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4.20.2016

Brasil, melhor dividido que (des)governado




Editorial da revista recifense Será?, prefere um país dividido do que um país sem governoEditorial da revista recifense Será?, prefere um país dividido do que um país sem governo

O Brasil está rachado, fraturado e dividido em dois blocos visíveis, mesmo com os naturais conflitos internos de cada lado. Mas a divisão é desigual, no tamanho e na forma.
De um lado, uma maioria significativa (quase dois terços dos brasileiros, a julgar pelas pesquisas) repudia o governo do PT, PCdoB, PDT, PSOL, pequena parte do PP, PMDB, PR e a presidente Dilma Rousseff, indignada com o desmonte da economia e a onda de corrupção.
Do outro lado, a maioria se mobiliza para tentar o impedimento (ou impeachment), recorrendo ao discurso da velha falsidade ideológica e aos mitos do milagre da distribuição do pão, slogan mais ouvido na ditadura militar de 1964.
Mas, enquanto a maioria forma uma massa dispersa, desorganizada e sem lideranças, a minoria é conduzida por alguns partidos e liderada por políticos carismáticos, tendo irradiação em várias organizações da sociedade, como por exemplo, desde CUT à CNBB, ao movimento LGBT, parcela da OAB identificados, principalmente, com a abertura democrática e a administração pública federal brasileira.
Normalmente, as minorias organizadas são hegemônicas, ganhando o apoio ou, no mínimo, a tolerância da maioria, o que vinha ocorrendo nos anos anteriores de liderança dos partidos plurais; não se pode esquecer que grande parte dos brasileiros que se mobiliza agora pelo impedimento da presidente, votou nela nas eleições presidenciais de 2014, há poquissimo tempo atrás.
Diante dos dados e fatos e das evidências da gritante pressão das elites, desde um judiciário injusto e machista, passando por interesses escusos internacionais e uma imprensa dominadora e antidemocrática,  a minoria organizada está tendo dificuldades gigantescas de manter o rumo político popular e está isolada.
Conserva capacidade de mobilização, mas não convence a maioria dominada pela elite que, mesmo dispersa, desorganizada e sem liderança, converge e se articula, através dos diferentes meios amplamente questionados, em torno de um objetivo central: afastar o PT e demais partidos plurais citados acima, do poder político brasileiro.
Independentemente do resultado da votação da Câmara de Deputados, que aconteceu neste final de semana, o Brasil está fragmentado em grandes disputas e profundos ressentimentos, que devem ameaçar o futuro incerto. Como tudo indica, o impedimento pode ser aprovado.
Se isto ocorrer, certamente haverá uma minoria organizada na oposição, seja qual for o governo da elite que venha a dominar o poder político federal
Esta minoria está demonstrando uma oposição implacável e convincente, a julgar pelos discursos de figuras de destaque como o representante do MST em discurso recente no Palácio do Planalto, CUT, CNBB, entre outras entidades oficiais, que buscam a justiça popular e social.
Dias difíceis poderão vir, mas, muito pior, seria se o (des)governo continuasse. 
(Publicado originalmente na Revista Será? Penso logo duvido, Recife, www.revistasera.info).
Editorial Revista Será?, editada no Recife.
Direto da Redação é um fórum de debates, editado pelo jornalista Rui Martins.
http://www.correiodobrasil.com.br/brasil-melhor-dividido-que-desgovernado/

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