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7.22.2016

O velho X O guri : administração pública x administração privada - é o velho golpe, idiota

Por Luis Nassif para site GGN - Sociedade e Administração de Cidades (fonte no final)
Peça 1 – A crise da democracia representativa
A crise de 2008 derrubou o mito da democracia representativa como forma de governo. Até a Primeira Guerra foi o sistema que permitiu a internacionalização do capital e a derrubada de muros nacionais. De 1914 à Segunda Guerra houve o interregno autoritário, com o nascimento do comunismo e do fascismo. Da Segunda Guerra até 1972 o grande pacto que permitiu definir controles sobre os fluxos de capitais, equilibrando um pouco o jogo entre interesses nacionais e sociais e os interesses do capital, garantindo um desenvolvimento seguro de muitos países emergentes e o florescimento do estado do bem-estar na Europa.
De 1972 em diante houve a segunda grande investida do capital, culminando com três grandes vitórias:
Vitória 1 – o fim da paridade dólar-ouro, devolvendo a liberdade aos fluxos de capital.
Vitória 2 – o advento da era Reagan e Thatcher influenciando as democracias ocidentais  a diminuir o papel do Estado.
Vitória 3 – a queda do muro de Berlim, precedendo a derrocada do Império Soviético.
Ao mesmo tempo, houve a explosão das redes sociais e um novo movimento de concentração e de aparecimento de novas superempresas globais.
Aí reside o centro da crise da democracia representativa. Acabou o sonho do pote de ouro no final do arco-íris das reformas liberalizantes. Mas a maior crise do capitalismo provocou, paradoxalmente, a maior crise das esquerdas, com o crescimento de grupos de direita.
Tem-se, então, o seguinte quadro:
1.     A democracia representativa não mais atende os interesses do grande capital. O desmonte dos estados de bem-estar social, no pós-2008, matou qualquer veleidade de reconstrução nacional através das velhas fórmulas financistas, pela óbvia impossibilidade de sustentar eleitoralmente o sonho neoliberal. A maneira de contornar o problema foi apelar para um conjunto de fórmulas que afastassem de vez o controle do voto sobre as políticas econômicas. No caso da União Europeia, pela imposição das regras do Banco Central Europeu. Em países menos civilizados – como o Brasil e a América Latina em geral – pelo estratagema dos golpes parlamentares.
2.     Encerrou-se a era da conciliação, de pactos sociais costurados através de eleições diretas e a aposta dos movimentos populares na democracia. Agora, o que há, a ferro frio, é a disputa selvagem pelo controle do orçamento nacional. No caso brasileiro, de forma ostensivamente tosca, através da
política monetária do Banco Central e da tentativa de privatizações a toque de caixa.
Peça 2 – a reconstrução da política e a crise dos estados nacionais
Os movimentos pós-2008 mostram um enfraquecimento cada vez maior dos estados nacionais. A Grécia foi o primeiro estado nacional a ser varrido do mapa, tornando-se um passivo dos bancos internacionais. Foi uma vitória ampla dos bancos sobre a política. E a Grécia era apenas um retrato na parede, uma pequena economia.
Com o golpe brasileiro, há uma vitória maiúscula do capital financeiro sobre a política, juntando no mesmo balaio de alianças o Ministério Público, a camarilha dos 6, grupos de mídia e o mercado.
Com as dúvidas lançadas sobre a política econômica de Dilma, a interrupção da democracia, a falência dos partidos, a reconstrução da narrativa social não se dará através das políticas nacionais. O próximo campo para o embate de propostas serão as regiões metropolitanas.
É nelas que se poderão recuperar alguns dos valores básicos da democracia, como a participação dos moradores, a apropriação do espaço público
E aí despontam duas propostas similares, a do prefeito de São Paulo Fernando Haddad, e do candidato do PSOL no Rio, Marcelo Freixo.
Peça 3 – a luta pelo território das metrópoles
Nas discussões de políticas nacionais, as estratégias de apropriação do orçamento e de captura da política econômica são sustentadas por falácias teóricas que, para os leigos, passam a ideia de verdade científica. A participação dos cidadãos na política quase sempre é restrita aos períodos eleitorais.
No ambiente das cidades, é muito mais fácil definir o que é e o que não é interesse público, assim como as formas de participação direta.
Pelo menos no plano retórico, Freixo é o político que melhor tem definido esse novo locus das batalhas conceituais.
As cidades são definidas conforme as relações de poder, diz ele. As cidades globais vão ficando cada vez mais iguais, com os megaeventos, os encontros em shoppings centers, as ruas segregados, as cidades desiguais.
O fenômeno neoliberal não se caracterizou apenas pelo processo de redução do estado, diz ele. Nas cidades, ele se consolida para deslocamento de poder: mais que controle econômico, o capital passa a dispor do controle político. Há um esvaziamento da ideia de poder público. Quem decide pela cidade é o capital
O exemplo mais nítido é o Rio de Janeiro. Com toda sua estrutura de ex-capital, com o arcabouço público de que dispõe, não existe uma Secretaria do Planejamento, porque o planejamento é dado pelo mercado. Viram cidades-mercados, cidades, caras, desiguais, tendo a remoção de pobres como prática e a gestão do dinheiro público pelo setor privado através das Organizações Sociais.
A mobilidade urbana é o grande debate de democracia social, porque define o direito às cidades. E, no Rio de Janeiro, a mobilidade urbana está nas mãos das empreiteiras. Elas administram os trens do Metrô, a barca Rio-Niteroi, a Zona Portuária, onde 75% dos terrenos são públicos.
OS exemplos da cidade-cara estão nos aluguéis, na falta de IPTU progressivo, na falta de habitação popular em áreas centrais.
A pouca importância dada às cidades é comprovada pelo fato do Rio de Janeiro ter sido utilizado pelo PT como moeda de troca com o PMDB, E não era qualquer PMDB, mas o PMDB carioca.
Peça 4 – as políticas democratizantes nas metrópoles.
O caminho a ser trilhado será o da radicalização da democracia participativa, através dos conselhos de moradores, de usuários, de formas de participação nas prefeituras regionais.No caso de Freixo, sua campanha criou o site “Se a Cidade Fosse Nossa”, montando um programa participativo. Há um “Se a Cidade Fosse Nossa” para cada bairro, favela e serviço público.
Enquanto no Rio ainda é uma plataforma de um candidato – que provavelmente será endossado por outros candidatos populares, como Jandira Feghali -, no caso paulista já há resultados concretos.
É o caso do Plano Diretor que definiu novas formas de construção e a indução à construção de moradias populares em zonas residenciais, entre outros avanços.
Outro ponto central foi o enfrentamento da ditadura dos automóveis, através de iniciativas como o de apropriação da cidade (Paulista, Minhocão) por pedestres e pelas bicicletas, além das faixas únicas de ônibus e os novos limites de velocidade.
A experiência paulistana serviu para quebrar inúmeros tabus. Sabe-se ser possível criar opiniões majoritárias em favor de novas práticas.

Após o golpe, a nova política nascerá das metrópoles.
http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-disputa-ideologica-nas-metropoles

Feijão: Custa caro porque ruralista não planta, só pequenos agricultores

  • Opinião: O golpe ruralista e o preço do feijão

  • O agronegócio brasileiro não se preocupa em produzir alimentos para o Brasil; quem bota o feijão na mesa do povo é a agricultura familiar
Na última semana, fomos bombardeados pelas notícias sobre a alta no preço do feijão. O povo, chocado em ver o quilo passando de R$10, ouviu as mais diversas explicações dos analistas: geada e muita chuva no sul, falta de chuva em outras regiões, e até o boato de que uma pequena doação para Cuba feita em outubro de 2015 teria sido a causa da escassez. A solução mágica apresentada pelo ministro interino da agricultura, o Rei da Soja, foi zerar a taxa de importação para facilitar a entrada de feijão estrangeiro.
O que estranhamente não saiu em lugar nenhum foi um elemento muito simples: o agronegócio brasileiro não se preocupa em produzir alimentos para o Brasil. E isso fica muito claro quando olhamos a mudança na utilização das terras no país. Nos últimos 25 anos, houve uma diminuição profunda na área destinada à plantação dos alimentos básicos do nosso cardápio. A área de produção de arroz reduziu 44% (quase metade a menos), e a mandioca recuou 20%.
Gabriel Sales / Secom Rio das Ostras
Colheita de feijão em Rio das Ostras (RJ)
A área plantada com feijão, o vilão do momento, diminuiu 36% desde 1990, enquanto a população aumentou 41%. Apesar de ter havido um aumento na produtividade, a diminuição da área deixa a colheita mais vulnerável e suscetível a variações como estamos vendo agora.

E o agronegócio?

Os grandes latifundiários do Brasil, aliados aos políticos da bancada ruralista, a multinacionais de agrotóxicos e sementes como Bayer, Monsanto e Basf, e às empresas que dominam a comunicação no país não estão preocupadas com a alimentação da população. Estes atores compõem o chamado agronegócio, que domina a produção agrícola no Brasil e vê o campo apenas como local para aumentar suas riquezas.
Isso significa, na prática, produzir soja e milho para alimentar gado na Europa e na China, enquanto precisamos recorrer à importação de arroz, feijão e até do próprio milho para as festas de São João. Exportamos milho, e agora precisamos importar o milho. Faz sentido?
No mesmo período em que a área plantada de arroz e feijão caiu 44% e 36%, respectivamente, a área de soja aumentou 161%, enquanto o milho aumentou 31% e a cana, 142%. Somados os três produtos, temos 72% da área agricultável do Brasil com apenas três culturas. São 57 milhões de hectares que ignoram a cultura alimentar e a diversidade nutricional do nosso país em favor de um modelo de monocultura, que só funciona com muito fertilizante químico, semente modificada e veneno, muito veneno.
No caso da cana e da soja, é fácil entender que não são alimentos, e sim mercadorias ou (commodities) que vão ser comercializadas nas bolsas de valores pelo mundo. No caso do milho, basta ver que em 2015 foram exportados 30 milhões de toneladas de milho, em relação direta com a alta do dólar. Com o preço da moeda americana em alta, vale mais a pena exportar do que vender aqui. Assim, o que sobra no Brasil não é suficiente para o nosso consumo, e por isso temos que importar, o que também irá pressionar o preço. Hoje é o feijão, logo será o milho que vai explodir de preço.
Outro aspecto importante é analisar que quem bota o feijão na mesa do povo é a agricultura familiar. Os dados ainda de 2006 mostram que 80% da área plantada de feijão (e 70% da produção) são da agricultura familiar. E esta agricultura não tem espaço no reino do agronegócio.
O agronegócio ameaça a soberania alimentar no Brasil. Ao deixar de plantar comida para plantar mercadorias, ficamos extremamente dependentes do mercado externo, e vulneráveis às mudanças climáticas.
O primeiro passo: reforma agrária para dar terra a quem quer plantar comida. Com a terra na mão, precisamos de incentivo à agroecologia, para produzir alimentos saudáveis. Finalmente, essa produção deve ser regulada pelo Estado, via Conab, para garantir o abastecimento interno antes de embarcar tudo para fora.
O governo interino já admite privatizar a Conab, e pode em breve aprovar leis que facilitam ainda mais o uso de agrotóxicos e o uso de pulverização aérea nas cidades.É, de fato, também um golpe ruralista.
Artigo publicado originalmente no site Brasil de Fato
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/44581/opiniao+o+golpe+ruralista+e+o+preco+do+feijao.shtml 

Rússia e China Ajudam Turquia no Contragolpe aos EUA

  • Contragolpe na Turquia foi golpe da Rússia contra CIA

  • A marcha da suposta tentativa de golpe e do contragolpe foi precedida de movimentos bem articulados no xadrez geopolítico do país que une Europa à Ásia

Por J. Carlos de Assis – do Rio de Janeiro
Só uma idiota pode imaginar que um exército experiente como o da Turquia, testado no passado em vários golpes de Estado, fosse tão incompetente para realizar mais um, tendo à mão todos os instrumentos do poder militar. Só um idiota acabado pode imaginar que o povo na rua é capaz de reverter um golpe militar em andamento. Só um idiota tonto poderia imaginar que ao governo turco e seu presidente fosse deixado acesso a meios de comunicação com o povo, sem prévio planejamento, em pleno processo de desenvolvimento do golpe.
  • Após o contragolpe: declaração do estado de emergência gerou desconforto entre muitos países 
  • do Ocidente
A marcha da suposta tentativa de golpe e do contragolpe foi precedida de movimentos bem articulados no xadrez geopolítico do país que une Europa à Ásia e, portanto, desempenha um papel chave nas relações com os dois continentes. Começa pela cobertura que a CIA dá ao clérigo Fethullah Gullen, o principal rival de Erdogan. Em nome dos direitos humanos e contrariamente às tendências fundamentalistas do Presidente, ele prega para a Turquia uma espécie de “primavera” liberal, sob proteção dos EUA e em seu interesse geopolítico.
Nós vimos que deu a “primavera líbia” e os diferentes tipos de intervenções norte-americanas nos últimos anos e décadas, operadas através de ONGs patrocinadas direta ou indiretamente pelo Departamento de Estado na África e no Oriente Médio: países, como Líbia, Somália, Afeganistão simplesmente foram liquidados; Egito, Yemen, Iraque, Paquistão foram profundamente abalados ou continuam em guerra. O governo turco, não muito confiável para Washington, aparentemente estava destinado a ser a bola da vez

Golpe e contragolpe na Turquia

O que aconteceu, afinal? Bem, vamos seguir os movimentos dos principais atores nesse jogo. Meses atrás um avião turco operado desde uma base partilhada com os norte-americanos derrubou um caça russo supostamente em seu espaço aéreo. A Rússia reagiu verbalmente – “foi como uma punhalada pelas costas”, disse Putin – mas não foi além disso. O assunto despareceu da imprensa até que, em maio último, Putin anunciou que gostaria de ter uma reaproximação com a Turquia e para isso esperava uma sinalização clara dela no mesmo sentido.
Em junho, Erdogan mandou uma carta para Putin a qual vai muito além de meras mesuras diplomáticas: foi um pedido de desculpas completo, quase um pedido de perdão extensivo à família do piloto morto, à qual ofereceu a assistência material necessária para minorar seu sofrimento pela perda. Anunciou, além disso, que o incidente do caça seria investigado. Em resposta, Putin marcou uma visita com ampla comitiva governamental a Istambul. Esteve lá antes do golpe, em julho, e foi o primeiro chefe de Estado a visitar Erdogan depois do malogrado golpe.
Diante desses fatos, não é difícil dar um sentido prático aos acontecimentos na Turquia: o serviço secreto russo (talvez com ajuda chinesa) descobriu preparativos de golpe contra Erdogan, por parte do clérigo Gullen, a partir dos Estados Unidos. Acompanhou esses preparativos ainda enquanto se desenvolviam e provavelmente identificou os códigos e as senhas para a deflagração do golpe em momento oportuno. Com o conhecimento prévio dessas senhas, o Governo montou uma armadilha e desencadeou falsamente o golpe.
Só esse roteiro justifica o fato de que Erdogan, uma vez senhor da situação, tenha desencadeado uma operação de caça a militares comprometidos e, sobretudo, a mais de 2 mil juízes e promotores. Os nomes desses envolvidos não poderiam ter sido arrolados de um dia para outro. Da mesma forma, o fechamento da base aérea turca de Incirlik, partilhada com os americanos, não ocorreria jamais caso o Presidente turco não tivesse certeza absoluta da participação norte-americana na tentativa de golpe. Enfim, o tempo da revolução de estações parece ter-se esgotado. Restou, por acaso, o golpe de inverno no Brasil!
J. Carlos de Assis é economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ.
http://www.correiodobrasil.com.br/contragolpe-na-turquia-foi-golpe-da-russia-contra-cia/

Ministro da Saúde interino sinaliza com o fim do programa Mais Médicos no Brasil


 Ministro de Temer quer por fim ao programa que cuida das pessoas carentes Ministro de Temer quer por fim ao programa que cuida das pessoas carentes
O ministro da Saúde do governo interino, Ricardo Barros, afirmou ontem (21) que o programa Mais Médicos é provisório. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele disse que a contratação de médicos cabe aos municípios, e não ao governo federal. "São eles que deveriam contratar os médicos. Mas temos 2.500 municípios que só têm médicos do Mais Médicos", afirmou Barros, que não determinou prazo para o fim do programa.

Segundo a reportagem, a declaração contraria posição do governo Dilma Rousseff, que pretendia estender o programa para até depois de 2026, quando estariam concluídas as metas para formação de novos profissionais.

"Por que vou ter um contingente de médicos no governo federal se não é minha responsabilidade e se o sistema de saúde é descentralizado?", questionou o ministro, para quem a dificuldade para atração de médicos para áreas no interior do país se deve a norma constitucional que impede que funcionários públicos municipais – os médicos, no caso – recebam remuneração superior à do respectivo prefeito. "Há cidades pequenas em que o prefeito ganha R$ 3.000 ou 4.000. O médico não trabalha por isso."

O ministro diz esperar que os profissionais cubanos que atuam no Mais Médicos sejam substituídos por brasileiros e que convidou o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira – está última sempre se posicionou contrariamente ao programa – para prepararem um edital com novas medidas que incentivem os brasileiros a ocupar vagas em cidades mais distantes, onde hoje a maioria é de cubanos.

Dos 18.240 profissionais que atuam no Mais Médicos, 11.429 são cubanos, e cerca de 20% deles devem ser substituídos em novembro.

 Fonte: rede Brasil Atual
http://www.vermelho.org.br/noticia/284012-1

Até quando os brasileiros aceitarão o golpe?


por Paulo Nogueira, para site Diário do Centro do Mundo - Sociedade e Administração Pública

Brasileira
(fonte no final)

Uma calamidadeUma calamidade

Estamos condenados a suportar Temer até 2018?
Temo que sim. Algum tempo atrás, estava convencido de que o golpe não vingaria. Escrevi sobre isso mais de uma vez.
Minha análise se baseava no seguinte: Eduardo Cunha não teria liberdade de ação para comandar o processo de impeachment na Câmara depois que vieram a público acusações gravíssimas contra ele.
Ele afastado, o processo morreria.
Mas, para espanto de quem se pauta pelo bom senso e pela honestida, o ministro do STF Teori Zavascki só tomou providências em relação a Cunha depois que este pôde terminar seu trabalho macabro.
Foram meses de inação de Zavascki, um horror que caberá aos historiadores do futuro anotar e, talvez, decifrar.
O STF, por Zavascki, teve a chance de abortar uma das manobras mais sujas da história política nacional, mas nada fez.
Consumado o golpe no Senado, as ruas teriam que se manifestar intensamente para derrubá-lo.
Os senadores teriam que saber que seriam depois cobrados pela sociedade pelo golpe da plutocracia.
Mas o fato é que a mobilização não se concretizou. Houve ações de “guerrilha”, como os esculachos em aeroportos, mas nada além disso.
Foi pouco. Foi nada.
Temer deu vários motivos para que a esquerda se inflamasse. É um governo corrupto, com uma plataforma de direita para a qual não teve e não tem votos — e ele, em si, é um antilíder, com suas mesóclises e ausência total de carisma.
A esquerda está entorpecida, e a direita, ao contrário, trabalha ativamente pelo golpe. Veja a Folha e seu último DataFolha, com as manobras desonestas para inflar Temer. Isto é parte, e importante, do ativismo da direita.
Como entender o torpor da esquerda?
O dado mais forte é o enfraquecimento, com os anos, da outrora reconhecida e temida militância petista.
O petismo envelheceu. Numa conversa criminosamente gravada com Dilma, Lula lamentou a ausência das “mulheres de grelo duro” do PT para combater o golpe.
Mas também os “homens de saco roxo”, para seguir no mesmo tipo de imagem, não compareceram.
A abulia da esquerda permitiu aos conservadores o descaro de desqualificar a comprovação de que Dilma é inocente da acusação que a tirou do poder, as pedaladas.
O que era o centro da acusação virou pó, e mesmo assim o golpe seguiu em frente. Nunca se viu, na história do Brasil, uma coisa tão amoral, tão desavergonhada, tão avacalhada.
Este último adjetivo é o melhor: é o golpe mais avacalhado que a plutocracia já armou contra a democracia brasileira. Todos os pudores foram suspensos. Todas as tentativas de manter as aparências foram desprezadas.
Acabou? É Temer até 2018?
Provavelmente sim. Para quem gosta de manter esperança, resta uma única cartada: os protestos de 31 de julho.
Caso eles tenham o vigor, a contundência que faltaram até aqui nas manifestações, pode ser que nos livremos da calamidade chamada Temer.
A melhor hipótese seriam eleições antecipadas, uma hipótese que agrada a 62% dos brasileiros — um número que a Folha tentou esconder em sua última pesquisa.
Mas, para que isso aconteça, 31 de Julho tem que espernear, gritar, exigir a remoção de um presidente ilegítimo.
Meu otimismo antigolpe se esvaiu quando Zavascki deixou Eduardo Cunha massacrar 54 milhões de votos.
Sobrou apenas a torcida. Torço, e muito, para que 31 de Julho seja tudo aquilo que não vimos até agora.
Paulo NogueiraSobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/estamos-condenados-a-suportar-temer-ate-2018-por-paulo-nogueira/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=estamos-condenados-a-suportar-temer-ate-2018-por-paulo-nogueira

Moro divulga ilegalmente dados sigilosos da Petrobrás_Lava-Jato em Londres

  • Sergio Moro municia adversários da Petrobrás em Londres com dados sigilosos da Lava Jato

moro-petrobras-enscoMoro valida vazamento ilegal em cooperação com Inglaterra

no Jornal GGN, por Carlos Eduardo - Sociedade e Traidores Brasileiros do Brasil

O juiz da Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, autorizou o compartilhamento da delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, com investigadores de Londres em processo contra a própria estatal brasileira, Petrobras. O GGN revela que a medida judicial, ainda, foi viabilizada pelo vazamento de informações sigilosas por parte da força-tarefa da Lava Jato à imprensa, e posterior autenticação, por Moro, do levantamento ilegal dos dados.
A ação é movida pela ENSCO Deepwater, que teve o contrato do navio-sonda DS-5 Pride/Ensco rompido pela Petrobras, no início de 2016. A empresa "suspeita" que o negócio esteve envolvido em esquema de corrupção da Petrobras.
Isso porque os dados da delação de Cerveró e depoimentos tramitam em segredo de Justiça, na ação 5000771-31.2016.4.04.7000 na Vara Federal do Paraná, conforme mostra o sistema em imagem a seguir:
processo_segredo_de_justicaA companhia inglesa de perfuração de petróleo ENSCO foi prejudicada pelo rompimento do contrato, em janeiro deste ano. A Petrobras alegou irregularidades na contratação do sonda DS-5, mais especificamente, na companhia Pride, proprietária do equipamento com contrato em 2008, e que foi adquirida pela ENSCO em 2011.
Mas a motivação para a quebra do contrato foi o esquema de corrupção envolvendo a Pride Global e a Petrobras, descoberto pelos investigadores da Lava Jato, por meio dos depoimentos e delações de Nestor Cerveró. Em uma das declarações em segredo de Justiça, Cerveró fala sobre o pagamento de propina no acerto do contrato entre a empresa inglesa e a estatal brasileira.
De acordo com a delação do ex-diretor, que era para tramitar em sigilo, em 2007, enquanto diretor da Área Internacional, ele teria sido procurado por Renato Duque, então diretor de Serviços, para dividir a propina desta negociação.
Ficou acertado que cada um receberia cerca de US$ 1 milhão. O contrato foi fechado entre 2008 e 2009 e, segundo Cerveró, ele recebeu o montante de propina em parcelas.
Mas, o conteúdo deste depoimento não ficou protegido pelo sigilo judicial, sendo vazando por membros da equipe de Sergio Moro.
Foi esse vazamento que possibilitou que a ENSCO Deepwater, que sucedeu a Pride Global no contrato do navio-sonda, tomasse conhecimento dos motivos para o rompimento do acordo em janeiro deste ano. Sentindo-se prejudicada, entrou com processo contra a Petrobras, na Inglaterra. E mais: solicitou a Moro as delações e depoimentos de provas para usar contra a estatal brasileira.
A Petrobras, diretamente citada na investigação, pediu os dados sigilosos dos autos contra Nestor Cerveró, que foram cedidos por Sergio Moro. Sob a alegação de que a companhia inglesa precisava estar munida do "princípio da paridade de armas", pediu também o acesso ao conteúdo.
Como se tratavam de dados sigilosos, os advogados da Petrobras afirmaram no despacho que "vislumbram grande possibilidade" de que os depoimentos de Cerveró envolvessem o contrato deste navio-sonda.
A ENSCO simplesmente completou a teoria da "hipótese" para alegar o direito de acesso ao conteúdo:
processo_segredo_de_justica02
Sergio Moro ultrapassou o teor sigiloso do processo e, sob a justificativa de que também obteve a cópia dos autos a Petrobras - diretamente mencionada nas investigações e parte inerente dos processos - validou os vazamentos ilegais, ao ceder provas contra a estatal para a companhia inglesa.
"Autorizo o acesso e o compartilhamento do termo de depoimento n.º 4 de Nestor Cerveró com a Petrobras e a ENSCO Deepwater USA Inc., a fim de instruir processo arbitral instaurado pela empresa ENSCO Deepwater em Londres, Inglaterra, contra a Petrobras", disse Moro, na sua decisão.


Publicado em: Corrupção, Denúncia, Justiça

http://www.ocafezinho.com/2016/07/22/sergio-moro-municia-adversarios-da-petrobras-em-londres-com-dados-sigilosos-da-lava-jato/