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12.13.2014

Somos escravos das telas de notebook, celular ou ...? *

Nos dias de hoje, usamos tela do celular, notebook, PC, ipod, ifone, TV, entre outras. Com toda esta tecnologia diária, podemos nos classificar como escravos das telas?

Do mesmo jeito que ganhamos tempo, 
o uso das telas como o celular começa a exigi-lo 
para coisas  que antes não fazíamos ... e a exploração das imagens é algo inusitado
Braulio Tavares**- Sociedade e Tecnologia
Vi uma matéria curiosa, há pouco tempo, sobre os hábitos dos frequentadores de restaurantes. O dono de um restaurante encontrou vídeos de cerca de dez anos atrás, filmados por câmera de segurança. Os vídeos registravam todo o movimento das mesas, desde a abertura da casa até a saída do último freguês. Para fazer um estudo da dinâmica do trabalho, tempo de atendimento ao cliente entre outras coisas., o dono do restaurante fez uma comparação entre o vídeo de dez anos atrás e um de hoje e tirou conclusões interessantes.
 
A primeira coisa que lhe chamou a atenção foi que, embora a quantidade de pratos consumidos e a quantia de dinheiro gasto (proporcionalmente a 10 anos atrás e hoje) continuassem os mesmos, as pessoas passavam o dobro do tempo no restaurante. Daí a queda de faturamento, que ele não sabia a que atribuir e era seu foco desta investigação. Mas percebeu que, se 10 anos atrás um grupo de 6 pessoas passava uma hora e meia para almoçar, esse tempo chegava hoje a duas e meia, quase três horas, com aproximadamente o mesmo consumo de comida.
 
Ele constatou que, antes, as pessoas sentavam, pediam o cardápio, conversavam um pouco, faziam os pedidos entre outras coisas. Hoje em dia é diferente. A primeira meia hora de atendimento mostrava as pessoas com os cardápios abertos à sua frente, mas concentradas nos seus celular, notebook ou ipad lendo, digitando mensagens, entre outras coisas.  Quando, finalmente, os pedidos eram atendidos e a comida chegava, a maioria das pessoas fotografava os pratos e começava a compor mensagens. Com isso se distraíam e muitas vezes os pratos eram devolvidos aos garçons para ser novamente aquecidos. No fim da refeição, havia mais um longo período de tempo em que os garçons eram solicitados a fazer fotos sucessivas do grupo, com o celular de cada um.
 
O celular, TV, notebook, internet, web, câmera fotográfica veio para ampliar nossa vida, e ampliar não quer dizer necessariamente facilitar. Do mesmo jeito que ganhamos tempo de um lado, o celular e outras ferramentas tecnológicas começam também a exigi -lo para coisas que antes não fazíamos. E numa sociedade que já foi chamada “a civilização dos Narcisos” ou faça seu "self", o celular é um veículo excelente para o exibicionismo, para a comunicação instantânea de “o que estou comendo”, para os selfies com gente famosa encontrada nos aeroportos, cinema, shopping nos clubes.
 
Se tem a impressão que somos a geração mais bem documentada da História. Somando a presença de celulares, tablets, notebook etc. e a disponibilidade das redes sociais, onde cada um entra e saí a seu bel prazer, estamos participando do maior experimento sociológico de todos os tempos, no sentido do uso descontrolado da tecnologia. Nunca se reuniu tanta informação voluntariamente fornecida sobre os hábitos sociais da população. Talvez, no futuro, digam que a História, para valer, começou no tempo de hoje ou digam que perdemos o bonde da História. 
 
*http://www.cartafundamental.com.br/single/show/356
**escritor e compositor

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