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10.31.2015

A geopolítica brasileira com os BRIC's e os EUA

  • Algumas especulações geopolíticas entre o Brasil, BRIC's e os EUA

    • Não faz sentido destruir a indústria brasileira de petróleo e substituí-la por empresas controladas pelos irmãos Koch dos EUA

hqdefaultAntes de reproduzir uma notícia importante, sobre a aprovação na Câmara do banco dos Brics, algumas reflexões são feitas neste artigo
 Algumas podem parecer paranoicas, mas estamos diante de uma virada geopolítica tão grande, com movimentos tão definidos, que podemos nos dar ao direito de suprir o que não sabemos com um pouco de imaginação.
Mesmo que nos faltem elementos para fechar o quebra-cabeça, isso não afetará o resultado final da análise, que é baseado em fatos: a China está trazendo para o Brasil os recursos que os EUA estão tirando. Exemplo: enquanto o sistema judiciário americano tenta ferrar a Petrobrás, a China está assinando acordos sucessivos para emprestar dinheiro à estatal, já anunciou investimentos aqui da ordem de R$ 200 bilhões para cima, e acertou com o Brasil a criação do banco dos Brics, que alocará outros bilhões na infra-estrutura brasileira.
Passei uma tarde inteira, na quarta, conversando com parlamentares, da Câmara e do Senado brasileiro, e uma das teorias que circulam naqueles ambientes é a seguinte: a conspiração midiático-judicial-tucana para destruir a cadeia de indústrias do setor de petróleo é financiada pelos EUA, em especial pelas indústrias Koch, de propriedade dos irmãos Koch, os empresários mais ricos dos Estados Unidos.
Os irmãos Koch atuam em quase todas as etapas do setor, e são grandes especuladores no mercado mundial de petróleo.
Os Koch são ainda os principais financiadores do partido republicano, em especial de suas franjas mais radicais, como o Tea Party.
Outra teoria, e essa é a mais plausível de todas, porque há mais fatos: vários desses grupos "jovens", que organizam marchas antigoverno no Brasil recebem dinheiro americano. Vem pra rua, Revoltados on Line, Movimento Brasil Livre, essa turma toda recebe, em alguns casos até sem o saber, dinheiro dos Koch ou de outro grupo vinculado à direita americana e às suas empresas de petróleo.
Os irmãos Koch fazem lobby pelo fim da lei de conteúdo nacional, e pelo fim do monopólio da Petrobrás como operadora, para que eles mesmo possam oferecer seus serviços e produtos à Petrobrás. Ou mesmo substituir a Petrobrás.
Corre à boca pequena no congresso que os tucanos não estão preocupados com a crise na cadeia de indústrias ligada ao petróleo e à construção civil, sob ataque político violentíssimo de setores conspiracionais do Ministério Público, porque o dinheiro deles já está garantido pelo Tio Sam.
O alto tucanato foi aos EUA, dias atrás, e seus membros foram homenageados num regabofe com bilionários.
Não me entendam mal. Ao contrário do clichê que se tem de um blogueiro progressista, não sou nenhum esquerdista antiamericano. Ao contrário, acho que o Brasil deveria desenvolver muito mais parcerias com os EUA, sobretudo nos campos da tecnologia da informação, ciências e cultura.
Mas evidentemente não faz sentido destruir a indústria brasileira de petróleo e substituí-la por empresas controladas pelos irmãos Koch, que representam o que existe de mais golpista, corrupto e reacionário nos EUA. Se existia corrupção na relação entre as indústrias brasileiras e a Petrobrás, com a entrada dos Koch essa corrupção seria alçada a uma magnitude muitíssimo superior.
A relação entre o dinheiro americano e a política brasileira ficou clara durante as eleições de 2014. Sempre que a presidenta caía nas pesquisas, as ações da Petrobrás subiam, empurradas por pressões especulativas exercidas a partir da bolsa de Nova York.
O capital internacional, que ainda existe e não é delírio de mentes paranoicas esquerdistas, tem sede nos EUA e defende, em primeiro lugar, os interesses econômicos e políticos dos EUA.
É aí que mora o problema: os EUA nunca tiveram uma visão generosa para com o Brasil, porque nunca dependeram de nós para nada. Com exceção, talvez, do café, que não tem importância estratégica nenhuma.
Já a China realmente precisa do Brasil, porque depende de nossos produtos agropecuários e minerais. Interessa à China que o Brasil se mantenha forte, estável e em crescimento, com uma política independente dos EUA, e por isso ela está ajudando o Brasil a superar a atual crise.
Os fundamentos da indústria brasileira foram lançados na década de 40, quando o então presidente Getúlio Vargas usou a geopolítica da época para obter grandes financiamentos dos EUA.
Dilma está fazendo a mesma coisa. Está jogando o jogo macro da geopolítica para trazer ao Brasil grandes investimentos em infra-estrutura.
E de quebra ainda conseguirá desinfetar a maioria dessas conspirações midiático-judiciais, cuja principal arma seria espremer e ressecar a economia brasileira.
A história do poder americano sugere fortemente que mantenhamos o nível de paranoia em estado de alerta. Mas se quisermos nos ater estritamente aos fatos públicos, nossa análise não muda muita coisa.
Em termos gerais, as pressões políticas que vem dos EUA continuam negativas. E não é porque os EUA são malvados e os chineses, bonzinhos.
Os EUA, à diferença da China, não têm interesse, por exemplo, em financiar a nossa infra-estrutura.
No frigir do bolinho de arroz, isso é o que importa: obter recursos, muitos recursos, para financiar nossos trens, metrôs, portos e estradas.
Conseguimos isso com a China, o que forçará os EUA a também alocarem recursos aqui, se não quiserem perder influência e negócios.
Enfim, parece que a presidenta, desta vez, soube ficar do lado certo do vento que sopra sobre o Brasil.
http://www.ocafezinho.com/2015/05/22/algumas-especulacoes-geopoliticas/

10.30.2015

Projeto de lei 215 na Câmara Federal é uma ameaça aos índios e a Amazônia

  • Para o analísta político Vannuchi, PEC 215 é ameaça à preservação da Amazônia

  • O texto é visto como uma ameaça aos direitos indígenas, além de ser “uma atitude danosa ao planeta” e a Amazônia
por Redação Rede Brasil Atual - Sociedade e Direitos Indigenas
Foto-  Marcelo Camargo/Agência Brasil
jogs_ind_protesto29102015_099.jpgPEC 215 transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígena
 
São Paulo – “Há uma coincidência total e absoluta, no Brasil, entre as áreas indígenas e os locais não destruídos na Amazônia”, afirma o analista político Paulo Vannuchi (29/out/2015), em comentário na Rádio Brasil Atual. O colunista critica a aprovação, em comissão especial da Câmara, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas.
Vannuchi cita artigo de Paulo Sérgio Pinheiro, que o antecedeu na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), alertando para a atuação da chamada "bancada BBB" (de boi, bala e Bíblia) no Congresso Nacional como protagonista de projetos que representam retrocessos às conquistas sociais no país. A PEC 215 é um deles.
Segundo ele, o texto é uma ameaça aos direitos indígenas e uma atitude danosa ao planeta. “É uma medida preocupante, que coloca em cheque a preservação dos povos indígenas.” Para o colunista, o avanço da pauta na Comissão Especial da Demarcação de Terras Indígenas, está entre os retrocessos conduzidos pela liderança conservadora do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. "A PEC ainda seguirá tramitando na Casa e as forças democráticas terão de se unir para barrar o avanço desse projeto."
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2015/10/para-vannuchi-pec-215-e-uma-ameaca-a-preservacao-da-amazonia-151.html

Relatório mostra que liberdade de acesso à internet em vários países diminuiu

  • A liberdade de expressão na internet caiu em 32 dos 65 países analisados pela Freedom House desde junho de 2014

por Agência Brasil - Sociedade e Liberdade de Informações na Internet
 
Arquivo/EBC
internet livreBrasil divide a 18ª posição do ranking, ao lado do Quênia, no limite da classificação de país com internet livre
 
Brasília – A liberdade de acesso à internet retrocedeu pelo quinto ano consecutivo em todo o mundo, de acordo com um relatório divulgado hoje (28) pela Freedom House que aponta “recuos notáveis” na Líbia, Ucrânia e França.
Quase seis em cada dez pessoas (58%) em todo o mundo vivem em algum país onde internautas ou bloggers foram presos por terem compartilhado online conteúdos de conotação política, social ou religioso, diz o relatório anual da organização não governamental (ONG) de defesa de direitos humanos.
A liberdade de expressão na internet caiu em 32 dos 65 países analisados pela Freedom House desde junho de 2014. Foram registrados “declínios notáveis” na Líbia, França e, pelo segundo ano consecutivo, na Ucrânia, devido ao conflito territorial e à “guerra propagandística” com a Rússia, diz a Freedom House em comunicado.
“A posição da França caiu, pricipalmente, por causa das problemáticas políticas adotadas após os atentados terroristas ao [jornal satírico] Charlie Hebdo” em janeiro, explica a organização.
A ONG cita, como exemplo, uma lei aprovada pelo Parlamento francês, em junho, que reforça os poderes dos serviços de informações, em nome da luta contra o terrorismo. A lei define um regime de autorização e de controle de técnicas de espionagem, como escutas, vigilância com câmaras ocultas ou acesso a redes de telecomunicações.
Apesar da queda, a França ocupa a nona posição entre os 18 países classificados como livres – com 24 pontos contra 20 em 2014, em uma escala em que 0 reflete o mais alto grau de liberdade.
A Líbia, está entre as 28 nações 'parcialmente livres' e viu a sua pontuação no ranking cair, depois de junho do ano passado, devido “à inquietante violência contra bloggers, novos casos de censura política e aumento nos preços de serviços de internet e celular”.
Depois da primavera árabe de 2011 e do papel desempenhado à época pelas redes sociais, a maioria dos países do Magrebe (noroeste da África) e do Oriente Médio reforçou o controlo sobre a internet, de acordo com o relatório, que avaliou o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2014.
Segundo a Freedom House, 14 governos, de um total de 65 países, aprovaram leis ao longo do ano passado para reforçar a vigilância online.
A China apresenta a pior marca do relatório (88 pontos), enquadrando-se no conjunto de 19 países 'não livres', atrás da Síria e do Iraque.
O país melhor posicionado é a Islândia, com 6 pontos, seguida da Estônia, Canadá, Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Japão e Itália. O Brasil divide a 18ª posição do ranking, ao lado do Quênia, ambos com 29 pontos e no limite da classificação de país com internet livre.
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2015/10/liberdade-de-acesso-a-internet-retrocede-em-todo-o-mundo-mostra-relatorio-4276.html

Entidade Internacional Latino Americana Reúne Países para Discutir Distribuição de Alimentos

  • FAO reúne países latinos para discutir agricultura familiar na Conab brasileira

    • É o esforço internacional latino no combate a fome e a miséria quanto a alimentos na América do Sul, Central e Caribe

por Stênio Ribeiro para a Agência Brasil - Sociedade e Combate a Fome e Pobreza 
Foto - Valter Campanato/Agência Brasil
FAOFAO disponibilizou cerca de R$ 1,8 bilhão para fortalecer sistemas públicos de abastecimento de alimentos na América Latina

Brasília – Representantes de 14 países da América Latina e do Caribe iniciaram hoje (28), em Brasília, uma reunião de dois dias para discutir oportunidades e desafios para a agricultura familiar, suas cooperativas, associações, e os sistemas públicos de abastecimento.
O encontro faz parte do acordo que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) assinou com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) há dois meses, de modo a promover o abastecimento sustentável, desenvolvimento da agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, desenvolvimento rural e as compras governamentais na região.
Na instalação da reunião, no auditório da Conab, o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, informou que o encontro é o início do diálogo para identificar interesses comuns no abastecimento alimentar por meio de empresas públicas, na promoção da agricultura familiar nas ações de segurança alimentar e nutricional e no desenvolvimento inclusivo do comércio intrarregional de alimentos.
Presidente em exercício da Conab, Lineu Olímpio de Souza lembrou que a FAO disponibilizou US$ 450 mil (cerca de R$ 1,8 bilhão a preços de hoje) para fortalecer sistemas públicos de comercialização e abastecimento de alimentos na região. Os recursos são parte dos esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.
A reunião prossegue amanhã (29/out/2015), na Conab do Setor de Indústria e Abastecimento em Brasília, com presença de representantes de países da América do Sul, além do Panamá, Costa Rica, Nicarágua, México, San Vicente e Granada. Os dois últimos ficam nas Pequenas Antilhas.
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2015/10/fao-reune-paises-latinos-para-discutir-agricultura-familiar-na-conab-4500.html

10.26.2015

Migrantes impulsionam a economia da Itália




Por Eleonora Camilli para Revista Carta Capital - Sociedade, Direitos Humanos e Economia (fonte no final)
Grande parte dos cerca de 1 bilhão de euros repassados a centros de recepção pelo governo acaba investida no comércio local
A recepção de migrantes é um negócio. E não apenas para aqueles que realizam atividades ilegais, lucrando com o infortúnio dos refugiados. A assistência a pessoas que chegam à costa italiana todos os dias traz uma renda honesta: estruturas de hospedagem para solicitantes de asilo e outros beneficiários de proteção internacional podem lucrar, mesmo dentro da lei e por meio de acordos assinados com as prefeituras, favorecendo autoridades locais e aumentando a receita em nível local.

  Foto: UNHCR/Sebastian Rich
Em alguns casos, esses lucros são uma verdadeira dádiva, especialmente em áreas onde a crise financeira é mais intensa. Para parafrasear um dos antigos anúncios do governo de Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro da Itália, em resumo, a recepção de migrantes “impulsiona a economia”.
980 milhões de euros por ano
Segundo os dados mais recentes do ministro do Interior, Angelino Alfano, em junho deste ano, 78 mil migrantes se hospedaram em centros italianos, incluindo instalações temporárias (48 mil), centros de recepção para refugiados (20 mil) e centros do governo (10 mil). Por sua assistência, o Estado fornece aos centros participantes uma média diária de 35 euros por dia para cada migrante (o que também inclui 2,50 euros por dia em “trocados” para despesas diárias fornecido aos hospedes). “Esses 35 euros são a média do custo calculado dos projetos do Sistema de Proteção para Refugiados e Solicitantes de Asilo (SPRAR). Mas ao longo do tempo esse valor se manteve como a média de custo também para a hospitalidade fornecida pelas prefeituras”, explica Daniela Di Capua, chefe do serviço central do SPRAR.
De acordo com os dados do Ministério do Interior, a despesa máxima diária para recepção de migrantes é de cerca de 2,7 milhões de euros, ou 82 milhões por mês. Por ano, o valor chega a 980 milhões de euros. “Esse valor nunca chegará às mãos dos migrantes em si, mas representa o custo de manutenção deles”, diz Di Capua. “Se retiramos os 2,50 em ‘trocados’, sobram mais de 32 euros por migrante para, em primeiro lugar, cobrir custos de equipe. Isso significa pagar salários, contribuições de impostos e contratos de operadores que trabalham nos centros, cuja a maioria é de jovens italianos”, completa.
Segundo Di Capua, parte do valor também é gasto na acomodação e na manutenção das instalações, que são em alguns casos de propriedade de municípios e são reformadas. “Algumas vezes, esses locais são alugados para clientes privados. Outra parte do dinheiro paga fornecedores, desde farmácias a mercados.” Este é um gasto que fica largamente nos municípios, explica. Não apenas para quem vence os contratos com o governo, mas para os municípios vizinhos. Há cerca de 400 municípios afetados diretamente pelos projetos de recepção do SPRAR.
Os acordos de financiamento para a recepção de migrantes autorizam que os gerentes dos centros estabeleçam com as prefeituras que os 35 euros diários cobrem: a compra e o fornecimento de refeições, serviços, ‘trocados’ para os migrantes, manutenção das instalações, e, em alguns casos, para a integração dos migrantes.
É preciso haver três refeições por dia com alimentos de alta qualidade e que respeitem as crenças religiosas dos solicitantes de asilo. Os migrantes ainda recebem itens de higiene pessoal, roupas, serviços de lavagem de roupas e assistência em casos de famílias com crianças.  “Além dos 2,5 para despesas diárias e a comida, os migrantes não recebem nada mais do valor”, afirma Don Vinicio Albanesi, presidente da Comunidade de Capodarco e da fundação Caritas in Veritate, que abriga 100 refugiados em um projeto de recepção em Fermo. “O resto do valor é gasto localmente. Devemos garantir uma equipe adequada: com educadores, mediadores culturais, um psicólogo e um cozinheiro. E isso significa empregos. A comida é sempre comprada na área, assim como os remédios e as roupas.”
A recepção de migrantes é positiva 

Família de solicitantes de asilo afegã na ilha de Lesvos, na Grécia. Foto: UNHCR / G. Moutafis
“A recepção é claramente benéfica, mas ninguém reconhece,” avalia Albanesi. No sul da Itália, em particular, é também uma forma de empregar a população local. Muitas áreas lucram com a recepção de migrantes, pois o retorno econômico é substancial, especialmente em tempos de crise. Albanesi rebate aqueles que criticam os altos custos de centros de recepção. “Quando ocorreu o terremoto em L’Aquila, o Estado pagava 64 euros por dia para a acomodação dos afetados pelo desastre. Muitos foram hospedados em hotéis na costa Adriática, mas não houve protestos. Por que 35 euros parecem tanto hoje em dia? Apenas porque essas pessoas são negras?”
Em Asti, a ONG Piam, que tem lidado por anos com vítimas de tráfico humano e recebido solicitantes de asilo e refugiados, até lançou uma campanha midiática intitulada “Recepção é Bom”, em tradução livre. “As regiões ganham VAT (imposto sobre valor agregado) e a segurança social é melhor (com as contribuições pagas aos empregados dos centros de recepção). Todos nos beneficiamos. Uma boa recepção é mais saudável para todos, doenças são prevenidas com um abrigo, comida e um chuveiro“, afirma um dos operadores comerciais de um dos projetos do SPRAR.
“Parte dos fundos do SPRAR devem ser usados com comunicação. Decidimos lançar uma campanha para abordar os diversos ataques e clichês aos quais sofremos”, explica Alberto Mossino, presidente da Piam, que lida com um projeto de recepção para 140 migrantes. Segundo ele, havia muito descontentamento com os trabalhadores do setor. Era preciso desmistificar algumas concepções. “Essa manhã, gastei 500 euros em roupas para migrantes que chegaram ao nosso centro. Comprei esses itens em uma loja aqui perto. Sempre compramos comida local e, quando precisamos, contratamos locais”, explica.
Mossino lembra, entretanto, que alguns centros de recepção se preocupam apenas com lucros, sem seguir padrões mínimos de qualidade. Isso ainda é possível devido ao fraco controle dos projetos. “Existem aqueles que entram nestas atividades apenas para lucrar, porque neste momento existem lucros que estão atraindo muitas pessoas.”
Nota do editor: Politike reconhece a lógica benéfica de que os repasses realizados pelo governo italiano aos centros de recepção para migrantes e outras acomodações representam um impulso na economia local, ao injetarem recursos extras nessas áreas. No entanto, é preciso pontuar que a União Europeia possui diretriz específica sobre os requisitos mínimos de qualidade e segurança que os centros de recepção no bloco devem possuir. Cabe aos Estados Membros garantir o cumprimento das mesmas. Logo, a “financeirização” ou “terceirização” dos centros de recepção não pode resultar em violação do item que define “padrões adequados de qualidade de vida” nessas instalações. 
Este artigo foi originalmente publicado na newsletter da ONG Rights in Exile Programme.
Este artigo foi editado para se adequar aos padrões de tamanho do Politike. 
http://politike.cartacapital.com.br/como-migrantes-impulsionam-a-economia-da-italia/