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1.21.2016

Zika vírus: riscos, como é transmitida, prevenção e microcefalia nas Américas

  • Jornal El País: dez perguntas sobre o zika vírus
  • No Brasil, o ministério da Saúde recomenda que as mulheres grávidas se protejam da picada de insetos, evitando horários e lugares com a presença de mosquitos

Por Jornal do Brasil - Sociedade e Saúde Pública
No Brasil, até o momento, o Ministério da Saúde confirma três mortes possivelmente relacionadas ao vírus zika
No Brasil, até o momento, o Ministério da Saúde confirma três mortes possivelmente relacionadas ao vírus zika
A doença tomou proporções internacionais. Foi preparado uma lista com dez respostas sobre o zika vírus e sua relação com a microcefalia.
1. O que é o zika vírus?
É um vírus semelhante filogeneticamente aos da dengue e da febre amarela. Foi descoberto pela primeira vez na floresta de Zika, em Uganda, em 1947, em macacos monitorados cientificamente para o controle da febre amarela. Até 2007, entretanto, ele era relativamente desconhecido, até que surgiu um grande surto na ilha de Yap e em outras ilhas próximas aos Estados Federados da Micronésia (acima da Austrália), com 8.187 afetados. Entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014, um novo surto atingiu a Polinésia Francesa, com 8.264 casos suspeitos.
2. Como ele é transmitido?
O principal modo de transmissão é por meio do mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti. Mas há relatos de transmissão sexual (ele se mantêm no esperma por mais tempo), perinatal (da mãe para o feto) e sanguínea. O vírus não é transmitido pela amamentação.
3. Quais são os principais sinais e sintomas da doença?
A grande maioria das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas, porém quando presentes são caracterizadas por manchas vermelhas pela pele, febre intermitente, manchas nos olhos, dores musculares, nas articulações e de cabeça. Com menos frequência, foram registrados edema, dor de garganta, tosse, vômitos e presença de sangue no esperma. Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente entre três e sete dias. As dores nas articulações, porém, podem persistir por até um mês.
4. Há tratamento para o zika vírus?
Não existe tratamento para a doença. Os sintomas, esses sim, podem ser controlados com o uso de paracetamol ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. É desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas.
5. Há vacina para prevenir a doença?
Ainda não há uma vacina contra o zika vírus. Em dezembro, porém, o Instituto Butantã começou a última fase de testes de uma vacina contra a dengue.
6. Como prevenir?
Como até o momento o grande suspeito de causar o problema é o zika vírus, o ideal é evitar a propagação do Aedes aegypti, mosquito que também transmite quatro tipos de dengue e o chikungunya, uma doença que ataca as articulações e provoca dores bastante intensas. O mosquito se prolifera em água limpa parada, por isso é importante evitar que ela se acumule em pneus, vasos de plantas e qualquer outro recipiente aberto. Para evitar picadas, use repelentes e telas nas janelas e portas.
7. Quais são os países afetados pela doença?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, somente em 2015, foram confirmados casos de zika em nove países das Américas: Brasil, Chile - na ilha de Páscoa -, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela. Nesta semana, as autoridades norte-americanas confirmaram o primeiro caso de zika no país: um homem que vive no Texas. Ele visitou El Salvador recentemente.
8. Qual é a relação entre o zika vírus e a microcefalia?
No Brasil, foram registrados, no ano passado, 1,6 milhão de casos prováveis de dengue. Como a zika é considerada uma dengue leve, os infectados por essa doença acabam entrando nessa contabilidade.
A Colômbia é outro país com alto número de infectados: ao menos 11.000 casos confirmados, segundo as informações mais recentes.
No final de novembro, após uma alta incidência da doença em alguns Estados no Brasil onde também há alta do número de casos de zika vírus, foi confirmada, pelo ministério da Saúde a relação entre o zika e a microcefalia. A evidência ocorreu após um estudo que detectou a presença do vírus zika em mostras de sangues coletadas de um bebê que nasceu com microcefalia no Ceará e acabou morrendo.
9. Quais são as recomendações para mulheres grávidas?
Ainda não se sabe como o vírus atua no organismo humano ou quais mecanismos levam à microcefalia, mas os casos estão sendo investigados.
No Brasil, o mais recente boletim epidemiológico contabiliza 3.530 casos de microcefalia relacionados à infecção pelo zika vírus entre outubro de 2015 e o início deste ano no país. Estão em investigação 46 óbitos de bebês com microcefalia possivelmente relacionados ao vírus zica.
Na semana passada, os Estados Unidos registraram o primeiro caso de microcefalia ligado ao zika vírus, no Havaí. Segundo informou o jornal The New York Times, a mãe do bebê teria sido infectada pela doença quando viajou ao Brasil, em maio do ano passado.
Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças recomenda que mulheres grávidas não viajem a 14 países da América Latina, dentre eles, Brasil, Porto Rico e Colômbia.
No Brasil, o ministério da Saúde recomenda que as mulheres grávidas se protejam da picada de insetos, evitando horários e lugares com a presença de mosquitos, usem roupas que protejam a maior parte do corpo e usem repelentes.
10. O zika já provocou mortes?
No Brasil, até o momento, o Ministério da Saúde confirma três mortes possivelmente relacionadas ao vírus zika: um bebê, um homem que também tinha lúpus e uma menina de 16 anos.
Fonte - http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2016/01/21/el-pais-dez-perguntas-sobre-o-zika-virus/

Grupos estão aproveitando sobras de comida para alimentar 1,6 milhão de brasileiros(as)

  • Como alguns grupos estão livrando comida do lixo para alimentar 1,6 milhão de brasileiros

    • Cerca de 100 projetos funcionam no Brasil, somando os administrados pela sociedade civil e pelo Estado

    Por redação do site Conexão Jornalismo - Sociedade e Combate a Fome 

Foto Diário do Centro do Mundo/DW
O trabalho deste grupo começa quando o fim da feira se aproxima: Daniel Ferratoni e Lucila Matos espalham contêineres entre as barracas para recolher frutas, verduras e legumes que iriam para o lixo. Eles são idealizadores do Banco de Alimentos de Santos, no litoral norte paulista, uma organização focada em combater o desperdício e distribuir esses alimentos em comunidades em situação vulnerável.

Todas as quartas-feiras, Daniel, engenheiro, e Lucila, formada em relações internacionais, recolhem em torno de 200 quilos de comida. "Os feirantes separam para a gente principalmente talos e folhas de alimentos, como brócolis e cenoura, que o cliente não leva na hora da compra", diz Daniel. "Mas também recolhemos caixas fechadas de frutas e vegetais mais perecíveis que eles não conseguem vender", completa.

"Gosto de ajudar, sei que essa comida mata a fome de muita gente", diz Lívia, feirante há 22 anos e uma das colaboradoras mais fiéis. Nesta quarta-feira, a barraca dela doou vagem, jiló, chuchu, pepino, brócolis e tomate.

A iniciativa em Santos, fundada em janeiro, buscou inspiração dentro e fora do Brasil. Lucila acompanhou o trabalho em Bonn e Colônia, na Alemanha - um dos países pioneiros, onde mais de 900 bancos de alimentos estão em funcionamento. "De lá, trouxemos a ideia de distribuir os alimentos diretamente nas comunidades. Aqui no Brasil, a maioria recolhe a comida e entrega em instituições", conta.

Combate a fome

O primeiro banco de alimentos do Brasil surgiu em 1994, fundado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), em São Paulo. O movimento, com o objetivo de combater o desperdício e a fome, se expandiu num ritmo tímido entre as outras unidades do país, e algumas ONGs, como a Banco de Alimentos SP e a Banco de Alimentos de Porto Alegre, foram criadas com o mesmo objetivo.

O primeiro banco de alimentos criado com verba do governo federal surgiu somente em 2003. Atualmente, são 78, apoiados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). "Eles estão em funcionamento em todas as regiões do país, em 24 estados, 16 capitais, com uma cobertura de 60% dos municípios acima de 300 mil habitantes", informou o MDS à DW Brasil.

Essas regiões são estratégicas, porque concentram grandes redes varejistas, indústrias alimentícias e centrais de abastecimento - locais onde, segundo o ministério, as perdas e o desperdício de alimentos são alarmantes.

Atualmente, cerca de 100 projetos funcionam no Brasil, somando os administrados pela sociedade civil e pelo Estado. A comida recolhida é fonte de alimento para mais de 1,6 milhão de pessoas no país, calcula o governo federal.

Todos os anos, estima-se que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos bons para o consumo sejam descartados. No Brasil, um dos maiores produtores agrícolas mundiais, esse número é de quase 27 milhões. Ao mesmo tempo, cerca de 805 milhões de pessoas passam fome no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Fila na hora da partilha

Em Santos, o alimento recolhido na feira é transportado por uma Kombi "coletiva", usada em outro projeto social na região. A comida é distribuída entre 100 famílias da comunidade Alemoa, bairro de baixa renda, endereço de 970 famílias.

Na casa da líder comunitária, Maria Lúcia Cristina Jesus Silva, as caixas coletadas são pesadas e, na sequência, distribuídas. "Muita gente sobrevive com isso", conta Maria, moradora da comunidade desde 1974.

Uma hora antes da partilha, uma fila começa a se formar. Os moradores trazem uma sacola, recebem uma senha e podem escolher o que levar para casa. "Eu pego para mim e para minha vizinha, que está doente", conta Antônio, 63 anos, desempregado.

O projeto de Daniel e Lucila foi fundado a partir de um financiamento coletivo de internautas. Eles não têm salários e contam com oito voluntários. Maycon Henrique, de 14 anos, sempre participa às quartas-feiras, depois que sai da escola. "Eu gosto de ajudar minha comunidade. E sempre levo para casa alface, melancia e melão que iriam para o lixo. Minha mãe também gosta."
Fonte - http://www.conexaojornalismo.com.br/audiencia_na_tv/como-alguns-grupos-estao-livrando-comida-do-lixo-para-alimentar-,-milhao-de-brasileiros-86-36775

O envelhecimento é um processo pouco conhecido

  • O envelhecimento não é mais um destino: é um processo configurável

    • As mulheres são mais importantes, elas contribuem para a preservação e reprodução da espécie muito mais do que os homens

Por site Diario do Centro do Mundo/DW - Sociedade e Terceira Idade
velhice
Foto: Publicado na DW

A cada ano que passa, as pessoas estão vivendo mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa média de vida hoje é de 71 anos, levando em conta a média global e ambos os sexos – em 1990, ela era de apenas 64 anos. No Brasil, esse índice melhora: os brasileiros vivem, em média, 75 anos.
Em entrevista à DW, o ginecologista Bernd Kleine-Gunk, presidente da Sociedade Alemã de Prevenção e Medicina Antienvelhecimento (GSAAM, na sigla em alemão), enumera os diversos fatores favoráveis a essa maior longevidade. Mas garante não haver uma fórmula secreta de rejuvenescimento: “Existem, porém, muito bons conselhos.”
DW: Por que as pessoas estão vivendo mais – pelo menos no Ocidente?
Bernd Kleine-Gunk: Existem diversos fatores favoráveis. Os cuidados médicos, por exemplo, estão em constante progresso. Mas sabemos que isso não é o mais importante. O fator decisivo é que hoje temos melhores condições de vida, como melhor alimentação e melhor higiene. Esses aspectos influenciam mais na expectativa de vida da população do que a medicina propriamente dita.
O que podemos aprender com as chamadas “zonas azuis”, onde as pessoas vivem mais do que a média mundial?
Não existe um denominador comum em todas elas. Em cada região, a população leva um estilo de vida diferente. Na Sardenha, por exemplo, eles afirmam que o vinho tinto é o segredo de sua longevidade. Já na ilha japonesa de Okinawa, o segredo seria a alimentação à base de algas. No entanto existem alguns fatores comuns: ninguém que chegou aos 100 anos, em qualquer dessas regiões, estava acima do peso. Pelo contrário, eles são adeptos da restrição calórica há décadas, como recomendam os especialistas em rejuvenescimento. Mas não como medida dietética consciente, e sim porque não tiveram alimento suficiente por muitos anos.
Além disso, a base de sua dieta são frutas e verduras. Muitos deles são agricultores e continuam trabalhando enquanto a idade – e o físico – permita. Por isso, passam muito tempo respirando ar fresco e adquirindo bons níveis de vitamina D. E, por último, o mais importante: eles estão bem arraigados em suas famílias e comunidades. Nenhum deles vive num lar de idosos. Esse sentimento de “Eu sou útil e tenho um papel a desempenhar na vida” é crucial e lhes dá forças para que continuem vivendo.
Qual é a importância da atitude pessoal para se viver mais?
Gente otimista e afetuosa tem mais amigos durante a velhice. Quem é amável também é digno de ser amado. É bom se sentar junto com essas pessoas – com os rabugentos, nem tanto assim. Descobrimos que essa é também uma fantástica profilaxia da demência. O cérebro é um órgão social: precisamos do intercâmbio com os outros, e ele é muito mais fácil com os que têm uma estrutura básica amigável do que com os que vivem como lobos solitários.
Existe alguma fórmula para permanecer jovem por mais tempo?
Uma fórmula única, seguramente não. Mas existem conselhos muito bons. Um deles é: não deixe de fazer as coisas de que gosta. Nenhum artista deixa de pintar aos 65 anos, ou de escrever, ou de tocar música. Outro conselho: evite tudo aquilo o que faz envelhecer e morrer prematuramente, sobretudo fumar. Mais uma dica: cuide de seu peso, siga uma dieta equilibrada. E nunca perca a curiosidade pela vida. Se estou sempre descobrindo coisas novas e belas, tenho uma boa motivação para seguir vivendo.
Por que envelhecemos?
Estamos na Terra porque temos um objetivo biológico básico, que consiste em transmitir nossos genes às gerações seguintes. Feito isso, nos tornamos prescindíveis. Então passamos a envelhecer de maneira significativa e mensurável. Até os 30 anos, quando a missão de reproduzir normalmente foi cumprida, permanecemos jovens. A partir daí, não somos mais interessantes para a Mãe Natureza. Quem, então, ainda quiser se manter jovem e saudável, precisa se cuidar muito.
As mulheres se tornam inférteis antes dos homens, mas a expectativa de vida delas ainda é maior. Como isso se explica?
Há duas teorias. A primeira é que as mulheres são mais importantes. Elas contribuem para a preservação e reprodução da espécie muito mais do que os homens, por meio da gravidez, da amamentação e da criação dos filhos. Dessa forma, estão mais protegidas biologicamente.
A outra versão é a assim chamada “hipótese da avó”. Ela postula que as mulheres de idade avançada, mesmo que inférteis, ainda mantêm um papel importante na educação e criação dos netos, o que também ajuda a preservar a espécie. Por isso as mulheres vivem mais. Homens idosos, por sua vez, são só uma boca inútil para alimentar.
O que ocorre com o corpo quando envelhecemos?
Várias coisas, muito diversas. Basicamente, podemos distinguir sete pilares do envelhecimento. Um deles é a oxidação, um processo pelo qual são gerados os chamados radicais livres, que passam a nos contaminar. Há também o processo de glicosilação, em que o açúcar se associa à proteína, impedindo que os tecidos do corpo funcionem corretamente.
Outro pilar do envelhecimento são as inflamações crônicas – aquelas que ocorrem em pequena escala. A morte das células-tronco, responsáveis por nos regenerar, é outro processo que nos leva a envelhecer. Danos genéticos e epigenéticos ao DNA aumentam com a idade e causam doenças relacionadas à velhice.
Outro pilar é a falta de hormônios e, por fim, o encurtamento dos telômeros, as extremidades dos cromossomos. A cada divisão celular, eles se encurtam um pouco, até alcançar um limite crítico, quando as células não são mais capazes de se dividir e morrem. Hoje já é possível medir o comprimento dos telômeros, o que é um possível parâmetro para avaliar a longevidade.
Medindo os telômeros é possível prever quando morreremos?
Não, isso seria um excesso de interpretação e só serviria para assustar as pessoas. Mas a medição dos telômeros nos permite descobrir se somos biologicamente mais velhos ou mais jovens do que indica nossa idade cronológica. E a boa notícia é: podemos influenciar o resultado desse exame através de nosso estilo de vida. O envelhecimento não é mais um destino: é um processo configurável.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-envelhecimento-nao-e-mais-um-destino-e-um-processo-configuravel/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-envelhecimento-nao-e-mais-um-destino-e-um-processo-configuravel