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4.10.2014

Mulher: a mídia transformou-a em fetiche, objeto e mercadoria

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Até o futebol americano feminino tem que ser "sexy"
A pesquisa recente do IPEA sobre o estupro e comportamento feminino, e a notícia de que ocorrem, em Joinville, quatro estupros por mes, chamam atenção.
A questão de gênero em nosso meio necessita ser debatida, visando um equilíbrio que hoje não existe entre mulheres e homens.
 
Esse assunto nunca cessa, pois o cenário é perturbador. Depois do erro na pesquisa, ficou mais claro como  a mídia trata a mulher, e o comportamento da sociedade.
Nas estradas, em viagens, se verifica outdoors espalhados pelas margens.. A quantidade de mulheres seminuas, expostas em poses dignas dos melhores programas pornográficos da TV, chega até a ser constrangedor. O mesmo ocorre nos comerciais de automóveis ou nos famosos programas de auditório, mulheres exibindo seus corpos, produzindo nos telespectadores em geral, homens, mulheres, jovens, adolescentes e crianças, uma imagem fetichizada sobre o que é o corpo feminino. É como se a mulher fosse um reduto de satisfação e prazer a qualquer momento para uns, e modelo de perfeição impossível para outros, como apresentado por manequins nas capas das revistas.



Não é à toa que estupros sejam cada vez mais denunciados.
Muitos(as) culpam a mulher estuprada por “mostrar demais”. As relações de gênero acabam ficando iguais às de consumo, onde prevalece aquele que tem o poder de consumir os melhores objetos, e os mais apetitosos para seus fetiches. Se a mulher “mostra demais”, e é um “bom produto” que atende “o fetiche perfeito”, a culpa é dela que fez a “propaganda”, como nas centenas de outdoors, canais de TV, grandes jornais e revistas, internet, facebook entre outros meios de comunicação.



Em consequência disto, a mulher vira um objeto, no inconsciente masculino e feminino.
Manipulável pela mídia, pela indústria do consumo e também pelas entrelinhas das relações de gênero. Mesmo que o IPEA relate o erro na pesquisa, ainda é assustador saber que 26% dos entrevistados(as) culpam as mulheres pelo estupro. Este pensamento não é dirigido somente às pessoas de maneira geral, mas também quem nos faz pensar assim.
O corpo da mulher é dela, e não deve se submeter à manipulação de nada e nem de ninguém.

O fetiche que virou objeto é uma "mercadoria'', porque está impregnada na cabeça das pessoas. As grifes que se utilizam deste artifício usam e abusam do fetiche, demonstrado pelo pensador Karl Marx sobre o fetiche da mercadoria ainda no século XIX, colocando a mulher como um objeto de consumo, não somente o produto, mas também a idéia de conquista da mulher perfeita, fechando, desta maneira, o ciclo.

http://www.chuvaacida.info/2014/04/fetiche-objeto-e-mercadoria.html

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