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3.01.2015

O Quebra-cabeças Mundial: Brasil só perde ou também ganha este jogo?

A conexão existente entre os EUA, os BRICS, a Petrobras e a tentativa de inviabilizar o governo federal!

Marcos Donizeti - Sociedade e Poder

Blog Guerrilheiros do Entardecer


BRICS e Pré-Sal: O que as grandes empresas petroliferas mais desejam, atualmente, é tirar o Brasil do grupo dos BRICS e se apossar do pré-sal.

Mas a política externa dos últimos governo vai na direção contrária aos desejos dessas poderosas empresas e seus países desenvolvidos.

Durante o último governo o Brasil continuou aprofundando a sua integração com os demais países-membros dos BRICS.

Exemplo disso é a criação do banco dos BRICS, que será uma alternativa muito mais progressista do que o Banco Mundial e o FMI.

A administração federal atual não abre mão da manutenção do regime de partilha do pré-sal, que garante ao estado brasileiro uma participação mínima de 75% na renda líquida gerada pelo mesmo.

Quando da nomeação de Aldermir Bendine, o atual presidente da Petrobrás e a nova diretoria, ficou claro que não existe nenhuma possibilidade do país abandonar o regime de partilha do pré-sal, de privatizar a empresa e tampouco de abandonar a política de conteúdo nacional para o setor petrolífero.

E nenhuma destas políticas é do interesse desssas grandes empresas, dos países desenvolvidos e dos EUA, para dizer o mínimo.

China e Rússia

A China e a Rússia estão aumentando a sua presença econômica e militar na América Latina (olha o novo canal da Nicarágua), o que não interessa aos EUA, é claro. A Rússia vendeu caças para a Venezuela e a China irá construir o novo canal da Nicarágua, uma obra gigantesca, avaliada em US$ 50 bilhões.

Empresas chinesas já estão participando da extração do pré-sal no Brasil (no campo de Libra), o que também não interessa as empresas petrolíferas. Esta participação chinesa se dá apenas como investidora, pois somente a Petrobras pode operar nos campos de petróleo do pré-sal. 

Muitas das guerras e intervenções militares que os EUA promovem pelo mundo afora (na África, Ásia Central, Oriente Médio) ocorrem em regiões que são ricas em matérias-primas. O objetivo dos EUA com as mesmas é passar a controlar tais regiões e, assim, dificultar e até impedir o acesso da China às matérias-primas (petróleo, minério de ferro, etc) que são fundamentais para a continuidade do seu crescimento econômico.

Países que podem confrontar os EUA, em melhores condições de fazer isso, ou seja, desafiar os EUA, são a China (devido ao seu crescimento econômico, muito mais rápido do que o dos EUA-UE) e a Rússia (pelo seu poderio militar e nuclear);

Projeto Principal  dos EUA

Barrar o crescimento e a expansão da China e da Rússia são essenciais para o projeto dos EUA, que visa impor um controle global por meio do PNAC (Projeto para um Novo Século Americano), elaborado pelos Neocons dos EUA... Dick Cheney (ex-vice presidente de Bush Jr)  e Donald Rumsfeld (ex-chefe do Pentágono no governo de Bush Jr) são dois dos seus principais líderes;

PNAC

Um dos itens fundamentais do PNAC é o de tentar impedir que qualquer outro país, mundo afora, possa vir a se fortalecer de maneira a que venha a adquirir condições de desafiar os EUA no comércio latinoamericano . E quais os países em melhores condições de opor uma forte resistência ao projeto de domínio global dos EUA? Ora, os países membros dos BRICS.

O PNAC e os Processos de Desestabilização

Quando algum país começa a se fortalecer e o mesmo tem um governo que não se submete aos EUA, o governo deste (por meio da CIA, NED, USAID), bem como usando de entidades privadas (como a 'Open Society' de George Soros, que já admitiu publicamente que procura desestabilizar governos que não se submetem aos seus interesses, ou seja, os países que se utilizam do capital especulativo globalizado, principalmente as empresas multinacionais). Então, não demora muito e logo começa um processo de desestabilização do país, visando derrubar a administração daquele governo e, assim, substituí-lo por outra, favorável aos interesses dos países desenvolvidos.

Exemplo desta política é a Ucrânia, cujo governo pró-Rússia, eleito democraticamente, foi derrubado e enfrenta uma guerra civil, que foi deliberadamente provocada pelo governo Obama com o objetivo de promover o envolvimento da Rússia, numa guerra que seria catastrófica para esta nação.

Os neocons que comandam a política externa do governo Obama, acreditam que o envolvimento da Rússia numa guerra em grande escala na Ucrânia, poderia fazer com que Putin se tornasse um presidente impopular e que isso poderia levar à derrubada do seu governo, o que possibilitaria a ascensão de um governo submisso aos interesses dos EUA no país, tal como foi o de Boris Ieltsin, por exemplo.

Até o momento essa estratégia está fracassando, pois a popularidade de Vladimir Putin cresceu bastante (chegou a 80% de aprovação) após o início da crise ucraniana, devido à postura firme que ele manteve em relação à crise do país vizinho, do qual uma grande parte da população é, culturalmente, de origem russa.

Os BRICS

O Brasil virou alvo dos EUA devido ao fato de que, durante os últimos governos, tornou-se membro ativo dos BRICS , que procuram construir, gradualmente, um pólo de poder alternativo aos países desenvolvidos, criando um mundo multipolar.

Os BRICS estão aprofundando a colaboração entre si e já deram início à adoção de várias medidas que são prejudiciais aos interesses dos países chamados ricos, como é o caso da criação de um fundo de reservas e de um banco próprio do bloco. 

E recentemente os países membros dos BRICS iniciaram um diálogo visando usar apenas as moedas dos países membros no comércio entre si, deixando de usar o dólar, o que é altamente prejudicial aos interesses desses países desenvolvidos, sem dúvida alguma.

Afinal, o fato de que o dólar é a principal moeda de reserva do planeta, bem como dela ser a mais utilizada nas transações financeiras e comerciais internacionais, é que torna possível aos EUA financiar o seu consumismo desenfreado, os seus gigantescos gastos militares (que representam 50% dos gastos globais) e as suas guerras; 

Produção de petróleo e gás natural brasileira cresceu 18% entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, ultrapassando os 3 milhões de barris/dia. Que outra empresa do mundo conseguiu obter o mesmo resultado? 


Integração Latino-Americana

O Brasil também tornou-se um alvo dos EUA porque é um aliado fundamental e apoia os governos progressistas latino-americanos (Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Cuba, El Salvador, Uruguai...), que, tal como os últimos governos fizeram no Brasil, também procuram desenvolver políticas soberanas e de promoção da justiça social.

No governo que tinha Lula presidente, teve um papel fundamental para ajudar a impedir que golpes de estado fossem vitoriosos na Venezuela e na Bolívia, em especial. E a criação e o fortalecimento da Celac e da Unasul aumentaram o grau de cooperação e de integração da América Latina, o que resultou na perda de influência dos EUA na América Latina.

O Brasil colaborou muito com o fim do isolamento de Cuba, seja integrando o governo da Ilha na Celac (que é formada pelos países da América Latina e do Caribe), sejam financiando a construção da reforma, ampliação e modernização do Porto de Mariel, bem como financiando, agora, a construção de uma Zona de Desenvolvimento Econômico ao lado do porto.

O Porto de Mariel, junto com a ‘ZDE’ e o atual canal da Nicarágua, irá viabilizar um novo ciclo de crescimento econômico de longo prazo em Cuba e trará imensos benefícios às empresas brasileiras que terão privilégios para se instalar na 'ZDE" cubana, justamente porque foi o governo brasileiro que financiou as duas obras. Com isso, as empresas do Brasil terão acesso não apenas ao mercado centro-americano (de mais de 70 milhões de pessoas) como também ao do NAFTA e aos dos países asiáticos, devido à construção, pelos chineses, do canal da Nicarágua. 

Nestas circunstâncias, qualquer tentativa de isolar ou bloquear Cuba estará totalmente fadada ao fracasso. E o Brasil de  teve um papel fundamental neste processo, de colocar fim ao ilegal bloqueio econômico que os EUA promoveram contra Cuba desde 1960 e que foi condenado pela Assembleia Geral da ONU em inúmeras oportunidades.

No governo Lula também teve um papel fundamental no financiamento do governo da FMLN, de Maurício Funes, em El Salvador. Quanto este venceu a eleição presidencial, o governo liberou um empréstimo de US$ 800 milhões do BNDES para o novo governo. Com isso, a situação econômica e social de El Salvador melhorou bastante durante o governo da FMLN e esta conseguiu eleger o sucessor de Funes, Sanchez Cerén, em 2014;

O Brasil e a América Latina

Quando o segundo turno da campanha eleitoral brasileira de 2014 ainda estava em andamento, perguntaram ao presidente Pepe Mujica se o candidato do seu partido à Presidência da República,Tabaré Vasquez, iria ganhar a eleição no Uruguai. Sabem o que ele respondeu? Ele disse que isso iria depender do resultado da eleição no Brasil;

Assim, o que acontece no Brasil tem uma grande influência na América Latina, na América do Sul em especial. E é claro que os EUA sabem disso e muito bem. Logo, para inviabilizar os governos progressistas latino-americanos é fundamental fazer o mesmo com o governo progressista mais populoso e mais influente destes países, que é o Brasil.

Os EUA está convicto que o Brasil não sairá dos BRICS e tampouco irá deixar de apoiar os governos de esquerda e progressista latino-americanos.

Daí a necessidade, na visão dos EUA, de desestabilizar a atual administração federal de qualquer jeito (ou de, pelo menos, levar o governo ao fracasso).

Situação Financeira Mundial

O Brasil foi, como é do conhecimento, um dos últimos países a sofrer os efeitos da crise econômica mundial iniciada em 2007-2008, quando ocorreu a crise das hipotecas subprime, a falência do Lehman Brothers e o colapso do ‘sistema financeiro paralelo’, não regulado pelas autoridades dos governos dos países desenvolvidos.

E também foi o primeiro país da América Latina a superar os efeitos desta crise, com a sua economia retomando o crescimento econômico já no segundo trimestre de 2009. Como disse o ex-presidente, a crise no Brasil não passou de uma ‘marolinha’.

 E isso somente aconteceu porque os três últimos governos adotaram um amplo conjunto de políticas, econômicas e sociais, anti-ciclícas tipicamente keynesianas.


O aeroporto de Curitiba é um dos que foi ampliado e modernizado durante o primeito mandato do governo atual. Esse é um exemplo de investimento público que melhora a infra-estrutura e contribui para o desenvolvimento econômico e social do  país.

Principais medidas que auxiliaram a evitar uma crise no Brasil

Aumento dos gastos públicos, na área social e na infra-estrutura, especialmente em grandes obras de energia elétrica (vide as usinas de Jirau, Belo Monte e Santo Antônio, cuja potência geradora será quase 33% maior do que a da Usina de Itaipu), as Ferrovias Norte-Sul, Transnordestina e Leste-Oeste, a Transposição do Rio São Francisco, o programa de concessão de rodovias e de aeroportos (muitos foram ampliados e modernizados, tais como os de Guarulhos, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Brasília e Manaus; Natal ganhou um aeroporto novo).

Aumento da oferta de crédito pelos bancos públicos (BB, CEF, BNDES), que compensaram o corte do crédito pelo sistema financeiro privado, aumentando a participação pública no mercado. Este é um dos principais motivos pelos quais o sistema financeiro privado promove uma fortíssima oposição ao governo atual.

Aumentos reais de salário, em especial para o salário mínimo, que foi reajustado em 294% entre 2003-2015, passando de R$ 200 para R$ 788, e atingindo o seu maior poder de compra dos últimos 50 anos, segundo o Banco Central brasileiro. Essa é uma situação real de distribuição de renda.

Criação do Minha Casa Minha Vida, um programa subsidiado e financiado pelo governo federal e que viabilizou a contratação, até o momento, de 3.400.000 novas moradias, em benefício da população de baixa renda, que nunca teve casa própria;

Aumento dos investimentos da Petrobras, que passou a ter um ambicioso programa para investir no aumento da produção do pré-sal e na construção de novas refinarias (Rio de Janeiro e Pernambuco), entre outros setores (fertilizantes, etanol, biocombustíveis, construção naval).

Todas estas medidas somente foram possíveis porque o estado brasileiro dispõe de várias empresas estatais e privadas estruturadas que tornaram possível o financiamento e os investimentos promovidos pelos últimos três governos, tanto na área social, como na infra-estrutura. 

O Minha Casa Minha Vida, por exemplo, se beneficia de subsídios estatais e de financiamentos públicos que são viabilizados por meio, principalmente, dos bancos públicos existentes (Banco do Brasil e CEF). 

A agricultura brasileira, por sua vez, é financiada pelo estado brasileiro e isso é válido tanto para o agronegócio, como para a agricultura familiar (via Pronaf). E o Banco do Brasil é o principal agente financiador da mesma, que é responsável tanto pelo abastecimento interno (agricultura familiar), como por parte das exportações do país (agronegócio). E o agronegócio teve acesso a R$ 156 bilhões em financiamento para a safra 2014/2015.

Não é à toa, portanto, que as estimativas apontam para um novo recorde na safra de grãos para 2015, que deverá ultrapassar os 200 milhões de toneladas pela primeira vez na história do país. 

Da mesma forma que, atualmente, as Organizações Globo fazem campanha contra a Petrobras, o atual governo, no passado ela fazia campanha contra a criação do 13o. Salário. 


Da mesma forma que, atualmente, as Organizações Globo fazem campanha contra a Petrobras, o governo Dilma e o PT, no passado ela fazia campanha contra a criação do 13o. Salário.  

O BNDES, por sua vez, é a principal fonte de financiamento de investimentos produtivos de longo prazo, emprestando bilhões de reais anualmente para setores como o de telecomunicações, infra-estrutura, micros e pequenas empresas, exportações, energia elétrica, energia eólica, etc. 

Um estado brasileiro atuante é interessante para os EUA? 

Como seria possível, por exemplo, aumentar a oferta de crédito pelos bancos públicos se estes já tivessem sido privatizados pelo governo? Ou como a Petrobras poderia elevar os seus investimentos, por determinação do atual governo, se a empresa também tivesse sido privatizada pelo governo? E como seria possível promover o aumento dos investimentos públicos se o país não tivesse inúmeras empresas privadas de construção civil altamente capacitadas e em condições de construir obras de grande porte, como são os casos da transposição do Rio São Francisco, da Ferrovia Norte-Sul (terá mais de 4150 kms de extensão quando for concluída) e da Usina de Belo Monte?

Assim, a manutenção e o fortalecimento das empresas estatais e privadas, do papel ativo do estado brasileiro durante os últimos três governos foi fundamental para que o país conseguisse superar os efeitos da crise mundial antes de outras nações.

É esse protagonismo do estado brasileiro que torna possível a promoção de políticas econômicas e sociais anti-ciclícas, tipicamente keynesianas, e de distribuição de renda e de inclusão social, que reduziram as desigualdades sociais e que permitiram a redução da pobreza e da miséria, fazendo com que 50 milhões de brasileiros ascendessem social e economicamente durante os últimos governos (40 milhões subiram para a classe C e outros 10 milhões ascenderam para as classes AB), permitindo que o país possa se reorganizar social e economicamente.

Mas um estado brasileiro justo, ativo e que seja protagonista do processo de desenvolvimento econômico e social, sob o comando de um governo ativo, nacionalista e reformista, é tudo o que os EUA não desejam.

Um governo neoliberal conduziria o estado brasileiro a uma situação muito difícil , promovendo uma série de privatizações desnacionalisantes e adotaria uma política econômica e social caracterizada pelo arrocho salarial, aumento do desemprego, das desigualdades sociais, da pobreza e da miséria.


Poder de compra do Salário Mínimo brasileiro é o maior dos últimos 50 anos. 

Assim, fosse possível imaginar um estado brasileiro desorganizado, sem empresas públicas e privadas sólidas e ativas e sem uma Petrobras cada vez mais atuante, não seria possível, por exemplo, manter o regime de partilha do pré-sal e o mesmo acabaria nas mãos das petrolíferas estrangeiras. A política de conteúdo nacional, que foi adotada nos últimos governos, e que tornou a indústria de construção naval brasileira a quarta maior do mundo em apenas uma década, passando de menos de 7 mil funcionários para mais de 81 mil, estaria patinando na economia mundial. 

Logo, as plataformas e os navios usados pela Petrobras para extrair petróleo passariam a ser construídas no exterior e não mais no Brasil, gerando milhares de empregos em Cingapura, Coréia do Sul, China, etc. 

Não é à toa, por exemplo, que a oposição defende, publicamente, o fim do regime de partilha do pré-sal e a possibilidade de ser privatizada, assim não se teria uma política de conteúdo nacional para o setor petrolífero. 

A oposição já defendeu o fim do regime de partilha de forma pública, através da imprensa brasileira.  

Até mesmo a política de reaparelhamento e modernização das forças armadas brasileiras, promovida pelos últimos governos, estaria sob risco e, muito provavelmente, seria abandonada por um governo de direita neoliberal.

As compras dos 36 caças suecos Gripen e dos navios e submarinos nucleares franceses também estariam sob risco, o que iria gerar um imenso prejuízo para o país, pois ambos os contratos prevêem a transferência completa de tecnologia para o Brasil. E no caso dos caças suecos, a partir da 5a. unidade todos os aviões serão produzidos aqui, gerando milhares de empregos qualificados. 

A construção do novo avião de transporte, civil e militar, o KC-390, que recentemente fez o seu primeiro vôo em caráter experimental, também iria correr sérios riscos, pois é fruto de um acordo que o Brasil fechou com vários outros países (Argentina, Venezuela, Portugal, República Tcheca). 

Afinal, tal modernização das Forças Armadas está intimamente relacionada com a descoberta das imensas reservas do pré-sal, com a manutenção da Amazônia sob controle nacional e com a defesa dos interesses nacionais, que estão sendo permanentemente ameaçados pela atuação de países como os  EUA por exemplo, como promotor de processos de desestabilização de governos democráticos e nacionalistas. 

Os golpes de estado no Brasil ocorrem sempre contra governos nacionalistas, reformistas e trabalhistas

Ao estudar um pouco sobre a história do Brasil, se entende que tivemos governos de feições nacionalistas e reformistas (Vargas, JK, Jango, Lula e Dilma). Ocorreram movimentos políticos de caráter nitidamente golpistas e anti-democráticos, visando desestabilizar e neutralizar tais governos.  

Getúlio Vargas foi derrubado em 1945, por meio de um golpe de estado, num momento histórico em que se aproximava do PCB (liderado por Luiz Carlos Prestes, uma das lideranças mais populares do Brasil naquela época) e do movimento operário (criando o PTB para representar o mesmo), enfrentou uma tentativa de golpe de estado para impedir a sua posse, como presidente eleito democraticamente, em 1950, e acabou derrubado, por outro golpe de estado, em 1954, e que resultou em sua morte.

Uma nova tentativa de golpe de estado ocorreu, no final de 1955, e a mesma tentou impedir a posse de JK-Jango na presidência e vice-presidência da república, logo após terem sido eleitos democraticamente pelo povo brasileiro. Foi necessário um contra-golpe preventivo, comandado pelos generais do exército brasileiro, para impedir que o mesmo se consumasse. O governo JK sofreu mais duas tentativas de golpes de estado, em 1956 (Jacareacanga) e em 1959 (Aragarças). 

E externamente, um estado brasileiro sem expressão seria totalmente dependente do capital e da tecnologia importada dos países ricos e transformaria o Brasil numa virtual neo-colônia dos EUA. Isso obrigaria o país a virar as costas para os governos progressistas da América Latina e a deixar de fazer parte dos BRICS. 

E as estatais, que hoje são atuantes, seriam privatizadas e desnacionalizadas, tal como aconteceu durante o governo FHC, que negociou a valores pífios empresas públicas ao capital estrangeiro.

Classes ABC passaram a englobar a maioria absoluta da população durante os últimos governos, devido ao crescimento econômico e às políticas de distribuição de renda e de inclusão social adotadas nesses mandatos. 



Exemplos de negociações de empresas públicas: 

A Embratel foi vendida para uma empresa dos EUA e, hoje, pertence ao mega-empresário mexicano Carlos Slim;

O Banespa foi vendido para o Santader (espanhol);

A Telesp foi vendida para a Telefónica, que agora se chama 'Vivo';

A Vale do Rio Doce que na época era considerada a melhor mineradora do mundo também foi vendida.

E por aí vai... 

Assim, com o eventual triunfo de uma eventual política neoliberal, o estado brasileiro ficaria tão vulnerável que o mesmo não poderia mais vir a ser utilizado para levar adiante um projeto nacional de desenvolvimento econômico e social, que tenha como metas promover a distribuição de renda, a inclusão social, a intervenção na economia para evitar ou amenizar efeitos de graves crises externas, se proponha a desenvolver e assimilar novas tecnologias (por meio de transferência, como que está prevista no acordo de compra dos caças suecos e das embarcações francesas, por exemplo), bem como promover uma inserção internacional do país nas área de educação, habitação e tecnologia que seja soberana e independente, atendendo prioritariamente aos interesses seu povo e demais nações vizinhas. 

O que essa campanha publicitária maciça que está sendo feita contra a Petrobras e o governo federal, visa essencialmente, enfraquecer o Brasil como nação e a sua capacidade de definir e executar políticas de desenvolvimento econômico, social, cultural, científico e tecnológico que possam levar à construção de um país independente e justo.

Esse cenário internacional altamente conflituoso e que passa por um processo de grandes mudanças, ajuda e muito a entender as razões que levam as forças da direita brasileira e latino-americana, cujos interesses estão intimamente entrelaçados aos países desenvolvidos (ditos ricos), no mínimo, desde o final da segunda guerra mundial, a tentar promover um contínuo e permanente processo de desestabilização dos governos progressistas da América Latina.

É por isso que mesmo tendo sido reeleita com o voto de 54.501.118 eleitores, a presidenta continua sendo alvo de uma maciça campanha da grande mídia e oposicionista que tenta, por todos os meios (legais e ilegais) derrubá-la da presidência da república. Até em impeachment a oposição e a imprensa tentam induzir a população.

O ex-presidente FHC chegou a encomendar um parecer jurídico de Ives Gandra Martins, membro do Opus Dei e um jurista extremamente conservador politicamente, para poder vir a justificar pedido de impeachment da presidenta, a mesma que acabou de ser reeleita com o voto da maioria.

Este fato demonstra, claramente, o quanto a oposição possui um dna profundamente anti-democrático, mostrando que os seus membros não estão dispostos sequer a respeitar o resultado das urnas recentemente apuradas, muito menos organizar o país e promover a distribuição da renda. 

Os neoliberais brasileiros já levaram o país quase à falência durante o governo FHC, devido ao fracasso de seu projeto neoliberal. Mas quem disse que eles desistiram? 

Tudo isso está acontecendo porque os interesses em jogo são profundos e não são apenas e exclusivamente dos brasileiros, como esse texto procura mostrar.

Não há qualquer dúvida a respeito, se este governo fracassar ou a mesma vier a ser impedido de continuar, não será apenas o Brasil e o seu povo que irão sofrer as consequências, mas toda a América Latina e, até mesmo, as forças políticas progressistas de outros continentes, como são os casos do Syriza na Grécia e do Podemos na Espanha, cujos programas de governo são muito parecidos com iniciativas e políticas adotadas pelos governos progressistas da América Latina.

Exemplos: aumentos de salários e elevação dos investimentos públicos na produção e na área social são propostas defendidas pelo Syriza grego e pelo Podemos espanhol e que foram colocadas em práticas pelos governos de Mujica, Rafael Correa, Kirchner (Nestor e Cristina), Chávez, Evo Morales, Lula e Dilma,

As dificuldades e os obstáculos a serem superados pelo atual governo em seu segundo mandato são muitos, sim, mas não há muito a ser feito.

http://contrapontopig.blogspot.com.br/2015/02/contraponto-16066-conexao-existente.html

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