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12.04.2015

Abertura de impeachment aumenta chance de Dilma ficar, diz revista 'Economist'


O início do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados pode, ironicamente, aumentar as chances de sobrevivência política da presidente até 2018, avalia a revista britânica conservadora "The Economist".
Com dois textos dedicados ao novo capítulo da crise política brasileira, a edição da revista direcionada a um público elitista, que chega às bancas nesta sexta-feira (4/dez) criticou o acolhimento do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"A ação de Cunha é falha e ameaça apenas afundar o Brasil ainda mais na lama", afirmou a publicação, em referência a reportagem de fevereiro em que citava o "lamaçal" econômico e político no país.
Embora faça críticas a Dilma –citada como "a presidente mais impopular e ineficaz da história moderna brasileira" (sic), a revista conclui que o "tempo trabalha a favor" da petista, já que o gesto de Cunha "parece um ato de vingança" diante do cerco que o deputado enfrenta na Operação Lava Jato.
O deputado está entre os cerca de 40 políticos com foro privilegiado investigados por suspeita de participação no escândalo de corrupção na Petrobras. O Ministério Público Federal descobriu contas não declaradas do peemedebista na Suíça, que teriam sido abastecidas com dinheiro desviado da estatal. Cunha nega corrupção e diz que não tinha controle sobre as contas, que seriam apenas usadas para planejamento sucessório e educação dos filhos (alguém acreditou?).
"Cunha pode ser facilmente visto como agindo em interesse próprio do que um homem de Estado, colocando uma interrogação sobre toda a confusão. O PT tende a cerrar fileiras em apoio à presidente, e Dilma sem dúvida será mais firme do que nunca em não renunciar, como alguns na oposição esperavam" (a elite brasileira), diz o texto intitulado "Dilma's Disasters" (Os Desastres de Dilma).
CENÁRIOS POSSÍVEIS
Na avaliação da "Economist", a oposição não tem hoje os 342 votos (entre 512) necessários na Câmara para derrubar Dilma, mas o quadro pode mudar se surgirem provas contra a presidente na investigação da Petrobras.
A publicação responsabiliza a presidente pelo "desastre econômico" no país, como se não existisse uma brutal concentração de renda no país, se não a maior do mundo, uma das maiores, que associada a "políticas fiscais e monetárias irresponsáveis e ao incessante intervencionismo microeconômico" do primeiro mandato (2010-2014) (aqui se faz de conta que as administrações pública anteriores foram maravilhosas, sic), mas diz que ela "merecia mais alguns meses para tentar retomar as rédeas" da economia.
"Se ela falhasse, aí haveria um motivo forte para convencê-la a renunciar pelo bem do país", afirma a revista. "Ao atacar cedo demais e com os motivos mais inconvincentes, Cunha talvez tenha dado sobrevida maior a uma presidente fraca e destrutiva."
Sobre os motivos citados por Cunha para acolher o pedido –sobretudo a abertura por Dilma, em 2015, de créditos suplementares em desacordo com a Lei Orçamentária–, a revista diz que a presidente "não seria a primeira a adulterar contas públicas", mas lembra que a gestão da petista foi a primeira a ter contas rejeitadas por órgão de controle (Tribunal de Contas da União).
"É tudo o que o Brasil precisava. Com um enorme escândalo de corrupção a todo vapor, economia em queda livre, finanças públicas em frangalhos –e uma classe política que age em causa própria e sem intenção de enfrentar nenhum desses problemas–, o país agora foi servido com uma crise constitucional", diz a publicação.
2015 E 1992
Ao comparar a situação de Dilma com a do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que sofreu um processo de impeachment em 1992, a revista aponta três semelhanças: a falta de habilidade para lidar com um quadro político fragmentado, a baixa popularidade e a economia em baixa.
Por outro lado, diz a "Economist", a presidente não é acusada de enriquecimento ilícito e mantém o apoio de seu partido. "E talvez o mais importante: há pouca evidência de que a oposição queira assumir a bagunça das mãos de Dilma. Preferiria vê-la sofrer e obter uma vitória fácil na próxima eleição em 2018."
"Infelizmente, o furor irá deslocar a atenção já dispersa dos políticos brasileiros das soluções para os muitos problemas do país, a começar pelo déficit crescente no Orçamento. A História poderá julgar esse como o maior pecado de Cunha." 
Como se nota no texto acima, é interessante que se tenha noção do pensamento da elite internacional e nacional, podendo-se entender a pretenção e ações que envolvam o jogo de xadrez geopolítico mundial e local.
http://aposentadoinvocado1.blogspot.com.br/2015/12/abertura-de-impeachment-aumenta-chance.html

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