Páginas

9.29.2015

Um certo Brasil de servidores, nossos semelhantes e a rejeição

Na onda de louvação das virtudes do mundo globalizado, a rejeição ao “nacional” atingiu camadas profundas das almas excelentes

por Luiz Gonzaga Beluzzo, na Carta Capital - Sociedade e Reconhecimento Social (fonte no final)

Um grande e velho amigo tem o hábito de estender a mão, cumprimentar e conversar com os funcionários ao chegar à sua empresa. Pergunta pela família, quer saber dos filhos, os pequenos, os adolescentes e os crescidos. Brinca com os torcedores adversários nas derrotas de seus times e até mesmo ironiza os fanáticos da sua banda futebolística.
Numa dessas, estendeu a mão para cumprimentar o jardineiro recém-chegado. Ele cuidava das orquídeas e bromélias espalhadas à frente do edifício da diretoria. Diante da mão estendida, o jardineiro mostrou as mãos sujas de terra e sacudiu os braços em um gesto de frustração. Meu amigo não desistiu: abraçou o artesão da natureza. O trabalhador ficou surpreso e no almoço com os companheiros não se cansava de dizer: nunca havia sido tratado “dessa maneira”. 

“Essa maneira” revela muito mais do que um abraço. O abraço e seu reconhecimento, mais o reconhecimento do que o abraço, revelam as entranhas de um certo Brasil. Os habitantes desse país dentro do País não veem as pessoas.  As pessoas, gente, humanos, eles e elas, aqueles que começaram a aparecer nos aeroportos, nos supermercados, nos shopping centers, percebem que os de cima sentem que “eles não são o que nós somos”. Não conseguem reconhecer o outro. Convivem no mesmo território, mas não frequentam a mesma sociedade. Querem dizer: eles não são nossos semelhantes. São nossos servidores. 

Na onda de louvação das virtudes do mundo globalizado, a rejeição ao “nacional” atingiu camadas profundas das almas excelentes. A nova rejeição é mais profunda porque, de forma devastadora, erodiu os sentimentos de pertinência à mesma comunidade de destino, suscitando processos subjetivos de diferenciação e desidentificação em relação aos “outros”, ou seja, à massa de pobres e miseráveis que “infesta” o País. E essa desidentificação vem assumindo cada vez mais as feições de um individualismo agressivo e antirrepublicano.

A rejeição também foi mais ampla porque essas formas de consciência social contaminaram vastas camadas das classes médias: desde os “novos” proprietários, passando pelos quadros técnicos intermediários até chegar aos executivos assalariados e à nova intelectualidade formada em universidades estrangeiras ou mesmo em escolas locais que se esmeram em reproduzir os valores do individualismo agressivo. Isso para não falar do papel avassalador da mídia. 
http://www.gazetadejoinville.com.br/portal/2015/09/21/beluzzo-a-elite-brasileira-nao-reconhece-nosso-povo/

Senadores do Brasil querem entregar nossas reservas de pré-sal às multinacionais

  • Coordenador-geral da FUP questiona o senador Serra-SP, em audiência no Senado: “É patriótico entregar nossas reservas de pré-sal às multinacionais?”

  • Nesse momento, o Senado e a Câmara deveriam estar gastando energia, buscando resolver os problemas da Petrobrás


FUP, Serra e Zé Maria em Audiência no SenadoFotos: André Oliveira/FUP

do site da Federação Única dos Petroleiros - Sociedade e Fontes de Energia Não-Renováveis

O coordenador da FUP, José Maria Rangel, participou nesta segunda-feira, 28, de audiência pública no Senado, que debateu a participação da sociedade na gestão do Pré-Sal e os impactos do PLS 131/2015, que retira da Petrobrás a exclusividade na operação dessas reservas e a participação mínima em 30% dos campos. A audiência foi promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a pedido do senador Paulo Paim (PT/RS). O senador José Serra (PSDB/SP), autor do PLS 131, participou do debate, que também contou com a presença do diretor da CUT, Vitor Carvalho, além de representantes da NCST, da Aepet e da Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul (Socecon).
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, começou sua fala, lembrando que a Lei 12.351/2010, que estabelece o regime de partilha para o Pré-Sal, foi amplamente discutida no Congresso Nacional, durante 15 meses, antes de ser aprovada e que, portanto, não se pode querer “mudar algo que é estruturante para o nosso país por um problema conjuntural pelo qual a Petrobrás está passando”.
Ele provocou o senador José Serra, que tem alegado que o seu projeto (PLS 131) é patriótico. “É patriótico a gente entregar nossas reservas para as empresas multinacionais?”, retrucou o coordenador da FUP, criticando a argumentação dos entreguistas de que mudar a lei trará novos investimentos para o país. “O setor petróleo no Brasil foi aberto em 1997 e qual foi o investimento que as multinacionais fizeram no nosso país nesses quase vinte anos?”, questionou José Maria, ressaltando que sem a Petrobrás, não haveria política de conteúdo nacional, nem o desenvolvimento da cadeia produtiva do setor.
“Como operadora única e sendo uma empresa do Estado, a Petrobrás é que vai ditar o ritmo de produção do pré-sal para evitar a produção predatória”, destacou o coordenador da FUP, esclarecendo que a participação mínima, prevista na lei de partilha e que José Serra quer acabar, é uma prática adotada também no regime de concessão, onde a orientação da ANP é de que a operadora tenha pelo menos 30% do campo.
José Maria Rangel provocou os parlamentares, declarando que “nesse momento, o Senado e a Câmara deveriam estar gastando energia, buscando resolver os problemas da Petrobrás”. Ele afirmou ainda que o governo tem que assumir sua responsabilidade como acionista majoritário da Petrobrás e financiar os projetos da empresa. “Isso não é novidade. Na crise do capital, em 2008, o governo Obama investiu 30 bilhões de dólares na General Motor e investiu agora 10 bilhões de dólares nas empresas exportados de gás dos Estados Unidos”, lembrou ele.
Ao encerrar a sua fala, o coordenador da FUP fez um chamado ao Congresso Nacional, ao governo e à sociedade para que denfendam a Petrobrás e o Pré-Sal. Não podemos tratar o pré-sal como se fosse um ônus para a companhia. Quantas empresas mundo afora gostariam de ter as reservas do pré-sal, cerca de 300 bilhões de barris de petróleo? Portanto, a Petrobrás, o governo e a sociedade brasileira não podem abrir mão disso”, afirmou.
fup no senado

http://www.viomundo.com.br/denuncias/jose-maria-rangel-da-fup-a-serra-em-audiencia-no-senado-e-patriotico-entregar-nossas-reservas-de-pre-sal-as-multinacionais.html

Economistas querem emprego e renda no centro da política econômica brasileira

  • Contra ajuste, economistas querem emprego e renda no centro da política econômica no Brasil

  • Documento defende que combate às desigualdades volte à agenda do governo, com mudanças nos juros, controle da inflação, atuação do BC e em um debate que não seja refém do 'terrorismo de mercado' praticado hoje através da mídia
por Helder Lima, do site Rede Brasil Atual - Sociedade, Economia e Bem Estar Social (fonte no final do texto)
 
reprodução RBA
pochmann28set.jpgPochmann: "Não estamos aqui para defender esta ou aquela pessoa. A nossa proposição é sobre os rumos do Brasil"
São Paulo – Contra a "ditadura do pensamento único" de que somente o ajuste fiscal capitaneado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode apontar saídas para a recessão do país, foi lançado na tarde de hoje (28/set/2015), em São Paulo, o documento "Por um Brasil Justo e Democrático", que se propõe a ampliar o debate sobre os rumos do país, e apresenta alternativas de política econômica para a retomada do crescimento brasileiro.
Os quase 200 profissionais que assinam o documento, entre economistas, advogados, urbanistas e outros profissionais formadores de opinião ligados ao pensamento progressista, têm como consenso o diagnóstico que o ajuste fiscal prejudica a atividade econômica em vez de tirar o país da recessão. “O documento se presta a evitar o terrorismo da lógica de curto prazo dos mercados especulativos”, afirmou o presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Marcio Pochmann. “Esse pensamento nos faz pensar pequeno. Precisamos ter clareza de que ao apontar para a lua não podemos ficar focados no próprio dedo.”
Entre as alternativas defendidas pelo documento, destacam-se mudanças para colocar a geração de emprego e renda no centro da política econômica do governo, para que o país volte a combater as graves desigualdades sociais com vistas à distribuição de riqueza. Em termos práticos, o documento defende que o papel do Banco Central seja ampliado – hoje a atuação monetarista do banco está focada em combater a inflação com elevação de juros, quando na verdade deveria olhar para a proteção social; e que o parâmetro da inflação deixe de ser o IPCA, "um índice ruim para a inflação, porque inclui produtos sobre os quais o governo não tem influência", critica o professor de economia da Unicamp Guilherme Mello.
O documento defende ainda maior controle do governo sobre a política cambial, "pois hoje a regulamentação é frouxa e permite a especulação com a nossa moeda", afirma Mello, e também uma visão do papel de longo prazo dos bancos públicos, voltada ao desenvolvimento, "já que hoje o que estamos vendo é um ataque do mercado aos bancos públicos". Esse próprio mercado, segundo o economista, não teria condições de financiar o desenvolvimento se os bancos públicos acabassem.
O documento sugere também que o governo flexibilize o modelo do tripé macroeconômico, com base no controle da inflação, câmbio flutuante e metas de superávit primário; e também mudanças na estrutura tributária para promover justiça fiscal em um país em que as elites não pagam imposto e os pobres são sobrecarregados por impostos embutidos no consumo.
Ao ser indagado por jornalistas se o grupo defende a saída do ministro Joaquim Levy, Pochmann disse: "Não estamos aqui para defender esta ou aquela pessoa. A nossa proposição é de conteúdo sobre os rumos do Brasil. Nós já tivemos experiência no período recente com as mesmas medidas aqui defendidas e que deram resultados fundamentais: o país conseguiu o grau de investimento (durante o governo Lula) fazendo outro tipo de política”, afirmou em referência a "medidas voltadas para o crescimento e não para o aprofundamento da recessão, com receituário neoliberal, que deseja corte de empregos e de renda para combater a inflação".
O documento é dividido em duas partes, uma focada em “Alternativas para o Brasil voltar a crescer” e outra em “Subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional”. O documento reúne instituições que historicamente têm desempenhado papel ativo na defesa dos trabalhadores, como a Fundação Perseu Abramo, a Plataforma Política e Social, o Brasil Debate, o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e a Rede Desenvolvimentista.
Pochmann também criticou que “o ajuste fiscal reduz a atividade econômica porque cortam-se gastos públicos, aumentam-se os impostos, reduz a renda na economia e, portanto, a economia cresce menos, o Estado arrecada menos, e não se consegue reduzir as despesas no mesmo nível. Então, é um problema permanente".
O economista lembrou que, em janeiro, o ministro Levy havia afirmado que haveria uma recessão de apenas três meses. "Agora, se fala em uma recessão que poderá durar até 2017, e o país não suporta essa magnitude”.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, afirmou à reportagem da RBA que a iniciativa do documento é mais do que necessária para ampliar a discussão sobre a grave crise que o país está vivendo. “A burguesia apresentou como saída a volta do neoliberalismo e o governo está equivocado”, disse ao destacar que a recessão tem sido vista como um problema de orçamento, o que tem como resultado ainda mais crise. “Essa iniciativa recoloca o debate em seus devidos termos, precisamos de uma nova política econômica para sair da crise. E só há saída se houver debate e mobilização em torno de alternativas concretas”.
Para Stedile, a opção de política neoliberal adotada pelo governo pode ter surgido de um “susto” com a crise política que se instalou a partir das eleições do ano passado e do agravamento da crise no cenário internacional, que desta vez afeta especialmente Brasil, Rússia e China. Stedile vê a opção do governo com a política de austeridade como um “aceno à burguesia” para tentar se proteger. Mas ele também considera que quanto mais o governo oferece, pior fica e vê como irreversível a necessidade de mudar a política econômica.
Um dos argumentos centrais que o documento pretende desmontar é o de que a culpa da recessão atual é do aumento “exagerado” de salários, ou da nova matriz econômica do país, com inclusão no consumo e expansão da classe média, graças às escolhas dos dois governos Lula e ao primeiro mandato de Dilma Rousseff. “Não aceitamos esse argumento”, afirma o economista da Unicamp Pedro Rossi, para quem o país viveu um ciclo virtuoso a partir de 2003, com distribuição de renda e crédito e também aumento de produtividade na indústria.
“Durante esse período, principalmente entre 2005 e 2011, houve um aumento do mercado consumidor e da capacidade de oferta; o investimento também cresceu sistematicamente, não foi um crescimentos artificial”, defendeu, ressaltando que a taxa de investimento no país chegou a 12% em 2008. Mas ele também critica que faltou sintonia entre a economia e o crédito, e que o padrão de consumo no país foi modernizado sem mudanças na infraestrutura da economia.
Para Rossi, um dos erros fundamentais do primeiro mandato de Dilma Rousseff foi a ausência de contrapartida dos empresários em relação às desonerações adotadas pelo governo, como medidas anticíclicas para reverter um quadro que já apresentava sinais de desaceleração. “Os empresários engordaram suas margens de lucro, mas não deram retorno. Seria mais importante ter um plano de gastos do que desonerações”, afirmou.
Segundo Rossi, o discurso da crise que se tornou dominante buscou fazer um clima de terrorismo fiscal já em 2014, quando ainda não havia nada que apontasse para uma crise grave. Sobre o resultado primário negativo no ano passado (-0,6%), depois de anos de resultados positivos, ele afirma que, apesar de negativo, esse desempenho foi melhor do que em outros países. “Nossa dívida caiu e hoje não estamos com o FMI na porta”, disse.
Com a redução atual nos ciclos de consumo e de crédito, as variáveis de demanda estão sendo fragilizadas, diz o economista. “O ajuste fiscal está piorando as contas fiscais, estamos piores hoje do que em dezembro de 2014”, afirma. “Irresponsabilidade fiscal é jogar o país numa recessão.”
http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/09/documento-da-perseu-abramo-ataca-terrorismo-da-logica-de-curto-prazo-dos-mercados-especulativos-4572.html

O escândalo Volkswagen visto de perto, que virou fiasco

Coreia do Sul, Japão, Alemanha, França e Itália começam a investigar se montadora fraudou veículos em seus mercados. A pátria interior dos alemães está mortalmente ferida e mortificada
 
por Flavio Aguiar, para o site Rede Brasil Atual - Sociedade e Multinacionais (fonte no final do texto)
 
cc / monitorauto / wikimedia
volks_polui.jpgFraude da Volkswagen para conquistar mercados faz autoestima alemã "virar fumaça": fiasco, poluição e prejuízos
Tudo começou com a melhor das intenções. Em meados de 2014, Peter Mock, militante do International Council of Clean Transportation, na Europa, decidiu fazer alguns testes para provar que os carros movidos a diesel poluíam menos do que os outros. Pôs-se na estrada com um deles, e ficou surpreso com o resultado: havia uma discrepância grande entre os índices de poluentes na estrada (o que compreende também ruas urbanas) e aqueles obtidos nos laboratórios de fiscalização. Por "laboratório" entenda-se uma situação que envolve circulação, mas em condições artificiais. Outra coisa é o carro nas mãos do cidadão comum, com dívidas a pagar (inclusive a do próprio carro), premido pelo tempo, espremido no trânsito (imagine em S. Paulo ou outra metrópole brasileira), reduzindo revisões e ajustes do motor etc.
Peter comunicou o fato a seu colega norte-americano John German. Este, por sua vez, resolveu fazer testes nos Estados Unidos, a partir da Universidade de West Virginia, uma das melhores no ramo tecnológico, nos Estados Unidos. Um dos carros escolhidos foi da Volkswagen. E a discrepância constatada era enorme, muito maior do que a europeia.
O caso foi parar na Agência de Proteção ao Meio-Ambiente do governo federal, e daí seguiu ao Ministério da Justiça. No começo, a Volks norte-americana tergiversou. Apontou problemas técnicos, itinerários etc. Mas muitos etc. depois, com o avanço das investigações, a poeira se dissipou e o problema veio à luz.
A empresa instalara um software malicioso nos carros, que detectava quando o carro seria submetido a um teste (já que os modelos eram escolhidos ao acaso). Neste momento, o software malandro mudava o sistema de leitura, apresentando índices mais baixos de poluentes.
Agora a Volks norte-americana vai ser processada, com uma indenização à vista que pode chegar a 18 bilhões de dólares. Além disto, teve de ordenar o recolhimento de 482 mil unidades de carros produzidos nestas condições. O CEO da empresa deu uma declaração que foi traduzida de diferentes maneiras, indo desde "nós fizemos bobagem" até "nós ferramos tudo", embora eu imagine que, pelo menos em particular, ele tenha dito "we fucked it all over".
Mas o problema não parou aí. Diante das notícias, a Coreia do Sul, o Japão, a Alemanha, a França e a Itália começaram também a investigar. Um detalhe: os carros a diesel, nos Estados Unidos, representam 3% da frota. Na Europa, são 50%.
De imediato, as ações da Volks caíram 20% nas bolsas em um único dia, bolsas que, "nervosamente" como sempre, já estão pressionadas pela crise dos refugiados, da Grécia etc. Outras empresas do setor também tiveram desvalorizações: a GM, a Ford, a Fiat Chrysler, a BMW, a Daimler-Benz, a Renault
O diretor-presidente da Volkswagen alemã, a matriz, Martin Winterhorn, está sob pressão para renunciar, acusado de saber de tudo e não ter feito nada para parar o esquema.
Graças à fraude, estima-se que esta frota de carros possa ter lançado um excedente de 1 milhão de toneladas de poluentes na atmosfera – por ano! Que poluentes? Sobretudo dois: o óxido de nitrogênio (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2). O primeiro causa danos ambientais, mas o segundo, além disto, causa danos às vias respiratórias dos seres humanos e outros bichos.
Outro problema correlato (colateral, como os mercados gostam de dizer): a Volks está para a identidade coletiva alemã assim como a Petrobras está para a brasileira e o xisburguer para a norte-americana, ou a baguete para a francesa. A pátria interior dos cidadãos da terra de Goethe está mortalmente ferida e mortificada. Já não bastava o caso interminável do aeroporto de Berlim, cuja construção não termina nem vai terminar em breve, tendo sido postergado sine die e sine preço, uma vez que parece haver partes que terão de ser demolidas e reconstruídas.
Agora tingiram mortalmente a Alemanha sobre rodas, a empresa que, fundada no período nazista, em 1937, sobreviveu a ele, à Segunda Guerra, e tornou-se um símbolo do chamado "milagre alemão" do pós-guerra.
Um fiasco de grandes proporções.
Um detalhe
O motor diesel foi inventado por um engenheiro alemão, embora nascido em Paris, em 1858, Rudolf Diesel. Seu pai era de Augsburg, na Baviera, para onde ele foi enviado, ficando na casa de um tio que era professor na Escola de Engenharia.
Rudolf tornou-se engenheiro e, em 1890, mudou-se para Berlim, onde desenvolveu o motor que acabou levando seu nome. Em 1913, Diesel desapareceu, depois de embarcar no navio Dresden, na cidade de Antuérpia, na Bélgica, que seguia para Londres. Na noite em seguida ao embarque, em 29 de setembro, Diesel se recolheu a seu camarote, e nunca mais foi visto. Dez dias depois um cadáver em adiantada decomposição foi recolhido por um navio holandês perto da Noruega. O cadáver foi devolvido ao mar, mas alguns objetos foram recolhidos (caixa de óculos, um canivete, uma carteira de identidade, pílulas, uma carteira) e foram identificados por Eugene Diesel como pertencentes a seu pai. A estranha morte deu lugar a várias teorias conspiratórias sobre uma possível eliminação de Diesel por razões militares ou concorrência, mas a hipótese hoje aceita como mais provável é a de suicídio.
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-do-velho-mundo/2015/09/o-escandalo-volkswagen-visto-de-perto-6595.html

9.23.2015

Sociólogo operário mostra como tanto o socialismo como o capitalismo controlam a fábrica



Autor de 'Marxismo Sociológico', Burawoy relata experiência em Zâmbia, Rússia, Hungria e EUA e diz que, pouco antes do colapso da URSS, proletariado perdera esperança em ideologia socialista
O britânico Michael Burawoy é considerado um dos principais sociólogos marxistas da atualidade. Como pesquisador acadêmico, procurou entender a reprodução de relações sociais e econômicas no contexto da produção capitalista. Para isso, buscou uma alternativa nada convencional: trabalhar como operário em fábricas de quatro países entre as décadas de 70, 80 e 90.
"Eu era pesquisador acadêmico, mas, ao mesmo tempo, trabalhava como operador de máquinas dentro da linha de produção. O meu objetivo era observar como as pessoas se relacionam entre em si, tentando entender como é ser um trabalhador em fábricas de diferentes lugares, participando de fato da vida desses trabalhadores", afirma o sociólogo, atualmente professor titular da Universidade da Califórnia.

Considerada ímpar na história da sociologia, a pesquisa investigou o cotidiano de operários dentro da linha de produção em: Zâmbia, Rússia, Hungria e Estados Unidos. Como resultado, Burawoy lançou o livro Marxismo Sociológico (Alameda, 348 pgs. R$49), que reúne os esforços do britânico em oferecer instrumentos conceituais para questões das relações de trabalho na sociedade contemporânea.
Entre as análises,  ele compara as experiências como operário dentro de uma linha de produção capitalista em Chicago, EUA, e dentro da "Siderúrgicos de Lênin", uma das principais fábricas na Hungria no fim do período soviético, nos anos 1980.
Em entrevista a Opera Mundi, Burawoy explica que, a partir de suas experiências nos diversos países, pôde traçar linhas de comparação — "diferenças significativas" — entre os modos capitalista e socialista de produção. "Enquanto em Chicago a exploração era obscura, sendo que havia uma coordenação de interesses entre a gerência e os trabalhadores, na Hungria tudo era transparante. Dominação, exploração: todo mundo reconhecia o que estava acontecendo", conta.

Opera Mundi TV

Michael Burawoy é autor do livro 'Marxismo Sociológico', fruto de pesquisa em fábricas de 4 países do mundo

Sobre sua experiencia na Hungria, ele diz ainda que, como o próprio Estado tinha representação dentro das fábricas, os operários soviéticos passaram a questionar as contradições do socialismo — algo que já era, segundo Burawoy, notado pelos operários na postura do Estado socialista, já em evidente fim rumo ao colapso da URSS. "Os trabalhadores também perderam interesse na ideologia do socialismo", diz o pensador.
Entre outras funções, Burawoy trabalhou em fábricas de champanhe e gomas de mascar. Ele destaca, no entanto, a experiência como operador de forno na maior fábrica de aço da Hungria na época (anos 80) como fundamental para vivenciar a perspectiva dos trabalhadores em meio a deterioração das instalações soviéticas.
”A experiência como operador de forno foi interessante, pois essa posição era icônica dentro da União Soviética e representava o poder do socialismo em transformar o mundo e a sociedade. E eu estava lá em um momento que o Estado não era mais capaz de se reformar continuamente de uma forma que pudesse conviver com a própria ideologia", conclui Burawoy, sobre sua experiência como siderúrgico.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/entrevistas/41440/burawoy+sociologo-operario+explica+como+capitalismo+e+socialismo+controlavam+o+chao+da+fabrica.shtml

Noruega mostra o lado otimista, ao saber usar o petróleo e impostos para a população

  • Noruega: petróleo e altos impostos sustentam país com maior qualidade de vida do planeta

Noruega

Lições norueguesas

O país tem belezas, serviços públicos e índices de desenvolvimento humano invejáveis. Graças ao uso exemplar de suas riquezas naturais, como o petróleo, e à gestão do Estado



Estado norueguês também se destaca por busca pela igualdade de gênero e por incentivar aumento na taxa de natalidade
A cidade de Oslo é tudo o que se pode esperar da capital do país com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. O frio nórdico é acompanhado por um transporte com eficiência cronometrada, escolas que abrigam alunos de diferentes classes sociais e hospitais de qualidade gratuitos. Tudo público, gerido pelo Estado norueguês.
A prosperidade da Noruega, porém, não é fruto da exploração de colônias ou de desenvolvimento industrial pioneiro. Independente da Suécia apenas em 1905, a Noruega era o “primo pobre” entre os países nórdicos, tendo a situação agravada ainda mais com a Segunda Guerra Mundial, quando o território foi ocupado por forças da Alemanha nazista. A recuperação do país foi iniciada com o Plano Marshall, mas o atual estágio de desenvolvimento passou a ser uma realidade alcançável a partir da década de 1970.

Andre Lion/Opera Mundi

Vista de Oslo: Noruega é país com melhor IDH do mundo, graças ao petróleo e a altos impostos

O momento da virada norueguesa é 1969, quando foi encontrado petróleo pela primeira vez no mar do Norte. “O óleo é claramente fundamental para o desenvolvimento da sociedade norueguesa. Não dá para entender a situação da Noruega sem pensar na questão do óleo. Podemos pensar que a descoberta desse recurso natural foi uma sorte, mas, por outro lado, ele foi muito bem manejado pelo Estado”, afirma Axel West Pedersen, pesquisador do Instituto de Pesquisa Social, que já desenvolveu trabalhos para a União Europeia.
Como uma das características principais desse sucesso norueguês ao administrar o dinheiro oriundo do petróleo, pode-se citar a criação de um fundo, considerado o maior do mundo. Anualmente, o governo tem o direito de gastar em seu orçamento apenas 4% desse montante, de pouco menos de US$ 1 trilhão, com o objetivo de garantir que as novas gerações também se beneficiem do recurso mineral.
Para se ter uma ideia do valor recebido pela Noruega, dez anos depois do início da exploração de petróleo e gás, a atividade já representava um terço do lucro do país com exportações. Além disso, até o final de 2012, a exploração de petróleo já tinha rendido à Noruega cerca de R$ 1,14 trilhão, pouco mais que o dobro do PIB (Produto Interno Bruto) local.
Resistência à privatização
Nas últimas cinco décadas, durante o processo de melhoria da infraestrutura nacional, a Noruega teve que resistir a forte pressão pela privatização do setor. “Quando havia empresas estrangeiras explorando a nossa reserva, asseguramos que elas fossem obrigadas a treinar noruegueses, de forma que pudéssemos um dia consolidar uma indústria própria de extração de petróleo. Também obrigamos as companhias estrangeiras a pagar até 78% de impostos”, conta Heikki Holmås, parlamentar do Partido Socialista.
O alto valor dos impostos, por sinal, não é uma exclusividade desse setor da economia. Para financiar a qualidade de vida mais elevada do mundo, o Estado norueguês cobra 42% de Imposto de Renda.

“Nosso modelo de desenvolvimento é semelhante aos dos outros países nórdicos. Por meio do Estado do bem-estar social, garantimos uma série de direitos iguais para toda a população e esse modelo é acompanhado de altos impostos. A população aceita altas taxas tributárias porque recebe de volta do Estado um serviço de saúde gratuito, boas escolas, licença maternidade de até um ano, entre outros benefícios sociais”, explica a parlamentar do Partido Trabalhista Marit Nybakk.
De acordo com Marit, esse modelo é bem-sucedido quando, antes do Estado do bem-estar social, são criados valores comuns na sociedade local. No caso da Noruega, entre esses valores está a busca pela igualdade de gênero, um dos motivos que garante o país no topo do IDH há cinco anos, quando comparamos os dados dos países que lideram a lista.
A igualdade de gênero é parte de uma consciência ideológica própria dos noruegueses, é um ideal muito estimado aqui. Mesmo assim ainda temos algumas diferenças importantes entre os gêneros, temos que reconhecer isso. Se por um lado vemos alta participação de mulheres nas universidades, chegando a representar 70% dos formados na Universidade de Oslo em 2013, elas costumam optar por trabalhos de meio período e no setor público, enquanto os homens predominam na iniciativa privada”, analisa Pedersen.
Taxa de natalidade e educação
Além de salários e oportunidades semelhantes para homens e mulheres, o Estado ainda incentiva o aumento da taxa de natalidade, pagando os salários das mães por um ano, dando bolsas para os jovens até a maioridade e oferecendo educação gratuita de qualidade.
“Nunca me senti discriminada e acredito que sempre tive as mesmas oportunidades dadas aos homens. Agora tive o meu primeiro filho e pretendo ter outros. É muito bom poder ficar cuidando dele por um ano, com a certeza de que voltarei ao meu emprego depois”, diz a fisioterapeuta Christina Tanem, 33 anos.
Andre Lion/Opera Mundi

Ópera Nacional Norueguesa, em Oslo: país tem alta qualidade de vida
A busca por aumentar o número de nascimentos no país se deve ao envelhecimento da população, fenômeno que afeta com gravidade diversos países da Europa. Especificamente na Noruega, a porcentagem de pessoas com mais de 67 anos era de 8% em 1950. Em 2014, esse índice chegou a 13%.
Nas últimas décadas, como parte desse processo, o país alterou o perfil das mulheres que têm filhos. Na Noruega, as mulheres têm seus primeiros filhos, em média, com 28,6 anos, e mais da metade delas (54,9%) o faz sem estarem casadas.
Outro dado interessante é que, em 1970, 11% dos nascimentos vinham de mães adolescentes. Hoje, esse número caiu para menos de 2%. A mudança foi possível com a legalização do aborto, que faz parte das políticas de igualdade de gênero do país e, anualmente, é a escolha de 2% das mulheres entre 20 e 24 anos.

Além das licenças maternidade e paternidade, a educação pública e gratuita de qualidade é outro elemento central para incentivar os noruegueses a terem filhos. “Os alunos vão para uma ou outra escola devido à proximidade de suas casas e o Estado faz testes anuais para acompanhar a qualidade de cada instituição. Os diretores têm bastante autonomia, pois há apenas um currículo básico e os métodos podem ser alterados, não existe uma regra sobre número de alunos por sala, por exemplo. Aqui também temos projetos em comum entre alunos de séries diferentes, pois fazemos com que os mais velhos desenvolvam habilidades como ensinar os mais novos”, conta Elin Brandsæter, diretora de uma escola que reúne 538 jovens de 38 nacionalidades diferentes, que cursam ensino primário e secundário.
O cientista social Pedersen concorda com a centralidade da educação no modelo nórdico de sociedade. “Um aspecto realmente importante da sociedade na Noruega é o modelo de educação pública, muito inclusivo. Ele propõe a interação entre crianças de diferentes classes sociais, o que gera inúmeras consequências positivas. Um dos nossos desafios é manter essa característica, mesmo quando os imigrantes passam a viver em locais mais segregados, por exemplo. De qualquer maneira, se o ensino fosse privado aqui esse desafio seria ainda maior. O modelo deu mais certo aqui porque os guetos são maiores na Suécia e na Dinamarca. Na Suécia, houve inclusive um movimento de privatização das escolas, mas acabou sendo muito malsucedido.”
Monarquia
A aparência de modernização na Noruega é acompanhada de um traço curioso: o país ainda é uma monarquia. O rei Harald V tem poderes limitados, mas realiza reuniões semanais com o gabinete do primeiro-ministro.

Rei Harald V: país ainda é uma monarquia; rei é bastante popular entre noruegueses
Além das formalidades, Harald V também desfruta de alta popularidade. Segundo pesquisa divulgada em 2014, ele tinha 90% de aprovação da população, o que lhe dava o título de monarquia mais popular do mundo. As famílias reais de Dinamarca e Holanda apareciam na sequência do estudo, com 80% de aceitação.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/40450/noruega+petroleo+e+altos+impostos+sustentam+pais+com+maior+qualidade+de+vida+do+planeta+.shtml

http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/110/licoes-norueguesas-6724.html

Desvalorização cambial estimula criação de empregos e traz folego à indústria brasileira

Para economista, com a nova relação cambial no país, produtos importados devem ser substituídos por nacionais, atraindo investimentos para o parque industrial brasileiro
 
por Redação Rede Brasil Atual - Marcio Pochmann - Sociedade e o Comércio no Brasil
 
Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
dolarset.jpgMoeda norte-americana rompeu a barreira histórica dos R$ 4 ontem (22/set): expectativa para indústria

São Paulo – O dólar comercial rompeu em 22/set/2015 o teto de R$ 4 e chegou a R$ 4,06. O economista, professor e escritor Marcio Pochmann, em comentário hoje à Rádio Brasil Atual, analisou a situação da alta da moeda norte-americana, identificando os fatores internos e externos que influem no câmbio.

“Há uma orientação por parte do governo federal de estabelecer um novo patamar da nossa moeda com a moeda externa, especialmente o dólar. Isso acontece porque o Brasil vem há duas décadas tendo o real muito valorizado em relação ao dólar. E esta valorização tem efeitos positivos, porque permitiu combater a inflação, por exemplo, mas ao mesmo tempo foi deprimindo e tornando mais difícil a produção interna no Brasil”, afirmou.
O período de valorização do real fez com que parte do crescimento da economia fosse atendida por consumo com importações. E agora, segundo Pochmann, o governo da presidenta Dilma Rousseff  promove a desvalorização com o objetivo de melhorar as contas externas. No caso da balança comercial, os resultados já apareceram. “O Brasil vive atualmente uma situação de superávit nas contas comerciais – as nossas exportações estão maiores do que as importações, revertendo um quadro desfavorável que o país vinha registrando nos últimos anos”, disse.
Mas também há fatores que não são de controle do governo federal. Internacionalmente, há um movimento especulativo, especialmente em torno da possibilidade de o governo norte-americano aumentar a taxa de juros nos Estados Unidos. “E toda vez que há uma elevação da taxa, isso acaba provocando um deslocamento de recursos em dólar de outros países para serem aplicados nos Estados Unidos. Isso faz com que exista um movimento especulativo contra as moedas nacionais.”
Há ainda um terceiro fator, diz o economista, associado à situação da China, que vinha até há pouco tempo sendo o dínamo do crescimento mundial e registra de 2014 para cá sinais de fragilidade. “Há um certo desânimo na possibilidade de crescer em função da China, e isso também fomenta uma saída de recurso, de escassez de dólares, e portanto desvaloriza a nossa moeda.”
De maneira geral, os analistas dizem que há apenas efeitos negativos derivados da elevação do dólar em relação ao real, porque produtos importados tornam-se mais caros, e isso termina de alguma forma repassado para preços, e torna também as viagens internacionais de turismo mais difíceis. “Mas há um outro lado”, diz Pochmann, para quem “é adequado que o Brasil tenha essa desvalorização frente ao dólar”.
Pochmann acredita, inclusive, que o país já deveria estar com essa cotação há mais tempo, porque a valorização cambial tem sido muito desfavorável para o parque produtivo brasileiro. "Hoje nós temos uma indústria que responde por apenas 9% da produção, o país é cada vez mais dependente da importação e, nesse sentido, a desvalorização faz com que se estimule a produção interna.” Para o economista, a substituição de importados por produtos nacionais vai criar empregos e impacto no investimento das empresas. “É importante que a taxa de câmbio se mantenha nesse patamar, para estimular a produção que anteriormente vinha do exterior”, disse. Desta forma, temporáriamente é possível uma revalorização deste país.
http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/09/desvalorizacao-cambial-estimula-criacao-de-empregos-na-industria-326.html

9.22.2015

A maioria das pessoas ainda está fora da internet no planeta

ONU: crescimento da Internet diminui e maioria das pessoas ainda está fora da rede

Por Redação, com Reuters – de Genebra:

O crescimento no número de pessoas com acesso à Internet está diminuindo, e mais de metade da população do mundo ainda está fora da rede, disse a Comissão de Banda Larga da Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira.
O acesso à internet em economias ricas está atingindo níveis de saturação, mas 90 %  das pessoas nos 48 países mais pobres não têm nenhuma forma de conexão, disse o relatório.
O crescimento no número de pessoas com acesso à Internet está diminuindo
O crescimento no número de pessoas com acesso à Internet está diminuindo
A taxa de crescimento do acesso deverá ficar em 8,1%  este ano, uma queda em relação a 2014, quando ficou em 8,6 %. Até 2012, as taxas de crescimento tinham ficado em dois dígitos por muitos anos. “Chegamos a um ponto de transição no crescimento da Internet”, assinala o relatório.
A comissão, criada em 2010 pela União Internacional das Telecomunicações e a Unesco,  a agência científica e cultural da ONU, disse ser improvável que a marca de 4 milhões de usuários de Internet seja alcançada antes de 2020. O texto observa ainda que o crescimento no aumento do número de assinantes do Facebook está ultrapassando o da Internet.
– Mais da metade da população mundial, cerca de 57 %, ou mais de 4 bilhões de pessoas, ainda não usa a Internet regular ou ativamente – diz o relatório, que culpa o custo de estender a infraestrutura de última geração para clientes rurais e remotos, e uma forte desaceleração no crescimento da aquisição de celulares em nível mundial.
Até o final deste ano, 3,2 bilhões de pessoas terão alguma forma de acesso regular à Internet, em contraposição aos 2,9 bilhões de 2014. Isso representa 43,4%  da população do mundo, ainda muito aquém da meta de 60 %  fixada pela ONU para 2020.
As mulheres nos países mais pobres estão particularmente em desvantagem, disse o relatório. No mundo em desenvolvimento, 25 %  menos mulheres do que homens tinham acesso à Internet, um porcentual que sobe para 50 %  em algumas partes da África subsaariana.
http://correiodobrasil.com.br/onu-crescimento-da-internet-diminui-e-maioria-das-pessoas-ainda-esta-fora-da-rede/

Faltou combinar com os russos - os EUA e a situação na Síria


(Blog Carta Maior|) -Tendo aberto a Caixa de Pandora na Síria, ao tentar retirar esse país da área de influência de Moscou, armando terroristas islâmicos para derrubar o governo - aliado russo - de Bashar Al Assad, e depois de destruir, nessa tentativa, a nação que tem mais refugiados hoje espalhados pelo mundo, Washington reconhece agora que terá de negociar com Moscou por meio de "discussões táticas práticas", para evitar "erros de cálculo" que possam colocar os EUA e a Rússia em conflito no teatro de operações sírio.

Incapaz de colocar tropas no local - seu negócio é brincar com joysticks, bombardeando apenas algumas posições do Estado Islâmico, um inimigo que eles próprios criaram, no Iraque e na Síria, dois países que estavam estáveis e em paz antes das recentes, em termos históricos, intervenções dos EUA e de seus aliados - Washington diz que quer evitar que algum soldado russo - existem vários deles no país, sediados na base naval russa de Tartus e na base aérea síria de Latakia - seja inadvertidamente ferido por ações militares "ocidentais", dirigidas contra os terroristas do EI.

Na verdade, por trás das declarações norte-americanas - "queremos evitar problemas", afirmou o porta-voz do Pentágono, Peter Cook - está o reconhecimento tardio dos EUA, de três situações óbvias; 

Primeiro, a da tremenda imbecilidade estratégica que os Estados Unidos cometeram, ao incentivar e armar terroristas "islâmicos" para derrubar um governo leigo e estável, propiciando a destruição de todo um povo e o surgimento de um exército de psicopatas, assassinos e estupradores, que dificilmente será controlado nos próximos anos.

Em segundo lugar, a de que, sem o auxílio dos russos, combatendo ao lado de Bashar Al Assad, será impossível tentar ao menos enfraquecer o ISIS, ou EI, na frente síria, ou manter ali, ocupados, parte de seus combatentes, aliviando a pressão sobre outras frentes nas quais os Estados Unidos e a OTAN estão mais diretamente envolvidos, como a do Iraque.

E, em terceiro lugar, o reconhecimento do poder russo na Síria, como país sob influência direta de Moscou, que era justamente o que os EUA tentaram desafiar desde o início. 

Não teria sido mais fácil ter feito isso há três anos, antes de arrebentar com  toda a região, e de provocar a morte de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças e o exílio forçado, na maior parte para campos de refugiados no meio do deserto, de - até agora - um terço da população síria?

Por outro lado, para não dar o braço a torcer, os EUA e a União Europeia anunciaram também, nesta semana, que estão pensando em "prorrogar" as sanções contra Moscou, para além de 2015.

Eles têm é que pesar as consequências, para, também por ali, não continuar atirando contra si mesmos, transformando o pé em uma peneira. O agravamento da situação na Rússia tem direta influência sobre a economia e as condições de vida na Ucrânia, que depende de Moscou, entre outras coisas, para não congelar no inverno como um imenso picolé, até a medula.

Como já lembramos antes, se houver um conflito de maior escala entre a Rússia e a Ucrânia, a União Europeia será invadida por nova onda de refugiados, ao Leste, diante da qual as "invasões bárbaras" de pobres emigrantes, vindos do Mediterrâneo, vão parecer - com o perdão da palavra - uma brincadeira.  
http://www.maurosantayana.com/2015/09/faltou-combinar-com-os-russos-os-eua-e.html
 
Faltou combinar antes com os russos: os EUA e a situação na Síria Depois de tentar retirar a Síria da área de influência de Moscou, armando terroristas, Washington reconhece agora que terá de negociar com a Rússia A A+ Mauro Santayana UNRWA Tendo aberto a Caixa de Pandora na Síria, ao tentar retirar esse país da área de influência de Moscou, armando terroristas islâmicos para derrubar o governo - aliado russo - de Bashar Al Assad, e depois de destruir, nessa tentativa, a nação que tem mais refugiados hoje espalhados pelo mundo, Washington reconhece agora que terá de negociar com Moscou por meio de "discussões táticas práticas", para evitar "erros de cálculo" que possam colocar os EUA e a Rússia em conflito no teatro de operações sírio. Incapaz de colocar tropas no local - seu negócio é brincar com joysticks, bombardeando apenas algumas posições do Estado Islâmico, um inimigo que eles próprios criaram, no Iraque e na Síria, dois países que estavam estáveis e em paz antes das recentes, em termos históricos, intervenções dos EUA e de seus aliados - Washington diz que quer evitar que algum soldado russo, existem vários deles no país, sediados na base naval russa de Tartus e na base aérea síria de Latakia - seja inadvertidamente ferido por ações militares "ocidentais", dirigidas contra os terroristas. Na verdade, por trás das declarações norte-americanas - "queremos evitar problemas", afirmou o porta-voz do Pentágono, Peter Cook - está o reconhecimento tardio dos EUA, de três situações óbvias; Primeiro, a da tremenda imbecilidade estratégica que os Estados Unidos cometeram, ao incentivar e armar terroristas "islâmicos" para derrubar um governo leigo e estável, propiciando a destruição de todo um povo e o surgimento de um exército de psicopatas, assassinos e estupradores, que dificilmente será controlado nos próximos anos. Em segundo lugar, a de que, sem o auxílio dos russos, combatendo ao lado de Bashar Al Assad, será impossível tentar ao menos enfraquecer o ISIS, ou EI, na frente síria, ou manter ali, ocupados, parte de seus combatentes, aliviando a pressão sobre outras frentes nas quais os Estados Unidos e a OTAN estão mais diretamente envolvidos, como a do Iraque. E, em terceiro lugar, o reconhecimento do poder russo na Síria, como país sob influência direta de Moscou, que era justamente o que os EUA tentaram desafiar desde o início. Não teria sido mais fácil ter feito isso há três anos, antes de arrebentar com toda a região, e de provocar a morte de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças e o exílio forçado, na maior parte para campos de refugiados no meio do deserto, de - até agora - um terço da população síria? Por outro lado, para não dar o braço a torcer, os EUA e a União Europeia anunciaram também, nesta semana, que estão pensando em "prorrogar" as sanções contra Moscou, para além de 2015. Eles têm é que pesar as consequências, para, também por ali, não continuar atirando contra si mesmos, transformando o pé em uma peneira. O agravamento da situação na Rússia tem direta influência sobre a economia e as condições de vida na Ucrânia, que depende de Moscou, entre outras coisas, para não congelar no inverno como um imenso picolé, até a medula. Como já lembramos antes, se houver um conflito de maior escala entre a Rússia e a Ucrânia, a União Europeia será invadida por nova onda de refugiados, ao Leste, diante da qual as "invasões bárbaras" de pobre emigrantes, vindos do Mediterrâneo, vão parecer - com o perdão da palavra - uma brincadeira. Postado por BLOG DE UM SEM-MÍDIA

Copy the BEST Traders and Make Money (One Click) : http://ow.ly/KNICZ
Faltou combinar antes com os russos: os EUA e a situação na Síria Depois de tentar retirar a Síria da área de influência de Moscou, armando terroristas, Washington reconhece agora que terá de negociar com a Rússia A A+ Mauro Santayana UNRWA Tendo aberto a Caixa de Pandora na Síria, ao tentar retirar esse país da área de influência de Moscou, armando terroristas islâmicos para derrubar o governo - aliado russo - de Bashar Al Assad, e depois de destruir, nessa tentativa, a nação que tem mais refugiados hoje espalhados pelo mundo, Washington reconhece agora que terá de negociar com Moscou por meio de "discussões táticas práticas", para evitar "erros de cálculo" que possam colocar os EUA e a Rússia em conflito no teatro de operações sírio. Incapaz de colocar tropas no local - seu negócio é brincar com joysticks, bombardeando apenas algumas posições do Estado Islâmico, um inimigo que eles próprios criaram, no Iraque e na Síria, dois países que estavam estáveis e em paz antes das recentes, em termos históricos, intervenções dos EUA e de seus aliados - Washington diz que quer evitar que algum soldado russo, existem vários deles no país, sediados na base naval russa de Tartus e na base aérea síria de Latakia - seja inadvertidamente ferido por ações militares "ocidentais", dirigidas contra os terroristas. Na verdade, por trás das declarações norte-americanas - "queremos evitar problemas", afirmou o porta-voz do Pentágono, Peter Cook - está o reconhecimento tardio dos EUA, de três situações óbvias; Primeiro, a da tremenda imbecilidade estratégica que os Estados Unidos cometeram, ao incentivar e armar terroristas "islâmicos" para derrubar um governo leigo e estável, propiciando a destruição de todo um povo e o surgimento de um exército de psicopatas, assassinos e estupradores, que dificilmente será controlado nos próximos anos. Em segundo lugar, a de que, sem o auxílio dos russos, combatendo ao lado de Bashar Al Assad, será impossível tentar ao menos enfraquecer o ISIS, ou EI, na frente síria, ou manter ali, ocupados, parte de seus combatentes, aliviando a pressão sobre outras frentes nas quais os Estados Unidos e a OTAN estão mais diretamente envolvidos, como a do Iraque. E, em terceiro lugar, o reconhecimento do poder russo na Síria, como país sob influência direta de Moscou, que era justamente o que os EUA tentaram desafiar desde o início. Não teria sido mais fácil ter feito isso há três anos, antes de arrebentar com toda a região, e de provocar a morte de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças e o exílio forçado, na maior parte para campos de refugiados no meio do deserto, de - até agora - um terço da população síria? Por outro lado, para não dar o braço a torcer, os EUA e a União Europeia anunciaram também, nesta semana, que estão pensando em "prorrogar" as sanções contra Moscou, para além de 2015. Eles têm é que pesar as consequências, para, também por ali, não continuar atirando contra si mesmos, transformando o pé em uma peneira. O agravamento da situação na Rússia tem direta influência sobre a economia e as condições de vida na Ucrânia, que depende de Moscou, entre outras coisas, para não congelar no inverno como um imenso picolé, até a medula. Como já lembramos antes, se houver um conflito de maior escala entre a Rússia e a Ucrânia, a União Europeia será invadida por nova onda de refugiados, ao Leste, diante da qual as "invasões bárbaras" de pobre emigrantes, vindos do Mediterrâneo, vão parecer - com o perdão da palavra - uma brincadeira. Postado por BLOG DE UM SEM-MÍDIA

Copy the BEST Traders and Make Money (One Click) : http://ow.ly/KNICZ

9.18.2015

Brasil: o golpismo será eterno em nosso país?

  • Eterno golpismo nas terras tupiniquins

  • Miúda reflexão sobre impeachment, democracia e Estado de Direito no país da casa-grande
por Mino Carta - Sociedade,  Brasil e seus Golpes
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
CollorCollor foi contemplado, não era tucano
Na esteira do Cruzado 1, em outubro de 1986 José Sarney cometeu estelionato eleitoral logo após a vitória peemedebista nas eleições para os governos estaduais, Congresso e Assembleias, ao lançar o Cruzado 2 e arrastar o País para uma crise econômica de grande porte. A situação, complicada pelo fracasso da moratória do começo de 87, perdurou até o fim do mandato de Sarney.
Nem por isso se cogitou, em momento algum, do impeachment do ex-vice-presidente tornado presidente pela morte de Tancredo Neves, em claro desrespeito a qualquer regra do jogo pretensamente democrático.
Ao lançar o olhar além-fronteiras, temos o exemplo recente de Barack Obama, atingido em cheio pela explosão da bolha financeira de 2008, a mergulhar os Estados Unidos em uma crise de imponentes proporções. Obrigado a enfrentar a queda progressiva do valor do dólar, assoberbado pelas habituais pressões e ameaças das agências de rating, vítima de índices de aprovação cada vez mais rasos, Obama acabou sem o apoio da maioria parlamentar. Nem por isso sofreu o mais pálido risco de impeachment, mesmo porque hipóteses a respeito seriam simplesmente impensáveis aos olhos dos parlamentares americanos, mesmo republicanos.
Fernando-Henrique
FHC o mereceu, mas goza da impunidade automática / Crédito: Fernando Donasci/Ag. O Globo
Se a ideia já teve no Brasil razão de vingar, ao menos de ser aventada, foi em relação a Fernando Henrique Cardoso: comprou votos para se reeleger e comandou privatizações que assumem as feições inequívocas das maiores bandalheiras-roubalheiras da história pátria, realizadas às escâncaras na certeza da impunidade. Praticante emérito do estelionato eleitoral, fez campanha para a reeleição à sombra da bandeira da estabilidade para desvalorizar o real 12 dias depois da posse para o segundo mandato.
FHC é recordista, conseguiu quebrar o Brasil três vezes. Ao cabo, entregou a Lula um país endividado até a raiz dos cabelos e de burras vazias. Ao longo da sua trajetória presidencial, jamais se imaginou a possibilidade do seu impeachment.
O príncipe dos sociólogos, outrora encarado como elemento perigoso por quantos hoje o veneram, tornou-se xodó da mídia nativa e dos senhores da casa-grande. Favor irrestrito e justificado: nunca houve alguém tão capacitado para a defesa dos interesses do reacionarismo na sua acepção mais primitiva.
Hoje em dia, FHC arca com o papel de oráculo da política brasileira com invulgar destemor. Tudo dentro dos conformes, a desfaçatez, a hipocrisia e o oportunismo tucanos não têm limites. O enredo é típico, assim como já é clássico o caso de Fernando Collor, que se retirou antes de sofrer impeachment. Exemplar entrecho, de todos os pontos de vista, que vivi de perto por mais de dois anos, quando dirigia a redação de IstoÉ.
Para mim a história começa 25 anos atrás. O então repórter da IstoÉ Bob Fernandes tocaia por dois meses o operador do presidente, PC Farias. Chega a hospedar-se por algum tempo no apart-hotel, onde em São Paulo vive o tocaiado. Enfim a revista publica uma reportagem de capa sobre as façanhas do PC, em que se relata tudo aquilo que o irmão de Collor diria a Veja um ano e meio depois, com exceção dos supositórios de cocaína.
Eis aí, neste roteiro, um aspecto ineludivelmente brasileiro. Quando da reportagem, a mídia cuidou de não lhe dar eco e seguimento, ao contrário do que se daria em qualquer país democrático e civilizado.
Até então, a casa-grande suportava que o presidente cobrasse pedágios elevadíssimos em relação a obras feitas e ainda assim o imaginava adequado ao cargo de propiciador de benesses. Fora a Veja, aliás, que popularizara a definição de Collor como “caçador de marajás”.
Com o tempo, a cobrança collorida passou a ser considerada insuportável e se entendeu que valeria submeter o cobrador a um aperto sério, embora comedido. Foi a hora da entrevista do irmão, esta sim imediatamente repercutida.
A CPI convocada para cuidar do caso moeu meses de sessões inúteis à falta de provas. Não fosse IstoÉ, daria em nada. A sucursal de Brasília da revista, dirigida por João Santana, foi capaz de demonstrar a ligação entre a Casa da Dinda e o Palácio do Planalto, e o encaminhamento do impeachment foi inevitável.
A Globo prontificou-se a chamar para as praças manifestações bastantes parecidas àquelas que pipocam de dois anos para cá, frequentadas, sobretudo, por burguesotes festeiros, enquanto a Veja ganhava o Prêmio Esso de Jornalismo, remota invenção alienígena destinada a consagrar o jogo corporativo, festival do compadrio da mídia nativa.
Há quem diga que estamos a transitar por uma conjuntura similar àquela, e se engana, está claro, por hipocrisia ou ignorância. O impeachment de Dilma Rousseff é totalmente impossível à luz da Constituição. Se quiserem mandar as aparências às favas, seria golpe mesmo, conforme conhecimento até do mundo mineral. Mas golpismo é inerente ao país da casa-grande. Editoriais, colunas, artigos e reportagens dos jornalões recordam, cada vez mais, os textos de 51 anos atrás. 
http://www.cartacapital.com.br/revista/868/eterno-golpismo-6587.html

Censura política no Facebook sobre a barbárie na Siria?

  • Rede retira do ar texto de Patrick Cockburn, que aponta responsabilidade dos EUA na origem da onda de refugiados que chega à Europa. 
  • Acionado, Facebook silencia
por Antonio Martins - Sociedade e Censura nas Redes Sociais
facebookcensorship.jpgAs práticas de censura adotadas pelo Facebook podem ter assumido caráter aberto de controle político. Na madrugada de 18/set/2015, a plataforma facebook excluiu um texto publicado por Outras Palavras sobre um dos temas centrais da conjuntura global: a crise dos refugiados que se espalha pela Europa. Redigido pelo jornalista irlandês Patrick Cockburn, considerado em todo o mundo1 um dos principais especialistas em questões do Oriente Médio (vale conhecer seu livro magistral sobre o ISIS), o texto tem uma marca especial. Amparado em farta pesquisa e análise, ele aponta a responsabilidade dos Estados Unidos e seus aliados no deslocamento em massa das populações árabe – que compõem o grosso da maré humana em movimento. Ao intervir militarmente sobre países árabes, ou desestabilizar de modo consciente seus Estados, argumenta Cockburn, Washington engendrou guerras que estão desabrigando milhões.
Estampado em 18/set como manchete, em nosso site, o texto teve seu título, subtítulo e imagens publicados no Facebook à tarde. Foi compartilhado e curtido por algumas centenas de pessoas, e alcançou algumas dezenas de milhares. Porém, pela madrugada, foi excluído sumariamente e sem aviso prévio - todas as pessoas que compartilharam também tiveram o texto excluído. Como “aviso”, a rede registrou, de modo lacônico: “Esta mensagem contém conteúdo que foi bloqueado pelos nossos sistemas de segurança”. Nossa contestação à censura, enviada por volta das 10h, não recebeu resposta até o momento. Diversas tentativas de repostar o conteúdo foram igualmente bloqueadas, com idêntico aviso.
facebook censura
O declínio da democracia nas nações ocidentais que por séculos juraram defendê-la é uma ameaça crescente e assustador. Outras Palavras tem tratado do tema com insistência. Procuramos demonstrar que a ameaça já não se expressa apenas no sequestro da política por uma elite (a “casta”, diriam os espanhóis) que evita a qualquer custo o debate dos temas cruciais para a definição do futuro coletivo. Manifesta-se também em ataques mais diretos às próprias liberdades civis: perseguição de dissidentes, vigilância, violação constante da privacidade na brutalidade das polícias contra os que divergem. A censura praticada costumeiramente pelo Facebook é parte deste retrocesso. Mas ela parecia ter, até o momento, um caráter mais sutil.
Por um lado, era “justificada” pelo suposta opção de não ferir sensibilidades dos leitores. Corpos nus, por exemplo, são banidos – mesmo quando retratam povos que optam por não se vestir ou estão presentes em obras de arte com as quais a própria Inquisição era mais tolerante... Por outro lado, o Facebook parece optar, na maior parte do tempo, por um controle mais difuso e pervasivo. Ao invés de excluir, escolhe os conteúdos que chegarão a seus leitores. Afirma fazê-lo por meio de algoritmos “neutros”, mas se recusa a revelar que critérios orientam tais instruções – evidentemente construídas por seres humanos. Outras Palavras tem publicado, aliás, textos (1 e 2) que apontam os gravíssimos riscos de manipulação política presentes nesta prática.
Se a esta forma mais dissimulada de manipulação veio somar-se, agora, a censura política primária, é porque podemos estar diante de algo grave. Como diz John Pilger - um autor que nos orgulhamos de traduzir e publicar –; e como mostram, por exemplo, o encarceramento de Chelsea Manning e a perseguição a Julian Assange e Edward Snowden, podemos estar à beira de algo como “um 1984 high-tech”.
Outras Palavras continuará usando o Facebook. Vê as redes sociais como bens comum da humanidade, por reunirem conhecimento, diálogo e experiência imensamente superiores às pretensões de seus “proprietários”. Mas atitudes como a censura de hoje levam a lançar ao menos duas perguntas. Não é hora de incluir em nossas agendas políticas a democratização das redes sociais? Enquanto este objetivo permanecer distante, não será preciso multiplicar esforços para a criação de alternativas aos gigantes que ameaçam controlar a internet?

1. Patrick Cockburn foi considerado melhor jornalista no Oriente Médio pela British Journalism Awards e melhor repórter do ano pela The Press Awards em 2015.
http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/censura-politica-no-facebook-554.html

ONU tem decisão inédita quanto a dívida Argentina


ARGENTINA: A mídia brasileira esconde decisão da ONU pela reestruturação da dívida pública.

Postado por blog "DE UM SEM-MÍDIA"

por Cesar Fonseca - Sociedade e Endividamento dos Países Periféricos (fonte no final do texto)

Ignorado pela mídia monopolista patrocinada pelo mercado financeiro especulativo, o dia 10 de setembro de 2015foi marcado por decisão histórica da ONU em apoio à resolução encaminhada pela Argentina, favorável à reestruturação das dívidas públicas e aprovada por 136 países.
Tal iniciativa abre espaço para a ampla discussão política segundo a qual os déficits públicos atuais de todos os países, especialmente os emergentes, são determinados pelo excessivo endividamento público, e não a previdência social, os salários dos servidores, os gastos com saúde, educação, segurança ou os desembolsos com programas sociais.
Analistas com olhos voltados para o mercado financeiro pregam cortes sobre essas despesas que geram receitas ao caixa do governo para que possa investir, enquanto isola discussão sobre a culpa dos juros altos como formadores do déficit, para não incomodar os credores, anunciantes principais da grande mídia conservadora.
Os comentaristas econômicos da Globo, Band, Record, SBT, Folha, Estado de São Paulo por exemplo, ficam enganando a população fugindo do tema principal do endividamento dos países periféricos. Buscam "pelo em casca de ovo", como diz a conhecida frase popular. Acusam, é isso mesmo, acusam, pois deixaram de fazer jornalismo, para serem, como se diz na gíria, torcedores de arquibancada dos banqueiros, que a fonte do déficit é a previdência social, são os gastos do governo com salários, são os desembolsos com gastos que se transformam em receitas porque o governo precisa gastar para arrecadar.
Mas tudo isso é déficit público, que precisa ser combatido tenazmente com aumento de juros, porque para eles gasto público é inflacionário e não o juro alto, que não apenas eleva os custos, mas atrai capital especulativo internacional produzido por guerras cambiais, tocadas pelos países ricos como saída para a crise, que eles mesmos produziram especulativamente.
Enquanto isso, graças aos especuladores, a dívida não apenas cresce sem parar como evidentemente cria dificuldades para a industrialização nacional.
Resumo da ópera: o excessivo endividamento se transforma aos olhos dos credores em risco que requer mais juros, mais especulação e, claro, mais déficit público, produzido pela própria dívida.
É esse o sistema da dívida que ganha autonomia, a partir do próprio mecanismo de endividamento transformado em instrumento de extração de riqueza dos mais ricos sobre os mais pobres.
Trata-se de tema fundamental a requerer ampla discussão política, como acabou de se verificar na ONU, sem que a mídia brasileira divulgasse sequer um texto sobre o assunto. Ao contrário, omite-se claramente sobre esse fato fundamental a economia mundial.
Não interessa aos que financiam o segmento midiático conservador, que tal assunto seja pauta para o debate público. Esse segmento evita pautar os programas de debates para evitar debater o principal fonte do déficit. Fogem do problema central que afeta a questão mais importante quanto a dívida nacional. A reestruturação da dívida é o ponto central da luta política.
Os credores proíbem a grande mídia, sobre a qual tem poder de veto, seja investigativa nesse ponto, porque justificaria a luta que cresce nos países capitalistas em crise favoráveis à auditoria da dívida. Os debates em torno da auditagem demonstram existência de processos ilegais, promotores de corrupção sem fim, cujas consequências óbvias são promoção e crescimento da própria dívida, tocada por juros sobre juros, juros compostos, prática do anatocismo condenada pelo Supremo Tribunal Federal.
Essa é a essência da moderna economia capitalista, impulsionada pela financeirização econômica especulativa global, responsável pelo crônico endividamento dos governos, sobre o qual multiplicam os lucros especulativos ao largo da produção e do consumo, incapazes de garantir reprodução equilibrada do sistema capitalista.
Nesse contexto, a dívida ganha vida própria, incorpora procedimentos dos credores que ferem legislações, tanto que a própria Constituição determina a auditoria delas, sempre barrada por forças ocultas nos parlamentos, cujos parlamentares são dominados por meio de legislações eleitorais permissivas, corruptas.
Nada mais necessário à saúde da democracia que a auditagem das dívidas. Investigar o processo da dívida é fator de aglutinação das classes trabalhadores de todo o mundo, ou seja, a vanguarda da luta política dos que estão se empobrecendo, evitando que uma minoria cada vez mais escassa amplie o seu poder, esmagando uma grande parcela da humanidade desprotegida.
A crise econômica global de 2008, cujos efeitos deletérios continuam, inviabilizando normalização das relações internacionais, resumidamente é isso que está ocorrendo.
A ONU, ao aprovar critérios para reestruturação das dívidas públicas, abre espaço à grande batalha política que dá conteúdo à luta de classes, que irá se desenvolver mais intensamente ao longo do século 21.
Cadê a grande mídia nessa discussão? Simplesmente simula que não existe. Por isso, se continuar como está, como avestruz, fugindo da realidade, se auto condena ao desaparecimento.

arlos Augusto de Araujo Dória, 75 anos, economista, nacionalista, socialista, espírita, tricolor, anistiado político, empregado da Petrobras, blogueiro. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.

Copy the BEST Traders and Make Money (One Click) : http://ow.ly/KNICZ

Fonte: http://blogdeumsem-mdia.blogspot.com.br/2015/09/argentina-pig-esconde-decisao-da-onu.html
Reproduzido do site Independência Sul-Americana

Copy the BEST Traders and Make Money (One Click) : http://ow.ly/KNICZ
ARGENTINA: PIG esconde decisão da ONU pela reestruturação da dívida Argentina. Grande mídia tupiniquim esconde decisão da ONU pela reestruturação da dívida argentina Fonte: Independência Sul-Americana Autor: Cesar Fonseca Enviar para um amigo Imprimir Diminuir Letra Aumentar Texto Voltar Ignorado pela mídia monopolista patrocinada pelo mercado financeiro especulativo, o dia 10 de setembro foi marcado por decisão histórica da ONU em apoio à resolução encaminhada pela Argentina favorável à reestruturação das dívidas públicas, aprovada por 136 países. Tal iniciativa abre espaço para a ampla discussão política segundo a qual os deficits públicos atuais de todos os países, especialmente os emergentes, são determinados pelo excessivo endividamento público, e não a previdência social, os salários dos servidores, os gastos com saúde, educação, segurança ou os desembolsos com programas sociais. Analistas com olhos voltados para o mercado financeiro pregam cortes sobre essas despesas que geram receitas ao caixa do governo para que possa investir enquanto isola discussão sobre a culpa dos juros altos como formadores do déficit, para não incomodar os credores, anunciantes principais da grande mídia conservadora. Os comentaristas econômicos da Globo por exemplo ficam enganando a população fugindo do tema principal. Buscam pêlo em ovo. Acusam, é isso, mesmo, acusam, pois deixaram de fazer jornalismo, para serem torcedores de arquibancada dos banqueiros, que a fonte do déficit é a previdência social, são os gastos do governo com salários, são os desembolsos com gastos que se transformam em receitas porque o governo precisa gastar para arrecadar. Não, tudo isso é déficit público que precisa ser combatido tenazmente com aumento de juros porque para eles gasto público é inflacionário e não o juro alto que não apenas eleva os custos mas atrai capital especulativo internacional produzido por guerras cambiais tocadas pelos países ricos como saída para a crise que eles mesmos produziram, especulativamente etc. Enquanto isso, graças aos especuladores, a dívida não apenas cresce sem parar como evidentemente cria dificuldades para a industrialização nacional. Resumo da ópera: o excessivo endividamento se transforma aos olhos dos credores em risco que requer mais juros, mais especulação e, claro, mais déficit público, produzido pela própria dívida. É esse o SISTEMA DA DÍVIDA que ganha autonomia a partir do próprio mecanismo de endividamento transformado em instrumento de extração de riqueza dos mais ricos sobre os mais pobres. Trata-se de tema fundamental a requerer ampla discussão política, como acabou de se verificar na ONU sem que a mídia tupiniquim, sem vergonha, tomasse qualquer providência. Ela, ao contrário, esconde esse fato fundamental. Não interessa aos que financiam o poder midiático conservador, reacionário, que tal assunto seja pauta para o debate público. Onde estão os programas de debates da Globo que não encaram a principal fonte do déficit? Não estão. Não existem. Fogem do problema central que afeta a vida nacional. A reestruturação da dívida é o ponto central da luta política. Os credores proíbem a grande mídia, sobre a qual tem poder de veto, seja investigativa nesse ponto porque justificaria a luta que cresce nos países capitalistas em crise favoráveis à auditoria da dívida. Os debates em torno da auditagem demonstram existência de processos ilegais, promotores de corrupção sem fim, cujas consequências óbvias são promoção e crescimento da própria dívida, tocada por juros sobre juros, juros compostos, prática do anatocismo, já condenada pelo Supremo Tribunal Federal. Essa é a essência da moderna economia capitalista, impulsionada pela financeirização econômica especulativa global, responsável pelo crônico endividamento dos governos, sobre o qual multiplicam os lucros especulativos ao largo da produção e do consumo, incapazes de garantir reprodução ampliada do sistema capitalista. Nesse contexto, a dívida ganha vida própria, incorpora procedimentos dos credores que ferem legislações, tanto que a própria Constituição determina a auditoria delas, sempre barrada por forças ocultas nos parlamentos dominados por eles por meio de legislações eleitorais permissivas, corruptas etc. Nada mais necessário à saúde da democracia que a auditagem das dívidas. Investigar o processo da dívida é fator de aglutinação das classes trabalhadores de todo o mundo, ou seja, a vanguarda da luta política dos que estão se empobrecendo para que uma minoria cada vez mais escassa amplie o seu poder, esmagando a humanidade. A crise econômica global de 2008, cujos efeitos deletérios continuam, inviabilizando normalização das relações internacionais, é isso aí. A ONU, ao aprovar critérios para reestruturação das dívidas públicas, abre espaço à grande batalha política que dá conteúdo à luta de classes que irá se desenvolver mais intensamente ao longo do século 21. Cadê a grande mídia nessa discussão? Simplesmente, fugiu. Por isso, se continuar como está, como avestruz, fugindo da realidade, se autocondena ao desaparecimento. “La pinguina, hermoza, audaz, encantadora como sempre…Amo essa mulher” Postado por BLOG DE UM SEM-MÍDIA

Copy the BEST Traders and Make Money (One Click) : http://ow.ly/KNICZ

Vídeo mostra a origem da barbárie contra imigrantes na Siria


O vídeo que está no youtube falado em inglês e legendado em português, mostra de maneira clara e entendível a barbárie praticada na Síria por sua elite e alguns outros países que se dizem civilizados ou do primeiro mundo (sic), em alguns processos, provocando o deslocamento catastrófico de 4 milhões de pessoas entre crianças, idosos(as), adolescentes e adultos, para vários países do mundo, sendo a maioria para a Europa.
Para ver o vídeo, basta acessar o endereço eletrônico https://youtu.be/JGXi_9A_Vc?t=7  no youtube, e assistir o vídeo.
Fonte: http://www.chuvaacida.info/2015/09/a-siria-e-crise-dos-refugiados-na-europa.html
Disponível no youtube, endereço eletrônico, em URL do vídeo no tempo real: https://youtu.be/JGXi_9A__Vc?t=7  

9.16.2015

Pequenas propriedades na Amazônia podem se tornar sustentáveis



  • Como tornar sustentável a produção em pequenas propriedades na Amazônia

  • Assentamentos de reforma agrária são vistos como novos vilões da devastação, uma fama injusta porque é a falta de alternativas econômicas e assistência técnica que empurra pequenos agricultores para a pecuária e a venda ilegal de terras

por Sérgio Adeodato colaboração para a Folha em Altamira e Santarém (PA) - Sociedade e Natureza na Amazônia (fonte no final do texto)
Argemiro João César, 59, o Paraná, caminha devagar entre os 3.000 pés de pimenta-do-reino de seu sítio de 82 hectares (ha) no assentamento de reforma agrária Moju, o maior do oeste do Pará, a 101 km de Santarém. As trepadeiras originárias da Índia se apoiam em troncos de jarana fincados na terra em intervalos de dois metros, mas não são elas que preenchem de verde o campo de visão, e sim as árvores.
Paraná vai andando e apontando as espécies nativas eleitas para proteger o solo da força do sol e da chuva da Amazônia: aqui um açaizeiro, do qual se aproveita a fruta e também o palmito; ali uma seringueira, da qual se extrai o látex; mais adiante um cumaru, árvore de madeira nobre –cuja semente fornece essência para cosméticos– cada vez mais usada para substituir o ameaçado ipê em assoalhos e deques.
Tamanha diversidade inclui um pomar de cupuaçu e pés de andiroba, que podem atingir 30 metros de altura. As árvores complementam o sustento da família de quatro pessoas, mas a principal fonte de renda obtida com o sistema agroflorestal de plantio é mesmo a pimenta-do-reino.
Paraná, a mulher e os dois filhos colhem três toneladas por ano e vendem cada uma a R$ 25 mil para comerciantes que revendem para exportação. Com a plantação e as árvores, a família César –uma das 36 que vivem na comunidade Rainha da Floresta– conseguiu construir uma nova casa de madeira, bem maior que a antiga.
Em 1970, o lavrador saiu com outras 50 famílias de Cascavel (PR), em aviões da Força Aérea Brasileira, para o mundo desconhecido da floresta. O governo militar largava os agricultores pobres na Amazônia para ocupar o território esparsamente povoado. Após trabalhar para grileiros, o colono tentou a vida nos garimpos, sem grande sucesso. Até que, antes da constituição do assentamento, conseguiu um pedaço de terra por ali com ajuda de um amigo madeireiro, cujo ofício exigia saber das áreas que começavam a ser ocupadas e derrubadas.
Na base do machado e do fogo, Paraná colocou abaixo 8 dos 17 ha a que tinha direito de desmatar para plantar (cada hectare corresponde a 10 mil m²). Em dado momento, porém, desistiu de brigar com a mata: “Se tirar tudo para colocar pasto, não haverá sombra, não teremos de onde tirar estaca para cerca e frutas para fazer suco. A quentura será grande, ficará ruim de viver e produzir, e mais tarde a tristeza será maior.”
antarém (PA)Lalo de Almeida/Folhapress

Vida de sem-freezer

O sítio participa do projeto Assentamentos Sustentáveis, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que tem por objetivo aplicar soluções para fortalecer a produção familiar e levá-la ao mercado. A iniciativa conta com R$ 25 milhões do Fundo Amazônia para investir por cinco anos na regularização fundiária e na realização do Cadastro Ambiental Rural de 1.300 propriedades.
O apoio técnico agrícola, um dos sete eixos do projeto, dá orientação sobre uso de calcário para corrigir o solo e métodos adequados de plantio. As 2.700 famílias têm apoio para compra de ferramentas de campo e outros insumos básicos para aumentar a renda sem destruir a floresta.
Os técnicos realizam oficinas e orientam a escolha das culturas mais apropriadas para cada lote. Articulam produtores e instituições públicas para comercializar os alimentos via Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA).

Diferenças entre os assentamentos comuns e os sustentáveis

Os empecilhos para fazer a coisa certa, no entanto, são vários. Há entraves burocráticos na emissão dos documentos necessários para acesso aos programas do governo e ao manejo de espécies não madeireiras, como frutos e resinas. “Isso poderia aumentar a renda e reduzir a tentação da coisa ilegal”, explica Paraná.
Sem energia elétrica, açaí, cupuaçu e outros produtos perecíveis estragam por falta de um freezer. Em local isolado, o transporte da produção sai caro. O posto de saúde mais próximo fica a 60 km de distância. “A saída é o remédio caseiro, como o óleo de copaíba, bom contra ferimentos e várias doenças”, resigna-se o colono.
Na cozinha, as panelas de Isabel Machado, 41, mulher de Paraná, brilham como troféus. “Vi muito desmatamento quando cheguei ao Pará para trabalhar duro na roça dos outros”, conta ela à beira fogão a lenha.
O arroz e o feijão vieram da cidade, não da lavoura. A exceção está na farinha de mandioca, garantia de segurança alimentar nos tempos de vacas magras. O alimento é produzido no galpão ao fundo da casa, onde mulheres hábeis no facão se dedicam a descascar as raízes.

Comando precário

A realidade do lugar é diferente da vivida pela maioria das 450 mil famílias nos 3.450 assentamentos da Amazônia, responsáveis por 29,8% do desmatamento em 2014, uma fatia que está crescendo. Segundo o Inpe, foram 1.494 km², território igual ao do município de São Paulo.
O aumento pode ser uma decorrência da menor devastação nas grandes propriedades, devido ao aperto na fiscalização. Desde 2010, a redução da derrubada de árvores em assentamentos foi ligeiramente menor (23,7%) do que na Amazônia como um todo (26,1%).
“A tática do comando-e-controle [fiscalização e repressão] é ineficiente para pequenos produtores”, afirma Osvaldo Stella, diretor de mudanças climáticas no Ipam. Não faz muito sentido colocar a Força Nacional atrás dos camponeses. O mais urgente, diz, é tornar viável o uso da terra com a criação de alternativas produtivas, apostando no convívio com a conservação. “É preciso um novo modelo de agricultura familiar na Amazônia para não haver uma catástrofe social e ambiental.”
O ciclo destrutivo começa quando o colono chega para ocupar um pedaço de terra na esperança de que a área seja transformada pelo governo em assentamento. Para comprovar a ocupação, o posseiro desmata parte do lote e vende a madeira. O problema é que, não raro, a ocupação é feita por grileiros com o único intuito de retirar a floresta e vender a área, para depois desmatar outra, e assim por diante –especulação imobiliária em escala amazônica.
Em muitos casos o desmatamento ocorre porque pequenos lavradores querem tocar a vida na roça, plantando ou criando gado, mas não têm tecnologia para se sustentar sem exaurir a terra e a floresta ao redor. Com o solo degradado, os lotes são abandonados ou se tornam alvo fácil para quem chega com dinheiro a fim de comprá-los na bacia das almas.
Aumenta a concentração de terras na mão de poucos, exatamente o que a reforma agrária se propõe a combater. Famílias são expulsas para as cidades ou migram para outras regiões com planos de ocupar outro assentamento e reiniciar o ciclo do desmate. As que permanecem em local difícil de produzir acabam destruindo a mata além do limite legal de 20% e se envolvendo com atividades clandestinas.
“Já peguei na espingarda para enfrentar madeireiros. Arrisquei a vida, mas o roubo de madeira existe até hoje”, conta Paraná.
Muitas vezes a retirada tem a permissão dos assentados, em troca de participação no negócio. Uma árvore é vendida por apenas R$ 50 –ou até menos, se o comprador oferecer dinheiro vivo na hora. Quando processada na serraria, a madeira da mesma tora pode valer milhares de reais, dependendo da espécie.
Produção artesanal de farinha de mandioca na casa do agricultor Argemiro João César no assentamento Moju, em Santarém (PA)Lalo de Almeida/Folhapress
http://arte.folha.uol.com.br/tudo-sobre/desmatamento-zero/largados-na-selva