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10.01.2013

Qual é o preço da liberdade?

Casal de canadenses abandona tecnologias lançadas após 1986 (gadgets), para fortalecer laços familiares.
por Thomaz Wood Jr. publicado 01/10/2013 03:04
Reprodução / The Atlantic
McMillan
A família McMillan assiste televisão em um modelo típico da década de 80
Blair e Morgan McMillan formam um casal canadense típico, exceto pelo fato de terem eliminado de suas vidas todas as tecnologias introduzidas após 1986. Por que 1986? Porque foi o ano em que ambos nasceram. A dupla decidiu experimentar uma vida livre de internet, iPhone, Xbox, iPad, GPS, Facebook, Instagram, Twitter e qualquer outra “maravilha” moderna.
Tudo começou quando o casal percebeu que as tais maravilhas roubavam a infância de seus filhos, dois pimpolhos de 5 e 2 anos de idade. O mais velho já se recusava a abandonar seu iPad para brincar fora de casa. Foi nesse momento que o casal, conforme descrito por um jornal de Toronto, decidiu aposentar seus telefones celulares, cortar a tevê a cabo e apagar as contas no Facebook.
Recentemente, o casal se recusou a ver a foto digital de uma sobrinha recém-nascida. Foi conhecê-la pessoalmente. Suas fotos são tiradas em máquinas analógicas e reveladas. Nada de Instagram! Em lugar do Google ou da Wikipedia, Blair e Morgan agora usam uma enciclopédia impressa! Os videogames deram lugar a livros e jogos. Seus visitantes passaram a ser instruídos a deixar seus aparelhos em uma caixa de madeira, sobre um armário, na sala da casa.
A adaptação não foi simples. Blair confessou ter sentido uma “dor fantasma” após se livrar de seu telefone celular. Às vezes tem a sensação de vibração em seu bolso, como se o aparelho ainda estivesse ali. Morgan, no início da nova vida, não se conformava de precisar apagar seu perfil no Facebook, mas declarou ter lido 15 livros desde então.

Para viabilizar a sobrevivência durante o ano que o experimento está previsto para durar, o casal faz algumas concessões. A esposa continua a usar computadores, mas somente no trabalho. O carro do casal é de 2010, mas as viagens são feitas com apoio de mapas impressos. Nada de GPS! Os resultados são, segundo o casal, notáveis: enquanto as crianças das outras famílias mergulham nos tablets dos pais, seus filhos inventam formas criativas para se entreter e apreciam as paisagens e os lugares visitados.

http://www.cartacapital.com.br/revista/768/como-se-fosse-1986-2691.html/view