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7.07.2023

O mais Grave Golpe Contra a Economia Brasileira Aplicado por Jorge Paulo Lemann

Sua estratégia é de abandonar investimentos e manutenção, gradativamente a Eletrobrás, empresa chave para a economia brasileira, será depreciada até o momento em que se transforme em uma nova Americanas

Eletrobrás, Cemig e Copel nas mãos do grupo 3G  de  Jorge  P. Lemann

Dessa loucura não passarão imunes a indústria automobilísticas, a de máquinas e equipamentos, a indústria têxtil, as grandes redes nacionais

por Luis Nassif* no jornalggn@gmail.com – Sociedade e Grupos Econômicos Brasileiros Inescrupulosos

 

Os homens que soterraram as Americanas: Jorge P. Lemann e sócios

Provavelmente é mais um balão de ensaio, a ideia de que o governo abriria mão da reestatização da Eletrobrás, em troca de um adiantamento na conta que permite redução de tarifas.

Essa cortina de fumaça é para ocultar o mais grave golpe contra a economia brasileira, mais grave que o golpe nas vendas das refinarias. Está a caminho uma jogada audaciosa para agregar à Eletrobras, a Cemig e a Copel. Seria um poder absoluto na geração e na transmissão nas mãos de um dos grupos econômicos mais inescrupulosos do país.

Tarifas são apenas um dos subprodutos do golpe da privatização. O primeiro problema sério é o grau de concentração que ficará nas mãos do grupo Jorge Paulo Lemann.

O caso Americanas, e o estudo do caso Ambev, revelou de forma clara os princípios que regem o modelo Lemann – copiados de Jack Welch o executivo responsável pelo desmonte da mais simbólica multinacional americana, a General Eletric.

A lógica do crescimento saudável de uma empresa é o investimento permanente em inovação, melhoria dos recursos humanos e fortalecimento da rede de fornecedores.

Há dois valores de uma empresa de capital aberto: o valor intrínseco e o valor de mercado. O valor intrínseco leva em conta a perpetuidade da empresa, as estimativas de crescimento do faturamento e do lucro, os novos investimentos, os avanços em inovação.

Já o valor de mercado considera especificamente sua capacidade de gerar dividendos no curto prazo.

Qual é o estilo Welch, que soterrou a GE, comprometeu o próprio capitalismo americano e, imitado por Lemann, soterrou as Americanas? É o saque continuado sobre a empresa. Se não investe em inovação, em manutenção, está comprometendo seu futuro em favor de um aumento imediato dos dividendos. Ou seja, perdem os fornecedores, os empregados, o país, em favor unicamente dos rentistas.

O caso é muito mais grave quando se analisa o valor estratégico dessas empresas – Eletrobras, Copel e Cemig – para a economia brasileira e para o próprio setor elétrico.

O modelo elétrico brasileiro é constituído da energia contratada (contratos de longo prazo com as distribuidoras) e o mercado livre, no qual grandes empresas negociam com comercializadores de energia.

A energia contratada, fornecida pelas distribuidoras, é para os pequenos consumidores e para as residências. O mercado livre é para as comercializadoras e para as grandes empresas. A privatização jogará a energia contratada ao mar, penalizando pequenos produtores e residências. Há uma cegueira generalizada das grandes empresas, que acreditam que, com o mercado livre, se livrarão desse peso.

O mercado livre é instável. Uma seca, ou excesso de chuvas, pode alterar radicalmente as cotações. O que garante o equilíbrio do setor é a geração das grandes estatais e dos reservatórios de sua propriedade. O que acontecerá na primeira crise hídrica, com todo esse potencial nas mãos do maior especulador da história moderna do país?

Bastará segurar a vazão dos reservatórios, ou reduzir a oferta de energia, para manipular o mercado à vontade.

Mais que isso. Como sua estratégia é de abandonar investimentos e manutenção, gradativamente a Eletrobras, empresa chave para a economia brasileira, será depreciada até o momento em que se transforme em uma nova Americanas.

Parem com isso! Dessa loucura não passarão imunes a indústria automobilísticas, a de máquinas e equipamentos, a indústria têxtil, as grandes redes nacionais. É ilusão. Basta analisar o tratamento da 3G aos fornecedores das Americanas e da Ambev para se ter uma ideia do seu senso de responsabilidade.

  *Luis Nassif é um jornalista brasileiro. Foi colunista e membro do conselho editorial da Folha de S. Paulo, escrevendo por muitos anos sobre economia neste jornal. Nas composições que faz dos possíveis cenários econômicos, não deixa de analisar áreas correlatas que também são relevantes na economia, como o sistema de Ciência & Tecnologia.

Publicado no GGN: 6 de julho de 2023

Fonte: https://jornalggn.com.br/coluna-economica/eletrobras-cemig-e-copel-nas-maos-da-3g-por-luis-nassif/

 

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