Norte e Nordeste têm maior proporção de pessoas com fome; São Paulo concentra 6,8 milhões de pessoas na mesma situação
Mesmo as famÃlias que recebem o AuxÃlio Brasil, por estarem endividadas, não conseguem utilizá-lo somente para a compra de alimentos
por redação do Brasil de Fato | São Paulo (SP) | - Sociedade e Fome mata Crianças e Idosos no Brasil
Renda, endividamento e presença de crianças são fatores que estão presentes em grande parte dos domicÃlios que sofrem com a insegurança alimentar - Scarlett Rocha
O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan) mostra o quadro da fome nos estados brasileiros. A pesquisa foi realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) entre novembro de 2021 e abril de 2022.
Os dados mostram que os estados do Norte e do Nordeste são os que mais sofrem, em termos proporcionais, com a insegurança alimentar grave. Em Alagoas, 36,7% da população passa fome. No Piauà são 34,3% e no Amapá, 32%.
Em números absolutos, a região Sudeste – a mais populosa do paÃs – tem mais famintos: são 6,8 milhões de pessoas no estado de São Paulo e 2,7 milhões no estado do Rio de Janeiro.
"Os resultados refletem as desigualdades regionais registradas no relatório do II VIGISAN, e evidenciam diferenças substanciais entre os estados de cada macrorregião do paÃs. Não são espaços homogêneos do ponto de vista das condições de vida. Há diferenças socioeconômicas nas regiões que pedem polÃticas públicas direcionadas para cada estado que as compõem", aponta Renato Maluf, coordenador da Rede Penssan.
Distribuição
percentual da Segurança Alimentar e dos nÃveis de Insegurança Alimentar /
Reprodução/2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da
Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan))
Renda insuficiente, endividamento e influências na fome das(os) brasileiras(os)
As famÃlias com renda inferior a meio salário-mÃnimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave. Essa é a situação de 76,5% dos domicÃlios desse perfil de renda em Sergipe e em 72% dessas casas no Maranhão. O Ãndice é alto em diversos estados: 67,6% no Pará, 66,1% no Piauà e 65,7% em Santa Catarina.
Além da renda, o endividamento das famÃlias contribuir para piorar o cenário da fome. Na maioria dos estados do Nordeste, pelo menos 45% das famÃlias estão endividadas – em Alagoas este Ãndice chega a 57,5%. Os números também são altos no Amazonas (52,6%) e no Distrito Federal (55,6%).
"Mesmo as famÃlias que recebem o AuxÃlio Brasil, por estarem endividadas, não conseguem utilizá-lo somente para a compra de alimentos. O recurso precisa ser utilizado para pagar outras necessidades básicas, como aluguel, transporte, luz e água", afirma Ana Maria Segall, pesquisadora da Rede Penssan e da Fiocruz.
A fome afeta a infância principalmente no Nordeste e Norte
A insegurança alimentar apresenta, ainda, outra face cruel no Brasil. Nas casas em que há crianças com menos de 10 anos, a fome é maior. Em domicÃlios com moradores nesta faixa de idade, a proporção de insegurança alimentar moderada ou grave está acima de 40% em todos os estados da região Norte e a sete dos nove estados do Nordeste.
A pesquisa foi apresentada ao público em junho, com a divulgação de dados nacionais e das macrorregiões do Brasil. Naquele momento, foi revelado que 33,1 milhões de brasileiros não têm o que comer, e apenas 4 entre 10 famÃlias conseguem acesso pleno a alimentos. Em números absolutos, são 125,2 milhões em insegurança alimentar - leve, moderada ou grave.
Edição: Vivian Virissimo
Publicado no BdF: 14 de Setembro de 2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário será analisado para eventual publicação no blog