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5.04.2021

Revoluções humanas nos fizeram viver mais depressa, como poderemos manter a Terra viva ?

Você agora pode morar em uma pequena cidade do interior, vender para o mundo todo e comprar de qualquer lugar, falar de graça pelo mundo, fazer os cursos que quiser, assistir os filmes recentes, ler os livros recém lançados e os jornais do mundo, visitar digitalmente qualquer lugar e saber qualquer informação

Por Evandro Milet no Outras Palavras e Os divergentes РSociedade e Revolṳ̣o atrav̩s da Tecnologia Global

Imagem no site Os divergentes

Em todas as revoluções tecnológicas há um desdobramento social inesperado, além do uso imediato da novidade. Na primeira revolução, a máquina a vapor reduziu substancialmente o tempo de viagem entre os continentes acelerando uma globalização incipiente, as ferrovias permitiram a aproximação também entre regiões do mesmo país e as novas indústrias substituíram os artesãos criando o operariado com seus sindicatos e pressão social, a urbanização e mudando a geopolítica com a Inglaterra assumindo a liderança no mundo.

Na segunda revolução, a eletricidade introduziu a noite nas relações sociais, permitiu o rádio, a TV, o cinema, o telégrafo, o telefone e mudou as relações sociais aproximando mais ainda as regiões e continentes. Criou também o elevador e verticalizou as cidades. O outro símbolo dessa revolução, a linha de montagem de Henry Ford, permitiu a produção em massa de bens, reduzindo o seu custo e criando o consumo de massa.

A terceira revolução, a dos computadores, possibilitou a computação pessoal e o surgimento da internet, o Google, o comércio eletrônico e as redes sociais com todas as consequências na maneira de trabalhar, se divertir, namorar, comprar, vender, brigar e estudar. A chamada quarta revolução industrial, já no século 21, acelerou tudo, e não só no mundo digital, mas também no biológico.

Imagem no site Os divergentes

Um novo fenômeno social, que já vinha acontecendo, foi acelerado, mais ainda, pela pandemia. Pessoas são contratadas para trabalhar remotamente, independentemente de cidade, estado ou país. Médicos atendem pacientes em qualquer lugar por telemedicina, que permite até cirurgias robótica à distância. Universidades e empresas de treinamento oferecem seus cursos fora das suas cidades ou regiões de origem. Gigantescos marketplaces digitais comercializam produtos de pequenos fornecedores que não precisam nem sair das suas cidades para vender para o mundo. Softwares de tradução, que beiram a perfeição, permitem negócios onde a língua não atrapalha mais.

Antigamente, quando alguém se mudava para outro país ou até para outro estado, os contatos se reduziam drasticamente. Os amigos de cada fase da vida ficavam esquecidos nas fases seguintes, hoje você mantém as amizades por toda a vida, compartilhando reminiscências, fotos, vídeos e opiniões nas redes sociais.

Você agora pode morar em uma pequena cidade do interior, vender para o mundo todo e comprar de qualquer lugar, falar de graça pelo mundo, fazer os cursos que quiser, assistir os filmes recentes, ler os livros recém lançados e os jornais do mundo, visitar digitalmente qualquer lugar e saber qualquer informação. É a nova globalização, deixando o mundo menor e a nova nacionalização, aproximando as regiões e os cidadãos do país, com a possibilidade real de redução de um dos aspectos das desigualdades regionais: o acesso à informação. Os novos impactos sociais que vão acontecer nos próximos anos são muito difíceis de prever, certamente coisas que nem imaginamos ainda.

O escritor francês, Alexandre Dumas

Alexandre Dumas, pai, antecipou tendências: “Suprimir a distância é aumentar a duração do tempo. A partir de agora, não viveremos mais; viveremos apenas mais depressa”. Mas ele viveu em outra época. Se o mundo digital nos faz viver mais depressa, das inovações do mundo biológico se espera o que mais importa: viver mais, para aproveitar tudo isso.

Porém as sociedades não previam o domínio comercial pelas grandes corporações bancárias (Santander, Morgan), de nanotecnologia (Google, Apple, entre outras), veículos (Mitshubihi, Volkswagen, Fiat, Ford, Mercedes), petróleo (Shell, BPH, Chevron), alimentos (Nestlé, Kellogs), aviação (American Airlines, Alitalia, Luftansa), plataforma rede sociais (Facebook, Instagram, Telegram), comunicação (CNN, DWH, Fox, ESPN, BBC), fármacos e química fina (Bayer, Johnson, Pfeizer, Monsanto)   ou seja, as mais diversas atividades comerciais, industriais e de serviços, que subjugam e controlam governos nos países desenvolvidos, em desenvolvimento e pobres.

A Terra está ameaçada pelo efeito estufa, exploração intensiva na agricultura (agrotóxicos e desvio da água para irrigação), ocupação desordenada pelas mega-metrópoles, derrubada e destruição das florestas (Amazônia), queima descontrolada dos carburetos (petróleo). No início da pandemia de Covid-19, muitas regiões conseguiram respirar aliviadas e sentir o ar e água com menores índices de contaminação. O controle das mídias de massa, por meio de maciços investimentos em empresas de espionagem comercial, onde os direitos civis após 11 de setembro ficou em segundo plano ou está sendo simplesmente ignorado...

São efeitos provocados pelas revoluções humanas tecnológicas, ao longo dos últimos 300 anos, que vieram para causar gigantes rupturas no processo de caminhada da humanidade. Com as pesquisas científicas que avançam através da arqueologia e paleontologia, sabemos de onde viemos, mas não se tem a menor compreensão do caminho que norteia o rumo global. Como o ser, que se diz humano irá sair dessa tremenda utopia de desenvolvimento (in)sustentado, é a pergunta que as mais renomadas cabeças pensantes no planeta não tem o menor vislumbre de clarear, quanto mais conseguir entender as escolhas e rumos que o homem e a mulher direcionam dentro de nossa casa, a que chamamos de Terra.

Publicado no Os Divergentes: maio 2, 2021

Fonte: https://osdivergentes.com.br/outras-palavras/inovacoes-nos-fizeram-viver-mais-depressa-agora-o-desejo-e-viver-mais/

 

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