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12.10.2013

Desafio: O Brasil Terá Capacidade para Solucionar a Miséria?

Enviado por on 09/12/2013 do blog Cafezinho
A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) decidiu criar uma nova metodologia para classificar as classes sócio-econômicas no Brasil. Segundo o novo modelo, há bem mais pobres do que se pensava. As classes D e E, que correspondiam a apenas 18% no modelo antigo, irão representar 37% no novo modelo. . A classe C, por sua vez, corresponderá a 42% da população brasileira.
Os dados são importantes para entendermos que ainda precisamos de sólidos programas sociais, e que o problema do saneamento urbano constitui uma das mais graves urgências da sociedade.
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População pobre é maior do que se pensa
Por Cynthia Malta | no Valor
Empresas de pesquisa especializadas em detectar hábitos de consumidores vão mudar o modelo usado para classificar os domicílios que compõem suas bases de dados e ele mostra que a camada mais pobre da população é maior do que imaginavam. Formada pelas classes D e E, essa parcela equivale a 37,3% dos domicílios no país e não 18,2%, segundo a metodologia atual.
Ao todo, 180 companhias reunidas na Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) deverão aposentar o atual Critério Brasil e passar a usar um modelo mais amplo, que considera, além de posse de bens, acesso a rede de água, esgoto e rua pavimentada. (…)
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  http://www.ocafezinho.com/2013/12/09/brasil-tem-mais-pobre-do-que-se-pensava

A mulher e o homem são o ponto fraco da exploração do corpo

Leonardo Boff*

Somos seres complexos, vale dizer, sobre o que representa um sem-número de fatores, materiais, biológicos, energéticos e espirituais. Temos uma aparência com a qual nos fazemos convivemos uns com os outros e pertencemos ao universo dos corpos. Nosso interior é habitado por vigorosas energias positivas e negativas que formam a individualidade psíquica. Somos portadores da dimensão do profundo, assim rondam as questões mais significativas do sentido de nossa passagem por este mundo.
Estas dimensões convivem e interagem permanentemente, uma influenciando a outra e moldam aquilo que chamamos o ser humano.
Tudo em nós tem que ser cuidado, caso contrário perdemos o equilíbrio das forças que nos constroem e acabamos por perder a humanidade interior.
Ao abordar o tema do cuidado do corpo, antes de mais nada, devemos opor-nos conscientemente as duas coisas importantes  que a cultura mantem: por um lado o “corpo”, sem o espírito e por outro o “espírito” sem o corpo. Pensando e vivendo assim, perdemos a unidade da vida humana em corpo e espírito.
A propaganda comercial explora estes dois aspectos, apresentando o corpo não como a totalidade exterior do humano, mas sua parte separada entre corpo e espírito; enfim seus músculos, suas mãos, seus pés, seus olhos, o corpo físico separado do espírito, emocional.
A principal vítima desta verdadeira retaliação são as mulheres, pois o machismo secular se refugiou no mundo da comunicação, da propaganda, do marketing,da imprensa, expondo  partes da mulher, seus seios, seus cabelos, sua boca, seu sexo  e outras partes, continuando a fazer da mulher um “objeto de consumo” de homens machistas. Devemos nos opor firmemente a esta deformação cultural.
Importa tambem rejeitar o “culto do corpo” promovido pelo sem número de academias de ginástica e outras formas de trabalho sobre a dimensão física, como se a mulher-corpo ou o homem-corpo fossem uma máquina destituída de espírito, buscando performances musculares cada vez maiores.
Com isso não queremos desmerecer os exercícios dos vários tipos de ginástica a serviço da saúde e de uma integração maior corpo-mente. Pensamos nas massagens que revigoram o corpo e fazem fluir as energias vitais, particularmente, as ginásticas orientais como o yoga que tanto favorece uma postura meditativa ou emocional da vida. Ou no incentivo à uma alimentação equilibrada e sadia, incluíndo também o jejum, seja como opção voluntária ou seja como forma de equilibrar as energias vitais.
O vestuário ou a roupa que se usa merece consideração especial. Não possui apenas uma função utilitária ao nos proteger das intempéries da natureza ou do ambiente. Ele pertence ao cuidado do corpo, pois o vestuário ou a roupa representam uma linguagem, uma forma de revelar-se no teatro da vida. É importante cuidar  que a roupa seja expressão de um modo de ser e mostre o perfil estético da pessoa mesmo na moda. Especialmente significativo é na mulher, pois ela possui um relação mais íntima com o próprio  corpo e sua aparência.
Nada mais ridículo a demonstração de anemia de espírito, que as belezas construídas à base de botox e de plásticas desnecessárias, enfim da estética artificial, forçada. Sobre este embelezamento artificial está montada toda uma indústria de cosméticos e práticas de emagrecimento em clínicas e SPAs, que dificilmente servem a uma dimensão mais integradora do corpo. Entretanto não há que se invalidar as massagens e os cosméticos importantes para pele e para o justo embelezamento das pessoas.
Mas cabe reconher que há uma beleza própria de cada idade, um charme que nasce da existência feita de luta e trabalho, que deixaram marcas na expressão “corporal” do ser humano. Não há photoshop ou fotografia camuflada que substitua a beleza rude de um rosto de um trabalhador(a), talhado(a) pela dureza da vida e com traços faciais moldados(as) pelo sofrimento. A luta de tantas mulheres trabalhadoras, nas cidades,  no campo e nas fábricas  deixou em seus corpos um outro tipo de beleza, não raro,  com uma expressão de grande força e energia. Falam da vida real e não da artificial e construída. As fotos trabalhadas dos ícones da beleza convencional, são quase todos moldados, por tipos de beleza da moda e mal disfarçam a artificialidade da figura e a vaidade fria que aí se revela.
Tais pessoas são vítimas de uma cultura ou um estilo de viver que não cultiva o cuidado próprio de cada fase da vida, com sua beleza e irradiação do espírito, mas também com as marcas de uma vida vivida que deixou estampada no rosto e no corpo as lutas, os sofrimentos, as superações. Tais marcas criam uma beleza singular e uma irradiação específica, ao invés de engessar as pessoas num tipo de perfil de um passado irrecuperável.
Positivamente, cuidamos do corpo regressando à natureza  e à Terra das quais, há séculos, nos havíamos exilado ou afastado, imbuídos de uma atitude de sinergia e de comunhão com todas as coisas. Isso significa estabelecer uma relação, de amor, de biofilia e de sensibilidade para com os animais, as flores, as plantas, os climas, as paisagens e para com a Terra. Quando esta é mostrada a partir do espaço exterior, com essas belas imagens do globo terrestre, transmitidas pelos grandes telescópios ou pelas naves espaciais, irrompe em nós um sentido de reverência, de respeito e de amor à nossa Grande Mãe, de cujo útero todos viemos.
Ela é pequena, no espaço cósmico já envelhecida, mas irradiante, irreverente, viva.
Talvez o desafio maior para a mulher-corpo ou o homem-corpo consiste em ter um equilíbrio entre a auto-afirmação, sem cair na arrogância e no menosprezo dos outros e entre a integração no todo maior, da família, da comunidade, do grupo de trabalho e da sociedade, sem deixar-se massificar e cair no aceitar sem a mínima noção do que acontece. A busca deste equilíbrio não se resolve uma vez por todas, mas deve ser assumido no dia-a-dia,  pois, ele nos é cobrado a cada momento.
Há que se encontrar o equilíbrio adequado entre as duas forças que nos podem destruir ou fazer viver.
O cuidado em nossa aceitação no estar-no-mundo, envolve nossa dieta: o que comemos e o que bebemos. Fazer do que comemos um ato de nutrição, um rito de celebração e de comunhão com os outros que se alimentam e com os frutos  da generosidade da Terra. Saber escolher os produtos orgânicos ou os que tem menos química. Daí resulta uma vida saudável, que assume o princípio da precaução contra eventuais enfermidades, que podem se originar do ambiente danificado, degradado.
Assim a mulher-corpo ou  o homem-corpo deixam transparecer sua harmonia interior e exterior, como membro da grande comunidade de vida.
* Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é autor, também, de 'Proteger a Terra e cuidar da vida: Como escapar do fim do mundo' (Record, Rio de Janeiro, 2011).
http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2013/12/09/cuidado-do-corpo-contra-o-culto-do-corpo/