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12.09.2016

Influência no Uso das Redes Sociais na Saúde Humana

  • Uso moderado de redes sociais é bom para saúde mental, diz pesquisa australiana

O uso regular de redes sociais contribui para a saúde mental, de acordo com uma pesquisa australiana.
O estudo, publicado pela Universidade de Melbourne e pela Universidade de Monash nesta sexta-feira (9/dez/2016), analisou 70 pesquisas que examinaram a relação entre as redes sociais e depressão, ansiedade e bem-estar.
Pesquisadores descobriram que as redes sociais muitas vezes se revelaram úteis para conectar as pessoas e fazer com que elas recebam apoio social, além de fornecerem uma fonte única de apoio para indivíduos que têm dificuldade com interações face a face.
No entanto, as redes sociais não foram boas para todos, já que algumas pessoas frequentemente se comparavam a outras, afixavam pensamentos negativos ou eram viciadas em redes sociais, correndo maiores riscos de desenvolverem depressão e ansiedade.
O estudo, publicado pelas Universidades de Melbourne e de Monash analisou 70 pesquisas que examinaram a relação entre as redes sociais e depressão, ansiedade e bem-estarO estudo, publicado pelas Universidades de Melbourne e de Monash analisou 70 pesquisas que examinaram a relação entre as redes sociais e depressão, ansiedade e bem-estar
Peggy Kern, líder do estudo da Universidade de Melbourne, disse que as pessoas com ansiedade social eram mais propensas a usar passivamente as redes sociais ao invés de se envolver diretamente, enquanto indivíduos com sintomas depressivos eram mais suscetíveis a postar seus pensamentos negativos.
"A mídia social fornece não apenas uma janela para os pensamentos e emoções que as pessoas escolhem compartilhar, mas também alguns de seus padrões comportamentais que podem ajudar ou prejudicar a saúde mental", disse Kern em um comunicado na sexta-feira.
"Ao compreender as ligações entre as redes sociais e a saúde mental, podemos fazer melhores escolhas sobre como usar de maneira produtiva as redes sociais e promover uma boa saúde mental".
Elizabeth Seabrook, pesquisadora da Universidade de Monash, disse que a pesquisa mostra que as mídias sociais poderiam ser usadas no futuro para identificar e prever a presença de depressão e ansiedade social em um usuário.
"A continuidade da pesquisa pode ser uma ferramenta poderosa para a identificação precoce do risco da saúde mental," disse Seabrook.
http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2016/12/09/uso-moderado-de-redes-sociais-e-bom-para-saude-mental-diz-pesquisa-australiana/

Caminhos da Espiritualidade na Igreja Católica e Outras Religiões

  • Por onde passa o futuro do Cristianismo? 

por Leonardo Boff, para jornal do Brasil - Sociedade e Espiritualidade (fonte no final)
Mas mais que tudo, deu outro sentido à Igreja, não como uma fortaleza cerrada contra os “perigos” da modernidade, mas como um hospital de campanha que atende a todos os  necessitados ou em busca de um sentido de vida. Este Papa cunhou a expressão “uma Igreja em saída” na direção dos outros e não de si mesma, se autofinalizando.
Os dados revelam que o cristianismo é  hoje uma religião do Terceiro e do Quarto Mundo. 25% dos católicos vivem na Europa, 52% nas Américas e os demais no restante do mundo. Isso significa que, encerrado o ciclo ocidental, o cristianismo viverá sua fase planetária  uma presença mais densa nas partes do planeta, hoje consideradas periféricas.
Ele só terá um significado universal sob duas condições:
Na primeira, se todas as igrejas se entenderem como o movimento de Jesus, se reconhecerem reciprocamente como portadoras de sua mensagem, sem nenhuma delas levantar a pretensão de exclusividade mas juntas dialogarem com as religiões do mundo,valorizando-as como caminhos espirituais habitados e animados pelo Espírito.; só assim haverá paz religiosa, um dos pressupostos importantes para a paz política. Todas as Igrejas e religiões devem se colocar a serviço da vida e da justiça dos pobres e do Grande Pobre que é o planeta Terra, contra o qual  o processo industrialista move uma verdadeira guerra total.
A segunda condição é de o cristianismo relativizar suas instituições de caráter ocidental e  ousar se reinventar a partir da vida e da prática do Jesus histórico com sua menagem de um Reino de justiça e de amor universal, numa total abertura ao Transcendente. Manter  o canon atual poderá condenar o cristianismo a se transformar numa seita religiosa.
Segundo a melhor exegese contemporânea, o projeto original de Jesus se resume no Pai-Nosso. Aí se afirmam as duas fomes do ser humano: a fome de Deus e a fome de pão. O Pai Nosso enfatiza impulso para o Alto. E o Pão Nosso, seu enraizamento no mundo. Somente unindo Pai-Nosso com Pão-Nosso se pode dizer Amém e sentir-se na Tradição do Jesus histórico.  Ele pôs em marcha um sonho, o do Reino de Deus, cuja essência se encontra nos dois pólos no Pai-Nosso e no Pão Nosso vividos dentro do  espírito das benaventuranças.
Isto implica para o cristianismo corajosamente se desocidentalizar, se desmachicizar, se despatriarcalizar e se organizar em redes de comunidades que se acolhem reciprocamente e se encarnam nas culturas locais e formam juntas o grande caminho espiritual cristão que se soma aos demais caminhos espirituais e religiosos da humanidade.
Realizados estes pressupostos, apresentam-se atualmente às Igrejas ou ao cristianismo quarto desafios fundamentais.
O primeiro é a salvaguarda da Casa Comum e do sistema-vida ameaçados pela crise ecológica generalizada e pelo aquecimento global. Não é impossível uma catástrofe ecológico-social que dizimará a vida de grande parte da humanidade.. A questão não é mais que futuro terá o cristianismo, mas como ele ajudará a garantir o futuro da vida e a biocapaciade da Mãe Terra. Ela não precisa de nós. Nós sim precisamos dela..
O segundo desafio é como manter  a humanidade unida.  Os níveis de acumulação de bens materiais em pouquíssimas mãos (1% controla a maioria da riqueza mundial) poderá cindir a humanidade em duas porções: os que gozam de todos os benefícios da tecnociência e os condenados à exclusão, sem expectativas de vida  ou até de serem considerados sub-humanos. Importa afirmar que temos uma única Casa comum e que somos todos irmãos e irmãs,  filhos e filhas de Deus.
O terceiro desafio é a promoção da cultura da paz. Os conflitos bélicos, os fundamentalismos políticos e a intolerância  face às diferenças culturais e religiosas podem levar a níveis de violência altamente destrutiva. Eventualmente pode  degenerar em guerras letais com armas químicas, biológicas e nucleares.
O quarto desafio concerne à América Latina: a encarnação nas culturas indígenas e afroamericanas. Depois de haver quase exterminado as grandes culturas originárias e escravizado milhões de africanos, impõe-se a tarefa de ajudá-los a se refazerem biologicamente e a resgatarem sua sabedoria ancestral e de verem reconhecidas suas religiões como formas de comunicação com  Deus. Para a fé cristã o desafio consiste em animá-los a fazerem a sua síntese de forma a dar origem a um cristianismo original,  sincrético, afro-indígena-latino-brasileiro.
A missão das Igrejas, das religiões e dos caminhos espirituais consiste em alimentar a chama interior da presença do Sagrado e do Divino (expressos sob miríades de nomes) no coração de cada pessoa.
O Cristianismo, na fase planetária e unificada da Terra, possivelmente se constituirá numa  imensa rede de comunidades, encarnadas nas diferentes culturas, testemunhando a alegria do evangelho que promove  já nesse mundo uma vida justa e solidária, especialmente, para os mais marginalizados e que se completará na culminância da história.
No presente, cabe-nos viver  a comensalidade entre todos, símbolo antecipador da humanidade reconciliada, celebrando os bons frutos da  da Mãe Terra. Não era esta a metáfora  de Jesus, quando falava do Reino de vida, de justiça e de amor?
http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2016/11/27/por-onde-passa-o-futuro-do-cristianismo/

O jogo do poder brasileiro nas sombras da população

A guerra dos intocáveis convulsiona o país

 Mirar as armilhas de um poder contra o chefe de outro poder com o objetivo de fortalecer determinado corporativismo é um caminho para a ditadura contra a democracia.

por Jeferson Miola, para site Carta Maior - Sociedade e Jogo Político Entre os 3 Poderes no Brasil

Os eventos que precederam a decisão do juiz do STF Marco Aurélio Mello de afastar Renan Calheiros da presidência do Senado podem ser produto de mera e incrível coincidência. Mas podem, também, ser fruto do encadeamento de eventos sucessivos, ocorridos em meticulosa e nada ocasional sequência.

Lula MarquesCréditos da foto: Lula Marques

O episódio surpreende porque o autor desta drástica decisão, o juiz Marco Aurélio Mello, é um dos dois únicos juízes da atual composição da suprema corte com postura e estatura compatível com o cargo de juiz do STF. Ele é um liberal-democrata que se destaca pelo zelo do Estado de Direito e pela defesa da Lei e da Constituição.

Uma explicação para a inusitada decisão do Marco Aurélio pode ser a pressão midiática. No domingo de véspera da decisão, a Globo reforçou artificialmente as ridículas manifestações que foram às ruas não para pedir a cabeça do golpista Temer e seu governo corrupto e entreguista, mas sim para derrubar Renan, porque ele ousou conter o contrabando da agenda fascista no projeto disfarçado de medidas contra a corrupção.

O caso do Renan tem diferenças substanciais com o do Eduardo Cunha. Em maio deste ano, o sócio do Temer e do PSDB no golpe foi afastado da presidência da Câmara dos Deputados e também impedido de continuar exercendo o mandato parlamentar. O afastamento do Cunha foi decidido pelo Plenário do STF em sessão extraordinária, e não por decisão liminar e monocrática do juiz Teori Zavascki, relator do caso.

A recordação do calendário de eventos que precederam a ordem para afastar Renan ajuda a entender que este grave episódio que eleva a pressão e a temperatura da crise política pode ser parte do perigoso jogo de poder tramado pelo sistema jurídico contra o Estado de Direito:

-a presidente do STF, juíza Carmem Lúcia, colocou em votação na sessão de 03/11/2016 a ação judicial da Rede, que proíbe que autoridades que são réus no Supremo ocupem cargos que estão na linha de substituição da Presidência da República [presidentes da Câmara, do Senado e do STF]. O julgamento está inconcluso devido ao juiz Dias Toffoli que, inspirado no colega-guru Gilmar Mendes, pediu vistas ao processo;

-a Câmara dos Deputados, no gozo pleno das prerrogativas legislativas, na sessão de 29 de novembro modifica o projeto de lei de combate à corrupção proposto pelo ministério público [disfarçado de iniciativa popular], removendo os abusos, arbitrariedades e ilegalidades que fariam o Código Penal brasileiro retroagir ao período da Inquisição;

-em entrevista coletiva no dia 30/11, procuradores da Lava Jato, esta quintessência da moralidade pública – que, porém, são adeptos da prática corrupta de receber salários e regalias bem acima do teto constitucional – exorbitam das suas prerrogativas legais e funcionais e ameaçam abandonar as investigações de corrupção caso seus ideais fascistas não sejam integralmente convertidos em lei;

-no mesmo 30 de novembro, Renan é traído por Aécio, PSDB, Jucá [o grande sócio do Temer], PP, PTB, PSB, PP, PMDB e outros senadores que, amedrontados com a reação e ameaças dos justiceiros na mídia, romperam o compromisso com o requerimento de urgência para a votação do projeto das medidas contra a corrupção aprovadas na Câmara;

-Carmem Lúcia tirou da tumba o processo aberto contra Renan ainda em 2007 [sobre pensão paga por empreiteira à mulher com quem ele teve uma filha numa relação extraconjugal], e submeteu-o à votação do Plenário do STF em 01/12/2016. Por 8 votos a 3, Renan passou a ser réu. Criou-se, dessa maneira, o requisito para sua remoção da presidência do Senado, posto de onde ele resistiu ao avanço fascista de promotores, procuradores, policiais e juízes;

-no mesmo dia 01/12, Renan promoveu debate no Senado sobre o projeto de lei que coíbe o abuso de autoridade de juízes, policiais, promotores e procuradores. No debate, o justiceiro Sérgio Moro viu suas teses e práticas totalitárias serem fragorosamente ridicularizadas e denunciadas por vários senadores, em especial Lindbergh Farias;

-no domingo 04/12, por convocação da força-tarefa da Lava Jato e da Rede Globo, cerca de 120 mil zumbis verde-amarelos em todo o país protestaram contra Renan, mas a favor do Temer e do Moro e seus colegas intocáveis;

-na manhã de 05/12, Carmem Lúcia faz um discurso enigmático, que antecipa os eventos que viriam a se suceder no dia. Numa provável alusão à guerra aberta contra o Legislativo para manter os abusos do MP e do Judiciário, ela declarou: “ou a democracia ou a guerra”;

-às 11:16 horas, a Rede protocola o pedido de afastamento do Renan Calheiros da presidência do Senado. Às 15 horas deste interminável dia 05/12, Marco Aurélio Mello profere sua decisão liminar, e instala-se o caos jurídico e político no país.

O objetivo principal foi alcançado – ficou completamente comprometida a votação do projeto contra o abuso de autoridade, que estava na pauta de votação do Senado deste dia 6/12.

Renan Calheiros, como qualquer cidadão brasileiro que comete ilícitos, deve ser julgado, porém em estrita observância ao devido processo legal e ao Estado de Direito. Mirar as armas de um poder de Estado contra o chefe de outro poder de Estado com o objetivo de fortalecer determinado poder corporativo é, todavia, uma vertente para o fascismo.

É inaceitável o ativismo político de segmentos do judiciário, ministério público e polícia federal, que carecem da legitimidade do sufrágio popular para atuarem na arena política.

A atuação irresponsável de tais segmentos, que se auto-atribuem funções bíblicas e se consideram intocáveis, está convulsionando o país. Eles travam uma verdadeira guerra contra o Estado de Direito e contra a democracia para manter seus abusos e privilégios.

Com o agravamento do colapso econômico provocado pelo governo golpista, a conflitividade social se somará à conturbação jurídica e política, e então o país será jogado no abismo.
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-guerra-dos-intocaveis-convulsiona-o-pais/4/37386