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7.09.2020

Bancos do Brasil Produzem Concentração de Renda e Extrema Fome na Coronavirus


A Oxfam  Internacional* apontou que, entre os países emergentes, o Brasil pode se tornar um epicentro da fome no mundo por causa da concentração de renda. A entidade destacou que, segundo o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, o número de pessoas expostas à fome no mundo pode terminar 2020 com um aumento de 82% em comparação ao ano passado 

  (Foto: REUTERS/Bruno Kelly)
 
A Oxfam Internacional apontou que, entre os países emergentes, o Brasil pode se tornar um epicentro da fome no mundo por causa do coronavírus; Índia e África do Sul completam a lista. Foi o que mostrou o informe Vírus da Fome: Como o coronavírus está potencializando a fome em um mundo faminto. O Banco Mundial já havia estimado que, só no Brasil, mais 5,4 milhões passarão a viver em extrema pobreza até o fim desse ano. Ao todo, 7% da população brasileira terminarão 2020 nessas condições, o que coloca o Brasil de volta ao Mapa da Fome da ONU depois de seis anos fora dele.
Um dos fatores que mais estimulam a concentração de renda é a elevada aglomeração do sistema bancário brasileiro. Cinco famílias são responsáveis pelo controle dos quatro maiores bancos privados do Brasil, são eles: família Setúbal, Vilella e Moreira Salles no Itaú Unibanco; Aguiar, no Bradesco; e Botin, controlando o Santander e Safra. Juntos, controlam 75% dos créditos no país e lucraram em seis meses R$ 21,5 bilhões (ainda sem o anúncio oficial do resultado do Itaú). A concentração financeira dos bancos dessas famílias será superior ao teto anual previsto a ser pago as 39 milhões de famílias, pelo programa Bolsa Família: R$ 30 bilhões.
No relatório, a Oxfam destacou que, segundo o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, o número de pessoas expostas à fome no mundo pode terminar 2020 com um aumento de 82% em comparação ao ano passado. Seriam 270 milhões de pessoas sem garantia de acesso à comida.
O documento mostrou os 10 países e regiões com a maior incidência de fome extrema nos quais a crise alimentar é mais grave e está se acirrando em decorrência da pandemia: Iêmen, República Democrática do Congo (RDC), Afeganistão, Venezuela, região do Sahel da África Ocidental, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Síria e Haiti. Juntos, esses países e regiões abrigam 65% das pessoas em situação de crise de fome em todo o mundo.
De acordo com a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Drager Maia, "a covid-19 é a última gota para milhões de pessoas que já lutam dia após dia com os impactos causados por conflitos armados, mudança climática, desigualdades e um sistema viciado de produção de alimentos, que permitiu que os oito maiores fabricantes de alimentos e bebidas pagassem mais de US$ 18 bilhões a acionistas desde janeiro, conforme a pandemia se espalhava pelo mundo".

*Oxfam Internacional é uma confederação de 20 organizações de caridade independentes com foco no alívio da pobreza global, fundada em 1942 e liderada pela Oxfam International. É um grande grupo sem fins lucrativos, com uma extensa coleção de operações, com sede na Inglaterra.

Publicado no Brasil 24/7: 9 de julho de 2020

Fonte:  https://www.brasil247.com/brasil/coronavirus-deixa-o-brasil-como-epicentro-da-fome-extrema-no-mundo