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11.06.2020

Coronavírus: A teimosia e a ignorância contra o isolamento traz perdas e prejuízos ao outro

Como combater os que se negam a participar do  esforço mundial pela neutralização do vírus?

por José Fonseca Filho em Os Divergentes – Sociedade e Luta Popular Por Saúde

Paciente com Covid 19 em hospital. Foto na internet

Surpreendente e inacreditável. Mas está sucedendo de maneira rápida e persistente, em vários países, inclusive no Brasil. Se não for possível combater a ação dos grupos que se recusam a participar do isolamento social, tratamento preventivo mais eficiente contra o coronavírus, a situação no Brasil e mundial será de calamidade. As mortes se multiplicarão, os hospitais não terão vagas para atender as vítimas, faltará respiradores e outros itens nos hospitais no combate à pandemia. Na Europa, uma das civilizações que teve início a era moderna, os que combatem o isolamento ameaçam reações extremas contra as imposições das autoridades sanitárias.

A segunda onda da pandemia está aumentando os casos de mortes, derrubando a prevenção e o tratamento possível do vírus, como vem acontecendo agora. Recrudesceu a doença, assim como a reação dos que não aceitam as ações preventivas e querem usar a rebeldia e o descaso para fugir das restrições impostas pelas  autoridades. Já provado que sem esse comportamento, o êxito no combate à doença estará comprometido e será falho. A rejeição ao isolamento é ato de ignorância ou negação, pela incapacidade de entender a realidade; e de egoísmo, já que  a rebeldia de muitos compromete a totalidade da população.

  Restaurantes vazios.  No Brasil, sem clientes. Foto na internet

Os promotores da rebelião contra as restrições sociais e as aglomerações públicas, independentes da formação cultural ou o nível de escolaridade, agem movidos pela ignorância, a insensibilidade, o desapego à solidariedade  humana e o respeito ao outro.  Não se dispõem a um pequeno sacrifício para melhoria total da situação da humanidade. Desfilam a boçalidade e a negação nas festas, rodas de samba,  bares, boates, praias e outras diversões. Na maioria dos casos sem máscara. Sem higienização. Sem distanciamento.

  Hospitais cheios,  Manaus – Foto Reprodução TV Globo

Como combater os que se negam a participar do  esforço mundial pela neutralização do vírus?  Proporcionar aos rebeldes e negacionistas melhores condições de entretenimento, já que se queixam da tristeza e da neurose, da falta do que fazer, do afastamento dos amigos e parentes, e não se sentirem bem sozinhos em casa. É preciso evitar confrontos públicos, a que pode conduzir a eventual radicalização entre os dois grupos e eventuais conflitos. É um castigo ficar em casa com a família? Ler um livro em sua sala? Olhar as redes sociais? Arriscar fritar uns quibes na cozinha?  Brincar com os filhos? Jogar jogos com familiares? Olhar pela janela e ver o tiroteio do dia? Suportar um pouco de televisão? Cuidar do apartamento ou da casa?

Ta rindo do que? – Foto Orlando Brito

Numa avaliação radical, mesmo sendo uma difícil sugestão, uma  opção seria a reserva de considerável área nas grandes cidades, dotada de equipamentos de lazer ou caminhadas.E de uma zona boêmia com  bares, cinemas, restaurantes, etc. E outras atrações como pagode, roda de samba, axé, bingo, tudo para atender os alegres integrantes do bloco contra o isolamento. Essa área seria liberada exclusivamente para a permanência do pessoal que não quer fazer confinamento e prefere curtir uma realidade estranha, mesmo adversa, numa área liberada. E lá desfrutem de seus prazeres, músicas, danças, comidas, bebidas, papo animado nas mesas. Nada de máscaras, de álcool em gel 70 graus, nem higienização das mãos.

Seria então, forçada pela realidade e os abusos, a separação entre os grupos que praticam o isolamento social e os que não aceitam a medida e trabalham contra ela. Assim estaria  rompido o esforço conjunto dos  brasileiros para  liquidar o coronavírus. Os que optaram  por cair na farra e manter os hábitos dos tempos de normalidade, acabarão por enfrentar uma situação bem mais perigosa do que os que cumpriram o isolamento social e ainda contaminarem outras pessoas. A insensatez dos revoltados, insensíveis ao esforço global contra o vírus, enquanto as vacinas não chegam, é uma atitude que confronta a sobrevivência da humanidade e o respeito a si mesmo.

Publicado em Os Divergentes: 5nov 2020

  José Fonseca Filho é Jornalista