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7.26.2015

Pobre país ... dos mestres das malandragens políticas ...

Eric Nepomuceno - Sociedade e Poder
Fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Duvidas-dramaticas-mexerica-tangerina-ponca-Pobre-pais-/4/34073
(Veja artigo completo no site acima)
Marcos Oliveira/Agência Senado

Olhando o quadro que vivemos hoje no Congresso que tem como principal característica ser o de menor nível (ético, político, moral) desde a retomada da democracia, fica um tanto mais fácil traçar a analogia entre a tangerina e o cenário brasileiro.

Sim, sim, é desalentador. Mas como para mudar a realidade é preciso, acima de tudo e em primeiro lugar, enxergar de forma clara essa realidade, a única saída é ir em frente.

Há poucos dias, um artigo do respeitável veterano mestre Jânio de Freitas (respeitável muito mais por mestre que por veterano; afinal, sobram por aí veteranos que nem pela amplidão de sua trajetória merecem respeito algum) recordava algumas figuras que agora mesmo estão no centro das discussões: Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Fernando Collor de Melo.

Cunha e Calheiros têm poder de fogo suficiente para continuar hostilizando o governo e chantagear, com a ameaça de paralisar o Congresso, qualquer passo destinado a sair do atual impasse em que nos encontramos.

São eles as figuras-chave de um Congresso onde, entre outras tantas aberrações, agora mesmo aparece um desmiolado propondo que se desenvolva alguma técnica que seja capaz de detectar, no feto abrigado no útero materno, tendências criminosas. E, quando isso ocorrer, que se determine que a mãe seja impedida de trazer semelhante criatura à luz. Ou seja, seria o aborto seletivo, a eugenia sonhada por Hitler aplicada de maneira irreversível.

Cunha e Calheiros são as figuras-chave que decidem se deve-se ou não dar continuidade de voo a bizarrices como as propostas pelo esbugalhado mental deputado Jair Bolsonaro, para não mencionar o vasto e inacreditável batalhão de pastores e bispos eletrônicos, inventores de seitas baseadas na ignorância e na miséria alheias e cujo objetivo único e essencial está em suas próprias algibeiras e alforjes.

Pois é: mexerica, mixirica, poncã, ponkan, não passam de variedades da mesma tangerina. Buscando-se a origem de Renans e Cunhas, chega-se à tangerina, chamada Fernando Collor de Melo. Um era o menino-prodígio preferido pelo apetite voraz de Paulo César Farias, o PCFarias eliminado por um tiro oportuno quando estava na cama ao lado de uma moça talvez não tão oportuna, mas que teve o mesmo final trágico e jamais esclarecido.

O outro era o braço direito (e a mão direita, e talvez até mesmo o bolso direito) de Collor de Melo. Soube romper no momento exato, algo típico dos vilões: quando a imagem do patrono começou a ruir.

Vale repetir: não passam, bem com seus congêneres menos visíveis, de variantes da mesma tangerina.

Uma coisa, porém, é especialmente intrigante: como essa variedade consegue sobreviver tanto tempo? Cunha, o de menor expressão, se fez forte usando os mesmos métodos de seus patronos. Calheiros, o de expressão maior, se fez fortíssimo da mesma forma, só que mais visível. Chegou a ser ministro da Justiça – da Justiça! – de Fernando Henrique Cardoso.

Quanto a Collor de Melo, é um fenômeno fenomenal. Em 2008, foi eleito para a Academia Alagoana de Letras, o que mostra a que ponto chegou o analfabetismo na terra do mestre soberano Graciliano Ramos.

No Senado, continua agindo como se ainda fosse aquele que alguma vez julgou ser, uma espécie de faraó de si mesmo.

No Rio de Janeiro, como na política nacional, o que chama a atenção é como se alastrou a oferta de mexericas. Ou mixiricas. Ou poncãs. Ou ponkans. No fundo, o que se alastra é o poder da tangerina.

Triste e ácido retrocesso. Azedas alianças.


Créditos da foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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