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10.26.2018

Brasil: whatsApp e facebook foram usados para enganar os eleitores no 1º. turno das eleições gerais


Profusão de notícias falsas pode ter influenciado resultado das urnas. Denúncia coloca apoiadores de Bolsonaro no centro
por Pedro Rafael Vilela no Brasil de Fato – Sociedade e Luta por Democracia no Brasil

“Kit gay” é exemplo de notícia falsa (fake News), que nunca existiu, e mesmo assim foi disseminada / Foto: Fernanda Carvalho/Fotos na Internet
A denúncia de que empresários aliados ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) (ex-integrante do exército) teriam financiado um esquema ilegal de distribuição em massa de mensagens pela plataforma whatsApp, colocou no centro do debate eleitoral os prejuízos causados pela indústria de notícias falsas, durante as eleições brasileiras em 2018. O caso foi revelado na semana passada pelo jornal Folha de S. Paulo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já abriu investigação sobre o caso e se ficarem comprovadas as denúncias que estão sendo investigadas, a chapa de Bolsonaro pode até ser cassada, mesmo se ganhar as eleições no próximo dia 28 de outubro. Além de ser ilegal usar base de dados de terceiros sem consentimento para distribuir informações, o financiamento por parte de empresários de qualquer serviço eleitoral é considerado crime de caixa 2 de campanha. O candidato do PSL Bolsonaro nega qualquer envolvimento nesse tipo de ilegalidade.

A grande maioria das postagens que circulou e ainda circula no whatsApp são falsas. Entre as mais conhecidas, ainda no 1º turno, foi a denúncia falsa de fraude nas urnas eletrônicas. A distribuição em massa da informação falsa de que o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) teria distribuído um “kit gay” para as escolas, no tempo em que ele foi ministro da Educação, também foi disseminada de forma avassaladora nos grupos de whatsApp, facebook, istagram e outras mídias. A candidata a vice na mesma chapa de Fernando Haddad, deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB), foi vítima de centenas de montagens fotográficas como forma de difamá-la, especialmente entre eleitores evangélicos e mais conservadores, pessoas mais sensíveis a este tipo de notícia falsa.

Empresas poderiam evitar disseminação de conteúdo falso

Segundo o jornalista Jonas Valente, integrante do Coletivo Intervozes e pesquisador de plataformas digitais pela Universidade Federal de Brasília (UnB), houve omissão ou permissão indireta das autoridades no enfrentamento desse problema das notícias falsas.  “Nas eleições o Ministério Público Federa não ajuizou ações contra perfis difusores de conteúdos enganosos”, observou o jornalista Jonas Valente.

A própria corporação internacional whatsApp, que deveria ter sido pressionado pelas autoridades brasileiras para evitar o envio de mensagens falsas, também não atuou de forma convincente para conter ou evitar a profusão desses fakes news e desinformação através da plataforma desta mídia social. Na opinião de Cristina Tardáguila, diretora da Agência Lupa, e de Fabrício Benvenuto (UFMG) e Pablo Ortellado (USP), a empresa, que é controlada pelo facebook (outra corporação internacional) deveria ter adotado, ainda que de forma temporária no Brasil, medidas como restrições para encaminhamentos e transmissão de mensagens e limitação do tamanho de grupos. Há suspeitas de omissão dessas empresas de mídia social e do judiciário brasileiro federal.

Uma mesma mensagem pode ser encaminhada para até 20 contatos por uma pessoa no whatsApp. Na Índia, esse limite foi reduzido a cinco para conter uma onda de linchamentos durante este ano de 2018. Considerando o acirramento eleitoral do país, uma medida como a adotada no país asiático poderia funcionar para deter a circulação de conteúdos falsos. No caso das transmissões, que podem ser feitas para até 256 contatos, a restrição reduziria uma avalanche de informação falsa que atualmente circula sem controle pela rede social de comunicação no Brasil. E, no caso dos grupos, a ideia seria limitar a um tamanho máximo, já que no período eleitoral, foram criados milhares de grupos com a finalidade exclusiva de disparar conteúdo político, sendo boa parte pura desinformação, montagens e notícias falsas, conforme a reportagem investigativa realizada pelo jornal Folha de São Paulo.

É preciso chegar as informações

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha que pertence ao mesmo jornal Folha de São Paulo, 4 de cada 10 eleitores admitiram não checar informações, que equivale à 43% dos internautas que tiveram acesso às notícias falsas. Dos entrevistados, 23% afirmaram que as mensagens recebidas pelo whatsApp influenciam seus votos. Assim é possível prever que no 1º. turno das eleições brasileiras houve ocorrência de graves fraudes eleitorais.
Edição: Joana Tavares
https://www.brasildefato.com.br//2018/10/26/whatsapp-foi-usado-para-enganar-os-eleitores/

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