresentou tendência inversa: 40% foram a favor da medida e 49%, contra. A parcela de indiferentes é de 8%, e 4% não souberam opinar. O fechamento de determinas ruas para carros, que corresponde à terceira pergunta, foi a questão que teve maior resistência entre os brasileiros: 36% a favor, 52% contra a medida, e os demais indiferentes (8%) ou não responderam (3%).
Após essas questões apresentadas, a pesquisa consultou os entrevistados sobre o motivo para que houvesse a redução do espaço para carros particulares e, somente então, veio a maior aceitação, com 74%.
"Primeiro perguntamos para as pessoas o que elas achavam de cada uma dessas três medidas e em seguida perguntamos para as pessoas se, (por meio) dessas medidas de redução, fosse dado espaço para esses outros meios de transporte, se ela era contra ou a favor. A diferença é que a primeira vez perguntamos só com a medida em si. Mas quando explicamos que isso vai ser usado para dar espaço para outros modos de transporte, as pessoas são a favor", explicou Vitor Leal, da campanha de Mobilidade Urbana do Greenpeace.
De acordo com ele, as pessoas tendem a concordar com a redução do espaço para os carros quando enxergam um benefício para os outros modelos de transporte. No início, segundo Leal, as pessoas veem essas medidas como uma perda, porque estão tirando espaço do carro, mas depois conseguem ver o benefício de se fazer isso. Segundo ele, é necessário a abertura de diálogo entre o governante e a população para esclarecer a questão.
"Uma das coisas que vemos que é importante a partir desse cenário é que o poder público precisa dialogar mais com a sociedade, explicando melhor para que servem as coisas e não tirar o espaço sem explicar o que está acontecendo. Fazer uma discussão dizendo olha, vamos colocar mais corredores de ônibus, isso significa que vai ter menos pistas para os carros, mas isso vai diminuir o trânsito, isso vai garantir um transporte de qualidade", disse.

Preferências

Questionados sobre qual meio de transporte seria escolhido para circular na cidade, se houvesse infraestrutura adequada, o ônibus seria a escolha de 42% dos entrevistados, seguido por carro (23%) e bicicleta (21%) – na prática, os dois últimos estão empatados pela margem de erro de dois pontos da pesquisa.
Para Leal, foi uma grande surpresa perceber que as pessoas valorizam o transporte público. "São dados importantes para vermos que há uma valorização do transporte público e aí entendemos que o poder público não está respondendo adequadamente a isso, porque boa parte dos investimentos vai para espaços para o automóvel", disse.
"O que está faltando então é as pessoas sentirem que é possível: um ônibus de qualidade, uma tarifa justa, ônibus que não poluam tanto e que não façam tanto barulho, ciclovias, infraestrutura para bicicleta e para pedestre. As pessoas escolhem o carro muitas vezes porque sentem que os outros meios de transporte não tem qualidade suficiente", acrescentou.
Ele ressalta que boa parte da discussão dos candidatos à eleição na capital paulista se dá em torno da redução de velocidade nas vias, especialmente as Marginais Tietê e Pinheiros, no entanto, não é um tema que atinge a maior parte da população. "É um tema que importa para uma parcela pequena da população, que é a que usa carro e que vai para a marginal e que é contra (a redução de velocidade)".
"O que fica claro para mim é que as pessoas estão interessadas em como garantir a mobilidade delas e, se significa tirar espaço do carro para dar para outros modos de transporte, isso é ótimo, mas continuamos vendo os discursos de candidatos do Brasil inteiro que continuam falando só para quem anda de carro e, de vez em quando, falam um pouco sobre ônibus de um jeito genérico", avaliou.

"Eu gosto de chegar logo"

O músico Daniel Daibem, 43, mora na Consolação, região central da capital paulista, e escolheu utilizar ônibus e andar a pé para se locomover pela cidade. "Hoje a minha resposta seria irônica para a pergunta 'por que você prefere o ônibus e não o carro?'. Porque eu gosto de chegar logo. É uma resposta que podemos dar nos últimos três anos por causa dos corredores", disse.
Os motivos para essa decisão incluem a economia do ônibus em relação ao carro particular e a possibilidade de realizar outras tarefas enquanto está sendo conduzido, como falar ao telefone, mandar e-mail e trabalhar. Ele utiliza aplicativos de celular que o ajudam a se organizar. Por meio deles, Daniel pode consultar que linhas de ônibus o levam para cada destino e ainda para saber a que distância está o ônibus que ele pretende pegar.
Sobre o congestionamento caótico da capital paulista, ele dá uma dica. "Hora do rush não é hora de entrar no trânsito. Hora do rush é hora de fazer inglês, hora de ir na terapia, hora de tomar sorvete, hora de fazer qualquer coisa, menos entrar no trânsito. (As pessoas) poderiam ter essa iniciativa de se organizar, de não se enfiar no trânsito".
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/09/maioria-dos-brasileiros-quer-menos-espaco-para-carro-particular-nas-ruas-8551.html

A privatização da Petrobrás avança rapidamente

  • Indústria do petróleo aplaude iniciativa neoliberal do governo Temer
  • De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Jorge Camargo, há uma expectativa de que o projeto que privatiza a Petrobras na operação de todos blocos do pré-sal seja aprovado ainda neste ano, após as eleições municipais

Päl Eitrheim, diretor da estatal norueguesa, Estatoil, 
no Brasil, diz que companhia veio para ficar
O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Jorge Camargo, espera que o projeto que privatiza a Petrobras, na operação pré-sal, seja aprovado ainda neste ano. Após as eleições municipais. A exigência do nível de nacionalização de equipamentos exigido no setor também é alvo das multinacionais. Há um grupo de trabalho criado pelo governo junto a associações da indústria, para rever tal posição.

Preço do petróleo

— As reuniões (com o governo) têm sido muito boas. Temos levado essa agenda da indústria e ele (o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho). Ele tem nos dito que essa é a agenda que o governo pretende implantar. Ele tem dado muito apoio a essas mudanças”, disse Camargo a jornalistas.
O presidente do IBP acrescebta que melhorias na regulamentação que tornem o Brasil mais competitivo podem dobrar a participação do país nos investimentos globais. Tanto em exploração quanto na produção de petróleo, dos atuais 5,8% para entre 7% e 10%. Esse avanço “poderia ajudar inclusive na recuperação do Brasil diante da atual crise econômica”, diz ele.
— Daí a importância de a gente ter um sentido de urgência nessas mudanças necessárias para o setor de óleo e gás retomar. Os principais setores brasileiros dependem de certa retomada da economia para voltar a crescer. A indústria de petróleo não, ela é relativamente independente, só depende do preço do petróleo. Pode ser um alavancador e ajudar a retomada da economia — afirmou.
Ele disse que, diante da recessão econômica e da crise da Petrobras, o setor vive talvez sua pior fase no país em 60 anos. Mas segue animado com as sinalizações de mudança nas políticas energéticas apresentadas na gestão Temer. O presidente de facto assumiu o país após a cassação da presidente Dilma Rousseff, após a edição de um golpe de Estado.

Pré-sal brasileiro

O presidente da norueguesa Statoil no Brasil, Päl Eitrheim, também defendeu as mudanças citadas pelo IBP, como na operação do pré-sal pela Petrobras e no conteúdo local. O comentário do executivo foi em linha com declarações do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Ele afirmou, na véspera a Michel Temer, que mudanças em questões regulatórias podem dar resposta rápida para ajudar na retomada da economia brasileira.
O presidente da Statoil no Brasil reafirmou o grande interesse da companhia no país, onde ela é líder como operadora estrangeira.
Segundo afirmou, os recursos energéticos brasileiros são provavelmente os maiores e melhores do mundo.
Ele lembrou que hoje os países competem globalmente pelos investimentos. Com suas grandes reservas, o Brasil precisa apenas “ajustar a regulamentação”, ou seja, vender seus ativos.
— Isso vai se traduzir em oportunidades no futuro. A Statoil já investiu no país e quer investir mais. É uma região ‘core’ para nós, a mais importante que temos fora da Noruega. E estamos no país para o longo prazo. Não para os próximos dois ou três anos, mas para os próximos 30 a 50 anos — conclui Eitrheim.
http://www.correiodobrasil.com.br/industria-do-petroleo-aplaude-iniciativa-neoliberal-do-governo-temer/