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8.12.2019

IBGE: metade dos trabalhadores brasileiros tem renda menor que 1 salário mínimo


O Brasil só conseguirá desenvolver com o combate das desigualdades aponta o IBGE

Renda abaixo do mínimo é possível entre trabalhadores informais e por conta própria; pesquisa revela que 10% da população concentra 43% da soma de rendimentos do país

por Daniel Silveira na revista on-line IHU Unissinos e G1 РSociedade e Desigualdade que Produz Viol̻ncia no Brasil

Imagem na revista on-line IHU

Uma pesquisa divulgada em 29nov2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo.
O levantamento foi feito ao longo de 2016 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 880. Dos 88,9 milhões de trabalhadores ocupados no ano, 44,4 milhões recebiam, em média, R$ 747 por mês.
A lei brasileira prevê 1 (um) salário mínimo para os trabalhadores com carteira de trabalho assinada. O rendimento abaixo desse valor é possível entre a população com emprego informal e os trabalhadores por conta própria, como vendedores ambulantes e donos de pequenos negócios.
Do total de trabalhadores, 4,4 milhões (5%) recebem, em média, apenas R$ 73 mensais.
A soma dos rendimentos recebidos por todos os brasileiros em 2016 foi de R$ 255 bilhões por mês em média. Desse valor, 43,4% estava concentrado nas mãos de 10% da população do país. Já a parcela dos 10% das pessoas com os menores rendimentos detem apenas 0,8% do total dos rendimentos de trabalhadores com carteira assinada no Brasil.
A análise regional mostrou que a região Sudeste concentrou R$ 132,7 bilhões ou 52 % do total de rendimento do trabalho no país, superior à soma das demais regiões. A região Sul produz cerca de R$ 43,5 bilhões ou 17 % e o Nordeste cerca de R$ 43,8 bilhões ou 17,2 % do total de rendimento brasileiro. Já as regiões Centro-Oeste R$ 21,8 bilhões ou 8,5% e Norte R$ 13,4 bilhões ou 5,3% produzem respectivamente   do total de rendimento recebido por todos os trabalhadores no Brasil.
"É claro que tem de ser maior no Sudeste porque é onde está concentrada a maior parcela da população, ou seja 42% do país”, destacou Cimar Azeredo, Coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Segundo Azeredo, 44% dos “outros rendimentos” pagos no país estão concentrados no Nordeste. “Isso mostra o peso e a importância dos programas de transferência de renda para aquela população”.
“Aí a gente vê o tamanho da desigualdade econômica no país”, enfatizou Maria Lúcia.
Renda domiciliar por pessoa
Os 889 mil ou 1% dos trabalhadores com carteira assinada recebem, em média, R$ 27 mil. “Isso significa que aqueles com maiores rendimentos recebiam 360 vezes mais que os com menores rendimentos”, enfatizou a pesquisadora. Assim se conclui que o rendimento daqueles que ganham mais é 360 vezes maior do que o dos trabalhadores que têm renda mais baixa.
Com isso, o índice de Gini, que calcula o nível de desigualdade de renda em um país, quanto ao rendimento domiciliar por pessoa para o Brasil naquele ano foi estimado em 0,549. O Sul do país apresenta o menor índice, de 0,473, e o Sudeste o maior, de 0,535. O índice de Gini vai de 0 (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade máxima).
O rendimento médio real domiciliar por pessoa é de R$ 1,2 mil por mês em 2016. Nas regiões Norte e Nordeste, a média é de R$ 772. A maior média observa-se no Sudeste, com R$ 1,5 mil por pessoa.
Para a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, o levantamento enfatiza a necessidade do Brasil combater as desigualdades sociais e econômicas, a fim de alavancar seu desenvolvimento.
Fontes de rendimento
Dos 205,5 milhões de habitantes no Brasil, 124,4 milhões ou 60,5% possuíam algum tipo de renda em 2016, segundo o IBGE. A maior parcela do rendimento da população provém da remuneração pelo trabalho, conforme apresentado no quadro estatístico “fontes de renda” abaixo.
Segundo o levantamento, 42,4% da população possuí rendimento de trabalho, ao passo que 24% tem algum rendimento proveniente de outras fontes, como aposentadoria e benefícios sociais.
O IBGE destacou ainda que havia diferenças significativas entre as regiões em relação à fonte de rendimento da população, conforme detalhado no quadro “fontes de renda” abaixo . No Sul, por exemplo, 47,1% das pessoas com renda a obtinham por meio do trabalho. Já o Nordeste concentrava o maior percentual de pessoas que recebiam rendimento de outras fontes.
Dentre os rendimentos distintos da remuneração pelo trabalho, aposentadorias e pensões se destacaram como a principal fonte. Da população com renda, 13,9% recebe aposentadoria ou pensão; 2,4% recebe pensão alimentícia, mesada ou doação; 1,8% tem renda de aluguel; e 7,7% recebe algum tipo de rendimento de outras fontes, como rendimentos de poupança, seguro-desemprego e dos programas de transferência de renda do governo, como o bolsa família, por exemplo.
Considerando apenas o bolsa família, o IBGE constatou que 14,3% dos domicílios do país têm essa fonte de renda. No Nordeste, este percentual salta para 29,3% dos domicílios e no Norte para 27,2%. O menor percentual foi observado no Sul com 5,4%, seguido pelo Sudeste 6,9% e Centro-Oeste 9,4% respctivamente.
Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC) de assistência social que é um tipo de ajuda mensal equivalente a um salário mínimo que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) proporciona à idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência e incapacitadas para o trabalho, conforme apontou a pesquisa do IBGE, estava presente na renda de 3,4% dos domicílios brasileiros. Nordeste e Norte são as regiões com maior percentual deste benefício respectivamente 5,4% e 5,3%, seguidas pelo Centro-Oeste com 3,6%, Sudeste 2,3% e Sul 2,1%  das pessoas que recebem rendimentos no Brasil.
Cimar Azeredo enfatizou que o rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios onde havia pagamento de bolsa família foi de R$ 331, enquanto nos domicílios onde nenhum morador o recebia foi de R$ 1.446.
A análise regional revela ainda que o Nordeste foi a região que concentra a maior parcela de pessoas que tem renda distintas de trabalho, aposentadoria, pensão e aluguel.
Fonte: publicada em 30 novembro 2017  http://www.ihu.unisinos.br/186-noticias/noticias-2017/574194-metade-dos-trabalhadores-brasileiros-tem-renda-menor-que-o-salario-minimo-aponta-ibge

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