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11.28.2015

Ventos e furacões neoliberais voltam na Argentina...e agora...

  • IBM, Telecom e ONU, as ligações da futura chanceler neoliberal argentina

  • Em decisão inesperada, Mauricio Macri eleito novo presidente, anunciou que a chefa de sua diplomacia será a atual mão direita de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU


PorMartín Granovsky, para o jornal diário Página/12 - Sociedade e Geopolítica Sul-Americana
 
Gustavo Ferreira / MRE
A cadeira não foi dada nem a um economista argentino como Alfonso Prat-Gay, nem para um diplomata de carreira como Rogelio Pfirter. Tampouco para o secretário de Relações Internacionais do PRO, Diego Guelar. Na designação mais surpreendente das que realizou até agora, Mauricio Macri anunciou que o Ministério de Relações Exteriores será ocupado por Susana Malcorra, a atual chefa de gabinete do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
 

Créditos da foto: Gustavo Ferreira / MRE

“É uma persona preparada, de proceder correto, capaz de se atualizar rapidamente com os detalhes da política exterior argentina”, disse ao jornal Página/12 um diplomata que conviveu com ela em Nova York.

Malcorra não milita no PRO, o partido liberal de Macri, e tampouco foi sugerida pelos aliados social-democratas da União Cívica Radical radicalismo, embora tenha antigas simpatias com relação a este partido.

É uma executiva que conhece por dentro não só o sistema de decisões da ONU como também o âmbito das indústrias de serviços dos Estados Unidos. Fez carreira na IBM, que antes do surgimento de empresas como Apple e Google era o símbolo da modernidade norte-americana.

Quem conhece o mundo das indústrias de serviços dos Estados Unidos pode entrever as ideias básicas da política exterior, comercial e de defesa de Washington – ainda mais se complementa essa bagagem de conhecimentos com um posto de observação no edifício novaiorquino da ONU.

Nascida em 1954, em Rosário, ela fez sua carreira universitária nessa cidade, e foi a única mulher formada em engenharia eletrônica na sua turma. Aos 61 anos, Malcorra exibe um currículo que mostra uma longa carreira na IBM, desde os postos mais baixos, em 1979, até a cúpula da filial argentina da multinacional, 14 anos depois. Chegou a conduzir a relação com o setor público, o coração da firma. Ao deixar a empresa, em 1993, ela passou a trabalhar na Telecom, com Juan Carlos Masjoan, outro ex-IBM. Na Big Blue – o gigante azul, como a empresa é conhecida – Masjoan foi um duro competidor de Ricardo Martorana, o ascendente executivo e lendário vendedor que terminou envolvido no escândalo IBM-Banco Nación, pelo pagamento de subornos do setor privado ao Estado, em 1994.

Na ONU, sua especialidade continuou estando vinculada com a logística. Malcorra é chefa de gabinete do secretário-geral, e antes foi subsecretária do Departamento de Apoio às Atividades Externas. Suas funções eram a de ajudar na execução das missões de paz da ONU em todo o mundo, um dispositivo que já supera as 120 mil pessoas, entre militares, policiais e civis, segundo informação da própria Secretaria Geral.

Malcorra chegou à ONU em 2004, com o ganês Kofi Annan. Foi funcionária de Operações, logo diretora executiva adjunta do Programa Mundial de Alimentos – que não é a FAO (Departamento das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, presidido pelo brasileiro José Graziano) –, mas sim a estrutura de operações humanitárias ou de emergência. Agregou, nesse período, conhecimento a respeito de operação de contingência em crises humanitárias como as da Costa do Marfim, Serra Leone e Haiti, ao seu currículo de experiências na indústria de serviços.

No mês passado, Malcorra moderou um painel sobre “Ética para o desenvolvimento” no qual também participaram o economista argentino Bernardo Kliksberg e o atual ministro do Trabalho, Carlos Tomada.

Em 2014, ela disse que a agenda da ONU este ano estaria voltada à tarefa pendente de buscar a paz na Síria, à definição das metas de desenvolvimento e à cúpula do clima de Paris.

As bombas e os assassinatos em massa fizeram com que essa agenda fosse alterada, e agora Malcorra deverá enfrentar esses temas a partir do seu novo cargo de ministra, a segunda chanceler da Argentina, desde que Susana Ruiz Cerutti ocupou o cargo, no final do governo de Raúl Alfonsín.
 Tradução: Victor Farinelli

http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/IBM-Telecom-e-ONU-as-ligacoes-da-futura-chanceler-argentina/6/35057



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